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Na Boca Do Povo - Capítulo 12

 


Capítulo 12

Cena 01 – Casa de Luiza Helena, Porto de Pedras [Externa/Manhã]

(Luiza Helena e Betinha estranham a indagação do homem que acabara de chegar).

 

LUIZA HELENA: Como assim eu tenho que te acompanhar? Eu nem te conheço... (Diz receosa).

BETINHA: É isso mesmo! Nós não iremos a lugar algum...

ANDREY: Desculpe! Eu fui um pouco apressado e assustei vocês, permitam que eu me apresente. Recomeçando... Eu me chamo Andrey Bastos, eu sou advogado e preciso que a senhora me acompanhe, o assunto é do seu interesse. Trouxe uma coisa que te justifica isso... (Abre sua pasta e retira um envelope, em seguida ele o entrega para Luiza).

LUIZA HELENA: (Abre o envelope e lê o conteúdo).

BETINHA: (Estranha que de repente a irmã perdeu a fala) O que foi? O que tem escrito nesse papel aí, quem te mandou isso?

ANDREY: E então, agora a senhora já sabe a mando de quem eu estou aqui. Podemos ir? (Abre a porta do carro).

LUIZA HELENA: (Atônita, fica sem saber o que responder).

 

Cena 02 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Manhã]

(Sozinha e sentada a mesa, Francesca toma seu café da manhã enquanto lê o jornal).

 

ENRICO: (Se aproxima bocejando, beija a cabeça da mãe e se senta) Buongiorno mamma!

FRANCESCA: Buongiorno bambino! Dormiu bem?

ENRICO: (Acomoda-se na cadeira) Dormi sim!

FRANCESCA: Quer que eu sirva o seu café? (Pergunta já se posicionando para servi-lo).

ENRICO: (Serve um pouco de café para si mesmo) Não precisa, deixa que eu me sirvo. A senhora viu a Lola?

FRANCESCA: Non, eu ainda não a vi hoje. Ela trabalhou muito bem ontem, deixa ela descansar mais um pouco, ela deve estar dormindo ainda.

ENRICO: (Toma um pouco de café) É, deve ser isso mesmo mamma.

(Depois de tomar o seu café, Enrico vai até o quarto onde Lola está instalada).

ENRICO: (Bate na porta) Lola, você está acordada? Eu posso entrar?

(Do interior do quarto, notamos que Lola está em sua cama, porém ela não escuta Enrico bater na porta).

ENRICO: Bom, eu tô entrando... (Cautelosamente, Enrico abre a porta do quarto de Lola e ao entrar, ele percebe o porquê de Lola não ter aberto a porta, ela estava dormindo bêbada, abraçada com uma garrafa de vodka vazia).

 

Cena 03 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Manhã]

Música da cena: Sampa – Caetano Veloso

(Imagens de São Paulo são apresentadas, podemos transitar pela Avenida Paulista, passamos pelo Parque do Ibirapuera, Mercadão de São Paulo e MASP. Depois disso, surge então o prédio onde está instalada a redação da revista).

 

FERNANDA: (Observa Ângelo trabalhar em sua sala com a porta aberta por um breve instante e em seguida bate na porta para chamar sua atenção) Atrapalho?

ÂNGELO: (Olha para Fernanda parada na porta de sua sala) Não, claro que não. Você nunca atrapalha, entra, senta aqui. Quer tomar um café?

FERNANDA: (Entra na sala de Ângelo e senta na cadeira em frente a sua mesa) Não precisa se incomodar comigo. Na verdade, eu só queria conversar um pouco. Eu estou com um pouco de medo!

ÂNGELO: (Estranha as palavras de Fernanda) Medo? Aconteceu alguma coisa? Eu posso te ajudar?

FERNANDA: Eu estou preocupado com o rumo que essa empresa vai tomar depois que o meu tio se foi. Ele era apaixonado por essa revista, vi o quanto ele se esforçou, os inimigos que ele adquiriu para alcançar esse patamar e eu tenho medo de que isso tudo venha abaixo por uma má administração...

