Capítulo 41 (Última Semana)
- No capítulo anterior:
ALBERTO: (Derruba a arma
no chão do carro) Seu desgraçado, acha que eu esqueci de você? Também tenho um
presente... (Alberto com as mãos algemadas, enforca o motorista com as correntes
das algemas).
(Da estrada, percebe-se que a viatura está perdendo o controle da
direção, até que a mesma bate numa árvore. Após alguns segundos, em meio a
fumaça causada pela colisão, Alberto sai do carro soltando as algemas ao pegar
as chaves no bolso do policial ao seu lado).
ALBERTO: Finalmente livre, agora vamos ao que interessa... Primeiro eu vou
acabar com a raça da vagabunda e depois do Cadu e quem mais se atreveu a cruzar
o meu caminho! (Fala consigo mesmo).
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BEATRIZ: Hotel Royal?
CADU: É, o Tobias lembrou desse local... Não custa nada dar uma sondada, o
hotel está desativado há alguns anos, seria um bom esconderijo para ela.
Estamos indo só nós dois, não avisamos a polícia, para que a Carolina não se
assuste caso esteja lá, qualquer coisa eu te ligo. Se cuida! (Desliga).
BEATRIZ: Ué? Onde está a Clarissa? (Questiona a si mesma após encerrar a
ligação). Eu vou até lá, preciso colocar as mãos naquela bandida, dessa vez ela
não escapa... (Beatriz pega sua bolsa e deixa o haras em seguida).
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CAROLINA: (Sente a presença de alguém a observá-la e vira-se para ver quem é)
Ora, ora... Se não é o meu maridinho!
CADU: Você está indo longe demais Carolina, é hora de você se entregar...
CAROLINA: Me entregar? Olhe bem para mim, você acha mesmo que eu vou lavar
privada suja de cadeia? É claro que não, eu sou do time das que vencem,
entendeu? Eu vou embora com o meu filho e vou refazer a sua vida.
CADU: (Tira o celular do bolso) Não, você não vai... Fique paradinha aí, nem
pense em dar um passo. Eu vou chamar a polícia, esse é o seu fim! (Cadu começa
a discar o número).
(Uma terceira pessoa surge, é possível ver sua mão envolta de uma manga
preta e trajando luvas de couro buscar lentamente um pedaço de madeira no chão.
Em seguida essa pessoa acerta uma pancada na cabeça de Cadu, desmaia).
CAROLINA: Você? Que brincadeira idiota é essa? Quer me assustar? Eu não tenho
medo de você.
PESSOA
MISTERIOSA: (Solta o pedaço de madeira no chão ao observar a
arma em cima da cama. Nota-se então que a pessoa está fantasiada de Morte).
CAROLINA: (Arregala os olhos assustada) O que pensa que está fazendo? Você não
passa de um ser desprezível, sempre vivendo das minhas migalhas. Não faça uma
besteira dessas, eu tenho dinheiro posso dividir com você... Vamos conversar!
Eu aposto que você nem sabe como uma arma funciona, nunca teve competência para
nada, eu sempre tive o mérito por tudo. (Carolina está próxima da varanda do
quarto e tenta acalmar a pessoa).
PESSOA
MISTERIOSA: (Atira em Carolina três vezes no peito a queima
roupa. Em seguida, coloca o revólver em uma das mãos de Cadu, com o dedo no
gatilho).
(Na rua, o Corrieta segue puxando uma quantidade significativa de
foliões que pulam e dançam felizes pelo carnaval. De repente, um corpo cai no
meio da festa, é Carolina que agoniza).
CAROLINA: (Caída no chão
respira com muita dificuldade, enquanto as pessoas a sua volta correm e começam
a gritar diante a cena. Lentamente Carolina fecha seus olhos e um filete de
sangue sai de sua boca, em seguida, Carolina para de respirar).
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Fique agora com o capítulo de hoje!
Cena 01 – Hotel Royal [Externa/Noite]
Música da cena: Cabeleira do Zezé – Marchinha de Carnaval
(Carolina morre em meio ao carnaval da cidade e diante
uma multidão).
