Capítulo
39 (últimas semanas)
Cena 01 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Manhã]
(Todos assistem a reportagem completamente
chocados).
BETINHA: O Ângelo... O Ângelo morreu! (Repete atordoada).
EVA: (Chora inconsolavelmente) Tão jovem, o Demétrio gostava tanto desse menino,
eles eram inseparáveis, como se fossem mesmo pai e filho.
LUIZA HELENA: Eu não posso acreditar, ele estava aqui ontem, tão bem...
Como isso foi acontecer?
TAMARA: E tão bonito, era um partidão! (Pensa em voz alta).
EVANDRO: É uma pena mesmo! As fatalidades da vida são assim mesmo, acontecem sem
ter dia, nem hora. Que ele alcance o reino dos céus! (Diz fingindo lamentar).
BETINHA: (Olha para Evandro com um semblante furioso e em seguida sai da
cozinha).
TAMARA: Ué, o que será que deu nela? (Comenta após Betinha sair rispidamente).
LUIZA HELENA: Eles se tornaram muito amigos nos últimos meses e a Betinha
gostava muito dele. Agora você, Evinha... Vem, senta aqui que eu vou te
preparar um chá de camomila, precisamos ser fortes agora e rezar para que o Ângelo
seja encontrado durante as buscas, são e salvo! Não se preocupe com a bagunça,
vou pedir para uma das meninas organizar tudo. (Diz ao conduzir Eva até uma
cadeira).
TAMARA: Eu vou atrás dela! (Vai atrás de Betinha).
EVANDRO: É, se eu fosse vocês eu não contaria muito com essa probabilidade. Digo
porque pelas imagens, duvido muito que ele tenha sobrevivido. (Diz secamente).
(Luiza Helena olha para Evandro com desdém
e em seguida volta a ajudar Eva).
Cena 02 – Umbu-Cajá, Restaurante Nordestino
[Interna/Manhã]
Música da cena: Sampa – Caetano Veloso
(Imagens externas da cidade de São
Paulo são apresentadas. Em seguida, surgem as ruas do bairro da Mooca e a
fachada do restaurante de Zeca).
MARCELO: Deixe-me ver se eu entendi direito. A irmã mais nova da italiana está te
cercando? Dando em cima de tu, macho?
ZECA: Descaradamente e o pior, a carcamana já percebeu e não gostou nada.
MARCELO: É, essa história ainda vai dar pano para manga. Quando é que vocês vão
sair desse chove não molha e assumir esse romance de uma vez por todas?
ZECA: Pelo andar da carruagem, vai ser no dia de São Nunca! Essa mulher não se
decide, finge que não gosta de mim, mas se esmorece quando cai em meus braços.
MARCELO: Então deixa ela ficar enciumada com a irmã dela, vai que assim ela
acorda pra vida e se decide por você.
ZECA: Será uma boa ideia? A carcamana é barraqueira, ela é capaz de me arrumar
uma confusão!
Cena 03 – Delegacia [Interna/Manhã]
(Depois de voltarem da represa, a
delegada e o inspetor comentavam sobre o caso de Ângelo).
DELEGADA RAQUEL: (Entra em sua sala, tira o casaco e pendura na cadeira) Pode
ir se preparando que a morte desse advogado vai render. A mídia vai cair em
cima e não podemos desviar o foco da investigação.
INSPETOR ERIBERTO: Enquanto eu vinha dirigindo, tentei conectar esses possíveis
assassinatos a um mandante e não consegui interligar. Você tem alguém em mente?
DELEGADA RAQUEL: (Pega um pouco de água no bebedouro com um copo descartável)
É, talvez eu tenha as minhas suspeitas, mas prefiro não expor ainda. Precisamos
seguir os últimos passos do advogado, talvez isso faça surgir algo que tenha
passado despercebido pelos nossos olhos, entendeu?
INSPETOR ERIBERTO: Pode deixar, eu vou descobrir o endereço dele e vamos até lá
checar.
DELEGADA RAQUEL: Ótimo, enquanto isso eu continuarei acompanhando as buscas e
orientando as equipes que continuam no local do acidente. Eu fico no seu
aguardo! (Conclui).
Cena 04 – Ruas de São Paulo [Externa/Manhã]
Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi
(Imagens externas mostram uma São
Paulo agitada. Pessoas transitam de um lado para o outro nas grandes avenidas. Ônibus
percorrem a cidade, enquanto os metrôs seguem em alta velocidade. Em meio a uma
multidão de pessoas, Laís segue caminhando entre elas).
