Capítulo 21
- No capítulo anterior:
BEATRIZ: Para você está me ligando uma hora dessas, eu imagino que
tenha notícias quentes!
GUILHERME: Quentes não, quentíssimas e que irão te interessar muito,
mas eu preciso que veja pessoalmente, é algo muito importante...
BEATRIZ: Pessoalmente? O que pode ser de tão grave que você não
quer me contar agora?
GUILHERME: É algo que está ligado a sua vida.
BEATRIZ: (Estranha o comentário de Guilherme).
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BETO: Não estou com fome! Onde está a Beatriz? Fui até o quarto
dela e não a encontrei...
LUIZA: Ela saiu cedinho, o dia nem tinha amanhecido direito.
BETO: Saiu? Mas o carro dela está lá fora, eu vi pela janela.
LUIZA: Ela disse que esqueceu de abastecer e como estava muito
cedo, os postos aqui só abrem lá pelas oito da manhã, aí já viu, foi de
ônibus...
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LUCIANA: Desculpe! Esse carro fui eu quem chamei...
BEATRIZ: Acredito que a senhora deva ter se enganado, fui eu quem
chamei.
LUCIANA: Não, não... Eu conferi bem no aplicativo, aqui diz um
carro preto, de placa DHY – 4578. E o seu?
BEATRIZ: Exatamente! Eu também conferi, quer ver só? A placa que
diz aqui é... DHY – 4875. (Beatriz percebe que se confundiu). Que droga, eu vi
tão rápido que confundi os números... Vou descer!
LUCIANA: Bom, podemos compartilhar a corrida. Para onde você está
indo?
BEATRIZ: Boa viagem e você?
LUCIANA: Pina! Pertinho, facilita para você?
BEATRIZ: Bastante!
MOTORISTA: Podemos iniciar a corrida, Dona Luciana?
LUCIANA: Podemos sim!
(O motorista segue pela rua, enquanto Beatriz e Luciana
conversam sentadas no banco de trás do carro).
BEATRIZ: Seu nome é Luciana?
LUCIANA: É sim, nome comum. Não acha?
BEATRIZ: Ah, é... Tanto que é o mesmo nome que a minha mãe.
LUCIANA: (Surpreende-se com a coincidência) Ah, é? E você, como se
chama?
BEATRIZ: Bem, eu me chamo...
LUCIANA: Cuidado! (Grita)
ORLANDO: (Surge no carro ao lado de Beatriz e uma grande luz
percorre todo o carro).
(Quando o carro está prestes a atravessar um cruzamento,
é acertado em cheio por outro veículo em alta velocidade. O carro de aplicativo
onde estão Luciana e Beatriz capota algumas vezes).
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Fique agora com o capítulo de hoje!
Cena 01 – Rua
(Recife) [Externa/Manhã]
(O carro fica emborcado após o acidente. O motorista
consegue se desprender do cinto e sai do carro para pedir socorro. Várias
pessoas começam a se aproximar do veículo, assustadas com o acidente, é com
essa movimentação que Luciana acorda assustada com o impacto que acabara de
sofrer, ao olhar para o lado, percebe que Beatriz está incosciente e com um
corte profundo na testa).
LUCIANA: (Solta seu cinto de segurança) Moça, acorda... Precisamos
sair daqui, esse carro está cheirando a gasolina, é perigoso ficar aqui dentro!
(O carro que bateu no veículo para depois de alguns
metros do local do acidente, pelo retrovisor pode-se notar que quem está ao
volante é Dinho).
DINHO: (Do celular, ele faz uma ligação) Pronto, tá feito.
(Com o forte odor de gasolina, Luciana se desespera
quando nota que o veículo está começando a ser coberto por uma fumaça).
LUCIANA: Acorda, menina... Temos que sair daqui, vamos! (Luciana
desprende Beatriz do cinto de segurança e sai do carro pela janela. Em seguida
e lentamente, ela puxa Beatriz para o lado de fora, sendo ajudada pelo
motorista).
(Quando Luciana e o motorista conseguem se afastar o
veículo, ele explode).
Cena 02 – Casa de
Luiza [Interna/Manhã]
(Luiza dobra umas roupas que acabara de tirar do varal na
sala de casa, enquanto está sozinha em casa. Logo interrompe a atividade quando
o telefone começa a tocar).
LUIZA: Aposto que é a Beatriz dando sinal de vida, mas ela
deveria ter falado no celular, tão prático...Alô? (Diz ao atender o telefone).
Sim, é daqui sim, ela é minha sobrinha... Como disse? Acidente? Mas como assim
um acidente? Como ela está? Em que hospital ela está? Sei, eu sei sim onde
fica, estou indo até aí agora mesmo.
