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Casamento às Cegas - Penultimo Capítulo

 


CENA 01: MANSÃO FORTUNA/SALÃO PRINCIPAL/INT./NOITE

Desolado, Conrado deixa o documento cair no chão e encara Iza.

IZA – (CHORANDO) Conrado, me deixa explicar.

PALMIRA – Tu roubaste nosso dinheiro e ainda acha que pode explicar algo?

CONRADO – (CHORANDO) Tu é a pior das vagabundas! A todo momento dizendo que me ama e mentindo pra mim?

Alzirão se compadece do desespero de Iza.

CONRADO – Tudo não passou de uma mentira pra me envolver e não deixar tua mentira em evidência, não é mesmo?

PENÉLOPE – Eu tô passada com a falta de escrúpulos.

IZA – E é logo você quem vem me falar em escrúpulos, sua crododila?! Tudo o que eu fiz foi por desespero, um maldito ódio desenfreado! Mas quem pode julgar? Ninguém sabe o que é ser uma criança e não ter o que comer em casa por culpa de um homem que roubou sua família. Só sabe o que é a dor da pobreza quem sente na pele!

CONRADO – Eu sempre senti a dor da pobreza na pele e nunca me vali de artimanhas baixas pra subir na vida. Não usa pobreza como desculpa pra safadeza! Tu tem noção do que fez?

Num surto, Conrado começa a quebrar tudo e expulsar os convidados.

CONRADO – CHEGA! ACABOU A FARRA! VÃO EMBORA, BANDO DE ABUTRES!

Conrado joga para o alto tudo o que vê pela frente. Assustados, os convidados vão saindo.

Penélope vai até Iza e lhe acerta uma bofetada.

PENÉLOPE – Você é um lixo! Fez o que fez pra destruir o meu relacionamento com o Conrado.

IZA – Eu só não vou revidar essa bofetada, pois na real você está coberta de razão. E, como mulher, eu te peço perdão.

PENÉLOPE – Eu nunca vou te perdoar!

Conrado se senta. Tenta assimilar as coisas.

IZA – Por favor, meu amor, vamos conversar.

CONRADO – Eu não tenho nada para conversar contigo!

Conrado se levanta.

CONRADO – Eu não quero ficar nem mais um minuto sob o mesmo teto que você!

ALZIRÃO – Calma, Conrado. Pense bem no que vai fazer para não se arrepender.

CONRADO – Vamos, mainha.

PALMIRA – Mas Charles Bento…

CONRADO – Vamos agora, ou pode esquecer que tu teve um filho!

Sem saída, Palmira apenas concorda com a cabeça.

PENÉLOPE – Eu também vou, amorzinho.

Nisso, os três vão embora da mansão.

Desolada, Iza se ajoelha e chora. Alzirão se aproxima dela.

ALZIRÃO – (CHORANDO) Minha filha, por favor, vamos sair desse lugar. Isso só trouxe desgraça.

IZA – Vai embora, por favor.

ALZIRÃO – Mas minha filha, olhe seu estado!

IZA – SAI! EU TÔ FALANDO!

Alzirão se levanta e vai embora. Antes de sair, dá uma última olhada para a filha.

IZA – EU NÃO PRECISO DE NINGUÉM! (T) Eu me basto e juro que, muito em breve, você voltará arrependido, rastejando aos meus pés, Conrado!


CENA 02: DELEGACIA/CELA/INT./MANHÃ

Os policiais abrem a porta da cela e Durvalina entra, ficando frente a frente com Edu.

EDU – Dona Durvalina?

Durvalina se aproxima um pouco mais e esbofeteia Edu com força.

DURVALINA – Você é um rato asqueroso! Eu tenho nojo de você, Eduardo!

EDU – Dona Durvalina, a senhora não pode acreditar nas mentiras que a Lica inventou! Essa menina é uma cobra!

DURVALINA – (GRITA) Lave bem a sua boca antes de falar da minha filha!

EDU – Eu não estou mentindo, dona Durvalina! Pra me envolver, ela foi capaz de inventar que quase foi abusada e me dopou pra me fazer acreditar que eu transei com ela.

DURVALINA – Então me explica, como ela engravidou de você?

EDU – Isso é mais um absurdo! Eu sou estéril! Seria impossível a Lica ter engravidado de mim, mesmo que tivéssemos tido algo!

DURVALINA – (ASSUSTADA) Você é pior do que eu imaginava. (T) De todo o coração, eu desejo que você apodreça na cadeia!

EDU – Por favor, dona Durvalina, a senhora tem que acreditar em mim!

DURVALINA – Eu não quero mais ouvir nem uma palavra de sua boca.

Durvalina faz sinal para que o policial abra a cela.

CENA 03: HOSPITAL/QUARTO/INT./MANHÃ

Helena entra e se aproxima do leito de Roberto.

O médico, quase sem forças, acompanha a colega com os olhos.

HELENA – Vim o mais rápido que pude.

ROBERTO – Que bom que chegou a tempo.

