Na Boca Do Povo - Capítulo 26

 

Capítulo 26

Cena 01 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Manhã]

(O clima na sala de reuniões fica tenso, enquanto algumas pessoas não sabem o que fazer, Ângelo tenta intervir).

 

ÂNGELO: Glória, eu acho que você está se excedendo. Não é de bom tom falar essas coisas à presidente da empresa e perante todos os funcionários da revista.

GLÓRIA: Que foi? A carapuça serviu, advogado chave de cadeia? Eu falo o que muitos aqui não tem coragem.

LUIZA HELENA: Pois eu acho melhor você baixar a sua bola, Glória. Eu já lhe disse que não estou disposta a continuar engolindo desaforo, muito menos essas suas ofensas. Acho bom você me respeitar ou...

GLÓRIA: Ou o que? Vai mandar me expulsarem da minha própria empresa? Da empresa que foi do meu irmão? Você é muito cínica mesmo, pescadora! (Diz ao interromper Glória).

LUIZA HELENA: Pescadora, artesã, pobre, humilde, nordestina. Do que mais você pretende me chamar para que eu me sinta menosprezada? Ah minha querida, sabe que eu acho que você não engole que uma mulher que você julga tão inferior lidere algo que você sempre quis colocar as mãos, usando de métodos sujos. Não é mesmo? Eu acho que a ordinária, larápia e mau caráter aqui é outra!

GLÓRIA: Escuta aqui, sua...

FERNANDA: (Interrompe as duas) Senhoras, vamos parar com isso? Aqui é uma revista e não um tatame de artes marciais. Chega de ofensas e lavação de roupa suja, podemos prosseguir com a pauta inicial?

LUIZA HELENA: Por mim tudo bem, vou continuar então. Como estava dizendo antes de ser interrompida, eu quero apostar em uma nova versão para a revista. Debater assuntos mais sérios também e ser menos responsável pela cultura de ódio que tantos vemos nos dias atuais. O exemplo mais vivo disso que temos recentemente é o da cantora Amara Ferraz, que foi cancelada antes mesmo disso tudo ter se transformado uma expressão da moda e perdeu tudo o que tinha por conta de fake News.

GLÓRIA: Fake News? Era só o que me faltava, a união das ordinárias. (Sussurra).

EVANDRO: Eu estou totalmente de acordo. Sou a favor da mudança para a revista, temos que atualizar e nos enquadrarmos com o mercado, caso contrário seremos engolidos pela concorrência.

(Ângelo e Glória encaram Evandro, pois sabem que ele possui segundas intenções ao concordar com as propostas de Luiza Helena).

 

Cena 02 – Mansão Martins de Andrade [Externa/Manhã]

Música da cena: Dona de Mim - Iza

(Na área externa da mansão, Betinha surge nadando na piscina. Podemos notar através da água que ela nada trajando um maiô verde. Ao voltar para a superfície, Betinha sobe a escada da piscina enrolando o cabelo para tirar o excesso de água).

 

ENRICO: Nada melhor que um dia relaxante de sol e piscina, essa é a vida que eu queria. Obrigado! (Diz ao pegar um copo de suco na bandeja oferecida por uma das empregadas da mansão).

BETINHA: Pois então aproveite, que você virá bastante aqui. Além disso, eu queria pedir a sua ajuda.

ENRICO: Pedir a minha ajuda, para que?

BETINHA: O meu aniversário está chegando e eu estou pensando em fazer uma festa.

ENRICO: Festa? Eu adoro festa!

BETINHA: Ótimo, porque eu tenho várias ideias. Eu pensei em fazermos algo bem glamuroso, mas nada brega. Pode ser estilo... (Betinha começa a contar para Enrico suas ideias para a festa de aniversário que aconteceria dentro de poucos meses).

 

Cena 03 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Manhã]

Música da cena: Tarantella Napoletana - Instrumental

(Lola/Amara estava na cozinha ajudando a cozinhar alguns preparos para o almoço quando Francesca adentrou).

