WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
OITAVO EPISÓDIO
CENA 01/ BRAÇO FORTE/ CASA DO RICARDO/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Max está em frente ao corpo de Dayse e com o telefone na mão. A cena alterna entre ele e Ricardo que está na Praça da Juventude escorado em seu carro.
MAX: (off) Eu estava mergulhado em um ódio febril, queria matar o Ricardo, mas seria pouco. A morte dele teria que ser lenta, assim eu me saciaria de cada minuto de seu sofrimento.
MAX: (com sarcasmo) Não reconhece a minha voz?
MAX: (off) Óbvio que eu seria a última pessoa que ele pensaria, pois para ele eu estava morto.
RICARDO: (desesperado) Onde está a Dayse?
MAX: No momento ela não pode falar. Ou melhor, ela nunca mais poderá falar.
RICARDO: O que você fez com a minha mulher? Eu quero falar com ela.
MAX: Preocupado agora Ricardo? Ao chegar aqui a encontrei furiosa contigo. (com ódio) Você me afastou da mulher que amo, e eu te afastei da sua.
RICARDO: (sem entender) Mas quem é você, do que está falando?
MAX: Volte o quanto antes pra casa. E oh, nada de chamar a policia, senão farei sopa da tua filhinha.
RICARDO: (mas confuso ainda) O quê, como assim minha filhinha?
MAX: (off) Era aprazível o que eu sentia naquele momento, Ricardo estava em minhas mãos, e eu não poderia deixá-lo escapar ileso.
[ABERTURA]
EPISÓDIO VIII
“Jantando com o inimigo”
CENA 02/ CASA DO RICARDO/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Max desliga o telefone, vai até o corpo de Dayse e o admira por um instante. Logo depois pega o seu punhal e repete o processo que havia feito com a moça na caverna. Corta um pouco abaixo da sua caixa torácica, em meio às costelas esquerdas flutuantes, e com as mãos vai contornando por entre os pulmões até encontrar o coração de Dayse. Ele delicadamente arranca-o para fora. A cena continua conforme a sua narração.
MAX: (off) Era impressionante, mas uma vez me sentir um animal diante de sua presa. Regozijava-me com o cheiro do sangue, desejava abocanhar aquela carne e sentir todo o seu sabor. Levei o coração até a altura dos meus lábios, deixando-o completamente lambuzado. Não! Ainda não poderia comer, ainda não era o momento de eu devorar aquela carne, aquele cardápio era pra dois.
Max pega então o coração ainda inteiro e o coloca em um prato e leva até a mesa. Ele começa então preparar a mesa como se fosse servir um belíssimo jantar. A cena vai fazendo pequenos cortes conforme Max vai acrescentando mais alguma coisa na mesa. Ele põe taças arrumadas próxima aos pratos. Uma pra ele outra para o Ricardo, uma garrafa de vinho que encontrou em uma pequena adega que Ricardo tinha na sala. Enfeita a mesa com algumas frutas vermelhas [sua cor preferida], corta algumas partes do corpo de Dayse, como dedos, orelhas, e fatias do seu músculo facial. Arruma todos precisamente sobre a mesa [que já se encontrava forrada com uma toalha branca], colocados em pratos de porcelana chinesa, daquelas usadas apenas para servir convidados especiais. Ele cobre o corpo de Dayse com um lençol. Pega a pequena Érica que mantinha-se dormindo no bebê conforto e a deixa em uma cadeira próxima a sua. Senta-se a mesa de frente para a porta, enche uma taça de vinho e fica aguardando a chegada de Ricardo. CORTA para cena seguinte.
CENA 03/ CASA DO RICARDO/ PORTÃO/ NOITE
Mostra Ricardo chegando em seu carro e estacionando na garagem. Ele desce do carro ofegante e com um revólver na mão, respira fundo e decide entrar em sua casa. CORTA para cena seguinte.