DELEGADO
ALMEIDA: (Corre em meio ao local que está ocorrendo a
confusão para apurar o que aconteceu) Afastem-se, afastem-se! (Corre com a arma
em punho. Ao se deparar com o corpo de Carolina jogado no asfalto, ele resolve
verificar sua pulsação). Está morta!
(Gael corre desesperado após ouvir os disparos e encontra com o pai no
meio do caminho).
CORUJA: Pai, pai... (O menino grita e em seguida é abraçado por Tobias).
TOBIAS: Calma meu filho, está tudo bem... O seu pai está aqui com você e nada
vai te acontecer, eu prometo!
CAROLINA: (Levanta e estranha o volume de movimentação no local) Vocês não vão me
pegar, eu venci... eu vou fugir seus idiotas! (Grita).
ORLANDO: (A observa) Não, você não vai fugir Carolina...
CAROLINA: E você, quem é? (Questiona).
ORLANDO: Você ainda não entendeu o que aconteceu?
CAROLINA: Como assim eu não
entendi? Eu não entendi o que? (Nesse momento Carolina olha para o outro lado e
vê seu corpo sem vida jogado no chão). Não... Não pode ser, não... (Grita ao
entender o que está acontecendo).
ORLANDO: Você está morta!
CAROLINA: Não, eu não estou
morta... Ninguém pode comigo, nem Deus!
Eu sou poderosa, eu não morri, eu sou imortal...
(Nesse momento, sombras começam a se aproximar de Carolina e a cercam).
CAROLINA: Quem são vocês? O que vocês querem? Me deixem em paz, saiam, me
larguem, me larguem... (Grita enquanto é carregada).
ORLANDO: (Assusta enquanto
vê Carolina ser arrastada pelas sombras até desaparecer em meio a escuridão).
ADELAIDE: Ela teve a sua
chance novamente e mais uma vez ela não se arrependeu, seu destino se cumpriu.
ORLANDO: Para onde ela
vai, Adelaide?
ADELAIDE: Para o vale das
trevas! (Conclui com uma expressão séria).
Cena 02 – Haras Ferraz [Interna/Noite]
(Marilda chega à sala da fazenda de Tobias carregando uma
bandeja nas mãos).
MARILDA: Meninas, eu trouxe um café! Ué, cadê todo mundo? (Questiona ao ver a
sala completamente vazia, sem a presença de Beatriz e Clarissa).
ISRAEL: (Entra na sala) Opa, um cafezinho essa hora vai bem...
MARILDA: Você não viu a Beatriz e a Clarissa?
ISRAEL: Eu não, imaginei que elas estivessem aqui com você.
MARILDA: Estranho, elas saíram sem me avisar. Onde será que elas foram?
Cena 03 – Ruas de Correntes [Externa/Noite]
(Em meio a multidão, a polícia tenta chegar ao local do
assassinato).
DELEGADO ALMEIDA: (Observa cobrirem o corpo de Carolina com um lençol) Cerquem toda a
área, precisamos localizar o assassino, ele ainda deve estar pelas redondezas.
(Beatriz caminha entre as pessoas aparentando estar perdida).
TOBIAS: (Carrega o filho
no colo e deixa o hotel).
CLARISSA: Tobias... Gael,
meu amor! Vocês estão bem? (Diz ao correr ao encontro dos dois).
TOBIAS: Agora estamos,
mas o que você está fazendo aqui? Eu disse para você nos aguardar no haras.
CLARISSA: Eu não ia
aguentar esperar mais nem um minuto, eu estava muito aflita, precisava fazer
alguma coisa. O que aconteceu ali na frente? Porque tem tanta polícia, a
Carolina foi presa?
(Enquanto isso, Almeida ouve alguns locais para entender melhor o que
aconteceu e coletar novas evidências).
BEATRIZ: (Se aproxima e observa um corpo ser colocado no saco do IML) O que
aconteceu? Quem morreu, Delegado?
DELEGADO
ALMEIDA: Carolina Montenegro! Ela foi assassinada com três
disparos a queima roupa.
BEATRIZ: Meu Deus! Quem fez isso?
DELEGADO
ALMEIDA: Ainda não sabemos, estamos apurando.
