Olá, queridos mancebos, saudações a todos! Bem-vindos ao Primeira Impressão desse domingo!
E que calor é esse que
acomete esse país, ahn?! Sinto-me nas fornalhas infernais de Bolrógh, o Infame!
Vamos torcer para que uma chuva torrencial seguida de temperaturas amenas caia
o quanto antes sobre as terras brasileiras e nos livre dessa prova de fogo. Mas
quem dera todos os nossos problemas atuais pudessem ser superados com uma
simples chuva, não é mesmo? Que bom seria...
Bom, vamos falar sobre a
webnovela de hoje, que é Entre Pais e Filhos, escrita por Vitor Jesus e exibida
aqui no Ranable Webs. Eis a sinopse:
“Helena é uma mulher
forte e batalhadora que luta no dia a dia para cuidar de seus dois filhos,
Murilo e Arthur. Ela foi abandonada pelo namorado logo após o nascimento do
segundo filho do casal, e desde então não teve mais notícias do amado. Em um
dia em que parecia tudo perfeito, sua vida e de sua família mudam totalmente
com a descoberta da doença de Murilo. Helena terá que fazer sacrifícios para
manter a vida de seus filhos. E você vai descobrir os sacrifícios que uma mãe pode
fazer pelos filhos.”
Mancebos, é com muita
alegria que anuncio que hoje é dia de celebração! Comemorem, sim,
comemoremos muito! Vocês se lembram que, no programa da semana passada, eu
disse que “está para nascer o domingo em que uma webnovela ou websérie passará
por aqui sem apresentar os sintomas desse vírus literário”? O tal vírus é o
aspecto em que bato desde o 1° programa: a introdução de personagens, que, no
geral, é muito deficiente. É como se Dolores Feverência se fizesse... Ah, não
sabem quem é essa, não é? Pois é, as webs costumam nos apresentar seus
personagens dessa forma, como se os conhecêssemos há um bom tempo.
Mas não Entre Pais e Filhos!
Sim, o domingo profetizado há 7 dias nasceu e já estamos nele! Logo de início
essa webnovela se preocupa em introduzir adequadamente sua protagonista Helena
e seus 2 filhos, os jovens Murilo e Arthur. Mas se pensam que esse cuidado fica
restrito ao núcleo central estão enganados, mancebos. Todos os núcleos
presentes no capítulo apresentam o mesmo cuidado tão importante na hora de
inserir o leitor em seu universo, de forma que ele comece a comprar sua
proposta e sua trama. Consegui visualizar muito bem tanto a aparência daquelas
pessoas quanto suas ligações com os outros núcleos – quando existem, claro.
Apesar desse grande feito em
uma produção do Mundo Virtual e desse programa inegavelmente histórico, nem
tudo são flores na estreia de Entre Pais e Filhos. Ainda no 1° parágrafo a
narração cita um bilhete do ex-namorado de Helena, que desapareceu há muitos
anos. Mas a citação da mensagem escrita ocorre de um jeito corrido, inadequado,
de forma que o peso dramático do bilhete fique gravado apenas se o leitor for
um pouco mais atento e estiver disposto a tirar leite de pedra. E, logo em
seguida no 2° parágrafo, retornamos no tempo por uma cena de flashback onde
Helena e sua irmã Eduarda estão prestes a dar à luz; no caso de Helena, grávida
de Arthur. O problema é que, lá no início, vimos que o rapaz é o mais velho de
Helena, mas a narração da cena em flashback diz que ela estava esperando o
SEGUNDO filho! Ou seu primeiro morreu precocemente ou temos aí uma contradição.
E olha que não há nada mais contraditório do que a esperança humana, da qual
sou um admirador incontestável, como vocês bem sabem. Se isso incomodou a mim...
Ainda sobre o caso do desaparecimento
do namorado de Helena, por si só essa questão do passado é bastante
interessante, e ainda ganha pitadas de tempero dramático quando ficamos sabendo
da mentira dela para os filhos, que acreditam que o pai morreu em um acidente
de carro. Mas a verdade é que nada disso é realmente uma novidade, de certa
forma esses conflitos em potencial são um tanto previsíveis. Eu mesmo aposto
300 mícles que o futuro da trama reserva aos leitores a revelação de que
Mateus, sobrinho de Helena, é na verdade filho da mesma, e Arthur (ou
Murilo, dada a contradição já citada) é o verdadeiro filho de Eduarda.