LAÍS: (Circula vagas de empregos com uma
caneta vermelha em um jornal impresso).
(Quando encontra uma vaga
interessante e que se encaixa com o seu perfil profissional, Laís para em
frente a uma loja de eletrodomésticos para ler com mais atenção. Após verificar
que possuía todos os requisitos, algo lhe chamou a atenção, era uma pilha de aparelhos
televisores que estavam sintonizados num canal de notícias).
REPÓRTER: As buscas pelo advogado desaparecido na Represa Billings, Ângelo Vasconcelos
continuam a todo vapor. Porém as equipes de buscas já não estão mais tão
confiantes de que ele possa ter sobrevivido ao grave acidente. Voltaremos
dentro de instantes com maiores informações sobre esse acidente que parou o
trânsito aqui na Zona Oeste de São Paulo. É com vocês aí no estúdio!
LAÍS: (Fica surpresa com a notícia sobre a morte de Ângelo) Foi ele! O mesmo
cara que matou a Suzana, ele se livrou do Ângelo. Meu Deus, será que ele já
sabe da minha existência? Ele vai querer me matar também... E agora, o que eu
faço? (Pergunta-se. Em seguida, guarda o jornal da bolsa, acena para um ônibus
e entra dentro do coletivo amedrontada).
Cena 05 – Chesca’s, Restaurante
Italiano [Interna/Manhã]
(Sentados na sala de estar, Francesca
e Enrico se surpreendem com a atitude de Lola/Amara).
FRANCESCA: (Abre o envelope entregue por Lola/Amara e fica surpresa ao
perceber o conteúdo, trata-se de uma grande quantidade em dinheiro) Non, é
muito dinheiro. Io non posso aceitar!
LOLA/AMARA: Claro que pode, aliás você deve. O que vocês fizeram por
mim, não tem dinheiro no mundo que pague. Eu nunca terei como agradecer o suficiente
por vocês terem me acolhido dessa forma. Isso é o mínimo que eu poderia fazer e
já vou adiantando, conforme for recebendo os meus pagamentos da gravadora,
continuarei repassando uma ajuda de custo.
ENRICO: Mas Lola, nós nunca fizemos isso por interesse. Nós fizemos isso por
gratidão e por você ser quem é. Além disso, é o seu primeiro pagamento, você
precisa investir em algo que te proporcione felicidade.
FRANCESCA: Vero, o bambino tem razão, Lola! (Estende a mão entregando o
envelope para Lola/Amara).
LOLA/AMARA: (Empurra a mão de Francesca com o envelope) É exatamente
isso o que eu estou fazendo. Tem coisa melhor e que proporcione felicidade a
quem amamos? Você é como um filho para mim, eu quero que vocês invistam esse
valor em tratamentos alternativos, fisioterapia. Eu lembro que o médico que te
operou não tinha certeza se o seu caso era irreversível, então ainda temos uma
esperança e enquanto houver esperança, faço questão de seguirmos em busca dela.
ENRICO: Lola...
LOLA/AMARA: (Interrompe Enrico) Sem mais! Se vocês não aceitarem, eu vou
ficar imensamente magoada. Além disso, se o que preocupa vocês é gastar todo o
meu dinheiro, não se preocupem. O que
recebi foi o suficiente para dividi-lo e segundo o meu produtor, ele afirma que
é só o começo. Eu estou pensando inclusive em me tornar vizinha de vocês, vi
uma casa linda. Não esqueça que a minha volta aos palcos é em sua homenagem.
ENRICO: Você é incrível, sabia?
FRANCESCA: Io nem sei o que dizer, só que estou muito emocionada.
Quando acolhi você aqui em mia casa, io sabia que você era uma mulher muito
especial pelo o que o mio Enrico falava a seu respeito. Hoje, io tenho cada vez
mais certeza que fizemos a coisa certa e que foi Dio e San Gennaro que te
colocou em nossas vidas com um propósito. (As duas se abraçam emocionadas).
LOLA/AMARA: (Seca algumas lágrimas que escorreram por seu rosto) Eu não
quero chororô aqui. Eu quero alegria aos novos tempos que estão chegando, va
bene? (Questiona mostrando que também está aprendendo a falar italiano).
(Emocionados, Enrico e Francesca
respondem ao mesmo tempo instantaneamente).
ENRICO: Va bene!
EVANDRO: Va bene!
Cena 06 – Delegacia [Interna/Manhã]
(Sozinha em sua sala enquanto
avaliava alguns inquéritos, a delegada foi interrompida por um policial).