BEATRIZ: E o menino? Conseguiram encontrar? Cadê o Cadu e o Tobias? Eles estão
bem?
DELEGADO
ALMEIDA: Com a confusão, acabamos nos separando. Eu espero
que eles estejam bem e que nenhum dos dois esteja ferido ou...
BEATRIZ: Ou o que? Me fale, estou começando a ficar a assustada!
DELEGADO
ALMEIDA: Ou que nenhum deles tenha feito nenhuma besteira
como essa que a senhora acabou de presenciar.
(Em sentido contrário, afastando-se da multidão, Iara
caminhava rapidamente como se não quisesse ser vista).
IARA: É melhor eu sumir antes que alguém me veja e pense besteira!
(Nesse momento Iara atravessa um beco, alguém então a imobiliza e
coloca a mão em sua boca, para que ela não grite).
Cena 04 – Hotel Royal [Interna/Noite]
(No quarto onde Carolina estava, Cadu continua
inconsciente com a arma na mão. A imagem se estende pelo interior do quarto e
percebe-se que a mala com o dinheiro desapareceu).
POLICIAL: Eu acabo de ouvir uma foliã, ela me garantiu que viu a vítima cair
daquela sacada ali... (Aponta para a fachada do hotel desativado).
DELEGADO
ALMEIDA: Do hotel abandonado ali? Tem certeza?
POLICIAL: Absoluta senhor!
DELEGADO ALMEIDA: (Fala no rádio) Atenção todas as unidades, identificado possível local
onde foram efetuados os disparos. Cerquem o Hotel Royal, propriedade abandonada
no centro da cidade. Cerquem o local, vamos entrar!
(Com alguns policiais, Almeida e Beatriz se aproximam da
entrada principal do hotel abandonado).
DELEGADO
ALMEIDA: Vocês três estão bem? O menino está ferido?
TOBIAS: Agora estamos! O Gael está bem, sem ferimentos.
BEATRIZ: (Procura Cadu pelas redondezas) Cadê o Cadu? Onde ele está?
TOBIAS: Nós nos separamos para entrar no hotel e resgatar o Gael... Ele não
saiu ainda! (Diz sem jeito).
BEATRIZ: Meu Deus, mataram o Cadu! (Diz horrorizada). Eu vou entrar, eu tenho
que ir até lá...
DELEGADO ALMEIDA: Negativo, é perigoso! O assassino ou assassina ainda pode estar lá
dentro e armado, vou entrar com meus parceiros e resgataremos o Senhor Carlos.
(No interior do quarto).
CADU: (Acorda do desmaio e leva uma das mãos ao local onde recebeu uma
pancada) Minha cabeça, que dor!
POLICIAL: (Chuta a porta, derrubando-a e o restante da equipe entra) É a polícia!
(Grita).
DELEGADO ALMEIDA: (Com a arma em punho, entra no quarto do hotel abandonado e
impressiona-se ao encontrar Cadu armado) Senhor Carlos Eduardo, fique calmo,
mas eu preciso que o senhor largue a arma...
CADU: Arma? Mas de que
arma você está falando? (Cadu fala e gesticula com a mão sem perceber que está
segurando uma arma, até que a ficha cai e ele olha para a arma sem entender
nada).
DELEGADO ALMEIDA: Abaixe a arma, o senhor está preso como principal suspeito do
assassinato de Carolina Montenegro!
Cena 05 – Delegacia [Interna/Noite]
(Cadu é colocado numa cela).
POLICIAL: (Solta as algemas de Cadu ao entrarem na cela).
CADU: Eu não matei ninguém, vocês precisam acreditar no que eu estou dizendo.
POLICIAL: É meio complicado
alguém acreditar em você pelo fato de que você esteve no local do crime e
principalmente por estar com a arma em mãos. Olha cara, não precisa ser
advogado para saber que a sua situação é bem complicada...
(Na sala de Almeida, Beatriz e o delegado conversam).
BEATRIZ: O Cadu não matou
ninguém, eu acredito nele e vocês também precisam acreditar.
DELEGADO ALMEIDA: A senhora afirma isso com tanta convicção, por um acaso a senhora seria
então a assassina? (Confronta).
