CAPÍTULO 11
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
Edição da Versão Reprise por
RAMON FERNANDES
EDIÇÃO:
Restante do Capítulo 16 + Capítulo 17 + Início do Capítulo 18 ORIGINAL (SEM CORTES)
CENA 01: EXT. BELÉM – RUA – DIA
Uma confusão generalizada! Tumulto!
Dezenas e dezenas de belemitas furiosos expulsam Noemi e Tani dali. Devido ao número de pessoas, elas nem mesmo conseguem ir embora; cercam-nas de todos os lados.
NOEMI— Precisamos chegar em casa!
TANI— Se conseguirmos sair vivas daqui, posso tentar!
Homens e mulheres com semblante de ódio gritam com elas e as empurram para todos os lados.
HOMEM FURIOSO— Não vamos nos voltar para Quem nos fez isso!
MULHER— Vão embora! Não queremos saber de suas palavras!
MULHER 2— Preguem uma para a outra! Miséria para nós, não!
HOMEM 2— Miséria nunca! Nossos deuses nos salvarão! Fora, vocês!
MULTIDÃO— Fora daqui! Vão embora! Sumam! Vão! Fora! Fora daqui!
De longe, Tamires observa a situação de Noemi e Tani com um sorriso no rosto. As duas mulheres finalmente conseguem sair do aperto ao serem empurradas e caírem no chão.
MULTIDÃO— Vão embora! Sumam da nossa frente!
Caídas no chão, Noemi e Tani ouvem um forte barulho, mas um tanto diferente. Elas olham para o céu, e toda a multidão também percebe: vagarosamente, uma grande e escura nuvem se aproxima, cobrindo Belém. Outro trovão, dessa vez mais alto. Alguns da multidão olham para o céu com estranheza.
TANI— Por que o céu está se fechando dessa forma?
NOEMI— Deus está decepcionado com Seu povo.
Ao longo do dia, mais e mais nuvens escuras e pesadas se ajuntam sobre Belém e arredores, e trovões e relâmpagos são ouvidos e vistos por todo lado.
Os belemitas passeiam pelas ruas olhando aquela situação inédita, e muitos param para observar as nuvens sinistras.
Mais para o fim do dia, uma discreta brisa aumenta até se tornar um vendaval. As pessoas começam a correr e a tentar salvar seus pertences. O forte vento varre tudo que está solto nos campos e nas ruas de Belém.
CENA 02: EXT. CAMPOS – DIA
Um grupo de homens no campo está desesperado com o vendaval.
HOMEM NO CAMPO— Precisamos nos abrigar!
HOMEM NO CAMPO 2— Mas precisamos salvar o trigo! Se não fizermos isso, todo o estoque irá pelos ares.
HOMEM NO CAMPO 3— Vamos!
Aqueles homens então vão na direção do monte de trigo, mas o vento contrário aumenta e eles não conseguem nem mesmo andar.
HOMEM NO CAMPO— Não conseguiremos a tempo! Precisamos ir embora!
Os três desistem e correm a direção contrária, rumo à cidade.
Escondidos atrás de uma árvore estão Malom, Quiliom e Elimeleque.
QUILIOM— Nunca vi tamanho vento em toda a minha vida!
MALOM— E que nuvens pesadas são essas! Parece que o céu está desabando sobre nossas terras!
ELIMELEQUE— Isso, meus filhos, é a mão do Senhor pesando sobre Israel!
Malom e Quiliom se encaram preocupados.
ELIMELEQUE— Se continuarmos aqui, seremos carregados pelo vendaval! Vamos! Precisamos chegar em casa!
Os três saem de trás da árvore e correm em direção ao portão da cidade. As nuvens mais escuras, sobre Belém, relampejam sem parar.
CENA 3: EXT. BELÉM – RUAS – DIA
É dia, mas a escuridão é medonha. De tantos relâmpagos, as nuvens sobre Belém parecem explodir por dentro sem parar. O vendaval carrega barracas, cestos e qualquer objeto solto nas ruas.
CENA 4: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
Com dificuldade, Elimeleque, Malom e Quiliom abrem a porta de casa e entram; fecham-na.
NOEMI— Graças a Deus!
Noemi corre ao marido e aos filhos e os abraçam.
MALOM— Pensei que não conseguiríamos chegar em casa!
