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Garotos de Aluguel - Episodio 09 - Penúltimo Episódio

 

Garotos de Aluguel - Episódio 09


" Vim para São Paulo para estudar em uma faculdade bacana. Mas, na realidade, não foi bem isso que aconteceu. Resolvi ganhar a vida como garoto de programa longe da minha família e dos olhos dos vizinhos. Não tenho vergonha de quem eu sou, mas tenho vergonha que meus pais saibam quem eu sou. Minha família não, eles nunca poderão saber." Relato de um garoto de programa.


Cena 01: Motel/Ext./Noite


Retorno imediato da última cena do episódio anterior.


Ao longe, vemos Rodolfo entrando em um motel com um homem mais velho. Lisa, a Conselheira tutelar que o seguia, fica abismada com o que ver.

Ela pega o celular e disca para algum número.

LISA - Alô! Você não imagina o que eu constatei…

Em off, o som da voz de Lisa vai diminuindo até se extinguir.



Cena 02: Apartamento de Rosangela/Int./Noite


Rosangela chuta Léo e o acorda.

LÉO - Que foi, que foi? Tá louca? ROSANGELA - Cadê as drogas, seu imbecil? LÉO - Eu usei… usei… usei tudo.

ROSANGELA - E você me diz isso assim, na maior cara de pau?

LÉO - Eu tava precisando! Eu precisava, pra esquecer tudo que aconteceu comigo.

ROSANGELA - E o que eu tenho a ver com isso? Se a sua vida tá uma merda, a culpa não é minha. Cara, você consumiu meu estoque inteiro. Olha só o prejuízo que você me deu!

LÉO - Eu pago!

ROSANGELA - Você não tem um tostão furado. Vai pagar com o quê?

LÉO - Eu posso me prostituir. Eu ganho dinheiro com isso.

ROSANGELA - Acabado do jeito que você está? Pequena pausa.

ROSANGELA - Acho que eu entendi bem. Você é fraco, se viciou na cocaína! Eu fui mesmo uma otária em oferecer droga pra você, já sabendo da sua fraqueza. Quer saber? Sai do meu ap! Vai embora daqui.

LÉO - Eu não tenho pra aonde ir...

ROSANGELA - O problema não é meu... Se vira! Vaza daqui. Léo levanta-se e se exibe.

LÉO - Você quer isso mesmo? Vai sentir saudades de mim, do meu corpo, hum…

ROSANGELA - Vaza!

Léo desiste e resolve ir embora.

ROSANGELA - Suas malas?

LÉO - Fica com elas! Pra quitar o prejuízo. Tem roupa boa aí… Leo vai embora.

Rosangela senta no sofá, furioso.


Cena 03: Casa de Guilherme/Int./Noite


Guilherme fuma no quarto.

Ele pensa no encontro que tivera com Alonso.

Sente algo profundo. Algo estranho. Um sentimento bom. Ele resmunga:

GUILHERME - Só posso estar ficando louco! Alguém bate na porta.

GUILHERME - Entre!

Guilherme apaga o cigarro e o esconde. Paulina entra com uma bandeja.

GUILHERME - Que cê tá fazendo aqui?

PAULINA - Calma, eu vim na paz! Trouxe um suco.

GUILHERME - Eu não quero esse suco. Deve ter veneno!

PAULINA - Calma! Não é pra tanto! Eu sou uma pessoa boa, até não parece, mas sou.

GUILHERME - Ah, tá!!!

Paulina serve o suco a Guilherme.

PAULINA - Bom, estou aguardando às próximas parcelas, hein! Acho melhor lembrar.

GUILHERME - Eu vou depositar, não se preocupe. Só assim eu me livro de ver essa tua cara.

PAULINA - Tosco. Até parece que não gosta de mulher, viu! Uma ótima noite! Ela sai.

Guilherme fecha a porta do quarto, com truculência.


Cena 04: Ruas de São Paulo/Ext./Noite


A Cam mostra imagens de Léo perambulando pelas ruas. Sem nada. Sem dinheiro, sem roupas, sem ninguém.

