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Na Boca Do Povo - Capítulo 10

 



Capítulo 10

Cena 01 – Casa Abandonada, Porto de Pedras [Interna/Noite]

(Betinha entra em estado de choque após ter atingido Robeval na cabeça).

 

LUIZA HELENA: (Cautelosamente, Luiza Helena se aproxima de Robeval e tenta checar se ele possui sinais vitais) Ele está morto!

BETINHA: Eu matei ele... Eu matei ele! (Repete).

LUIZA HELENA: Não! Vamos chamar a polícia, explicamos tudo o que aconteceu e eles não nos ajudar.

BETINHA: (Volta a si) Claro que não! Onde já se viu ter justiça pra gente pobre? Eles irão nos caçar como bruxas na inquisição, seremos presas, condenadas a pena máxima. Precisamos fugir daqui, antes que nos encontrem.

LUIZA HELENA: (Levanta-se e reflete depois de ouvir a irmã) Você tem razão! Não podemos ir para a cadeia, vamos sair daqui agora.

(Luiza Helena recolhem os pertences de Betinha, ela veste outra blusa e as duas deixam a casa abandonada, checando que ninguém as viu sair de lá).

 

Cena 02 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Noite]

(Lola acorda do desmaio e ao reparar que está na sala da casa de Francesca que fica em cima do restaurante, ela se assusta).

LOLA: (Levanta-se completamente arredia) Que lugar é esse, onde eu estou?

ENRICO: Calma! Você está em nossa casa...

FRANCESCA: Fique tranquila, você caiu desmaiada ali na rua e agora está em mia casa!

LOLA: (Olha para Francesca e Enrico) Eu preciso ir embora.

ENRICO: Não vamos te fazer mal, só queremos te ajudar. Você lembra de mim? Você me salvou outra noite, me defendeu de um grupo de caras?

LOLA: (Se esforça para lembrar) Sim, eu me lembro.

FRANCESCA: Vou preparar uma buona pasta! Bambino, mostre a ela onde fica o banheiro, caso ela queira tomar um banho.

LOLA: Não precisam se incomodar comigo, eu vou embora!

ENRICO: Não é incomodo nenhum! Vamos te ajudar, tudo bem?

LOLA: (Sem jeito, Lola consente com a cabeça).

 

Cena 03 – Casa de Luiza Helena, Porto de Pedras [Interna/Noite]

(Luiza Helena e Betinha chegam em casa completamente transtornadas depois do que aconteceu na casa abandonada).

LUIZA HELENA: (Fecha as cortinas da casa para que ninguém as veja) Aqui estamos seguras!

BETINHA: Precisamos fugir daqui, a polícia não pode nos prender, eles vão bater na porta a qualquer hora. Vamos arrumar as nossas coisas agora mesmo... (Betinha está completamente descontrolada).

LUIZA HELENA: Não! É aqui mesmo que vamos ficar e enfrentar o problema. Além do mais, fugir seria assinar nossa confissão de culpa e o que aconteceu ali dentro foi legítima defesa. Também é bom ficar por aqui, pois nos manteremos informadas sobre o caso.

BETINHA: Como você consegue ficar tão calma? Eu não consigo esquecer daquelas mãos sujas tocando o meu corpo, aquela barba nojenta no meu rosto. Eu queria fugir dali, eu quero esquecer, esquecer... (Betinha começa a chorar).

LUIZA HELENA: Eu estou aqui com você, eu vou te proteger e tudo vai ficar bem! (Luiza abraça Betinha).

(Alguns minutos depois, Luiza Helena ajuda Betinha a tomar banho, se vestir e deitar na cama. Permanecendo no quarto da irmã até ela adormecer).

 

Cena 04 – Cemitério Paz Morumbi [Interna/Manhã]

(O dia amanheceu cinzento e uma garoa leve tomou conta de São Paulo. Em um cemitério do bairro Morumbi, um grupo de pessoas trajando luto caminhava lentamente atrás dos funcionários da funerária que empurravam um caixão com o corpo de Demétrio).

EVANDRO: (Surge atrás de uma árvore a espreita) Esse espetáculo eu não poderia perder por nada!

RAFAEL: (Ampara Fernanda que está desolada, enquanto segura um guarda-chuvas).

FERNANDA: (Caminha segurando uma rosa branca na mão).

GLÓRIA: (Separada dos demais, Glória caminha sozinha em meio a chuva).

EVA: (Chora copiosamente).

ÂNGELO: (Permanece em silêncio ao lado de Suzana).

DURANT: (Observa em silêncio).