QUILIOM— Se continuar assim, as casas também serão levadas pelo vento!
TANI— Nem diga isso, Quiliom! Estou muito aflita...
NOEMI— E o trigo estocado?
ELIMELEQUE— A maioria dos homens construiu tendas para guardar, mas ninguém estava preparado para isso. Pelo jeito o vento levou tudo embora. A essa altura... nosso trigo deve estar espalhado por todas as tribos.
Noemi lamenta sem falar nada.
TANI— Meu Deus...
NOEMI— Não há dúvidas de que isso é castigo de Deus. A praga foi o início, e o vendaval é para acabar com o que restou. Esse povo... Por que tão duros de coração?...
Todos ali apreensivos.
CENA 5: INT. CASA DE IAGO – SALA – DIA
O barulho do vendaval lá fora... De repente Iago se levanta na direção da porta.
IAGO— Eu vou ver nosso trigo.
Maya entra em seu caminho.
MAYA— De forma alguma! Pode ir voltando, Iago!
IAGO— Meu amor, preciso conferir se as estacas da tendas estão firmes! Do contrário, não sobrará nada para colocarmos na boca!
MAYA— Se tivesse que ser levado pelo vento, já foi! E até você chegar no trigal... É perigoso lá fora, meu amor. Vai que algum objeto te atinge e causa algum ferimento grave... Fique aqui.
TAMIRES— Maya tem razão, Iago. Quando o vento diminuir, você vai até lá conferir o trigo.
A contragosto, Iago fica ali preocupado.
CENA 6: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA
Aflito, o Ancião observa as pessoas, desesperadas, correndo de lá para cá, de cá para acolá, fugindo do vendaval. No alto, as densas e escuras nuvens continuam a relampejar sem parar. O Ancião começa a falar com o povo, que não o percebe ali, pois só quer saber de fugir.
ANCIÃO— Por que correm?!... Por que vejo em seus rostos a imagem do medo e da angústia?!...
Homens e mulheres atravessam a praça de todos os lados para todos os lados, sem prestar atenção em coisa alguma.
ANCIÃO— Não era isso o que queriam?!... Não alcançaram o que tanto almejavam, a ira de Deus?!...
Várias barracas ao redor da praça são destruídas e seus restos carregados pelos ares.
ANCIÃO— Isto!... é o trigo que plantaram! Essa!... é a sua colheita, Israel!
Outro ancião, mais novo, se aproxima correndo, por trás.
JOVEM ANCIÃO— Senhor! Senhor! Precisamos ir para o templo, não é seguro ficar aqui!
O Ancião vira para o homem e compreende.
ANCIÃO— Sim, sim... Claro.
O Ancião olha mais uma vez para o povo fugindo desesperado, balança a cabeça negativamente e sai, acompanhando o outro.
CENA 7: EXT. BELÉM – MURO – DIA
No alto do muro da cidade, um grupo de homens observa os trigais distantes. Entre eles está SEGISMUNDO (50 anos, um pouco gordo).
HOMEM— Maldição! Várias tendas já foram levadas por esse vento!
HOMEM 2— Não bastava a praga, agora isso! Estamos destruídos!
SEGISMUNDO— Sobrou alguma tenda em pé? Está muito longe, não consigo enxergar.
HOMEM 2— Umas. Mas não devem aguentar por muito tempo.
De repente, raios começam a cair daquelas nuvens escuras fora da cidade. As tendas restantes são atingidas e se rasgam; o trigo é carregado pelo vendaval.
HOMEM— Raios!
Em um grande monte de trigo que não foi carregado por completo, um poderoso raio cai e a explosão faz o trigo ser espalhado. Aqueles homens no muro se assustam.
HOMEM 3— Acho que não é seguro ficarmos aqui...
HOMEM— O mundo está acabando!
SEGISMUNDO— O que são aquelas coisas nas árvores?
Antes que alguém pudesse responder, raios rasgam o ar e atingem as árvores, partindo-as ao meio de cima a baixo. Seus miolos, fumegando, ficam visíveis.
HOMEM 3— Meu Deus!...
HOMEM 2— Eram bolsas com trigo. Alguns homens guardaram nas árvores. Pelo jeito, não adiantou de nada...
HOMEM— Maldita Noemi!