OTTO: O senhor não pode
coagir a minha cliente dessa forma, delegado! (Diz ao entrar na sala).
DELEGADO ALMEIDA: Não são acusações, doutor. Apenas suposições bem pertinentes.
BEATRIZ: Otto, que bom que
veio! Você precisa defender o Cadu, ele está sendo acusado injustamente, eu sei
que ele não matou ninguém, eu também não.
OTTO: (Aproxima-se de
Beatriz) Fique tranquila, eu vou ajuda-los. Sua tia está lá fora com todo
mundo, viemos o mais rápido possível.
BEATRIZ: E a minha filha,
onde ela está?
OTTO: Sua tia não achou
pertinente trazer a menina para uma delegacia, por esse motivo a deixou com a
sua mãe.
Cena 06 – Kitnet de Iara [Externa/Noite]
Música da cena: A Gente Samba – Gabriel Nandes
(Iara a porta do kitnet onde está morando provisoriamente
e acende a luz).
IARA: (Entra e segura a
porta) Entra, como você pode ver não é um local luxuoso, mas é seguro!
ALBERTO: (Entra no local e
dá uma boa observada ao redor) Realmente não é um hotel cinco estrelas, mas
diante a situação em que estou, não tenho como escolher outra coisa por
enquanto.
IARA: Há essa altura a
polícia toda deve estar a sua caça, principalmente depois do que aconteceu com
a cachorra da Cacau, vão começar a suspeitar de você, sabia?
ALBERTO: Claro que não! O
idiota do meu irmão resolveu se incriminar, mas o que é dele está por vir e não
vai tardar.
IARA: Eu posso saber o
que você está planejando?
ALBERTO: Pode e vai lucrar
bastante se ficar ao meu lado.
IARA: Estou começando a
gostar isso, soa como música aos meus ouvidos...
ALBERTO: Eu vou te contar
tudo, mas antes eu preciso fazer uma coisa!
IARA: Fazer o que?
ALBERTO: (Joga Iara na
cama) Eu não sou homem de falar, prefiro agir! (Deita em cima de Iara e começa
a beijá-la).
Cena 07 – Delegacia [Interna/Manhã]
(Numa sala de interrogatório, Delegado Almeida e a
Inspetora Carina se preparam para iniciar uma acareação).
DELEGADO ALMEIDA: Bom dia a todos, eu gostaria de agradecer a presença de vocês! (Diz ao
entrar).
INSPETORA CARINA: Tudo pronto, Almeida! Agora eu vou sair para fazer aquela investigação
que combinamos, com licença! (Retira-se e deixa-o sozinho com as outras pessoas
na sala).
TOBIAS: Eu não entendi o
porquê de estarmos aqui...
CLARISSA: Eu também, o
nosso depoimento durante a noite não foi suficiente?
BEATRIZ: O que estamos
fazendo aqui? O que pretende delegado? Vocês deveriam estar procurando o
verdadeiro assassino, lembre-se que o Alberto conseguiu escapar na noite
anterior, ele era cúmplice da Carolina!
DELEGADO ALMEIDA: Eu serei objetivo. e sem rodeios! Carolina Montenegro foi brutalmente
assassinada na noite passada, três disparos bem precisos, quem atirou tinha
realmente a intenção de matar. Temos um suspeito preso, que estava com a arma
do crime em mãos, que insiste em dizer que não cometeu o assassinato. Fizemos
um teste de balística que deve ficar pronto nas próximas horas. A questão é, se
não foi ele, quem foi? Dentro dessa sala, temos desafetos da vítima, pessoas
que involuntariamente gostaria de vê-la morta e verbalizaram isso em algum
momento, com testemunhas oculares desses momentos. Essa é a chance, se o
verdadeiro assassino está nessa sala, peço que ele se apresente agora!
Cena 08 – Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
(Sem ter nada para fazer, Rangel toma uma xícara de café
na cozinha da casa).
RANGEL: Quem diria, essa casa as moscas! (Toma café desanimado).
Música da cena: Cremosa – Banda Uó
(Doralice surge na cozinha completamente arrumada e diferente).
DORALICE: Que cara é essa o pinguim de madame? Cheio de olheiras!