 

FRANCESCA: E como é que estão as coisas por aqui?

LOLA/AMARA: Está indo tudo muito bem, já adiantamos bastante coisa para o almoço. Resumindo, tudo nos conformes!

FRANCESCA: Va bene, é que tem uma visita para você lá fora.

LOLA/AMARA: Visita, pra mim? Quem é?

FRANCESCA: Io non sei, porque você não vai lá dar uma olhadinha?

LOLA/AMARA: É isso que eu vou fazer agora mesmo. (Diz ao tirar o avental).

(Ao voltar para o salão, Lola/Amara se deparou com um homem sentado em uma das mesas do restaurante).

LOLA/AMARA: Bom dia! O senhor está me procurando?

EDU: (Levanta-se e estende a mão para cumprimentar Lola/Amara) Bom dia, Amara. É uma honra lhe conhecer.

LOLA/AMARA: (Aperta a mão de Edu) A que devo a sua visita? Eu nem sei o seu nome...

EDU: Perdoe-me. Eu me chamo Edu Guimarães, sou produtor musical e vim até aqui lhe fazer uma proposta!

LOLA/AMARA: (Estranha o comentário) Proposta? Que tipo de proposta?

EDU: Eu gostaria de produzir um novo CD e gostaria de que você interpretasse todas as faixas que selecionei para você. Eu sou um grande admirador do seu trabalho e acredito que você tem potencial para reacender socialmente de novo.

LOLA/AMARA: Bom Edu, posso te chamar assim, não?

EDU: Pode sim, por favor.

LOLA/AMARA: Pois então, eu lamento que o senhor tenha dado viagem perdida, mas infelizmente eu vou ter que recusar a sua proposta, eu estou longe desse universo e não pretendo voltar a cantar profissionalmente.

EDU: Deveria! A proposta que eu lhe trouxe é muito boa, incluindo financeiramente falando. Eu vou te deixar o meu cartão, caso você mude de ideia basta me procurar. (Diz ao entregar o cartão pessoal para Lola/Amara).

LOLA/AMARA: (Pega o cartão, dá uma lida rapidamente no nome de Edu e agradece em seguida) Muito obrigada, mas eu não vou mudar de ideia.

EDU: Eu sei que vai e vou ficar esperando. Agora eu tenho que ir, até mais ver. (Deixa o restaurante).

LOLA/AMARA: (Olha novamente para o cartão e em seguida olha para a rua. Edu entra em seu carro, dá partida e vai embora).

 

Cena 04 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Tarde]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(Imagens aéreas da cidade são apresentadas, podemos ver os grandiosos edifícios dos mais variados estilos, assim como podemos ver os carros transitando pelas grandes avenidas de longe. Em seguida, surge a fachada do prédio onde fica a revista).

 

LUIZA HELENA: Pode entrar! (Diz após ouvir batidas na porta de sua sala).

FERNANDA: (Abre a porta) Posso dar uma palavrinha com você?

LUIZA HELENA: Claro, minha linda. Entre, sente-se! (Estende a mão indicando a cadeira para Fernanda).

FERNANDA: (Fecha a porta e senta-se onde Luiza Helena indicou) Eu fiquei muito feliz com as ideias que você pretende implantar na revista, tenho certeza de que o meu tio ficaria muito feliz. Além disso, cada vez concordo mais com ele de que você é a melhor opção para administrar o seu legado.

LUIZA HELENA: Ouvindo isso de você, eu me sinto completamente aliviada. O Demétrio gostava de você como se fosse sua própria filha, então sei o quanto você também é importante para tocar essa revista.

FERNANDA: É por isso que vim te oferecer a minha ajuda.

LUIZA HELENA: A sua ajuda? Como assim? (Pergunta entusiasmada).