ÂNGELO: (Coloca a mão sobre a de Fernanda) Eu te entendo perfeitamente! Eu sei o quanto você amava o seu tio e também sei que ele te amava como se você fosse a filha que ele não teve. Confie em mim, coisas boas estão para acontecer!

FERNANDA: Isso tem a ver com o testamento?

ÂNGELO: Faltam menos de 24 horas para descobrirmos os últimos desejos do seu Tio Demétrio, aí sim você poderão opinar se as novidades serão boas ou ruins.

FERNANDA: (Olha para Ângelo e o nota misterioso, porém não expõe isso para ele).

 

Cena 04 – Casa de Durant [Interna/Tarde]

(Em seu ateliê, Durant pinta mais uma vez o rosto de Luiza Helena e se perde em meio as suas lembranças).

 

DURANT: (Observa o rosto de Luiza Helena em aquarela quase finalizado).

Música da cena: Rock Roll And Lullaby – Alexandre Poli

(Durant lembra de quando ele pintava Luiza Helena na praia e se emociona).

DURANT: (Joga tinta na tela) Porque? Porque? Porque você morreu e ainda assim eu te sinto tão perto, tão viva? Eu preciso superar isso, eu preciso refazer a minha vida, eu estou morto em vida e isso não pode continuar assim... Não pode!

(Enfurecido, Durant empurra o cavalete com a tela manchada e senta no chão).

DURANT: Porque você tinha que ir e me deixar sozinho? Porque você morreu? Porque? (Chora).

 

Cena 05 – Casa de Luiza Helena, Porto de Pedras [Externa/Tarde]

Música da cena: Um Pôr do Sol na Praia – Silva e Ludmilla

(Imagens de Porto de Pedras são apresentadas, as praias estão movimentadas e turistas passeiam pela região. Tamara caminha pela rua onde fica a casa de Luiza Helena e Batinha).

 

TAMARA: (Caminha pelo lado de fora da propriedade e estranha a falta de movimentação na casa) Que estranho, tudo fechado uma hora dessa... Betinha, Luiza? (Bate palma e chama pelas irmãs, mas nenhuma das duas respondem).

 

Cena 06 – Apartamento de Glória [Interna/Noite]

(A campainha tocava insistentemente e de seu quarto, Glória gritava para que Judith fosse a porta).

 

GLÓRIA: Jamanta velha, estrupício... Não serve pra atender a porta, vou descontar da sua diária, tá ouvindo? (Diz enquanto vai até a porta).

(Glória abre a porta e surpreende-se com a visita).

GLÓRIA: Você? O que você está fazendo aqui? (Questiona ao ver Evandro).

EVANDRO: Pergunta errada... Vou entrando, porque não gosto de cerimônias. Minha nossa, que deprimente, hein? Isso aqui parece uma daquelas pocilgas que a gente só vê em novela, tá feia a coisa. (Diz ao entrar no apartamento da Glória).

GLÓRIA: (Fecha a porta e vai na direção de Evandro) Fala logo o que você quer, eu não estou com humor para o seu deboche...

EVANDRO: Eu vim até aqui falar sobre amanhã, sobre a leitura do testamento. Você sabe que que legalmente somos casados ainda, não sabe? (Senta-se no sofá).

GLÓRIA: E obviamente você quer uma parte do meu dinheiro, estou certa? (Senta-se numa poltrona).

EVANDRO: (Sorri) Uma parte? Que coisa mais sem graça, porque exigir uma parte se eu posso fazer valer os meus direitos por ter te aturado durante anos e me casei em comunhão de bens? Eu quero a metade!

GLÓRIA: Você sabe que eu posso entrar na justiça e contar todos os seus golpes nos últimos anos, não sabe? Se isso acontecer, você sai perdendo.