RANGEL: Eu tive insônia, tantos acontecimentos nos últimos dias, não é para
menos. Pra onde você vai assim, toda enfeitada?
DORALICE: Enfeitada não que
eu não sou árvore de natal, eu estou arrumada e muito elegante, diga-se de passagem.
Agora eu sou a influencer do milhão... Vou fazer presença vip, afinal alguém
aqui precisa dar a volta por cima. A surucucu foi fazer presença vip no além e
eu farei na vida real, meu momento de glória chegou!
RANGEL: Tá se achando
hein, Doralice?
DORALICE: A fama que
aguarde, aí vou eu... Não se preocupa não, se eu ficar rica, você não vai ficar
desempregado, vai trabalhar comigo. Agora eu tenho que ir, meus fãs me
aguardam! (Doralice sai).
Cena 09 – Delegacia [Interna/Noite]
Atenção leitor(a): A partir
de agora faremos uma viagem no tempo e regressaremos algumas décadas e vidas
passadas, as próximas cenas serão ambientadas na década de 50.
Correntes, 1953
(Orlando desperta com dificuldade após passar tantas
horas desacordado. Sua visão está levemente embaçada).
ORLANDO: Que lugar é esse? Eu estou preso? Me tirem daqui, eu não fiz nada!
CARCEREIRO:
Calado, eu não gosto de gritos no meu setor!
ORLANDO: Eu preciso sair daqui, o senhor precisa me soltar. Eu não fiz nada!
CARCEREIRO:
Ah não fez? Não é isso que o delegado acha...
(Enquanto isso na sala do delegado, Carolina depõe contra Orlando).
DELEGADO
TOBIAS: E o que aconteceu depois? (Questiona enquanto o
escrivão escreve na máquina de datilografia).
CAROLINA: Ele chegou em
casa completamente transtornado, queria que eu o ajudasse a esconder a arma.
Dizia que não queria ser preso, que apenas tinha feito justiça com as próprias
mãos, que tinha matado o homem que ceifou a vida do irmão dele. Depois disso,
ainda mais fora de si, ele rasgou minha roupa e disse que se eu não o ajudasse
ele abusaria de mim, eu tive muito medo e por isso bati com a primeira coisa na
cabeça dele e chamei a polícia.
DELEGADO TOBIAS: E a arma está em nome dele, típico crime de vingança com motivo torpe.
Eu peço que a senhora releia seu depoimento e em seguida assine-o, darei
prosseguimento ao processo junto ao ministério público.
CAROLINA: Eu espero que ele
pague por seu crime e não volte a me fazer mal!
DELEGADO TOBIAS: Fique tranquila, com as provas que anexaremos aos autos, pouco provável
ele fique em liberdade tão cedo.
CAROLINA: Que assim seja,
seu delegado! (Conclui arrumando o casaco para cobrir as roupas rasgadas).
Cena 10 – Hospital de Correntes [Interna/Manhã]
Música da cena: Chega de Saudade – João Gilberto
(O dia amanhece ensolarado, Beatriz prepara-se para
deixar o hospital sem a filha, que continuará internada).
BEATRIZ: (Observa numa espécie de incubadora).
MÉDICO: Eu já assinei a sua alta, você já pode ir quando quiser!
BEATRIZ: Eu gostaria tanto
de levar a minha filha para casa, nunca pensei que a deixaria aqui.
MÉDICO: Não se martirize,
a sua filha será bem cuidada. Por conta da demora no parto, ela teve algumas
complicações, mas irá se recuperar em breve. Confie em nosso trabalho!
BEATRIZ: Eu virei
visita-la todos os dias, agradecida doutor.
(Beatriz caminha pela rua em busca de um táxi que a leve para casa,
porém uma manchete no jornal chama a sua atenção, trata-se da notícia de que
Orlando foi preso acusado de assassinato).
ORLANDO: (Levanta-se bruscamente ao ver Beatriz parada do lado de fora da cela)
Beatriz? Eu não sabia que você tinha tido alta...
BEATRIZ: O que foi que você fez? É verdade o que está estampado nos jornais?