(Luiza corre até o quarto, pega sua bolsa e sai de casa
apressadamente em seguida).
Cena 03 – Haras
Ferraz [Interna/Manhã]
(Tobias entra em seu escritório após anunciarem que ele
tem visita).
TOBIAS: A Marilda disse que o senhor gostaria de me ver. Em que
posso ajudar?
BETO: Eu estou procurando um emprego e pensei que você poderia
me ajudar.
TOBIAS: Um emprego? Mas nós não estamos contratando! O senhor já
trabalhou como peão?
BETO: Na verdade não! Eu não sei em que trabalhei antes, se
possuo experiência, mas estou disposto a aprender, só preciso de uma
oportunidade.
TOBIAS: Como eu vou te dar um emprego sem experiência ou carta de
recomendação? E que história é essa de que não sabe? Não me diga que está
desmemoriado? (Ri da situação).
BETO: Pois eu digo, sim, eu estou desmemoriado!
TOBIAS: (Engole seco após perceber que foi inoportuno).
Cena 04 – Hospital
Geral [Interna/Tarde]
(Beatriz acorda deitada numa cama com um curativo na
testa após ter o corte suturado. Luciana que estava descansando na poltrona ao
lado, se aproxima ao perceber que a jovem acordou).
LUCIANA: Você acordou! Como se sente?
BEATRIZ: Confusa, a minha cabeça dói... Foi tudo muito rápido, eu
só lembro de sentir uma luz em todo o meu corpo e de ouvir um barulho muito
forte.
LUCIANA: Nós sofremos um acidente, agora estamos num hospital vai
ficar tudo bem. Você já está sendo atendida!
BEATRIZ: Acidente? Meu Deus, o meu bebê! (Beatriz toca em seu
ventre temendo que o acidente possa ter afetado sua gestação).
Cena 05 – Hospital
Geral [Interna/Tarde]
BEATRIZ: Minha filha, eu preciso saber como a minha filha está!
LUCIANA: Calma, fique tranquila, procure descansar....
BEATRIZ: Eu não posso me acalmar sem saber se a minha filha está
bem.
(Doutora Cecília, médica que está acompanhando a gravidez
de Beatriz entra no quarto).
DRA. CECÍLIA: Acordou a dorminhoca! Achei que fosse descansar a tarde
toda.
BEATRIZ: Doutora, eu estou aflita. Minha filha está bem?
DRA. CECÍLIA: Olha, eu devo admitir que estou impressionada. Vi fotos
do acidente e eu não sei como explicar, é díficil falar essas coisas, mas acho
que você passou hoje por um milagre.
BEATRIZ: Milagre?
DRA. CECÍLIA: Exatamente, um milagre! Não consigo entender como um
acidente dessa gravidade só te rendeu esse corte na testa. Milagrosamente você
e o bebê continuaram intactos, sua gravidez continua muito bem, fiz alguns
exames quando soube que você tinha dado entrada e não há nenhum indício de que
o o bebê tenha sofrido algum dano, vocês duas estão perfeitamente bem.
BEATRIZ: Ah, que maravilha! (Beatriz respira aliviada).
LUCIANA: Viu? Eu falei, vai ficar tudo bem.
BEATRIZ: E quando eu vou poder embora?
DRA. CECÍLIA: Bem, avaliando o seu prontuário, eu acredito que no fim
da tarde você seja liberada, vou procurar o médico que lhe atendeu quando você
deu entrada e vamos assinar a sua alta, tudo bem?
BEATRIZ: Sim, Doutora! Muito obrigada.
(Doutora Cecília deixa o quarto e Beatriz segura a mão de
Luciana e a aperta em sinal de alívio).
Cena 06 –
Apartamento de Dinho [Interna/Tarde]
(Carolina toma um pouco de wisky enquanto está sentada no
sofá da sala de Dinho, que liga para o hospital para confirmar a fatalidade do
acidente).
CAROLINA: (Bebe mais um gole enquanto observa Dinho falar ao
telefone).
DINHO: (Desliga) Pronto, já tenho novidades...
CAROLINA: Então desenbucha, matou a jornalista intrometida?
DINHO: Eu não consigo entender como isso é possível ou como isso
aconteceu, mas segundo a recepcionista, ela não teve sequer uma fratura. É
impossível, o carro capotou várias vezes, eu vi. Não entendo como ela conseguiu
escapar!
CAROLINA: (Lança o copo pela janela) Maldição! Precisamos dar um
jeito de nos livrar daquela jornalistazinha antes que ela descubra algo que não
deve.
DINHO: Se você quiser, eu posso ir até o hospital e termino o
serviço.
