Garotos de Aluguel - Episódio 05: Traição?
" Hoje, o maior inimigo do garoto que faz programa é o preconceito. Não sabemos o que as pessoas são capazes de fazer depois de ler uma reportagem sensacionalista." Relato de um garoto de programa.
Cena 01: Motel/Quarto/Ext./Dia
Rodolfo senta-se na cama, abalado com a notícia dada por Ciça. Ciça continua falando pelo celular. Mas não obtém retorno.
O homem com qual Rodolfo fazia programa, se aproxima.
HOMEM - O que foi?
Rodolfo continua atônito, sem dar uma palavra. Darlene, sua mãe, acabara de falecer.
Cena 02: Fábrica de Cervejas/Int./Dia
Guilherme e Alonso continuam se olhando. Elias, interrompe o clima.
ELIAS - Bem, vocês trabalharão juntos em breve, espero que se tornem amigos!
GUILHERME - Claro, pai.
ELIAS - Filho, se importa se Alonso também for almoçar com a gente?
GUILHERME - Claro que não. Vai ser bom. Assim eu conheço o Alonso melhor.
Alonso dá um leve sorriso.
ELIAS - Temos uma reunião agora. Será demorada. Mas se você quiser acompanhar, já pra ir se familiarizando…
GUILHERME - Sim. Quero acompanhar.
ELIAS - Então, vamos!
Os três se dirigem a sala de reuniões da Fábrica.
Cena 03: Apartamento de Rosangela/Int./Dia
Léo acorda, atordoado. Confere a hora. LÉO - Eu estou completamente atrasado! Léo começa a se vestir, com pressa.
Rosangela acorda.
ROSANGELA - Bom dia, querido! Dormiu bem?
LÉO - Isso não deveria ter acontecido.
ROSANGELA - Mas aconteceu, e eu particularmente amei. Bem, vou preparar um café pra você. É rápido.
LÉO - Não precisa. Estou completamente atrasado. A noite volto e pego minhas malas.
ROSANGELA - Como assim? Você pode ficar aqui comigo.
LÉO - Eu não posso, sou casado.
ROSANGELA - Corrigindo: você era casado. Sua mulher não vai querer ter nada com você, não depois da mentirada toda que você se envolveu. E convenhamos, se você voltar, vai fazer de novo, porque você adora um sexo pago, gostoso, cheio de fetiches.
LÉO - Você está falando besteira. Eu vou reconquistar minha mulher, você vai ver.
ROSANGELA - Não seja bobo! Fique aqui comigo. Eu sou gamada em você. Sempre gostei de fazer um sexo gostoso e te paguei muitas vezes por isso. E o melhor, não me importo com sua vida dupla, claro, desde que sempre você me ofereça o que eu quero. Sexo, muito sexo. Vamos ser parceiros?
LÉO - Você é maluca! Léo se prepara pra sair. Rosangela intervém:
ROSANGELA - Pera, quer uma coisinha pra animar? Eu ainda tenho. Aconselho você a querer, porque o estoque está acabando.
LÉO - Não. Isso vicia.
ROSANGELA - Tem certeza? Rosangela pega duas sacolinhas de pó. Oferece.
Léo olha, arredio.
LÉO - Só mais essa vez, hein?
Léo pega uma das sacolas.
ROSANGELA - Isso. É só uma. Pra animar.
Léo e Rosangela abrem as respectivas sacolas e começam a cheirar cocaína. Close na face de Léo. Animado.
Cena 04: Cemitério/Int./Dia
Em um cemitério humilde, o corpo de Darlene é velado. Os filhos menores de Darlene choram ao lado do caixão.
Ciça os abraça. Logo ela percebe que Rodolfo está mais afastado de todos, sentado no chão mais adiante. Ela se aproxima dele.
CIÇA - Você tem que se despedir dela, logo vão fechar o caixão. Rodolfo chora.
RODOLFO - Eu não consigo olhar no rosto dela. Ela morreu tendo orgulho de mim, orgulho? Como? Ela nunca soube quem eu sou de verdade.
CIÇA - Para com isso. Você é Rodolfo da Silva Jesus, filho de Darlene da Silva Jesus. E mesmo sem saber o que você fazia, ela te amou muito em vida e continua te amando. Você tem que ser forte, agora, pelos seus irmãos. Eles precisam de você.
RODOLFO - Eu tenho nojo de mim. Como posso ser exemplo pra eles? Que vida desgraçada essa minha! Perdi meu pai, agora minha mãe. Me diz… o que eu tô fazendo de errado, espera, nem precisa dizer.
CIÇA - Eu estou com você, não esqueça. Vou te ajudar no que for preciso sempre. Eu te amo.