FERNANDA: Meu tio nunca foi de se abrir muito, mostrar suas fragilidades e fraquezas, mas eu sempre ouvi que ele amou muito uma mulher e essa mulher é a Amara Ferraz. O que a mídia fez com ela no passado, não foi justo. Ela foi praticamente apedrejada e não teve uma pessoa que a defendesse, inclusive o meu próprio tio. Acho muito justo limpar a barra, a imagem dela. Por ela e por ele... Conte comigo! (Diz estendendo a mão para Luiza Helena sobre a mesa).

LUIZA HELENA: Saiba que o seu apoio é extremamente importante para mim e eu acredito que juntas podemos fazer muito pelo legado do seu tio. (Responde tocando a mão de Fernanda).

FERNANDA: Eu queria tanto que a minha mãe fosse como você, que ela amasse isso tudo e quisesse administrar por amor, não por ganância.

LUIZA HELENA: Eu também adoraria ter uma filha como você. Felizmente você e sua mãe são muito diferentes. Acredite, vamos levar essa revista ao topo, eu prometo! (conclui).

 

Cena 05 – Apartamento de Glória [Interna/Tarde]

Música da cena: Fogo – Karin Hils

(Sozinha em casa, Judith se prepara para sair enquanto usa as coisas de Glória).

JUDITH: Dona Glória tem tanta coisa que não vai sentir falta de uma blusinha ou de uma bijuteria. Não é roubado, é emprestado! (Diz enquanto mexe no guarda roupas de Glória).

(Vestida com as roupas de Glória, Judith senta na penteadeira enquanto usa a também maquiagem da patroa).

JUDITH: Eu tenho que ficar linda, pois a primeira impressão é a que fica. Vou sair com o meu pretendente do AMOR.COM, essa é a minha chance de desencalhar e provar para todo mundo que eu também tenho jeito. (Fala com sua imagem refletida no espelho enquanto se maquia).

 

Cena 06 – Parque do Ibirapuera [Externa/Tarde]

Música da cena: O Ar Que Eu Respiro - Dienis

(Luiza Helena e Durant passeiam pelo parque do Ibirapuera em clima de romance, colocando em dia tantos anos perdidos).

 

DURANT: Vamos tirar uma foto? (Diz após beijar Luiza Helena).

LUIZA HELENA: Vamos! (Se arruma).

DURANT: Senhora, senhora... Poderia tirar uma foto nossa? (Pergunta a uma senhora que também está passeando pelo parque).

MULHER: Claro, é só apertar aqui? (Questiona ao segurar o celular de Durant).

DURANT: Isso, a senhora aperta aqui. (Orienta a mulher a manusear o aparelho).

MULHER: Está bem, façam uma pose! (Diz apontado o celular na direção dos dois).

(Luiza Helena e Durant então são fotografados. Em seguida, a mulher devolve o celular de Durant e segue seu caminho. Logo após, o casal estende uma toalha no gramado e realizam um piquenique improvisado).

DURANT: (Serve um pouco de vinho tinto numa taça) Sabe que eu ainda nem acredito que estamos aqui, juntos? Tudo parece um sonho!

LUIZA HELENA: Se isso é um sonho, eu não quero acordar dele nunca mais. Um brinde ao nosso amor! (Ergue a taça e brinda com Durant).

DURANT: Ao nosso amor!

(Sem perceberem, de longe Luiza Helena e Durant são observados).

EVANDRO: (Fala consigo mesmo em pensamentos) Aproveitem enquanto é tempo, essa felicidade não vai durar muito, isso eu garanto.

 

Cena 07 – Chesca’s Restaurante [Interna/Noite]

Música da cena: Um Pôr Do Sol Na Praia - Silva

(Juntos e reunidos numa mesa, Enrico, Ítalo, Betinha e Rafael aguardavam uma pizza enquanto conversavam).