HELENA – O que tem a me dizer? Por que me chamou aqui?

Roberto tosse.

ROBERTO – Não posso morrer antes de contar toda a verdade. (T) Eu fui um ambicioso. Faltei com meu código de ética e conduta. Fui conviente com a morte de Perfeito Fortuna.

HELENA – Você foi conivente?

ROBERTO – Sim, eu estava presente no momento que Palmira aplicou a injeção na veia do doutor Fortuna. Eu acompanhei tudo e, durante muito tempo, extorqui Palmira em troca do meu silêncio.

As palavras de Roberto vão se embargando.

HELENA – Roberto, chega! Você não pode mais fazer esforço!

ROBERTO – No dia em que fui atropelado, estava fugindo da Palmira.

O monitor cardíaco apita cada vez mais rápido, para desespero de Helena.

Até que ele passa a apitar ininterruptamente. Rapidamente, Helena começa a fazer a massagem cardíaca.




CENA 04: MANSÃO FORTUNA/SALA DE JANTAR/INT./TARDE

Iza chega à sala e percebe a mesa já servida. Ela puxa uma cadeira e se senta, sozinha.

IZA – Essa casa, tão vazia. Dá até medo.

A campainha toca e uma empregada vai atender.

IZA – Quem é, Dulce?

Ela abre a porta e Conrado entra. Iza se levanta na hora.

IZA – Conrado? Ai, meu amor…

Iza vai abraçá-lo, mas ele a impede.

CONRADO – Só vim buscar minhas coisas e as de mainha.

IZA – Conrado, por favor, vamos conversar.

Conrado entrega um envelope a Iza.

IZA – O que é isso?

CONRADO – É uma procuração. Eu renuncio da minha parte da herança, deixo todos os meus bens pra você. Não era isso que você queria? Pois bem, conseguiu. Agora você é realmente a dona de toda a fortuna que um dia pertenceu ao meu tio Perfeito.

Iza desesperada.

IZA – Conrado, nada mais importa se eu não tenho você a meu lado. Reconsidere, me escute pelo menos!

CONRADO – Pra mim já chega, Iza. Eu, daqui por diante, só quero paz! Esse dinheiro só me trouxe dor e sofrimento e, por isso, quero me ver livre dele.

IZA – Mas e o nosso amor?

CONRADO – Eu te amo muito, Iza. Mas nada que se constrói em cima de uma mentira dá certo.

Trilha sonora: Perdóname – Camilo Blanes

Iza cai no choro. Conrado se comove com a cena.

CONRADO – Acho melhor o motorista levar as minhas coisas depois. Eu preciso ir.

Conrado vai embora correndo. Deixa Iza chorando sozinha.

CENA 05: HOSPITAL/SALA DOS MÉDICOS/INT./TARDE

Durvalina chega e se dirige a um médico.

DURVALINA – (ASSUSTADA) Doutor, vim o mais rápido que pude. O que houve com minha filha?

MÉDICO – Calma, dona Durvalina. Só a chamei aqui para informar que já assinei a alta de sua filha. Ela está pronta para voltar pra casa.

DURVALINA – (ALIVIADA) Bendito seja Deus! Finalmente minha menina vai sair daqui.

MÉDICO – Olha, gostaria de pedir que agora, mais do que nunca, converse com sua filha e cuide dela. Depois de um trauma como esse, o apoio da família é fundamental.

DURVALINA – Pode ter certeza. Ainda mais agora que ela acabou de perder um filho. Pobrezinha, está desolada.

MÉDICO – (SURPRESO) Filho?

Durvalina estranha.

MÉDICO – Me desculpe, dona Durvalina, mas a senhora deve estar enganada. Sua filha não estava grávida.

DURVALINA – Como assim?

MÉDICO – Sim, dona Durvalina. Ela nunca esteve grávida.

Durvalina estarrecida.

MÉDICO – A senhora está bem?

DURVALINA – (DISFARÇA) Sim, doutor.

Durvalina se levanta na hora.

CENA 06: HOSPITAL/CORREDOR/INT./TARDE

Durvalina anda pelo corredor, escorada nas paredes.

DURVALIA – (INCRÉDULA) A Lica?! Não, isso não pode ser verdade! (T) Onde foi que eu errei?

CENA 07: HOTEL/QUARTO/INT./TARDE

Palmira olha para o quarto com desdém.

PALMIRA – Até quando Charles Bento vai nos manter nesse muquifo?

Penélope, comendo, a olha mas não lhe dá atenção.

PALMIRA – Não ouviu eu falar, sua morta de fome?

Penélope finge não escutar.

PALMIRA – É a lei do silêncio, é?

PENÉLOPE – Palmira, vai procurar um marido pra ver se assim você deixa de ser insuportável!

PALMIRA – Olhe bem como fala comigo! Não se esqueça de quem eu sou!

PENÉLOPE – Mulher, tá calor e você fica falando no meu ouvido feito papagaio. Coisa chata!

Silêncio.