HOMEM 2— Aquelas duas tinhas razão, afinal de contas...
HOMEM— Bobagem! Elas é que devem ter jogado praga! Devem ter se tornado feiticeiras!
HOMEM 3— Francamente, homem! Acha que duas mulheres seriam capazes de invocar tantos raios como esses e acabar com tudo o que temos?!
HOMEM— Então quer dizer que elas estavam certas, é? Deus está decepcionado conosco e isso tudo é obra Dele?!
HOMEM 3— Sinceramente, não acho que isso importa agora! Vou é para minha casa antes que um desses raios caia sobre minha cabeça.
O homem 3 sai e os outros ficam ali observando o caos no campo. Segismundo encara fixamente.
CENA 8: EXT. TEMPLO – PÁTIO – DIA
Orfa se aproxima de Rute trazendo a prova de uma das meninas.
ORFA— É a última.
RUTE— Ótimo. (para as meninas) Levantem-se.
As meninas, que aguardavam sentadas a última terminar sua prova, põe-se de pé.
RUTE— Meus parabéns a todas por completarem a prova. Assim que elas forem devidamente corrigidas, vocês serão convocadas e comunicadas quanto ao resultado. Agora, antes que possam ir descansar, vocês terão mais uma tarefa. (andando na frente delas) Como bem sabem, em algumas luas o reino estará em festa comemorando o nascimento de nosso soberano, o grande rei Zylom. E a sua missão é simples: nada mais que colher, aqui mesmo no pátio, os ingredientes corretos para que os servos banhem os pés do rei nas luas anteriores e posteriores ao dia de seus anos. Caberá também a vocês a divisão correta de cada ingrediente. Aquela que conseguir reunir os itens corretos em menor tempo ganhará vantagem nas próximas etapas da seleção. Pois bem... Podem começar.
Rapidamente as garotas se dispersam e vão atrás dos canteiros onde estão plantados os mais variados tipos de vegetais.
De repente uma das portas do pátio se abre e entra o Sumo Sacerdote Faruk. Todas as meninas param suas tarefas e olham para ele, que caminha até Rute e Orfa.
FARUK— Não interrompam suas tarefas em função de minha presença! Continuem o que estavam fazendo. Faruk se aproxima das sacerdotisas.
RUTE— Sumo Sacerdote! Que grata surpresa!
ORFA— Em que podemos servi-lo, senhor?
FARUK— Eu vim apenas aproveitar os breves momentos livres para ver como anda a seleção da próxima oferenda. Às vezes os relatórios dos oficiais ou mesmo das sacerdotisas não são suficientes para saciar a minha curiosidade. E então? O que elas estão fazendo agora?
RUTE— Acabaram de realizar a grande prova dos conhecimentos e agora estão colhendo os ingredientes para o banho dos pés do rei.
FARUK— Ah, que ótimo.
ORFA— Todas são muito boas, mas há uma que se destaca.
RUTE— É verdade.
FARUK— Mesmo? Qual delas?
RUTE— Acredito que logo o Sumo Sacerdote perceberá.
Faruk dá um leve sorriso empolgado e continua a observar as meninas espalhadas pelo pátio. Alguns minutos se passam enquanto elas vão de um lado para o outro colhendo e reunindo ramos, folhas, flores e até pequenos galhos. Finalmente uma, de 7 anos, se aproxima animada de Rute e Orfa.
MENINA— Senhora, eis aqui os ingredientes para o banho dos pés do rei Zylom.
RUTE— Deixe-me ver.
Rute pega os itens da mão da menina e, junto a Faruk curioso, confere.
RUTE— Está tudo correto... Na mais perfeita divisão.
A menina sorri.
ORFA— Não há por que continuar com a prova.
RUTE— (a todas) A prova está encerrada! Já temos a vencedora.
FARUK— Qual é o seu nome, menina?
MENINA— Eu me chamo Aylla, Sumo Sacerdote.
FARUK— Aylla...
RUTE— É ela.
ORFA— Não há um desafio que Aylla não cumpra com ótimo resultado. Ainda não corrigimos a prova de agora pouco, mas a probabilidade de ela ter acertado tudo é altíssima.
RUTE— Meus parabéns, Aylla. Seus ingredientes serão usados no banho dos pés do rei.