EVANDRO: Então você quer jogar sujo? Não esqueça que eu também sei os seus segredinhos, não sabe? Vou te dar uma pista... Amara Ferraz, lembra dela?

GLÓRIA: Cala essa boca, maldito!

EVANDRO: Eu sabia que você iria gostar de relembrar o passado. (Evandro se inclina e fala bem próximo a Glória). Escute aqui, não ouse querer me passar a perna, você sairia perdendo, entendeu? Não me queira ter como inimigo, eu posso ser muito perigoso.

GLÓRIA: Você está me ameaçando?

EVANDRO: (Fica de pé) Você entendeu o recado, não entendeu? Agora vá até a mansão e abocanhe toda a nossa grana. Bom, agora que estamos entendidos, não precisa se incomodar comigo, eu sei a saída. (Evandro vai embora).

GLÓRIA: (Permanece na poltrona com a sensação de estar com as mãos atadas).

                                                                      


Cena 07 – Ruas da Mooca [Interna/Noite]

Música da cena: Não Esqueço – Niara e Pabllo Vittar

(Ítalo sai do restaurante do pai e vai até a moto. Enrico o avista do restaurante da frente e resolve ir até ele para conversarem).

 

ENRICO: Oi! (Diz após atravessar a rua correndo).

ÍTALO: Oi... (Responde friamente).

ENRICO: Eu pensei que você fosse me ligar ou falar comigo pelo WhatsApp depois do que aconteceu... (Diz sem jeito).

ÍTALO: Eu andei meio ocupado, nada demais. Agora se você não se importa, eu tenho que sair, estou com um pouco de pressa. (Ítalo coloca o capacete, pisa no acelerador e vai embora).

ENRICO: (Permanece parado no mesmo lugar sem entender o motivo da frieza de Ítalo, principalmente depois do que tinha acontecido entre eles).

 

Cena 08 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Noite]

Música da cena: Tarantella Napoletana – Instrumental

(O fluxo de clientes no restaurante de Francesca é intenso quando Lola aparece no salão principal).

 

LOLA: Dona Francesca, o cozinheiro pediu pra avisar que acabou o manjericão e ele não tem como colocar na pizza. (Diz ao se aproximar do balcão do caixa onde Francesca está).

FRANCESCA: Como non? Como não tem manjericão? E porque aquele prevalenza del vento não me disse antes para que eu comprasse? Eu vou lá, eu vou falar com ele...

(Lola acha engraçado o jeito de Francesca falar e de repente observa o que está sendo transmitido na TV que fica direcionada para os clientes. No jornal, uma repórter fala sobre a morte de Demétrio na última semana).

LOLA: Morto, ele está morto? (Repete com os olhos marejados de lágrimas).

(Nesse momento Enrico entra no restaurante e percebe que algo está errado com a expressão de Lola).

ENRICO: Lola, aconteceu alguma coisa? Você está pálida, está passando mal?

LOLA: (Chorando, sobe a escada que dá acesso a casa de Francesca e deixa o restaurante).

FRANCESCA: O que deu nela? (Diz ao retornar para o salão).

ENRICO: Não sei! Quando eu entrei, ela estava parada no meio do salão, abatida. Acho que é melhor ir ver como ela está!

FRANCESCA: Non bambino! Deixa ela descansar. Ela está se esforçando muito para fazer valer a oportunidade que estamos dando a ela, mais tarde io mesma vou até o quarto dela e levo um lanche. Pode deixar! (Francesca vai atender um cliente).

ENRICO: (Olha para a escada que dá acesso a casa pensativo).

 

Cena 09 –  Mansão Martins de Andrade [Interna/Noite]

(Eva ouve o telefone tocar e vai até a sala de estar atender).

 

EVA: Mansão Martins de Andrade, boa noite! (Diz ao retirar o telefone do gancho e atender).

ÂNGELO: Dona Eva, boa noite! Está tudo bem por aí?

EVA: Por aqui, tudo na mesma, senhor. A casa está preparada para a leitura do testamento amanhã, senhor.