PALMIRA – Não ache que só porque a outra ciscadeira tá fora do caminho que tu vai laçar Charles Bento.

PENÉLOPE – Fofa, isso você não precisa nem dizer. Se bem que você fará o impossível para me afastar também. Se bem que acho meio difícil Conrado voltar a olhar pra mim.

PALMIRA – Então, se achas isso, por que diabos não se mandou ainda? Anda, mete o pé!

PENÉLOPE – (SORRI) Só saio da vida de Conrado no dia que ele mandar.

PALMIRA – Mas que falta de amor próprio. Tu envergonha a classe feminina!

Cansada, Penélope pega o prato e se dirige ao quarto, deixando Palmira sozinha.

PALMIRA – Quer saber? Eu vou é na rua comprar alguma coisa pra beber. Hoje eu quero ficar doidona!

Palmira se dirige à saída, gargalhando.

CENA 08: MANSÃO FORTUNA/SUÍTE DE IZA/INT./TARDE

Iza aos prantos, entra tirando os brincos e as joias e jogando tudo no chão.

IZA – Do que adianta ter dinheiro e estar sozinha?

Trilha sonora: Stickwitu – The Pussycat Dolls

Iza tira a roupa, veste um roupão e se senta diante do espelho. Esfrega a mão no rosto, borrando a maquiagem. Tira os cílios postiços. Puxa o mega hair.

Se levanta, tira o roupão e caminha até a banheira de espuma. Entra na banheira, esfregando o corpo com força e sem parar. Ela não consegue disfarçar a repulsa, a ânsia de vômito.

CENA 08: SUPERMERCADO/INT./TARDE

Palmira andando com seu carrinho pelos corredores. Ela observa os produtos nas prateleiras e os preços.

PALMIRA – Nossa as coisas aqui estão pela hora da morte!

Palmira acaba se esbarrando em Helena. As duas se reconhecem na hora.

HELENA – Como vai, dona Palmira?

PALMIRA – Não me recordo de lhe conhecer. Me conhece de onde, querida?

HELENA – (SORRI) Quem nessa cidade não conhece a ilustre Palmira Fortuna?

PALMIRA – (SORRI) Mas quanta falta de modéstia a sua.

Palmira tenta disfarçar o nervosismo.

HELENA – Você não sabe de onde estou vindo?

PALMIRA – Não faço a menor ideia.

HELENA – Do hospital. Doutor Roberto Aranha acabou de falecer.

Palmira se assusta.

PALMIRA – Acabou de falecer? Mas ele já não havia morrido?

HELENA – É o que você achava, não é mesmo?

PALMIRA – Do que está falando?

HELENA – Você não é nem um pouco burra, dona Palmira.

PALMIRA – Com licença, eu preciso ir.

HELENA – Gostaria muito de saber por qual motivo a senhora matou Perfeito Fortuna.

Palmira ia saindo, mas estaciona com o que ouve. Ela se vira para Helena.

PALMIRA – De onde tiraste tamanha sandice?

HELENA – Não seja hipócrita! Antes de morrer, Roberto me contou tudo! E tem mais: ele me garantiu que você também foi o responsável pelo acidente dele!

PALMIRA – (IRRITADA) Eu não sou obrigada a ouvir baboseiras de uma desconhecida. Com licença!

HELENA – Fique alerta, dona Palmira! Muito em breve, a polícia entrará em contato com a senhora para prestar esclarecimentos.

Fingindo não escutar, Palmira abandona o carrinho e vai embora, assustada. Helena a observa.

HELENA – (P/SI) Fim da linha, Palmira. A essa hora, a polícia já deve estar te esperando.


CENA 09: CASA DE DURVALINA/SALA/INT./TARDE

Durvalina e Lica entram juntas. Lica estranha a cara fechada da mãe.

LICA – Aconteceu alguma coisa, mãe? Desde que saímos do hospital, a senhora não disse uma palavra.

Durvalina a encara friamente.

LICA – Ei, falei com a senhora!

DURVALINA – Eu vim do hospital até aqui me questionando onde foi que eu errei. Mas agora, analisando bem, percebo que o erro não está em mim, mas em você.

LICA – Eu não entendo.

Durvalina se aproxima de Lica.

DURVALINA – Como é que você consegue ser tão baixa?

LICA – (ASSUSTADA) Dona Durvalina? Alô! Sou eu, sua filha, que acabou de sair do hospital, que acabou de perder um filho!

Com raiva, Durvalina acerta uma forte bofetada em Lica. A moça cai no chão e sente o lábio sangrando.

LICA – O que significa isso, sua maldita?

DURVALINA – Significa que você não me engana mais! Lica, você nunca esteve grávida! O Edu estava falando a verdade o tempo todo e eu duvidei dele!

LICA – Você não sabe o que está dizendo!

DURVALINA – Tanto sei que você pode ter absoluta certeza de que não ficará sem o seu castigo! Cansei de ser a mãezinha idiota!

Durvalina e Lica se encaram.

CONTINUA…


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