AYLLA— É uma honra para mim, senhora sacerdotisa.
FARUK— (contemplativo) Que interessante. (sai do transe; para Rute e Orfa) Bom, vou deixa-las. Vocês estão se saindo muito bem. Confio nas duas para a seleção da próxima oferenda de Moabe. Tenham um bom dia.
RUTE— O mesmo para o senhor, Sumo Sacerdote.
ORFA— Tenha um bom dia.
Faruk deixa um sorriso para Aylla e caminha para a saída.
Olhando para cima, para o rosto de Rute, Aylla se aproxima mais.
AYLLA— Senhora, eu serei a próxima a ser sacrificada?
Por algumas frações de segundo, um desconforto parece passar pelo rosto de Rute como uma sombra. Ela hesita, mas por fim responde.
RUTE— (leve sorriso forçado) Bom, continue a se esforçar e isso certamente acontecerá.
Aylla faz que sim.
CENA 9: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
Noemi, Elimeleque, Tani, Malom e Quiliom estão ali apreensivos. Sons dos fortes trovões. Com cuidado, Elimeleque abre a porta um pouquinho.
Olhando lá para fora, ele percebe que os raios, antes restritos aos campos, agora começam a cair das densas e escuras nuvens sobre a cidade.
ELIMELEQUE— Agora o trigo que restou será atingido...
CENA 10: EXT. BELÉM – RUAS – DIA
Próximo às pessoas que correm desesperadas, raios caem sobre os objetos que contém comida. Uma carroça é atingida e explode. Pedaços de madeira, feno e trigo são atirados para todos os lados. Gritaria e pânico!
No topo das casas, vasos e abrigos de madeiras são trucidados pelos raios e varridos pelo vendaval.
CENA 11: INT. HOSPEDARIA – DIA
Com medo, o dono e alguns clientes estão acuados em uma das mesas. A cada trovão e forte clarão, eles se assustam.
De repente, um flash de luz e um estalo altíssimo!
Todos gritam e se espalham pelo salão. Conforme a luz diminui, percebe-se o fumaceiro vindo de trás do balcão. Assustado, o dono corre até lá e vê que seu estoque, ainda que quase totalmente vazio, está me chamas. As labaredas ultrapassam a altura do balcão.
CENA 12: EXT. BELÉM – RUAS – DIA
Os raios continuam a cair em todos os cantos das ruas e casas. Pedaços de objetos e trigo escurecem ainda mais o dia já sombrio.
Uma mulher, segurando um saco de trigo, desvia de um pedaço de casa que cai depois de ser partido por um raio. Assustada, ela se esconde em um beco. Vê a gritaria, as coisas sendo carregadas e o terror dos raios por todos os lados. Então respira fundo, aperta o saco de trigo em si e corre dali.
Ela desvia das pessoas e de todo tipo de coisa que atravessa seu caminho voando. De repente, paralisa olhando para o céu. Assustada com o que vê, ela não se mexe.
O que ela enxerga é o centro das nuvens, que parece mais escuro e com mais atividades de relâmpagos. Aquilo parece estar mirando direto nela...
De um segundo para o outro, ela sai do transe, larga o saco e corre na direção contrária. Um raio, saído daquele centro das nuvens, cai exatamente sobre o saco de trigo, a poucos metros atrás dela. Explosão! E a mulher é lançada pelos ares. Logo o vendaval espalha a fumaça.
Caída, a mulher abre o olho e, com dificuldade, olha o local onde o raio caiu: uma cratera foi formada e não há o menor sinal de trigo.
Em outra rua, o vento é fortíssimo, mas uma carroça, lotada de trigo, ainda não foi carregada. O vento então aumenta, e, pouco a pouco, as rodas começam a se mexer. Segundos depois a carroça já está sendo levada... O vento aumenta ainda mais e ela sai do chão e é carregada pelos ares, acima das casas.
No ar, a carroça é atingida por um raio e se incendeia por completo. Vista do chão, é uma bola de fogo riscando o céu.
CENA 13: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
Elimeleque, junto aos seus filhos, continua a observar as coisas lá fora. Noemi e Tani permanecem na mesa.
NOEMI— Elimeleque, saia daí... Venha pra cá, traga os meninos. É perigoso ficar aí.
De repente, todos ali dão um pulo quando um estouro vindo da cozinha é ouvido.