Ciça beija Rodolfo.
CIÇA - Agora, vamos lá. Você precisa se despedir dela.
Rodolfo se levanta. Se aproxima do caixão. Tira o véu que cobre o rosto de Darlene e beija a testa fria da mãe. Em seguida, abraça os irmãos.
Foco no olhar de dor de Rodolfo.
Cena 05: Escritório de Advocacia /int. /Dia
Léo chega no escritório, todo esquisito, com um olhar torto, alucinações em sua mente. Efeitos da cocaína.
A secretária se aproxima.
SECRETÁRIA - Bom dia, doutor Leonardo. Aqui tem uns processos que o doutor Marcelo deixou para o senhor dar uma olhada!
LÉO - Merdinha!
SECRETÁRIA - Não entendi, doutor.
LÉO - Todos um bando de merdinhas! Quem ele acha que é? Tudo sobra pra mim, tudo! Por que ele mesmo não olha esta porra? Mas não… não… tudo sobra pro iniciante aqui. O idiota em início de carreira que precisa fazer bem feito. Se não faz, voa e é queimado na praça. Vocês são todos uns merdas.
Merdas com "M" maiúsculo.
Nesse momento, o doutor Marcelo chega.
MARCELO - O que é que tá acontecendo aqui?
LÉO - Pergunta pra amante da tua secretária aqui. É isso mesmo, amante. A velha história da secretária puta que se envolve com o doutorzinho merda. E todos, óbvio, se fazem de cegos, com medo de perder o empreguinho chinfrim. Mas eu falo, e não tenho medo não, pelo contrário. Jogo tudo no ventilador mesmo. Isso tudo aqui é uma farsa. Cheio de gente imoral defendendo a moralidade. Bando de hipócritas, estúpidos. Odeio isso aqui. Odeio olhar todos os dias para essas mesmas caras de sanduíche amassado. Cansei, morram todos! Danem-se todos! Cansei! E toma essas merdas de processos. Faça você.
Léo joga os papéis na cara de Marcelo e sai do escritório, histérico. Todos os presentes ficam sem entender a reação de Léo.
Close nos olhos assustados de todos.
Cena 06: Restaurante/Int./Dia
Elias, Guilherme e Alonso almoçam juntos.
ALONSO - Gosto muito desse restaurante.
GUILHERME - Também gosto. Adoro a comida daqui. Meu pai sempre me trouxe.
ELIAS - A comida é ótima e o ambiente é muito aconchegante. O celular de Elias começa a tocar.
GUILHERME - Tem que atender?
ELIAS - Não queria. Mas preciso.
Elias atende o celular. Sai da mesa por um instante.
Guilherme e Alonso se olham, sem trocar nenhuma palavra. Depois de um tempo, Elias retorna.
ELIAS - Vocês me desculpem, mas eu tenho que sair. Recebi uma ligação urgente. Da Fábrica. Tenho que correr pra lá.
ALONSO - Eu vou com você!
ELIAS - Não. Eu resolvo. Fiquem, almocem. Filho, desculpa…
GUILHERME - Imagina. Imprevistos acontecem.
Elias sai, antes deixa o dinheiro da conta sobre a mesa. Alonso e Guilherme se entreolham.
GUILHERME - Bem, me fale de você, Alonso!
ALONSO - Deixa eu ver… Bem, sou esse cara sem graça que você tá vendo aqui na sua frente. Cheguei a pouco tempo em São Paulo, antes trabalhava na filiada do Rio. Costumo ser gente boa. Quando ninguém pisa no meu calo, obviamente.
Alonso rir de canto de boca.
GUILHERME - Sei bem. Mas não acho você sem graça, muito pelo contrário. É atraente.
ALONSO - Atraente? Peraí, você tá confundindo as coisas. Eu não sou gay. Close no semblante sem graça de Guilherme.
Cena 07: Cemitério/Ext./Dia
Ao som ambiente.
O corpo de Darlene é enterrado. Comoção no semblante de todos os presentes. Rodolfo chora junto com os irmãos. Abraçados.
Cena 08: Casa de Léo/Ext./Dia
Léo chega em sua residência, tira a chave do bolso, gira-a, mas logo percebe que a porta não abre. Dina trocou a fechadura.
Léo dá uma volta pelo lado de fora de casa. Ele tenta olhar pela janela, na tentativa de ver o filho pequeno ou a esposa.
Nesse momento, ele vislumbra, de longe, sua mulher abraçada com um homem que de imediato não consegue identificar.
Foco na expressão de Léo. Raiva. Ódio. Choque.
Congela.
Continua no próximo episódio...
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