POLICIAL: (Bate na porta que está aberta)
Desculpe incomodar o trabalho.
DELEGADA
RAQUEL: Não foi nada,
João. Aconteceu alguma coisa? (Diz após pausar a leitura e tirar os óculos).
POLICIAL: Sim! Tem uma jovem aí fora querendo
falar com a senhora.
DELEGADA
RAQUEL: Uma jovem querendo
falar comigo? Estranho! Ela não disse do que se tratava e nem quem era? (Pergunta).
BETINHA: (Entra na sala, cruzando pelo
policial parado na porta) Sou eu, delegada!
Cena 07 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Manhã]
Música da cena: Sampa – Caetano Veloso
(Imagens externas da cidade são
apresentadas e mostram as Avenidas Ipiranga e São João. Em seguida, imagens aéreas
mostram a Avenida Paulista e o MASP. Logo após, surge a fachada da Mansão).
LUIZA
HELENA: (Arrumada
para trabalhar, Luiza Helena desce a escada e cruza com Evandro na sala de
estar).
EVANDRO: Eu posso saber onde você pensa que
vai? (Questiona).
LUIZA
HELENA: Como onde eu
vou? Onde mais? Eu vou para a revista, trabalhar. Principalmente hoje, preciso
confortar a nossa equipe diante o cenário da possível morte do Ângelo.
EVANDRO: Entendi! Pena que você não vai.
LUIZA
HELENA: Como assim eu
não vou? É claro que eu vou!
EVANDRO: Não, você não vai. A partir de hoje,
pelo bem estar da nossa família, quem administra a Na Boca Do Povo sou eu. A
sua presença só será indispensável a partir de agora em reuniões do conselho,
se é que você me entende.
LUIZA
HELENA: Você não
pode fazer isso comigo.
EVANDRO: Eu já fiz! Eu te disse que as coisas
irão mudar por aqui, não disse? A partir de agora eu quero você em casa,
cuidando do nosso lar. E nem preciso dizer que você não está autorizada a sair,
ou quer ficar trancafiada em seu quarto de novo?
LUIZA HELENA: (Engole seco e encara Evandro).
Cena 08 – Delegacia [Interna/Manhã]
(A delegada estranha a invasão de
Betinha em sua sala sem ser anunciada).
DELEGADA RAQUEL: Eu acho que não preciso dizer que não é de bom tom invadir a
sala das pessoas desse jeito, principalmente se tratando de uma delegacia. Eu
posso ao menos saber quem é você?
BETINHA: Eu peço desculpas pela invasão e por não ter me apresentado antes. Eu me
chamo Roberta Miranda Ferreira! (Estende a mão para a Delegada).
DELEGADA RAQUEL: (Aperta a mão de Betinha) Bom, sente-se e me fale em que
posso lhe ajudar, pois parece que você quer me contar algo, ou estou enganada?
BETINHA: (Senta-se na cadeira que fica em frente à mesa de Raquel e em seguida olha para o policial que segue parado na porta) Será que pode ser em particular? (Pergunta).
DELEGADA RAQUEL: Claro! João, por favor nos deixe a sós e se
encarregue que ninguém nos incomode, tudo bem? (Diz orientando o policial que
estava parado na porta).
POLICIAL: Sim senhora, pode deixar! (Diz ao sair e fechar a porta em seguida).
DELEGADA RAQUEL: Pronto! Já estamos sozinhas como você queria. Você já pode
falar a que veio, estou a todo ouvido.
BETINHA: Bom delegada, já deu para perceber que a senhora não é uma mulher que
gosta de rodeios, então eu vou direto ao ponto. Eu preciso que a senhora
investigue a fundo o acidente que aconteceu na última madrugada com o advogado
Ângelo Vasconcelos.
DELEGADA RAQUEL: (Estranha o comentário de Betinha) Você o conhecia?
BETINHA: Sim, nós éramos amigos. Tenho uma forte tentação de que o que aconteceu
não foi um simples acidente e sim uma tentativa de assassinato.
DELEGADA RAQUEL: E eu posso saber o que te leva a acreditar nessa hipótese?
BETINHA: Era exatamente sobre isso que o Ângelo estava vindo até aqui ontem à
noite antes do suposto acidente, eu ainda não tenho provas sobre o que estou
falando, mas vou com embasamento no que ele me disse antes do carro dele cair
na represa.
DELEGADA RAQUEL: Bom, você sabe muito bem que deve ter muito cuidado com o
que afirma sem ausência de evidências, não sabe mocinha?
