Type Here to Get Search Results !

O ÚLTIMO SUSPIRO - CAPÍTULO O8:

 




-CAPÍTULO O8-

 

Retorno imediato da última cena do capítulo 07.

 

CENA 01: CONSTRUTORA LIBERTINI/RECEPÇÃO/INT./DIA

 

Rodrigo e Alberto se encaram.

Vicente olha os dois.

ALBERTO – Vamos, Vicente!

RODRIGO – Eu não vou sair daqui até conversar com o senhor!

ALBERTO – Eu já falei e vou repetir: Não tenho nada pra falar com você!

RODRIGO – Já que o senhor não quer conversar comigo, eu faço um escândalo aqui mesmo nessa recepção. É isso que o senhor quer?

RICARDO – É melhor vocês conversarem, na diretoria. Converse com seu filho, Alberto!

Alberto entra na diretoria, seguindo o conselho de Ricardo.

Rodrigo o segue.

Eles fecham a porta.

Close no olho de Vicente, assustado. Mas curioso.

 

-CUT TO-

 

CENA 02: CONSTRUTORA LIBERTINI/DIREÇÃO/INT./DIA

 

Alberto e Rodrigo se sentam.

ALBERTO – Eu não tenho muito tempo. Fale logo!

RODRIGO – Eu vou ser direto. Por que o senhor me odeia tanto? Por que o senhor não suporta a minha felicidade?

ALBERTO – Tem certeza que é só isso que você quer saber? Então vamos lá... você é gay, você é espalhafatoso. Você transa com outro homem. Você é nojento. Basta, não é?

Close no olhar de tristeza de Rodrigo.

RODRIGO – O senhor nunca vai aceitar ter um filho gay, não é mesmo?

ALBERTO – Você deixou de ser meu filho a muito tempo!

RODRIGO – Pois entenda o senhor também que eu não vou mudar pra caber no seus conceitos, eu sou quem eu sou, eu amo quem eu sou, quem me tornei. Amo o meu marido. E apesar de tudo, eu também o amo meu pai. Quando eu saí de casa e fui pra Irlanda, sabia que o senhor se revoltaria, mas mesmo assim eu resolvi correr esse risco, porque eu já sofri demais, já lutei demais para ser uma pessoa que eu não era, e quando eu realmente encontrei a felicidade, eu não podia deixar ela passar...

ALBERTO – Se é isso que você chama de felicidade...

RODRIGO – O senhor não sabe o que é ser feliz! Acho que nunca soube. E talvez por isso não aceite a felicidade dos outros, porque o senhor não ama ninguém. Não sabe o que é ser amado. Mas eu não vou desistir do senhor! Eu vou lutar pra recuperar aquele homem da nossa infância, aquele paizão que morreu quando assumiu os negócios da família. Eu vou lutar, eu vou lutar...

Rodrigo sai da sala, choroso.

Alberto fica em choque com as palavras do filho. Ele senta-se.

 

-CUT TO-

 

CENA 03: CONSTRUTORA LIBERTINI/RECEPÇÃO/INT./DIA

 

Rodrigo sai nervoso.

Ricardo e Vicente o observa.

Alberto também sai da diretoria.

ALBERTO – Vamos, Vicente?

VICENTE – Claro.

RICARDO – Você está bem, Alberto?

ALBERTO – Melhor impossível. (ASSUSTADO)

Alberto e Vicente saem.

Close no olhar de Ricardo.

 

-CUT TO-

 

CENA 04: RESATAURANTE/INT./DIA

 

Henrique, Rose e Jorge almoçam no restaurante.

O celular de Jorge não para de tocar.

ROSE – Isso já está ficando chato, Jorge! Atenda esse celular de uma vez!

JORGE – Eu vou colocar no silencioso!

ROSE – Se você não atender, eu mesma atendo! (AMEAÇANDO)

Jorge decide, por fim, atender o celular.

JORGE – Licença então. Vai ser rápido!

Jorge se afasta para atender o celular.

ROSE – Ás vezes temos que ser firmes!

HENRIQUE – Concordo plenamente, cunhada!

ROSE – Mas me conte, não conversamos ainda claramente... como andam as vendas de suas pinturas na Irlanda?

HENRIQUE – O mercado vem mudando muito. Estou sempre em busca de novas formas, novos tons. Estudo muito a arte como um todo e consigo assegurar minha clientela. O importante é que sou feliz, faço o que amo e amo muito Rodrigo.

ROSE – Meu irmão não poderia ter marido melhor!

Jorge volta e senta-se à mesa.

ROSE – Tudo resolvido?

JORGE – Tudo resolvido, sim! (CORADO)

Close nos olhos de Jorge.

 

-CUT TO-

 

CENA 05: RUA/VITÓRIA/CARRO DE ALBERTO/INT./DIA

 

Vicente dirige o carro. Ele olha pelo retrovisor e percebe que Alberto está preocupado. Nervoso.

VICENTE – O senhor está bem, mesmo?

ALBERTO – Claro que estou.