CAROLINA: Claro, ótima ideia! E em apenas poucos minutos depois,
você será o assunto mais comentado das redes sociais com vídeos seus na
Internet. Não seja idiota, Anderson! Hoje em dia todo local possui um sistema
de câmeras, por mais pobre que seja, imagine um hospital. Nós iremos dar um
jeito na jornalista, mas não agora...
DINHO: Então qual será o próximo passo?
CAROLINA: (Sorri e ironiza em seguida) Dá pra ver que você não tem
tanta inteligência quanto músculo, o que te salva é a sua beleza.
DINHO: Também não precisa ofender! Vai dizer ou não o que iremos
fazer?
CAROLINA: Vou sim! Agora nós iremos cuidar de enfraquecer a fonte
de informações e investigações da jornalistazinha.
DINHO: Como?
CAROLINA: O óbvio, vamos atrás do jornalista cúmplice. Nos livramos
do amigo e depois da outra! Entendeu bebê? Vamos fazer uma surpresinha, só não
disse que é boa. (Cai na gargalhada).
Cena 07 – Haras
Ferraz [Interna/Tarde]
(Tobias e Beto caminham pela propriedade).
BETO: É realmente uma belíssima propriedade!
TOBIAS: Bom, você já me contou a sua história, pelo menos a
partir do momento que você lembra, eu só não sei como te ajudar... Você não tem
cara de que sabe lidar com cavalos. Acha que sabe montar?
BETO: Realmente, eu acho que não. Posso aprender, se alguém me
ensinar.
TOBIAS: É, isso podemos ver depois, professor de montaria é o que
não falta nesse haras.
BETO: E no escritório? Alguém te ajuda com documentos,
organizando contas e esse tipo de coisa?
TOBIAS: Não, essa parte eu faço sozinho e é bem complicado, tem
dia que eu preciso sair e resolver outras coisas, seria interessante ter alguém
que me ajudasse nisso. Acha que consegue?
BETO: Pode apostar que sim!
TOBIAS: Então está contratado!
(Beto e Tobias apertam as mãos).
Cena 08 – Hospital
Geral [Interna/Tarde]
(Mais tranquila, Beatriz e Luciana conversam).
LUCIANA: Bom, você já sabe o meu nome. Eu sei que você será mamãe
em breve, que vai ser uma menina, que a sua mãe tem o mesmo nome que o meu. E
você? Afinal como você se chama?
BEATRIZ: É verdade, eu nem me apresentei!
(Alguém bate na porta do quarto nesse momento).
INSPETORA CARINA: Mãe! Que susto a senhora me deu, vim assim que eu soube.
Como a senhora está? (Diz ao entrar no quarto).
LUCIANA: (Luciana abraça Carina) Eu estou bem minha filha, pode
ficar tranquila que não foi dessa vez.
INSPETORA CARINA: Credo mãe! Não fale uma coisa dessa nem brincando.
BEATRIZ: (Observa as duas conversando atentamente).
LUCIANA: Bom, essa daqui é a minha filha... O nome dela é Carina e
ela é uma policial, você acredita?
BEATRIZ:
Muito prazer Carina, sua mãe tem
razão... Você é muito bonita!
INSPETORA CARINA: Ah, gentileza sua. Você também é muito bonita.
(Doutora Cecília volta a entrar no quarto).
DRA. CECÍLIA: Boas notícias, após as suas serem avaliadas, foi
constatado que já estão fora de perigo e já estão liberadas. Já podem ir para
casa!
LUCIANA: Que notícia boa. (Comemoram).
Cena 09 – Rede
Montenegro [Interna/Tarde]
(Alberto deixa sua sala pronto para ir embora, quando
cruza pela recepção e encontra com Zoraide).
ALBERTO: Escuta, Zoraide, a minha cunhada já foi?
ZORAIDE: Ah sim! Já faz algumas horas que ela foi embora, na
verdade ela não demorou muito.
ALBERTO: Sei... Bem, eu já estou indo para caso, peço que
desmarque todas os meus compromissos para o fim da tarde, qualquer situação
atípica, você pode me ligar no meu celular.
ZORAIDE: Está bem, senhor. Até amanhã!
ALBERTO: (De costas, Alberto acena com uma das mãos e em seguida
fala consigo mesmo em pensamento) Não sei porque, mas tenho impressão de que
aquela vadia está aprontando, preciso está de olhos bem abertos, ela já
demonstrou que é capaz de me passar a perna e isso eu não vou deixar, ah mas eu
não vou mesmo.
(Nesse momento as portas do elevador se abrem e Alberto
entra nele, aperta o botão que fará com que o elevador desça até a garagem,
indo embora logo em seguida).
Cena 10 –
Mercearia de Laurinha[Interna/Tarde]
(Laurinha observa a filha inquieta, indo a todo instante
até a porta da mercearia, como se estivesse esperando alguém).