(Aos poucos o caixão é acomodado no espaço reservado do cemitério onde Demétrio será enterrado. Jornalistas fotografam a cena e os presentes).

FERNANDA: (Se aproxima e joga a rosa em cima do caixão).

GLÓRIA: (Encara o caixão com frieza).

 

Cena 05 – Ruas da Mooca [Externa/Manhã]

Música da cena: I Won’t – Colbie Caillat

(Imagens da cidade são apresentadas, a chuva se estende por toda cidade. Tentando se proteger da chuva, Maria Rita caminha apressada quando é interrompida).

MARCELO: Oi! (Grita ao sair do restaurante após notar que Maria Rita acabara de cruzar a porta).

MARIA RITA: (Cobre o machucado do rosto com o cabelo e o capuz do casaco) Falou comigo?

MARCELO: Falei sim! Eu me chamo Marcelo, sou seu vizinho e irmão do Zeca, dono desse restaurante...

MARIA RITA: Eu sei quem você é, eu já te vi várias vezes pelas redondezas.

MARCELO: É que sempre te vejo passar por aqui, indo e voltando no trabalho e sempre pensei em falar com você, só não sei se devia.

MARIA RITA: Bom, já falou... Agora eu preciso ir! (Vira-se e começa a caminhar).

MARCELO: Eu queria saber se você não gostaria de jantar qualquer dia desses... (Fala apressadamente).

MARIA RITA: (Para e dá meia volta completamente surpresa).

MARCELO: Pode ser um cinema, ou uma pizza, ou um sorvete... Só depende de você!

MARIA RITA: (Sorri) Direto você! Quem sabe qualquer dia desses... Você tem o número lá de casa, me liga, a gente marca. Agora tenho que ir, estou cansada! Bom dia... (Maria Rita vai embora).

MARCELO: (Comemora sozinho pela rua com pulos. Quando percebe que está chamando a atenção da vizinhança, entra no restaurante do irmão).

 

Cena 06 – Apartamento de Glória [Interna/Tarde]

Música da cena: Fogo – Karin Hils

(Flashes da cidade são apresentados. A tempestade se vai e o sol surge no céu timidamente. É então que surge o prédio decadente onde Glória mora com os filhos).

 

JUDITH: (Se apressa em abrir a porta após ouvir a campainha).

THIERRY: Demorou, hein? (Diz ao entrar no apartamento. Fernanda e Glória entram logo após).

GLÓRIA: Nem pra abrir uma porta você serve, estrupício! Eu só não vou te esganar porque estou exausta. (Senta no sofá e tira os sapatos, em seguida começa a massagear as pernas).

FERNANDA: (Senta numa poltrona) Eu só quero tomar um banho e esquecer desse dia!

JUDITH: Vocês estão com fome? Eu posso servir o almoço num minuto.

FERNANDA: Não estou com fome Judith, obrigada!

THIERRY: Pois eu não irei recusar, pode servir o rango. (Diz alisando o abdômen).

GLÓRIA: Vão se preparando, muito em breve deixaremos de viver nessa pindaíba. Os bons tempos estão prestes a voltar. (Fala em voz alta com o olhar distante).

FERNANDA: (Olha para a mãe) Do que a senhora está falando? Eu não entendi.

GLÓRIA: (Olha para Fernanda) Será que não entendeu mesmo, Fernanda? As vezes eu acho que você finge propositalmente para me tirar do sério. Eu estou falando do testamento do seu tio, nós seremos os principais beneficiados. Em breve a leitura do testamento deve acontecer, devemos nos preparar para isso. Eu vou consultar um advogado, talvez precisaremos de assessoria!

FERNANDA: (Lança um olhar de reprovação em cima da mãe) Dinheiro, dinheiro, dinheiro. Tudo é dinheiro? O meu tio acabou de morrer, o seu irmão... A senhora tem dimensão disso? Eu aposto que não. Eu vou para o meu quarto, com licença! (Fernanda levanta e deixa a sala de estar).

GLÓRIA: Pode espernear, pode se descabelar, mas contra fatos não há argumentos. Vamos herdar todo o dinheiro, bens, propriedades e a empresa, ah se vamos. Ou eu não me chamo Glória Martins de Andrade e Britto, com dois “t”. (Gesticula com a mão o numeral dois para Judith e Thierry).

 

 

Cena 07 – Praia do Patacho, Porto de Pedras [Externa/Tarde]

Música da cena: Um Pôr do Sol Na Praia – Silva e Ludmilla

(Imagens aéreas percorrem as praias de Porto de Pedras, incluindo a Praia do Patacho.  Tentando disfarçar a desconfiança, Luiza Helena organiza alguns objetos em seu barco).