ORLANDO: Eu não matei aquele homem, acredite em mim. Eu parei de jogar, não
teria coragem de fazer isso depois de tudo o que aconteceu com o meu irmão?
BEATRIZ: (Olha no fundo
dos olhos de Orlando) Eu acredito em você, está estampado nos seus olhos que
você não fez isso, mas se você não fez, como veio parar aqui?
ORLANDO: Foi a Carolina!
Eu a confrontei depois de tudo o que você me disse, ela me atacou quando eu
disse que iria denunciá-la, quando eu acordei já estava aqui e não soube mais
dela.
BEATRIZ: Alguém precisa
deter a Carolina e eu estou disposta a tudo para fazer com que ela pague pelos
delitos que cometeu, ela não vai ficar impune, eu não permitirei!
Cena 11 – Casa de Luiza [Interna/Tarde]
Atualmente, 2020.
(Beatriz chega em casa após passar a manhã na delegacia. Em
seu quarto, tira os sapatos, coloca a bolsa em uma poltrona e se observa no
espelho por um breve período).
BEATRIZ: Eu preciso ajudar
o Cadu a sair da cadeia, eu sei que não foi ele que matou aquela mulher, mas
quem terá sido? (Se questiona. Ainda parada em frente ao espelho, Beatriz olha
para a cômoda e vê a pasta que Daniel lhe entregou, recordando então da fala de
Guilherme, que ela teria que ver o conteúdo que estava no interior da pasta).
(Beatriz vai até a cômoda e pega a pasta, em seguida caminha até a cama
e senta, para em seguida abrir a pasta).
BEATRIZ: (Abre a pasta e começa a ler alguns papéis) Mas o que é isso? Não pode
ser real... Não pode ser!
Cena 12 – Haras Ferraz [Interna/Tarde]
Música da cena: Anjo – Roupa Nova
(Imagens do Haras são apresentadas, cavalos correm andam
pelo terreno do haras de Tobias, surgindo em seguida a fachada da fazenda e
após, seu interior).
TOBIAS: (Senta de frente para o filho, enquanto os dois são observados por
Clarissa) A gente precisa conversar, eu preciso te contar uma coisa... É sobre
a Carolina!
CORUJA: A minha mãe? (Questiona).
TOBIAS: (Olha para Clarissa como se estivesse buscando as palavras certas) É,
sobre a sua mãe. Ela estava envolvida com pessoas erradas e durante toda a vida
dela, deu maus passos e aconteceu uma coisa que você precisava saber.
Infelizmente a sua mãe morreu, eu sinto muito!
CORUJA: (Abraça o pai em silêncio após saber da morte da mãe).
Cena 13 – Delegacia [Interna/Noite]
Música da cena: A Gente Nunca Conversou (Ei, Moça!) -
Lagum
(Cadu anda de um lado para o outro na cela, sem rumo e
sem saber o que fazer, até o momento em que é surpreendido por uma visita).
CADU: Beatriz? O que está fazendo aqui essa hora? Eu disse que era para você
ir para casa, descansar.
BEATRIZ: Eu entendi tudo, agora eu sei o porque de tantas coincidências, o
motivo de tantas coisas que lembravam ao Orlando...
CADU: Do que você está falando?
BEATRIZ: Quando você
recuperou a memória, você não me contou um detalhe do seu passado. Você fez um
transplante, não foi? Por isso a cicatriz...
CADU: Sim, eu tinha uma
falha no coração, fiz diversos tratamentos que não funcionaram, precisei do
transplante ou teria morrido. Enfim, mas o que isso tem a ver?
BEATRIZ: Você sabe de quem
era o coração que recebeu?
CADU: Não, é sigiloso!
Até gostaria, tentaria reconfortar e recompensar a família de alguma forma, se
não fosse isso eu não estaria aqui.
BEATRIZ: Eu sei quem foi o
doador!
CADU: Quem foi? Me
fala!
BEATRIZ: Foi o Orlando,
meu falecido marido e pai da minha filha. O coração do Orlando bate dentro do
seu peito! (conclui).
A câmera foca em Cadu dentro da
cela, a cena congela e o capítulo encerra com o a tela azul da cor do céu.
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
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