CENA 04/ CASA DO RICARDO/ SALA/ NOITE
Ricardo vai entrando abrindo a porta com violência e se assusta ao ver Max sentado a mesa.
MAX: (irônico) Boa noite querido, como demorou! O jantar estar servido. Sente-se, espero que goste do cardápio.
Ricardo com lágrimas nos olhos aponta a arma para Max.
RICARDO: Onde está a minha mulher, o que você fez com ela?
Max dá uma olhada em direção ao cadáver de Dayse. Ao notar o olhar de Max, Ricardo também olha e se desespera ao ver o corpo da mulher debruçado sobre as escadas coberto com um lençol. Rapidamente ele corre em direção ao corpo e o descobre. Ele se repugna ao ver o estado em que Dayse se encontrava. Max permanecia no mesmo local saboreando o vinho que havia colocado em sua taça. Ricardo cai de joelho no chão e chora diante da cena que assistia. Max corta um pedaço do coração e o coloca em seu prato e se delicia comendo aquela carne. Ricardo olha para trás ver Max o olhando com uma cara cínica enquanto se saciava com a carne de sua mulher. Ele então levanta furioso e aponta a arma em direção a Max.
RICARDO: (se aproximando de Max) Desgraçado eu vou te matar!
Max pega o bebê conforto com a criança e coloca sobre a mesa.
MAX: Quero lhe apresentar a pequena Érica.
No mesmo instante a fisionomia de Ricardo muda, a sua mão trêmula que segurava a arma relaxo, descendo até a altura do quadril.
MAX: (provocando-o) Enquanto eu saboreava esse delicioso coração. Fiquei aqui pensando. Que gosto teria um coraçãozinho tão pequeno?
Max desliza o punhal pelas bordas do bebê conforto.
MAX: Deve ser um sabor incomparável, essas batidas tão repentinas.
RICARDO: Essa criança é minha filha? Não toque nela, eu te imploro!
MAX: Parece um anjo, não é mesmo? Seria uma maldade interromper uma vida tão pequena.
RICARDO: Quem é você? Porque está fazendo isso comigo?
MAX: (pressionando o punhal sobre a criança) A arma Ricardo. Jogue-me a arma agora!
RICARDO: Calma, eu vou te dá a arma, mas não faça nada com minha filha! (chorando) Por favor, não a machuque!
Ricardo suplica enquanto se abaixava lentamente deixando a arma no chão.
MAX: (off) Inacreditável, mas era possível ver a paixão que ele já tinha pela filha. Eu olhava para a criança e via a doçura que se escondia em seu semblante, a inocência que se escondia atrás daqueles olhos pequenos, isolada do mundo, ingênua diante de tudo aquilo que estava acontecendo em sua volta. Eu não poderia machucá-la, jamais faria isso. Mas é claro que Ricardo não precisava saber disso.
MAX: Chute a arma para mim. Ou eu esquartejo essa criança aqui em sua frente.
Ricardo o obedece, ele chuta a arma e Max apara com o pé direito. Ele então lentamente abaixa pega a arma e Ricardo fica sobre o seu poder.
MAX: Como eu ansiei por esse encontro. Sente-se Ricardo vamos comemorar!
RICARDO: O que você quer comigo? Que mal te fiz?
MAX: Não me reconhece? Claro que não, achava que eu estivesse morto, não é mesmo? Às vezes eu penso que sim, pois sinto o meu corpo vagar sem alma, carrego apenas o ódio amargo daquele dia. O dia em que senti as chamas e a soda cáustica a me corroer, enquanto vocês comemoravam felizes, desprezando o meu martírio. Zombar de mim sempre foi a sua diversão preferida, não é mesmo?
RICARDO: (reconhecendo) Meu Deus! Maxwell é você?
MAX: Eu amei Érica mais do que a minha própria vida, e você me impediu de ficar com ela. Agora eu retornei Ricardo para destruir a sua vida.