BETINHA: Sei, por isso a partir de agora eu também irei tentar colher evidências
por conta própria, mas de antemão eu vou lhe dizer um nome que pode ser a chave
para desvendar esse mistério!
DELEGADA RAQUEL: E qual seria?
BETINHA: Evandro Brito. Eu o indico como principal suspeito das mortes de Suzana de Castro e Ângelo Vasconcelos.
Cena 09 – Na Boca Do Povo, Redação
[Interna/Tarde]
Música da cena: Best Part – Daniel Caesar,
H.E.R
(Sozinha na sala de Ângelo, Fernanda
senta-se na cadeira onde o advogado costumava trabalhar e segura um
porta-retrato com uma foto dele).
FERNANDA: (Olha para a foto e acaricia o rosto de Ângelo, em seguida ele pressiona
a foto contra o peito) Você precisa aparecer, você tem que estar vivo. Eu
preciso de você, nós todos precisamos de você. Não imagina o quanto faz falta e
isso tudo está doendo na gente. Que Deus te proteja sempre! (Pensa em voz
alta).
(Na recepção, funcionários estavam
reunidos enquanto lamentavam a morte de Ângelo. Nesse momento, as portas do
elevador se abriram e Evandro adentrou na redação da revista).
EVANDRO: (Olha para os funcionários deprimidos) Que caras são essas? O velório
ainda não começou, por isso eu não vou admitir esse clima de enterro aqui
dentro, muito menos essa depressão. O corpo nem apareceu e vocês já estão
assim, que deprimente. Emprego está difícil, sabiam? Voltem já ao trabalho, não
quero ninguém fingindo que está sofrendo para não trabalhar, fui claro? De
volta aos seus postos, agora! (Grita e em seguida vai até sua sala).
MARIA RITA: (Observa Evandro caminhar pelo corredor e em seguida comenta
com a moça da limpeza) Canalha insensível! Deus tá vendo essa falta de
respeito, Deus tá vendo.
Cena 10 – Casa de Durant [Interna/Tarde]
Música da cena: Dona de Mim - Iza
(O carro de Betinha surge cruzando as
ruas do bairro da Mooca e em seguida estaciona em frente à casa de Durant).
DURANT: Já vai! (Diz ao descer a escada sujo
de tintas após ouvir o som da campainha tocar).
(Durant vai até a porta, destranca e
abre, deparando-se com Betinha chorando).
DURANT: Betinha, o que aconteceu? Porque você está assim? Entra...
BETINHA: (Entra na casa de Durant) O Rafael já chegou? Eu falei com ele quando
estava vindo pra cá e ele disse que estava a caminho.
DURANT: Não, ele ainda não chegou. Você está assim pelo acidente do advogado da
revista? Eu vi na TV.
BETINHA: Na verdade é um conjunto de todos os últimos acontecimentos.
(Alguns instantes depois, Betinha
surge sentada no sofá tomando um copo d’água oferecido por Durant).
DURANT: E então, mais calma?
BETINHA: Sim, obrigada pela água e pela paciência. Desculpa chegar assim, sem ser
avisada e desse jeito. Que papelão da minha parte!
DURANT: Não se preocupe com isso, você já é de casa e é perfeitamente natural
que você esteja assim, afinal ele era seu amigo.
BETINHA: (Olha para o relógio) Será que o Rafael vai demorar?
DURANT: Não sei, é um pouco difícil prevê. Você sabe como o trânsito nessa cidade
está cada dia mais caótico, você dirige, você sabe. Cada dia mais engarrafamento,
um trajeto de cinco minutos dura quarenta minutos no mínimo.
BETINHA: É verdade, você tem razão.
DURANT: Se você não se importar e nem se entediar com a minha presença, podemos ir
conversando. Quem sabe você não me fala um pouco mais de você!
BETINHA: (Sorri) Ai Durant, você fala de um jeito. Quem te ouve falando assim,
até parece que você é um velho. Você ainda é super jovem, mas o que você
gostaria de saber? Pergunta, que eu gosto de falar.
DURANT: Ah, como você sabe eu tenho uma história antiga com a sua irmã, mas eu
não me lembro de você. Em que ano você nasceu mesmo?
BETINHA: Ah, eu nasci em 11 de novembro de 1999. Pelo o que eu sei, nasci depois
que vocês se separaram, por isso você não me conheceu.
DURANT: (Surpreende-se) Novembro de 1999? Nossa, porque será que eu não pensei
nisso antes? Desculpa, é que sou ruim de contas. (Diz disfarçando).