 

BETINHA: (Sente o cheiro da comida do restaurante) Gente, que aroma maravilhoso... Eu também quero morar aqui, Enrico.

ENRICO: Olha que a minha mamma vai adorar, ela sempre quis ter uma filha.

RAFAEL: Se ela vem morar aqui, eu também venho. Vou adorar comer pizzar e lasanha todos os dias.

ÍTALO: O bom é que eu vou ter clientela para colocar em forma quando terminar o curso de educação física. (Todos sorriem).

(Fernanda entra no restaurante e se aproxima da mesa onde eles estão reunidos).

RAFAEL: (Levanta ao ver Fernanda) Que bom que você chegou!

FERNANDA: (Senta-se na cadeira que Rafael puxa para ela sentar) Obrigada! Eu peguei um pouco de trânsito na avenida paulista, pensei que não fosse chegar, mas deu tudo certo. Boa noite a todos!

ENRICO: Boa noite Fernanda! Eu vou dar uma olhadinha na nossa pizza, pra dar uma agilizada. Vocês sabem como é, né? Já volto! (Diz ao levantar e colocar o guardanapo em cima da mesa).

BETINHA: Eu vou com você, só assim dou um beijo na sua mãe. Com licença! (Levanta-se e ao colocar o guardanapo em cima da mesa, esbarra numa taça de vinho e suja o vestido de Fernanda).

FERNANDA: (Se assusta) Olha só o que você fez, garota!

BETINHA: Me desculpe! Foi sem querer, eu sou muito desastrada. Deixa eu ajudar! (Diz tentando secar o vestido de Fernanda).

FERNANDA: Tira a mão de cima de mim, eu sei muito bem que nada disso aqui foi sem querer...

RAFAEL: Fernanda, foi só um acidente. Mandamos isso para a lavanderia e essa mancha vai sair.

FERNANDA: O problema aqui não é o vestido. O problema é ela! Porque ela sempre tem que estar na sua companhia? Você não percebeu ainda que essa garota está dando em cima de você descaradamente?

BETINHA: Olha aqui, eu já pedi desculpas. Se você não quer aceitar, o problema é todo seu. Pense o que quiser, não sou obrigada a ficar ouvindo desaforos.

FERNANDA: Que foi? Vai fugir agora, só porque é conveniente? Assim é muito bom.

BETINHA: Eu não estou fugindo de nada, muito menos de você.

FERNANDA: (Levanta-se) Para de fingir, menina! Está estampado na sua cara, você gosta do Rafael. Assuma!

ENRICO: Meninas, vamos parar? Está todo mundo nos olhando.

RAFAEL: Fernanda, já chega. Você não acha que passou do ponto, não? Você está nos fazendo passar vergonha.

FERNANDA: Eu não estou fazendo nada. Só disse verdades! Estou mentindo, Betinha? Você gosta ou não gosta do Rafael?

BETINHA: E se eu gostar? O que você vai fazer? Quem deve estar ciente dos meus sentimentos e como lido com eles sou eu. Pode ficar tranquila, querida. Eu não pretendo roubar o seu namorado!

FERNANDA: Descarada e você ainda admite com essa cara sínica? (Tenta partir para cima de Betinha, mas Rafael a segura).

ENRICO: (Coloca-se na frente de Betinha) Eu acho melhor vocês pararem com isso, eu não quero escândalo no restaurante da minha mamma.

RAFAEL: Não se preocupe, Enrico. Estou indo embora, mil desculpas a você, sua mãe e aos clientes presentes.

FERNANDA: Eu vou com você, não quero continuar olhando para a cara dessa daí.

BETINHA: Essa daí, não. Eu tenho nome!

RAFAEL: Boa noite! (Vai embora).

FERNANDA: Rafael, me espera! (Pega a bolsa e vai atrás do namorado).

 

Cena 08 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Noite]

(Na biblioteca da mansão, Luiza Helena checava alguns relatórios da revista quando Eva adentrou no lugar segurando uma bandeja).