NOEMI— O que foi isso?!...
TANI— Meu Deus!...
ELIMELEQUE— Fiquem aqui, eu vou ver.
Com cuidado, Elimeleque se aproxima da entrada da cozinha. Quando percebe o que aconteceu, olha com pesar para os outros, que se aproximam e veem: toda a comida que restava na cozinha está em chamas.
CENA 14: INT. CASA DE IAGO – SALA – DIA
Acuados na mesa, Maya, Iago e Tamires mantém o semblante de medo e preocupação.
MAYA— Acho... que devíamos orar.
IAGO— Não há mais tempo pra isso, já está acontecendo. (pequena pausa) Estamos sem nada...
TAMIRES— Maldita hora que decidi voltar pra esse vilarejo...
Maya e Iago olham para ela.
CENA 15: INT. CASA DE NOEMI – COZINHA – DIA
ELIMELEQUE— (para os filhos) Peguem a água e joguem. Rápido!
Malom e Quiliom pegam as botijas e começam a jogar nas chamas. Noemi e Tani observam com extrema tristeza.
TANI— Nem quero imaginar como estará minha casa...
CENA 16: EXT. BELÉM – RUAS – DIA
Os raios cessam. O vendaval diminui. E as nuvens começam a se afastar...
Momentos de choque em toda a cidade.
Pouco a pouco, os primeiros homens começam a sair de suas casas e observar a destruição na rua. Coisas pegando fogo para todo o lado.
CENA 17: EXT. CASA DE NOEMI – RUA – DIA
A porta se abre e Elimeleque sai. Olha o caos nos arredores. Então corre até a lateral da casa e sobe no teto.
Lá em cima, ele observa toda a cidade. Objetos e construções destroçados e focos de incêndio para todos os lados. Nos campos ao redor de Belém, árvores partidas ou em chamas e crateras fumegando.
A desolação geral é refletida nos olhos de Elimeleque. Em seu triste olhar....
CENA 18: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
Noemi, Tani, Malom e Quiliom sentados e de pé, tensos.
MALOM— Já dá para irmos, já passou--
NOEMI— (interrompendo) Não, esperem mais um pouco. Passou o barulho, mas sabe-se lá...
Então a porta abre e Elimeleque entra. Todos o olham apreensivos e ele retribui com olhar triste.
ELIMELEQUE— O perigo passou...
Eles respiram um tanto aliviados.
ELIMELEQUE— Mas agora... vou precisar que os dois me acompanhem nas ruas para termos uma noção do estrago.
A porta está aberta e Yuri chega ali.
YURI— Shalom. Vim o mais rápido que pude... mas não trago boas novas.
ELIMELEQUE— Diga, meu amigo.
YURI— Todo o nosso estoque foi levado. E se havia algo no campo, foi completamente varrido da face da terra.
Noemi se abate.
ELIMELEQUE— Infelizmente isso não é novidade...
YURI— Eu sinto muito...
Com um sorriso amargo, Elimeleque faz que sim para Yuri.
ELIMELEQUE— Eu estou de saída, vou com os rapazes para ter uma noção do estrago na cidade. Quer nos acompanhar?
YURI— Claro, vamos.
Elimeleque vai até Noemi e segura seu rosto com as duas mãos.
ELIMELEQUE— Tenha fé, meu amor. Tenha fé!
Chorosa, Noemi faz que sim. Elimeleque a beija na testa e sai com Malom, Quiliom e Yuri. Também abatida e preocupada, Tani olha para a amiga.
TANI— Era... inevitável que acontecesse...
Noemi com os olhos vermelhos e molhados...
CENA 19: EXT. BELÉM – RUAS – DIA
Elimeleque, Yuri, Malom e Quiliom caminham pela rua. Um cenário de destruição. Destroços em frente às casas, objetos ardendo em chamas e pessoas desoladas.
Os quatro homens olham a destruição de seus companheiros com o coração apertado. Na porta de uma das casas, uma criança chora assustada.
YURI— Os pequenos acabam pagando pela teimosia de seus pais...
ELIMELEQUE— Vamos. Vamos visitar nossos amigos...
Em Elimeleque e seu olhar desolador sobre a cidade, IMAGEM CONGELA.
Obrigado pelo seu comentário!