Pequena pausa.

VICENTE – Aquele era seu filho?

ALBERTO – Infelizmente sim.

VICENTE – Infelizmente?

ALBERTO – Ele é veado!

VICENTE – E o senhor não gosta dela pela opção sexual?

ALBERTO – Eu apenas não aceito quem ele se tornou.

VICENTE – Sabia que eu concordo com o senhor...Deus deixou o homem e a mulher. Esse negócio de homem com homem, mulher com mulher... Eu acho sujo!

ALBERTO – Até que enfim alguém que concorda comigo. Eu não sou preconceituoso, apenas não aceito que meu filho seja... você sabe! Não me importo com a opção sexual de ninguém, mas com o meu filho é diferente. Eu vi aquele garoto nascer, crescer e agora olhando o que ele se tornou, eu me sinto um incapaz.

VICENTE – Entendo, senhor Alberto.

ALBERTO – Mas não vamos falar sobre isso. Vamos para o meu flat, por favor! Mas antes, quero que você passe na oficina. Preciso pegar meu carro e só depois iremos a loja de móveis.

VICENTE – Sim senhor!

Foco no olhar de Vicente.

 

-CUT TO-

 

CENA O6 – VITÓRIA/HORIZONTE/MANHÃ-NOITE/EXT.

 

TRILHA SONORA: “SLIDE AWAY”: MILEY CYRUS.

 

A CÂM neste momento foca no horizonte da cidade de Vitória anoitecendo aos poucos.

 

-CUT TO-

 

CENA 07: MANSÃO DA FAMÍLIA LIBERTINI/MESA DE REFEIÇÕES/INT./NOITE

 

TRILHA SONORA: “SLIDE AWAY”: MILEY CYRUS.

 

Todos jantam. Estão juntos sentados à mesa. Sílvia, Rodrigo, Rose, Henrique.

 

SÍLVIA – Estou tão feliz em ter vocês todos juntos, aqui comigo! Eu já falei isso, né?

RODRIGO – Falou sim, mãe! Mas nunca é demais.

Pequena pausa.

RODRIGO – Fui a construtora hoje.

ROSE – Então quer dizer que aquela saída repentina da revista...

RODRIGO – Sim, fui conversar com o papai. Estava mais do que na hora.

SÍLVIA – E como ele te tratou?

RODRIGO – Pior impossível. Meu pai não consegue me enxergar mais como filho.

SÍLVIA – Mas ele vai enxergar! Nós vamos fazer com que ele enxergue!

RODRIGO – Eu espero que sim. Mas sinto o desprezo nos olhos dele. Sei que será difícil... Cadê o Jorge, mana? (MUDANDO DE ASSUNTO)

ROSE – Reunião de negócios, falou que estaria comprometido à noite toda nessa reunião.

RODRIGO – Entendo.

Close no olhar de Rodrigo. Desconfiado.

 

-FADE OUT-

 

CENA 07: MOTEL/INT./NOITE

 

Jorge chega, abre a porta do quarto do motel.  Marisa o espera.

JORGE – Meu, amor, desculpa pela demora. (APROXIMANDO-SE)

MARISA – Saida minha frente!

JORGE – Você está com raiva de mim?

MARISA – Você acha? (FURIOSA)

JORGE – Eu estava com Rose, não deu pra atender o celular.

MARISA – Então quer dizer que você passou o dia inteiro acompanhado dela? Porque eu liguei várias vezes pro seu celular e você... poxa, nem uma mensagem. Uma satisfação.

JORGE – Meu amor, eu não podia atender!

MARISA – Eu não quero mais isso, Jorge! Tô cansada de ser a outra. Chega!!!

JORGE – Mas você e eu, juntos...Nós teremos um futuro brilhante!

MARISA – Futuro esse que está muito distante, não acha? Você vai se casar, eu vou sempre ser a segunda opção na sua vida. No início eu até tentei, mas juro que não está sendo fácil passar por tudo isso. Eu quero você por inteiro e não pela metade.

JORGE – Eu te amo, Marisa! Não fala isso.

MARISA – Me ama mesmo? Deixe a Rose. Case-se comigo! A gente desiste desse golpe e vamos viver felizes, juntos!

JORGE – Eu não posso.

MARISA – Tá vendo aí! Você não me ama. Cada palavra que você disse aqui foi apenas da boca pra fora!

JORGE – Você sabe que não!

MARISA – Não me procura mais! Eu não quero nunca mais cruzar o seu caminho!

Marisa pega a bolsa e fecha a porta bruscamente. Jorge apenas observa, indignado.

 

FOCAMOS NA EXPRESSÃO FRIA DE JORGE.

 

-CUT TO-

 

CENA 08: MANSÃO DA FAMÍLIA LIBERTINI/QUARTO DE HOSPEDES/INT./NOITE

 

Rodrigo e Henrique se preparam para dormir. Eles se aconchegam.

Rodrigo deita-se no peito de Henrique, ambos sem camisas.