 

EVA: Trouxe um chazinho! (Pousa a bandeja em cima da mesa).

LUIZA HELENA: Como sempre, você me mimando. Assim eu vou ficar mal acostumada.

EVA: (Serve um pouco de chá para Luiza Helena) Você anda comendo mal, vai acabar ficando doente desse jeito.

LUIZA HELENA: É, os últimos dias foram cheios de emoções. Eu prometo melhorar agora!

EVA: Assim espero! Agora falta pouco para a sua felicidade ficar completa, não é?

LUIZA HELENA: Eu quero muito contar a verdade e tirar esse peso do meu peito. A Betinha e o Durant têm direito de saber o laço que os une. Eu já escolhi o momento para contar a verdade.

EVA: E quando será isso, minha querida?

LUIZA HELENA: Depois da festa de vinte e um anos da Betinha. Ela comentou que quer fazer uma festa e como antes não tínhamos muitas condições, esse ano eu quero fazer diferente. A Betinha tem mudado muito e isso me deixa feliz, nada mais justo do que mimá-la um pouco.

EVA: (Sorri) Você tem razão! E tem mais, eu vou te ajudar a organizar a festa mais linda de todas.

LUIZA HELENA: (Sorri enquanto bebe um pouco de chá em seguida) Você tem se tornado a melhor amiga de todas desde que eu cheguei aqui, é como a mãe que eu perdi há tantos anos. (Conclui).

 

Cena 09 – Ruas da Mooca [Externa/Noite]

(Visivelmente irritado, Rafael caminhava pelas ruas apressado. Fernanda tentava alcança-lo).

 

FERNANDA: (Anda apressada) Rafael, me espera!

RAFAEL: (Para de caminhar e vira-se para Fernanda) O que você quer agora, Fernanda? Não bastou o espetáculo que você acabou de organizar no restaurante da mãe do Enrico? Não precisava daquilo, não.

FERNANDA: Eu sei, passei da linha. Aquela menina me tira do sério e você viu, ela admitiu que gosta de você...

RAFAEL: Mas eu estou com você Fernanda e não com ela. Até quando eu vou precisar ficar provando isso? Eu estou cansado, muito cansado disso tudo.

FERNANDA: Eu te entendo, eu estou ficando neurótica com isso. Nunca pensei que ficaria desse jeito, mas eu te prometo que não vai mais acontecer.

RAFAEL: É, realmente não vai mesmo. A nossa relação acaba aqui!

FERNANDA: Espera! Você não pode acabar a nossa história assim, todos esses anos...

RAFAEL: Pode, claro que pode. Eu estou cansado de continuar tentando e aguentando esse seu ciúme descabido. A partir de agora cada um vai para o seu lado. Seja feliz, Fernanda! (Vai embora, deixando Fernanda sozinha).

Música da cena: A Boba Fui Eu – Ludmilla e Jão

FERNANDA: Rafael... Rafael! (Grita enquanto lágrimas escorrem pelo seu rosto).

 

Cena 10 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Noite]

(Sozinha na recepção da revista, Suzana se prepara para ir embora após mais um expediente de trabalho).

 

SUZANA: (Com um pequeno espelho, retoca o batom).

TÉCNICO DE INFORMÁTICA: Boa noite, eu vim recolher os computadores para fazer a manutenção solicitada durante o final de semana.

SUZANA: Ah, sim... Boa noite! Eu fui avisada, estava te esperando. Pode fazer o seu trabalho, pois já estamos encerrando o nosso expediente. Pode começar recolhendo as máquinas das salas da diretoria, em seguida o senhor pega essa aqui da recepção e ficamos no aguardo da devolução na segunda-feira pela manhã, no primeiro horário. Está bem?

TÉCNICO DE INFORMÁTICA: Sim senhora! Como quiser.