RICARDO: Eu não tenho culpa do acidente. Não faça nada contra a minha filha, eu te suplico. Eu era um babaca, por isso te perturbei tanto.
MAX: (ordenando) Sente-se Ricardo vamos saborear esse jantar especial que preparei para nós.
RICARDO: O que está fazendo Max? Que criatura você se tornou?
MAX: Enquanto você vivia aqui no conforto. Eu passei esses últimos anos no inferno, enfornado em uma caverna. Sendo obrigado a conviver com as minhas cicatrizes e com as sequelas que a soda me trouxe, até hoje eu tenho dificuldades para respirar e estou completamente cego de um olho. A vida não foi nada justa, eu só estou corrigindo essa injustiça do destino. (apontando a arma para Ricardo) Eu estou cego e você pelo o jeito está surdo. Não ouviu eu lhe mandar sentar?
Ricardo se aproxima vagarosamente da mesa, puxa a cadeira e senta. É possível ver o medo em seu olhar.
MAX: (enchendo uma taça de vinho) Tem um bom gosto Ricardo, esse Cordelier é mesmo divino.
Max serve o vinho, mas Ricardo fica paralisado, de olhos arregalados em frente com medo do que Max poderia fazer.
MAX: (com sarcasmo) Que desfeita, não vai provar do delicioso jantar que preparei com todo carinho pra você?
Ricardo olha em direção ao prato, engole saliva, ofega ao ver as partes do corpo de sua mulher. Ele tenta achar uma maneira de sair daquela situação.
MAX: Que péssimo anfitrião eu sou, perdoe-me irei servi-lo.
Max levanta da cadeira em que está, prende o revolver na cintura e dá leves passos em direção a Ricardo. Se aproxima, pega um prato e o enfeita com tudo o que tinha na mesa. Caprichando principalmente nos bifes crus dos músculos faciais de Dayse. E coloca o prato sobre a mesa em frente de Ricardo. Logo depois retorna ao seu lugar e começa a degustar um dos dedos de Dayse que já estava em seu prato.
MAX: (pegando o dedo com a mão) Gosto da cartilagem que cobre as juntas das falanges. Porque não experimenta?
Max fura o dedo com a ponta de sua faca e leva até a boca de Ricardo. E ele vira o rosto para o lado enojado e derrubando a carne no chão.
MAX: Não se preocupe eu pego outro.
Max leva mais um dos dedos de Dayse na direção da boca de Ricardo.
RICARDO: (suplicando aos prantos) Por favor, Max não me obrigue a isso! Eu não sou culpado por você está assim, eu nem estava lá quando você caiu no cilindro de soda. Lembra?
MAX: (frio) Mas você é culpado por eu não estar com a minha Érica. Eu sempre a amei e você debochava desse amor. É verdade que não estava presente, mas se tivesse na certa seria o primeiro a me mergulhar naquela soda.
RICARDO: Não é verdade, eu sempre fui seu amigo.
MAX: Cala essa sua maldita boca Ricardo! Não vem me falar de amizade, por sua culpa Érica não me quis.
RICARDO: Por favor, Max, me escute. Guarde esse ódio para o Davi, ele é que está com Érica agora.
MAX: (sem entender) O que está dizendo?
RICARDO: (tentando se safar) Que você está se vingando da pessoa errada. Mal você foi tido como morto que o Davi já se aproximou de Érica, os dois agora são noivos, vão se casar.
MAX: O Davi não faria isso comigo!
RICARDO: É aí onde você se engana. Vai atrás da Érica o seu grande amor, não permita que ela fique com o Davi.
MAX: (off) Eu não podia acreditar naquelas palavras. Não poderia acreditar que o meu melhor amigo fosse fazer isso comigo. É claro que eu tinha que acreditar, isso explicava a alegria dos dois, abraçados enquanto eu me afundava em meio aquelas chamas. Ricardo insistia em fazer a caveira do Davi, tentava me fazer a cabeça procurando uma maneira de sair ileso de tudo aquilo.