RODRIGO – A Conversa com meu pai foi muito dura, ele falou coisas terríveis.

HENRIQUE – Eu imagino. O seu pai não muda. Ele continua sendo...

RODRIGO – Eu sei... preconceituoso, homofóbico. Ele não mudou nem um pouco. Seu pais, sim, me admiram. Te aceitaram e nunca deixaram de te amar por nenhum segundo.

HENRIQUE– Meu pai é um homem fantástico! Nunca fui o mesmo desde que minha mãe morreu, mas nunca deixei de amá-la. Continuo a amando e, agora, mais do que nunca!

RODRIGO – É... Você tem razão. O amor, mesmo após a morte só aumenta! E os sentimentos só crescem!

HENRIQUE- Isso mesmo.Vamos dormir?

RODRIGO – Tem certeza que quer só dormir?

HENRIQUE – Acho que não, sabia?

Rodrigo beija Henrique, ofegantes. Os dois tiram o restante das vestimentas. Beijo apaixonado. Eles fazem amor. (ao som de I´M NOT THE ONLY– Sam Smith)

 

-FADE OUT-




 

CENA 09: CASA DE NEUSINHA/ QUARTO DE MARISA/INT./NOITE

 

Marisa chora desesperada no quarto.

Saulo entra sarcástico!

SAULO – Chorando, maninha?

MARISA – Não enche!

Vendo que Marisa realmente não está bem, ele muda o semblante.

SAULO – O que aconteceu? Nunca vi você desse jeito!

Marisa não responde, permanece em silêncio.

Saulo decide falar.

SAULO – Eu vi você entrando em um motel hoje!

Marisa se levanta da cama onde estivera chorando.

MARISA – Você viu... Estava por acaso me seguindo?

SAULO – Sim. Pode me contar, eu sou seu irmão! A única pessoa que você pode confiar nesse mundo!

Marisa fica animada e tenta desabafar, mas de repente com medo de críticas e para manter sua postura, hesita.

MARISA – Eu não quero falar nada!

SAULO – Está envolvida com algum homem é isso? Ele é casado?

MARISA – Não. Não é nada disso!

SAULO - Você é garota de programa então?

MARISA – Eu não sou você! Eu não faço o que você faz!

SAULO – Então me conta... O que tá acontecendo?

MARISA – Eu não vou falar nada! Agora, sai do meu quarto!

SAULO – Bem, se quiser conversar, estarei disponível. Estou de saída agora, o trabalho me chama!

Saulo sai do quarto!

Marisa, de repente limpa as lágrimas!

MARISA – Eu é que não vou ficar choramingando nesse quarto!

Marisa levanta-se e vai em direção ao banheiro. Decidida.

 

-CUT TO-

 

CENA 10: MANSÃO DA FAMÍLIA LIBERTINI/INT./NOITE

 

Sílvia desce as escadas. A mansão está escura. Ninguém se encontra no local. Todos estavam dormindo.

Ela caminha devagar, pra não acordar ninguém. Sem o salto.

Ela abre a porta e sai.

Alguém liga o abajur. É Rose. Ela observa a mãe.

Foco no rosto de Rose. Encabulada.

 

-CUT TO-

 

CENA 11: MOTEL/INT./QUARTO/NOITE

 

Sílvia bate na porta do quarto de motel. Dois toques.

Alguém abre a porta.

SÍLVIA – Estava com saudades de você!

Close no rosto de Sílvia. Ela sorrir. Não é possível ver o rosto da pessoa que abrira a porta.

 

-CUT TO-

 

CENA 12: RUA DE VITÓRIA/EXT./DIA

 

Vicente dirige o carro pelas ruas de Vitória. Parece muito feliz com seu novo emprego. E no outro dia, ficaria ainda mais próximo da família Libertini, principalmente de Rose. Ele não tinha razões para estar triste.

Vicente cantarola uma música no rádio do carro de Alberto.

De repente, algo lhe assusta. Ele observa que uma mulher loira, aparentemente bêbada em um botequim próximo, trata-se de Marisa. Ele a reconhece. É a amante de Jorge.

Vicente estaciona o carro e vai em direção ao botequim.

Vicente entra no botequim.

Marisa canta, embriagada.

Vicente se aproxima dela.

VICENTE – A senhora não deveria beber tanto!

MARISA – Senhora é a senhora sua mãe!

VICENTE – Calma! Eu só queria te ajudar!

MARISA – Ninguém pode me ajudar. Hoje eu vou beber muito. Muito. Até cair! E nem você nem ninguém vai me impedir. (VOZ EMBRIAGADA)

VICENTE – Eu posso te ajudar!

MARISA – Como você pode me ajudar?

Close no rosto de Marisa.

 

A IMAGEM FOCA NA EXPRESSÃO FRIA DE MARISA E UMA POÇA DE SANGUE DESCE SOBRE A TELA E EM SEGUIDA A IMAGEM SE QUEBRA FOCANDO NA EXPRESSÃO FRIA DE MARISA.




Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.