LAURINHA: É impressão minha ou você está esperando alguém, minha
filha?
EULÁLIA: Eu? Esperando alguém? Claro que não, só estou com um pouco
de calor e vim tomar a fresca.
LAURINHA: Esse seu “calor” está ficando cada vez mais rotineiro,
não acha?
EULÁLIA: O que a senhora quer dizer com isso?
LAURINHA: Que esse calor tem outro motivo, duas pernas e usa calça
jeans e chapéu.
EULÁLIA: A senhora está insinuando que eu estou pensando em homem?
Logo eu? Que decepção, mamãe! Eu vou me manter pura e castra até o fim dos meus
dias, nunca vou me interessar por esse mundo de pecado, nunca! (Eulália entra
correndo para dentro de casa).
LAURINHA: Nunca, é? Acho que isso já aconteceu e você só não quer
aceitar. (Fala sozinha em voz alta).
(Dentro de casa, Eulália vai até a cozinha beber água).
EULÁLIA: Onde já se viu? Pensar que eu estou interessada num homem
daquele, de mãos grandes, fortes e másculas... Que mãos, que pegada! (Diz em
voz alta, logo em seguida se recorda da última vez em que esteve com Severino).
Flashback:
EULÁLIA: Me solte, se não eu vou gritar!
SEVERINO: Gritar? Você quer é me beijar que eu sei...
EULÁLIA: Eu jamais cometeria esse pecado. Sou pura, você que é um
enviado das trevas, fica por aí exibindo as partes intimas para mulheres
indefesas como eu, seu lugar é na cadeia... Seu grosseirão, depravado, imoral!
Fim do Flashback.
EULÁLIA: Meu Deus, tira esses pensamentos impuros e pecaminosos de
mim, eu não quero ir para o inferno... Sai de mim calor da luxúria! (Eulália
joga a água em seus seios na tentativa de conter seu calor).
Cena 11 – Hospital
Geral [Interna/Tarde]
(Beatriz está sozinha no quarto, sentada numa cadeira de
rodas e pronta para ir embora, quando Luiza adentra no recinto).
LUIZA: Minha filha, que susto você me deu! Você está bem, está
machucada? (Diz olhando em volta do corpo de Beatriz, se certificando que
realmente ela está bem).
BEATRIZ: Eu estou bem, tia. Pode ficar tranquila, graças a Deus e
a um anjo que salvou a minha vida.
LUIZA: Um anjo? Do que está falando, meu bem?
BEATRIZ: Eu conheci por acaso uma mulher, a gente estava dividindo
uma corrida num carro de aplicativo quando de repente um carro bateu no nosso.
Com o impacto da batida, eu fiquei inconsciente e se não fosse essa mulher, eu
teria morrido... Ela me ajudou a sair do carro antes que ele explodisse!
LUIZA: Meu Deus, que perigo! E cadê essa mulher? Preciso
agradecer por tudo, ela salvou a sua vida.
(Nesse momento, Carina abre a porta do quarto e entra
acompanhada por Luciana).
BEATRIZ: Aí está ela! Tia, essa é a Luciana. Luciana, essa é a
minha tia, Luiza!
(Luiza se vira e dá de cara com a própria irmã, que não
via há mais de duas décadas, desde o dia em que ela fugiu com o seu noivo no
dia do casamento).
LUCIANA: Luiza? (Luciana fica aterrorizada ao perceber que está
diante da irmã).
LUIZA: Mas o que significa isso? Que brincandeira é essa? O que
essa mulher está fazendo aqui? (Grita).
INSPETORA CARINA: Vocês se conhecem?
BEATRIZ: Tia, o que foi? A senhora está muito nervosa!
LUIZA: O que foi? Você não se apresentou? Vagabunda! (Luiza
acerta um tapa na cara de Luciana).
INSPETORA: Você não vai tocar na minha mãe! (Carina fica entre Luiza
e Luciana).
BEATRIZ: Tia, você ficou louca? (Surpreende-se com a cena que
acabara de presenciar).
LUIZA: Não me diga que você não falou quem você é...
LUCIANA: Eu não sabia... Eu juro Luiza! Por favor, não faça isso,
vamos conversar...
BEATRIZ: Mas o que é que está acontecendo aqui, será que alguém
pode me explicar?
LUIZA: Eu posso, essa ordinária que você se referiu é a sua mãe,
a mesma que te abandonou quando você tinha apenas três anos e fugiu com o meu
noivo, no dia do meu casamento. (Grita).
A câmera foca em Luciana desesperada
com a revelação, a cena congela e o capítulo encerra com o a tela azul da cor
do céu.
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
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