Ele deita em uma praça. Em frente a uma loja. Recolhe alguns jornais e se aconchega ali mesmo.


Amanhece...


Cena 05: Casa de Rodolfo/Int./Dia


Ciça rega algumas flores na calçada, eis que um carro para próximo a ela. Logo, ela identifica que trata-se da Conselheira tutelar, Lisa, porém dessa vez ela está acompanhada de mais dois homens.

Eles descem do carro e se aproximam.

LISA - Bom dia! As crianças já estão acordadas? CIÇA - Sim, estão se arrumando para ir a escola. LISA - Infelizmente elas não vão à escola hoje.


Lisa tira um papel do bolso e mostra a Ciça.

LISA - Isto aqui é uma liminar prescrita pelo juiz da vara da criança e do adolescente. Murilo e Maurício precisam ir comigo.

CIÇA - Como assim eles vão com você? Não, não... Eles ficam.

LISA - Moça, o papo é sério, ou você entrega essas crianças por bem, ou então vamos ter que invadir a casa e pegar elas à força. Você escolhe.


Foco no rosto assustado de Ciça.




Cena 06: Rua/Ext./Dia


O comerciante incomodado com Léo dormindo em frente à sua loja, joga um balde de água nele.

Ele acorda atordoado.

COMERCIANTE - Aqui não é hotel, vagabundo! Chispa daqui!

Léo se levanta ainda atordoado. Sem ter para onde ir, ele resmunga.

Nesse momento, o vício fala mais alto. Ele precisa de cocaína. Mas como? Sem dinheiro algum, nada.

Léo revira os bolsos da calça e ver que nada tem.

Ele anda pela rua, aflito, sentindo necessidade de arrumar droga e saciar sua vontade.

Em sua frente, uma velhota anda lentamente, junto dela uma bolsa. Léo corre até a mulher, pega sua bolsa, ela não resiste e cai no chão.

Léo dispara. A velhota pede ajuda, mas é em vão. Ele já vai longe com sua bolsa.


Cena 07: Motel/Int./Dia


Rodolfo acorda ao lado do seu cliente. Logo percebe que o programa foi além do combinado, porque ele acabou dormindo a noite inteira.


Ele levanta-se. Veste sua roupa. Abre a carteira do homem, que ainda dorme, pega o dinheiro do programa e sai a caminho de casa.


Cena 08: Casa de Rodolfo/Int./Dia


Lisa está sentada no sofá, com ela dois homens fortes e altos. Ciça os observa.

Murilo e Maurício vão até à sala para pegar suas mochilas e se surpreendem ao ver Lisa e os dois homens.

MAURÍCIO - Você, aqui, de novo? LISA - Hoje eu vim buscar vocês! MURILO - Buscar?

LISA - Isso mesmo. Vocês vão para um lar melhor e lá serão cuidados por uma equipe.

MAURÍCIO - O nosso irmão cuida da gente, não se preocupe. Pode ir embora.

MURILO - Dolfo é nosso pai.

LISA - Vamos, garotos! Não precisam fazer malas, lá tem roupas pra vocês!

MURILO - Ciça?

Ciça não consegue falar nada. Ela apenas chora no canto.

MAURÍCIO - Vão embora! Nós vamos ficar. Maurício e Murilo se abraçam.

LISA - Desculpem crianças, mas eu preciso fazer isso! Ciça interrompe.

CIÇA - Deixem pelo menos eles se despedirem do irmão…

LISA - Desculpa. Não vai dar. Renato… Beto… tragam eles!

Cada um dos homens pega uma das crianças, elas esperneiam e choram. Sem querer ir embora!

Ciça chora muito.


Corta para: Rua.


Os homens levam os garotos até o carro.


MAURÍCIO - Ciça, nos ajude!

Ciça chora sem poder fazer nada naquele momento. Lisa se aproxima de Ciça.

LISA - Confie, vai ser melhor pra eles!

Lisa também sobe no carro. Gritos dos garotos. O carro dá a partida e vai embora.

Ciça, completamente sem chão,Cai em devaneios.


