Capítulo 06:
Cena
01 – Rua (Ponto de ônibus) [Externa/Dia]
(Sem
perceber a conexão entre Maria Eduarda e Miguel, Marcela interrompe)
MARCELA: E então,
conseguiu descobrir?
MARIA EDUARDA: Mil desculpas
moço, eu não percebi que estava com fones de ouvido, a culpa foi toda minha.
(Maria Eduarda tenta limpar a roupa de Miguel).
MIGUEL: Não tem
problemas, foi um acidente. Eu sou muito desastrado! Mas que informação ela
está se referindo?
MARIA EDUARDA: Nós não somos
daqui, acabamos de chegar e estamos perdidas. Você sabe dizer um ônibus que a
gente pegue aqui e consiga chegar no centro da cidade?
MIGUEL: Sim,
inclusive o que eu vou pegar para ir ao trabalho passa pelo centro, se quiser,
podemos pegar o mesmo e eu ajudo a encontrarem o endereço.
MARCELA: (Fala próximo
ao ouvido da prima) Será que devemos confiar nele? Você acabou de conhecer o
nome dele...
MIGUEL: Perdão, eu me
chamo Luís Miguel, sou investigador de polícia, mas todo mundo me chama de
Miguel.
MARIA EDUARDA: Eu me chamo
Maria Eduarda, sou Designer recém-formada e essa é minha prima, Marcela.
(O ônibus que
Miguel iria pegar se aproxima)
MIGUEL: O ônibus é
esse, vamos?
MARIA EDUARDA: (Olha para
Marcela) Vamos sim, obrigada!
(Miguel faz sinal
para que o ônibus pare e os três sobem)
MARCELA: (Senta numa
cadeira ao lado da janela).
MARIA EDUARDA: (Fica em pé,
para que Miguel sente).
MIGUEL: Pode sentar,
acima de tudo sou um cavalheiro. Mulheres tem a preferência de assento, pode
sentar. Além disso, você está com bagagem, seria extremamente desconfortável
andar de ônibus segurando uma mala.
MARIA EDUARDA: (Senta na
cadeira ao lado de Marcela) Posso segurar sua mochila ao menos, então?
MIGUEL: Claro!
(Entrega a mochila a Maria Eduarda).
Cena
02 – Paradise Models [Interna/Dia]
Música da cena:
Agora Só Falta Você – Sky, Anne Jezini
(As
modelos fotografavam para a revista Cláudia, enquanto Renata as observava dos
bastidores. Na sala da presidência, Malu avaliava documentos, até ser
interrompida ao ouvir batidas na porta).
RENÉ: Incomodo?
(Pergunta ainda com a porta entreaberta).
MALU: Não, pode
entrar. Quer beber alguma coisa?
RENÉ: Temos que
conversar sobre o desfile da SPFW que acontecerá no final desse mês, precisamos
acertar alguns detalhes importantes com os fornecedores.
MALU: É verdade, eu
quase esqueci. Sente aí, vamos começar a fazer umas ligações. Pelo o que vejo,
hoje teremos que almoçar por aqui mesmo.
(René senta,
conforme o pedido de Malu que continua analisando documentos, sem perceber o
olhar invasivo de René em sua direção).
Cena
03 – Shopping Center [Interna/Tarde]
Música da cena:
Louca – Alice Caymmi
(Ingrid
passeava pelo shopping center observando as vitrines carregando inúmeras
sacolas, até entrar em uma loja de grife).
INGRID: (Observa uma
coleção de bolsas e sapatos próximos a vitrine da loja).
VENDEDORA: Essa é uma
coleção de um designer de moda francês, é uma das mais caras da loja.
INGRID: E quem foi
que te perguntou o preço aqui?
VENDEDORA: Desculpe,
apenas quis...