Como já devem ter percebido,
mancebos, é de muitos conflitos familiares que se constrói a estreia dessa
novela. Porém, no núcleo da bondosa Cecília, uma senhora de 70 anos, os
problemas são mais aparentes. Primeiro que os personagens dali estão avulsos,
ainda sem qualquer relação com o restante. E segundo que não comprei a
perseguição dos netos de Cecília, Pedro e Briana, ao filho adotivo da avó, o
jovem André. O problema não é a renegação ou o desprezo que pode sim haver, e
há! O verdadeiro porém é que os diálogos, nesse caso, não passaram a veracidade
necessária, fazendo aquilo tudo soar um pouco artificial.
Na última cena encontramos
um homem desconhecido no leito de um hospital acordando de um coma, o que abre
diversas possibilidades para o futuro da história. Será esse César, o grande
amor desaparecido de Helena? Ou então o ex de Eduarda, que supostamente a
abandonou há muito tempo? Ou ainda as duas coisas, os dois homens, dada as
histórias semelhantes das irmãs Helena e Eduarda de maridos desaparecidos no
passado? Essa possibilidade é a mais “novelão”, no bom sentido da palavra.
Entre Pais e Filhos tem uma
proposta de trama gostosa de se acompanhar, e seus personagens são
suficientemente interessantes e agradáveis. Mas poderiam ser muito mais não
fosse por aquele que acredito ser o maior problema dessa estreia: todos eles,
excetuando Arthur e Murilo, parecem ser ou bonzinhos demais ou maus demais. É
muito preto no branco, e acredito que isso vai contra a proposta de ser uma
trama sobre conflitos familiares. No dia a dia a maioria das criaturas da
galáxia habita uma área muito mais acinzentada na paleta do caráter, cabendo
então a cada um decidir em suas escolhas diárias qual tom predominará em sua
vida, se o da luz ou o das trevas.
Mas o mais curioso é que
nesse capítulo não temos nenhum casal ou mesmo casais em potencial. Mas
certamente eles devem aparecer nos capítulos posteriores, afinal essa é uma
webnovela à lá Manoel Carlos, e onde há conflitos familiares, há casais.
E apesar do estilo Maneco – como dizem –, não há aqui a tara pela elite que há
nas obras do autor da rede Globo, o que a torna mais próxima da maioria do
público leitor. Até mesmo eu, vindo do outro lado da Via Láctea, consigo me
identificar com os problemas que são não globais, mas universais. Não inerentes
à raça humana, mas à toda e qualquer criatura que adquire um pouco de
consciência e se lança na imprevisível, arriscada e tortuosa estrada da vida,
seja lá de onde for.
Novela: Entre Pais e Filhos
Autor: Vitor Jesus
Capítulos: 20
Emissora: Ranable Webs
Clique aqui para ler o 1° capítulo
Bom, como hoje não teremos a réplica do
autor, já que a autora da webnovela criticada no programa anterior não se
manifestou (na verdade só o Diego Silva, de Força de um Sonho, usou seu direito
até aqui), vou usar esse espaço para agradecer a todos vocês pela audiência
incrível da semana passada. Foi a MAIOR em visualizações desde a estreia do
nosso programa! E por isso sou muito grato! Vocês são silenciosos, não costumam
se manifestar, mas sei que aqui estão, e só por isso agradeço a presença de
cada um. Fico muito contente de saber que devo estar tornando o fim de domingo
de vocês um pouquinho melhor. Enfim, como vocês dizem, obrigado!
E
por falar nisso, se você perdeu o programa passado é só clicar aqui para conferir. Vão lá, foi muito bom! E quanto ao programa de hoje, gostaram? Têm
críticas, elogios ou sugestões? Digam nos comentários. Querem que eu faça a
análise da estreia de uma webnovela ou websérie? É só pedirem nos comentários
abaixo que prometo tentar, apesar de não garantir. Mas por hoje é só.
Saudações, tenham uma boa semana, sempre com prudência, e até o próximo
domingo, espero que com temperaturas não tão astronomicamente altas... Adeus!
Obrigado pelo seu comentário!