SUZANA: Venha comigo, eu vou te mostrar o caminho. Por aqui! (Diz após se levantar e caminhar em direção ao corredor).

TÉCNICO DE INFORMÁTICA: (Segue Suzana pelo corredor da revista).

 

Cena 11 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Manhã]

Música da cena: Sampa – Caetano Veloso

(O dia amanhece, as imagens apresentam pontos turísticos da cidade. A catedral metropolitana de São Paulo, a Praça da Sé e MASP são mostrados. Em seguida, transitamos pelo bairro da Mooca. Logo, a fachada do restaurante de Francesca surge como plano de fundo).

 

LUIZA HELENA: (Entra no restaurante e tira seus óculos de sol) Bom dia!

LOLA/AMARA: (Organiza as mesas para receber os clientes no horário de almoço) Bom dia, a senhora veio falar com alguém? A Dona Francesca?

LUIZA HELENA: Na verdade, não. Eu vim conhecer você!

LOLA/AMARA: Me conhecer? Mas eu nem sei quem é a senhora.

LUIZA HELENA: Eu me chamo Luiza Helena Ferreira Martins de Andrade. Pode me considerar uma amiga! (Diz ao estender a mão para Lola/Amara).

LOLA/AMARA: (Aperta a mão de Luiza Helena) A esposa do Demétrio. A que devo a honra da sua visita?

LUIZA HELENA: Na realidade, sempre fomos mais amigos do que qualquer outra coisa. Eu soube da história de vocês dois há pouco tempo e tenho certeza de onde quer que esteja, o Demétrio gostaria que nos conhecêssemos.

LOLA/AMARA: O Demétrio tinha isso mesmo, de querer ser amigo de toda a humanidade, saudades dele. Não quer sentar?

LUIZA HELENA: (Senta-se em uma das cadeiras) Eu vim até aqui corrigir um erro do passado. Algo muito simbólico, que terá um peso muito especial para o homem que você tanto amou.

LOLA/AMARA: (Senta-se também) Como assim? Eu não entendi.

LUIZA HELENA: A Na Boca Do Povo foi um dos principais veículos da imprensa que te massacrou e pode-se dizer que foi o responsável pela destruição da sua carreira no passado. Através da nova fase da revista, eu gostaria de iniciar uma campanha de retratação. Eu sei que é uma ferida viva isso em você, mas por favor não negue. Eu tenho certeza de que o Demétrio apoiaria isso e sei que você também sabe que ele gostaria de que fosse assim.

LOLA/AMARA: (Olha para Luiza Helena pensativa).

 

Cena 12 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Manhã]

(Na revista, Suzana observava o técnico de informática finalizar a instalação dos computadores após a manutenção).

 

 TÉCNICO DE INFORMÁTICA: Prontinho, esse foi o último! (Diz após conectar o computador de Suzana).

SUZANA: Ótimo, muito obrigada. O financeiro já providenciou o pagamento via transferência bancária.

TÉCNICO DE INFORMÁTICA: Tudo bem, qualquer coisa que precisarem, só ligar. Até mais! (Diz após recolher os seus pertences e ir embora).

SUZANA: (Senta-se em frente ao computador e espera ele iniciar) Vamos lá, mais um dia de trabalho. Ué, esse computador não é o meu. Já vi tudo, esse pessoal da informática trocou tudo e eu vou ter que sair procurando o meu computador.

(Suzana desbloqueia o computador e logo percebe que se trata do computador de Evandro).

SUZANA: Que arquivos são esses? (Questiona ao ver os itens na área de trabalho, constatando extratos de desvio de dinheiro da empresa, além de informações sobre a medicação utilizada por Demétrio durante o tratamento). Santo Deus! Para que o senhor Evandro iria querer tantas informações sobre a medicação do Demétrio? Ele o matou... É isso!

 

A imagem foca em Suzana surpresa em frente ao computador de Evandro. A cena congela e vira uma capa de revista.

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