Cena 09: Morro /Ext./Dia


Léo entrega a bolsa roubada e todos os seus pertences a um traficante que avalia o produto.

Em seguida, ele troca a mercadoria por cocaína.

Corta para:

Léo desce o morro e se esconde em um beco. Ele prepara a droga e começa a cheirar.

Satisfeito, ele rir. Rir de prazer. Entregue totalmente às drogas.


Cena 10: Fábrica/Int./Dia


Guilherme chega com o pai na fábrica. Alonso os espera.

ELIAS - Alonso, já aqui?

ALONSO - Sim. Bom dia. Na verdade, eu tava esperando o Guilherme chegar. Queria conversar com ele.

Guilherme se surpreende:

GUILHERME - Comigo?

ALONSO - Sim. Se não se importar, claro.

GUILHERME - Imagina!

ELIAS - Vou pra diretoria. Podem conversar. Só não demora, filho. Elias se afasta.

Guilherme fita em Alonso

GUILHERME - Confesso que fiquei surpreso!

ALONSO - Surpreso? Essa é boa! (T) Então cara, eu tava pensando que a gente poderia se divertir essa noite.

GUILHERME - Essa noite?

ALONSO - É. Sei lá. Eu não tenho muitos amigos aqui em São Paulo ainda. Tô precisando desestressar. Você me convidou pra jantar um dia desses, lembra?

GUILHERME - É claro que eu lembro!

ALONSO - Então… eu posso fazer um jantar top no meu ap hoje. Passa lá?

GUILHERME - Claro. Me dá o endereço! ALONSO - Eu te passo por mensagem! GUILHERME - Ótimo então!

ALONSO - Até mais tarde!

GUILHERME - Até!

Alonso se distancia.

Guilherme com o coração acelerado, tenta desacelerar. Ele respira fundo, em seguida dá um leve sorriso.


Cena 11: Casa de Rodolfo/Int./Dia


Rodolfo gira a chave e entra. Ele encontra Ciça no sofá desolada.

RODOLFO - Não foi levar as crianças ao colégio? Sua moto está estacionada no mesmo lugar desde ontem.

CIÇA- Levaram eles, Dolfo!

Ciça começa a chorar. Ela corre e o abraça.

RODOLFO - Levaram? O quê? Quem? Não tô entendendo.

CIÇA - A conselheira tutelar levou os seus irmãos! Rodolfo se afasta.

RODOLFO - Não. Você só pode estar brincando comigo, só pode. Não brinca com isso.

CIÇA - Eu não estou brincando!

Percebendo a gravidade da notícia, Rodolfo vai se afastando… se afastando. Ele corre os olhos pela casa. Tudo começa a girar. Sem conter a emoção, ele desmaia.


Ciça corre aflita e tenta jogá-lo no sofá.

Ela grita e chora, segurando Rodolfo desmaiado.

CIÇA - Alguém me ajuda, pelo amor de Deus! Alguém me ajuda! A cena se desfaz.


Cena 12: Apartamento de Alonso/Elevador/Int./Noite


Guilherme, afoito no elevador, ensaia mil formas diferentes de se declarar para Alonso. Pois sente por ele o que nunca sentiu por ninguém. Ele está nervoso.

Tenta ajeitar a roupa e o cabelo.

O elevador para no andar desejado. Guilherme sai.

Corta para:

Ele vai até à porta do apartamento de Alonso. Bate.

Passados alguns instantes, Alonso abre a porta, apenas de cueca. Guilherme se envergonha ao ver Alonso daquele jeito, seminu.

ALONSO - Eu já comecei a brincadeira por aqui, espero que você não se importe. Vem cara, entra aí.

Guilherme entra. Seu coração pulsa acelerado.

GUILHERME - Alonso, eu…

Duas mulheres peladas aparecem com duas cervejas nas mãos. Garotas de programa.

ALONSO - Olha só que gostosas, meu amigo! Contratei pra nós! Vamos se divertir à beça nesta noite.

Guilherme não consegue mais rir, seu semblante se transforma completamente.

Decepção estampado em seu rosto.


Congela.


Continua no próximo episódio…





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