LUIZA HELENA: (Com os pés na água, Luiza Helena coloca cestos no barco) É, pelo o que vejo, não aconteceu nada de novo por aqui.

(Desconfiada, Luiza Helena segue fingindo normalidade enquanto trabalho, sempre buscando estar atenta ao que acontece nos arredores da cidade).

 

Cena 08 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Tarde]

(Eva vai até a porta principal da casa quando ouve a campainha tocar).

 

EVA: Bom dia, senhor! (Diz ao abrir a porta para Ângelo).

ÂNGELO: Posso entrar?

EVA: Claro, sinta-se à vontade senhor.

(Eva e Ângelo caminham pela sala de estar, em seguida acomodam-se no sofá).

ÂNGELO: Você gostava muito do Demétrio, não era?

EVA: Como se fosse o meu próprio filho, senhor. Continuo muito abalada com essa perda repentina, foram muitos anos trabalhando para ele e agora essa casa está vazia, eu não sei o que será de todos nós.

ÂNGELO: É justamente sobre isso que vim até aqui falar com você. Não se preocupe, nenhum de vocês ficará ao relento ou sem emprego. Eu preciso que você continue cuidando da casa exatamente como você sempre fez.

EVA: Eu imagino que a Dona Glória deva querer se mudar pra cá nas próximas semanas e provavelmente ela deve querer renovar todo o quadro, colocar funcionários da confiança dela.

ÂNGELO: (Coloca a mão em cima da mão de Eva) Pode confiar em mim, assim como você sentia um carinho enorme pelo Demétrio, para ele você era parte da família, ele jamais permitiria que algo te acontecesse e eu estarei aqui para que isso não mude, entendeu?

EVA: (Com lágrimas nos olhos, Eva balança a cabeça sinalizando que entendeu).

  

Cena 09 – Casa de Durant [Interna/Noite]

Música da cena: Jeito Sexy - Sambô

(Maria Rita se prepara para sair em seu quarto. Cautelosamente ela cobre uniformemente o machucado em seu rosto com maquiagem para que ninguém note que ela sofrera agressões na noite anterior).

 

MARIA RITA: (Arruma o decote enquanto se observa no espelho) Maravilhosa!

(Maria Rita desce a escada e encontra Rafael e Durant que acabaram de chegar da rua).

RAFAEL: Vai sair, mãe? Achei que fosse ficar em casa na sua folga.

MARIA RITA: Vou sim meu bem, a mamãe também precisa espairecer a mente e fazer outras coisas. E como foi lá?

DURANT: Terrível, querendo ou não é uma vida que se acabou. Eu só quero tomar um banho e tirar essa mazela de cemitério.

RAFAEL: Poxa, eu vou ficar sozinho?

MARIA RITA: Deixa disso, meu filho. Eu trabalho todos os dias naquele posto de gasolina, seu tio tem os afazeres dele e é isso!

RAFAEL: Espera... Não me diga que a senhora se perfumou toda desse jeito porque tem um encontro? (Deixa a mãe desconcertada).

DURANT: Será que é com quem eu estou pensando?

MARIA RITA: Parem de cuidar da minha vida que eu já estou bem crescida, não acham? Não me esperem, eu vou demorar! (Maria Rita sai e fecha a porta).

Música da cena: Jeito Sexy – Sambô

(Maria Rita desfila pela rua enquanto caminha, ao atravessar e andar mais um pouco, encontra com Marcelo).

MARCELO: (Surpreende-se com a beleza de Maria Rita) Nossa!

MARIA RITA: Então, vamos jantar? (Sorri).

 

Cena 10 –  Umbu-Cajá, Restaurante Nordestino [Interna/Noite]

(O restaurante de Zeca estava bem badalado e tocava música ambiente enquanto os clientes comiam e conversavam).

ZECA: Filhão, precisamos ser ágeis hoje. Seu tio se deu uma folga, super merecido, afinal ele não fazia isso há anos.

ÍTALO: Até que enfim o meu tio me ouviu, ele também precisa ter uma vida além de casa e do trabalho. Agora vai! Eu vou dar uma ajuda na cozinha. (Ítalo vai para a cozinha enquanto Zeca checa as comandas do restaurante).

(Em uma das mesas, Ângelo e Suzana jantam e conversam sobre as novidades que acontecerão na revista).

SUZANA: (Limpa a boca com um guardanapo) Eu adoro a comida desse lugar, muito obrigada por me convidar.