RICARDO: O que está esperando? É o Davi o seu inimigo.
MAX: O Davi e a Érica terão o que merece na hora certa, agora somos nós dois.
RICARDO: (preocupado) Calma Max, não faça nada comigo!
MAX: Você não entendeu Ricardo, você não tem escolha. Eu quero que você coma tudo isso que tem no prato. E depois vamos dá uma voltinha. (olhando para a criança que ainda dorme no bebe conforto) A pequena Érica precisa de um lar.
RICARDO: Não precisa ser assim, vamos conversar melhor a gente vai se entender.
MAX: Entender? A única pessoa que precisa entender aqui é você. (apontando a arma para Ricardo) Cala essa sua maldita boca e coma logo Ricardo!
Ricardo treme enquanto pega as partes do corpo de sua mulher e leva até sua boca. A cada mordida que dá, é notável a ânsia que sente. E ao contrário Max degusta a carne como se fosse o mais delicioso dos pratos que alguém pudesse ter feito.
MAX: Jantar delicioso, espero que esteja do seu agrado. A sua mulher é literalmente muito gostosa.
RICARDO: (chorando) Você é um doente, um nojento!
MAX: (irônico) O que eu posso dizer? É sempre um prazer agradar o amigo.
MAX: (off) Eu me preocupava com a pequena Érica, não é normal uma criança dormir tanto assim. Eu tinha que fazer alguma coisa, não me perdoaria se ela morresse.
Enquanto Max se distrai olhando para a criança, Ricardo avança-se em cima dele no intuito de arrancar-lhe a arma. Ricardo derruba Max no chão e os dois lutam deitados no chão. Com as pernas Max lhe dá um empurrão jogando-o longe. Levanta apressadamente e dá dois tiros, um em cada um dos pés de Ricardo.
MAX: (com ódio) Idiota! Quis dá uma de esperto?
Ricardo aprisiona os pés em uma posição fetal na tentativa de amenizar a dor. Max tomado pelo ódio o segura pelo o braço e o arrasta pela a casa. E pegando a fita de alumínio que se encontrava ao lado do corpo de Dayse ele amarra os dois pés e os dois braços de Ricardo deixando-o imóvel.
RICARDO: (suplicando) Max não faz nada comigo! Eu te imploro, me deixa viver.
Max pega um pedaço da fita e amordaça Ricardo. Pega Ricardo pelo as pernas e vai lhe arrastando enquanto subia a escada. No alto da escada ele o amarra de cabeça para baixo, deixando-o mais ou menos trinta centímetros do chão. Max retorna até a mesa, pega o seu punhal e volta até a escada. Os pés feridos de Ricardo escorria sangue, que descia pela a perna e respingava no chão. Max então enfia a faca em meio as pernas do seu inimigo partindo os seus genitais ao meio, descendo até a altura do seu umbigo. Ricardo tremia remoendo de dor. Porém Max teria que ser mais preciso, pois não poderia deixar a pequena Érica sem cuidados. Esticando os braços ele corta a fita que sustentava os pés de Ricardo, derrubando-o no chão. Ele tentava se encolher, mas já não tinha mais força. Até o seu intestino era possível ver pela a incisura que havia em seu abdome. Max vai até a garagem e pega um cabo de aço [desses usado para reboque de carro]. Retorna até a sala e amarra o cabo de aço nas pernas de Ricardo. Puxando pelo o cabo de aço o arrasta até a garagem e o amarra no para-choque traseiro do carro. Logo em seguida volta a sala pega a chave e o bebê conforto onde estava a pequena Érica. Já na garagem ele acelera o carro arrebentando o portão e arrastando Ricardo em meio ao asfalto de paralelepípedo.
FIM DO OITAVO EPISÓDIO
Como a página de um diário dá um close no exato momento em que Max arrebenta o portão em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
MAXWELL = Johnny Massaro
RICARDO = Chay Suede
Obrigado pelo seu comentário!