ÂNGELO: Maravilha, amanhã bem cedo eu irei com o tabelião e o assistente dele. Glória e os filhos também devem madrugar aí por motivos óbvios, não deixe que nada fuja do nosso combinado.

EVA: Pode deixar, Senhor Ângelo. Tudo estará de acordo como me orientou! (Conclui).

 

Cena 10 – Umbu-Cajá [Externa/Noite]

(No fim da noite, Francesca e Zeca cada qual de seu restaurante, saem para colocar o lixo na rua).

 

ZECA: Que foi, tá me encarando porquê? Carcamana!

FRANCESCA: E quem foi que disse que eu estou olhando pra essa sua cara feia, bode velho? (Grita do outro lado da rua).

ZECA: Quem desdenha quer comprar, sabia né? Você não deve tirar o bode velho da cabeça.

FRANCESCA: Nem por castigo do meu San Gennaro! Você não serve nem pra fazer guisado, bode velho...

ZECA: Vai se achando a última bolacha do pacote e continue aí, solteirona e resmungona. Ninguém vai te querer!

FRANCESCA: E quem foi que disse que eu preciso de um homem, bode velho? Eu sou uma empresária muito bem resolvida, tenho um restaurante maravilhoso, um filho lindo e você tem inveja disso tudo aqui...

ZECA: Inveja desse teu macarrão sem sal e pizza dura? Faz-me rir!

FRANCESCA: Pelo menos io non sirvo feijon queimado e essas carne gordurosa...

(Francesca e Zeca permanecem trocando farpas na rua, enquanto isso as luzes das casas ao redor vão se apagando, pelo fato das pessoas já estarem acostumadas com as brigas deles dois).

 

Cena 11 – Na Boca do Povo [Externa/Manhã]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(O dia amanhece e imagens da cidade de São Paulo são apresentadas. Pessoas atravessam a faixa de pedestre, ônibus circulam pela cidade, muitos prédios são mostrados e entre eles, surge o que fica a redação da revista).

 

EVANDRO: Eu queria ser uma mosca para saber o que está se passando naquela mansão. Será que já começou a leitura do testamento? (Fala consigo mesmo).

 

Cena 12 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Manhã]

(Na biblioteca da Mansão Martins de Andrade, Glória, Fernanda, Thierry, Ângelo, o tabelião e seu assistente estão presentes. Eva serve um café para os que estão ali presentes).

 

GLÓRIA: (Olha para o relógio) Estamos todos aqui Ângelo, não podemos começar a leitura do testamento e terminar isso de uma vez? Imagino que o tabelião seja uma pessoa ocupada.

ÂNGELO: Calma Glória, você está muito nervosa.

GLÓRIA: (Estranha o comportamento de Ângelo).

TABELIÃO: A leitura do testamento só pode começar na presença de todos os beneficiados.

THIERRY: Mas todos nós estamos aqui, somos os únicos herdeiros.

ÂNGELO: Você está enganado, meu caro. Vocês não são os únicos herdeiros!

GLÓRIA: Como assim não somos os únicos? Quem está faltando?

(Andrei abre a porta da biblioteca acompanhado de Luiza Helena e Betinha).

ANDREI: Bom dia! Desculpem o atraso, o trânsito estava péssimo. Como vai? (Cumprimenta o tabelião).

(Luiza Helena e Betinha estranham estarem naquele local e tentam se arrumar para a ocasião, alinhando as próprias roupas).

GLÓRIA: (Olha para Luiza Helena de cima a baixo) E essas daí, quem são?

ÂNGELO: Permitam que eu faça as devidas apresentações. Essa é Luiza Helena Ferreira Martins de Andrade, a esposa de Demétrio Martins de Andrade!

LUIZA HELENA: (Surpreende-se).

GLÓRIA: Isso é mentira! Que história sórdida é essa? (Fica de pé aos gritos).

  

A imagem foca em Glória furiosa. A cena congela e vira uma capa de revista.



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