ÂNGELO: Não precisa agradecer, ultimamente e principalmente depois de tudo o que aconteceu, eu tenho me sentido muito só e não queria jantar sem companhia de novo.

SUZANA: Sabe que eu admiro a sua amizade com o Demétrio? Por mais que houvesse a diferença de idade, vocês se entendiam tão bem... Pareciam irmãos!

ÂNGELO: Digamos que ele foi o irmão que eu não tive.

SUZANA: Eu confesso que estou muito curiosa para saber como será o funcionamento daquela revista a partir de agora.

ÂNGELO: A única coisa que eu posso te dizer é que muita coisa vai mudar. (De repente, Ângelo se cala e começa a olhar para a rua).

(Suzana segue com a cabeça na direção onde Ângelo está olhando e percebe que Fernanda caminha pela calçada, ela está indo para a casa de Rafael que mora nas redondezas).

SUZANA: É melhor você secar a baba, se não vai escorrer...

ÂNGELO: (Volta a si e olha para Suzana) Oi, o que você disse?

SUZANA: Você gosta dela, não é?

ÂNGELO: De quem? Da Fernanda? Não... Que ideia!

SUZANA: (Arruma o cabelo) Se você diz... Mas uma coisa eu digo, uma mulher percebe.

ÂNGELO: Melhor voltarmos a jantar!

(Ângelo volta a comer para disfarçar e Suzana o acompanha).

 

Cena 11 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Manhã]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(O dia amanhece ensolarado na cidade de São Paulo. Há muito movimento de pessoas e carros nas proximidades do prédio onde está instalada a redação da revista).

 

FERNANDA: (Caminha lendo uma folha com a pauta para a próxima edição enquanto toma um café. Sua leitura é interrompida quando ela percebe uma movimentação estranha ao cruzar pela recepção) O que está acontecendo, Suzana? De quem são essas coisas? (Refere-se aos funcionários que carregavam caixas de um lado para o outro).

SUZANA: O seu pai está mudando de sala... Para a sala da presidência, para ser mais exata.

FERNANDA: Sala da presidência? Eu não estou acreditando nisso...

(Na sala da presidência, Evandro comemora seu próximo passo).

EVANDRO: Eu sempre soube que essa sala seria minha um dia! (Fala consigo mesmo e em seguida, senta-se na cadeira).

FERNANDA: (Entra na sala e ao ver o pai sentado, ironiza aplaudindo) Olha, eu sabia que você daria um jeito de roubar essa cadeira, mas eu pensei que você esperaria o corpo do meu tio esfriar primeiro.

EVANDRO: (Sorri) Sem ironias, filhota. Acredite, com o seu pai nessa cadeira, você vai muito longe aqui dentro.

FERNANDA: Eu não preciso de ninguém para ir longe na minha carreira, papai. Eu mesmo vou à luta e sem roubar ninguém! (Fernanda deixa a sala).

EVANDRO: (Muda de expressão depois que Fernanda sai, joga algumas coisas que estavam em cima da mesa) Fedelha nojenta! Continue me desafiando desse jeito e você vai ver o que te acontece.

 

Cena 12 – Casa Abandonada, Porto de Pedras [Interna/Noite]

Música da cena: Um Pôr do Sol na Praia – Silva e Ludmilla

(O dia amanhece e anoitece rapidamente. Betinha segue em casa, com medo de sair na rua. Luiza Helena continua saindo para trabalhar todos os dias, no intuito de sempre estar informada sobre as notícias da cidade).

UMA SEMANA DEPOIS...

 

LUIZA HELENA: (Assiste TV enquanto prepara algumas rendas).

BETINHA: (Acompanha as redes sociais através do celular quando ouve alguém bater na porta) Quem será? (Pergunta assustada olhando para a irmã).

LUIZA HELENA: É melhor descobrirmos isso agora! (Levanta-se e antes de abrir a porta, certifica-se de quem é). Quem é?

TAMARA: Sou eu, Tamara!

LUIZA HELENA: (Abre a porta) Oi, pode entrar...

BETINHA: (Abraça Tamara) Oi amiga!

TAMARA: Vocês já estão sabendo?

LUIZA HELENA: Sabendo? Sabendo do que?

TAMARA: Encontraram o corpo do Robeval numa casa abandonada, a polícia disse que ele foi assassinado, parece que vai começar uma investigação.

BETINHA: A... A-a-a-assassinado? (Pergunta e olha para Luiza Helena logo em seguida).

LUIZA HELENA: (Encara Tamara após ouvir a notícia).

 

A imagem foca na expressão de Luiza Helena séria. A cena congela e vira uma capa de revista.

 



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