BETINHA: É, a minha mãe morreu logo depois do parto, por isso eu não lembro dela,
apenas através das fotografias. As únicas lembranças que tenho é do meu pai
Manoel e da minha irmã, que muitas vezes foi para mim como uma verdadeira mãe.
(Responde).
DURANT: Entendi! É, você realmente se parece muito com a Luiza Helena quando ela
tinha a sua idade. Uma pena que eu não tenha te conhecido nessa época.
BETINHA: Que bom, né? Imagina que cena você ter me conhecido criança e de fraldas,
seria um mico.
DURANT: E o seu pai falava muito sobre a sua mãe?
BETINHA: Não, o meu pai era muito fechado, evitava ao máximo falar sobre o
passado. Houve uma época que eu até pensei que ele me culpasse pela morte da minha
mãe. Sabe, tem uma coisa engraçada, essa é tipo curiosidade daqueles programas
sensacionalistas de TV.
DURANT: Ah, é? E qual seria essa coisa engraçada?
BETINHA: O funcionário do cartório errou a data do documento e colocou como se eu
tivesse nascido meses depois da morte da minha mãe. Onde já se viu? Se eu não
tivesse nascido dela, como teria sido? A sorte é que sempre fui muito parecida
com a minha irmã, caso contrário, diria que sou adotada. Daí, você já pode
adivinhar o resto da história, o meu pai muito turrão, se recusou a consertar a
minha certidão de nascimento até hoje apresenta esse erro de datas.
DURANT: (Sente um arrepio por todo o seu corpo, mas tenta disfarçar para que
Betinha não perceba a sua desconfiança) É, realmente muito diferente essa
história. Parece coisa de novela!
Cena 11 – Gravadora Som Brasil [Externa/Noite]
(A noite chega com uma lua cheia no céu.
Após encerrar mais um dia de gravações das músicas para o seu novo álbum, Lola/Amara
se despediu da equipe da gravadora e deixou a Som Brasil rumo ao ponto de
táxi).
LOLA/AMARA: (Caminha pela rua rumo ao ponto de
táxi, levando a bolsa consigo na mão).
(Sem perceber que está sendo
observada, Lola/Amara cruza um menino de rua. Trata-se de Pirulito, um menino
de dez anos que era órfão e vivia de pequenos delitos pelas imediações do centro
para sobreviver).
PIRULITO: (Corre e bruscamente arranca a bolsa da mão de Lola/Amara e segue em disparada).
LOLA/AMARA: A minha bolsa... Minha bolsa! Ei, menino... Devolve a minha
bolsa! (Sem pensar duas vezes, Lola/Amara começa a correr e perseguir o menino
que havia lhe roubado pelas ruas do centro da cidade).
Cena 12 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Noite]
(Betinha confronta Evandro sobre a
morte de Ângelo e exige que Luiza Helena se separe dele
BETINHA: (Entra na biblioteca para conversar
com Luiza Helena).
LUIZA
HELENA: Betinha, chegou
agora da faculdade?
BETINHA: Cheguei! A Eva me falou que você
estava aqui sozinha e eu resolvi vir até aqui, pois temos um assunto muito
importante para conversar.
LUIZA
HELENA: E pela sua
cara, é algo sério. O que aconteceu, Betinha? (Pergunta ao notar a seriedade de
Betinha).
BETINHA: É sobre o acidente do Ângelo.
LUIZA
HELENA: Encontraram
ele? Ele está bem?
BETINHA: Infelizmente ainda não. Não é isso!
LUIZA
HELENA: Eu não
entendo! O que pode ser então?
BETINHA: Eu não acho que o Ângelo sofreu um
acidente. Eu acho que tentaram matá-lo porque ele sabia demais e eu suspeito de
uma pessoa capaz de fazer isso.
LUIZA
HELENA: Quem?
BETINHA: Seu marido, o Evandro.
LUIZA HELENA: Mas se isso que você estiver dizendo for verdade e o Ângelo
não sofreu um acidente e sim uma tentativa de assassinato, isso é muito
grave... (Responde).
EVANDRO: (Entra na biblioteca bruscamente e interrompe a conversa entre as duas)
É, nisso eu devo concordar com a minha querida esposa. É uma acusação muito
grave, Betinha. Eu posso saber se você tem como provar o que está dizendo? Quem
lhe garante e lhe dá certeza de que eu sou um assassino tão inescrupuloso?
(Questiona).
A imagem foca em Betinha e Luiza
Helena paradas na biblioteca após a chegada de Evandro. A cena congela e vira
uma capa de revista.
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