INGRID: A única coisa
que você deveria querer aqui seria manter esse seu empreguinho de quinta
categoria, pra pegar três conduções lotadas de volta pra casa, com direito a
homem bêbado e suado se esfregando em você. Você não sabe mesmo com quem está
falando não é filha? (Ingrid senta, coloca suas sacolas do seu lado no assento
e tira os óculos escuros). Eu sou Ingrid Germai, isso te soa bem?
VENDEDORA: In...In...grid
Ger...Ger...mai? A top model? (A vendedora gagueja).
INGRID: Exatamente
queridinha, agora mexa esse seu traseiro flácido, dê meia volta e traga um par
daqueles sapatos, um de cada cor, quero experimentar, tamanho 36. Entendeu ou
preciso soletrar, gaguinha?
(A vendedora anda
apressada para o interior da loja, enquanto Ingrid retira o celular da bolsa e
manda uma mensagem para René).
INGRID: (Digita no
celular uma mensagem para René) “Precisamos nos encontrar no seu flat hoje à
noite, temos que conversar sobre a situação da herança da minha mãe, que horas
posso passar lá?”.
Cena 04 – Túnel Presidente Jânio Quadros [Externa/Tarde]
MARIA
EDUARDA: (Observa o engarrafamento através da janela
do ônibus) Nossa, que trânsito!
MIGUEL: É,
estranho até, ainda não estamos em horário de pico.
(Ao
fundo ouvem-se sirenes de polícia e uma gritaria)
MARCELA: Que
barulho é esse? É a polícia?
(Nesse
momento, começa o barulho de disparos de arma de fogo).
MARCELA: É
tiro? Isso é tiro?
MARIA
EDUARDA: (Olha para Miguel preocupada).
(Bandidos
e a polícia trocam tiros após um assalto a banco. Os bandidos invadiram o túnel
no sentido contrário e a polícia começara uma verdadeira perseguição).
MARCELA: É
tiro sim! (Observa as pessoas começarem a correr numa só direção dentro do
túnel).
MARIA
EDUARDA: Precisamos sair daqui agora mesmo!
MIGUEL: Não,
ainda não sabemos o que está acontecendo, eu vou averiguar e já volto para
dizer se podem ou não sair. (Miguel saca a arma, pede para que o motorista do
ônibus abra a porta traseira e ele desce logo em seguida e caminha em direção a
confusão com a arma em punho).
MARCELA: Eu
não quero ficar aqui, temos que fugir. Eu não quero morrer aqui, Eduarda!
MARIA
EDUARDA: Calma, desespero agora não vai nos ajudar em
nada, você precisa manter a calma.
(Marcela
levanta carregando sua mala e desce do ônibus, sem dar ouvidos ao que a prima
acabara de falar).
MARIA
EDUARDA: Mas onde essa louca pensa que vai?
(Levanta-se recolhendo sua mala e correndo em direção a prima).
(Maria
Eduarda e Marcela juntam-se a muitas pessoas que correm pelo túnel em direção a
saída, temendo o confronto entre bandidos e a polícia).
MARCELA: Corre
Eduarda, corre! (Marcela corre pelo túnel, sem perceber que está cada vez mais
próxima do confronto).
MARIA
EDUARDA: (Corre atrás da prima) Me espera, Marcela!
Cena
05 – Jardim Saúde (Cortiço, casa de Mercedes) [Interna/Tarde]
Música
da cena: Toda Toda – Pikeno & Menor
(Gigi faz pose de
frente para o espelho, enquanto tira várias selfies do celular).
GIGI: (Fala
sozinha) Na passarela, a modelo internacional Gigi Almeida... (Desfila pelo
quarto).
(Mercedes entra no
quarto de Gigi e a interrompe)
MERCEDES: Acorda
menina, deixa de brincar de modelo, preciso de ajuda na cozinha. Vamos!
GIGI: Agora não
posso tia, vou fazer um teste e fotografar para uma loja. Estou sentindo que
hoje é o meu grande dia!
MERCEDES: Olha lá Gigi,
não vai me arrumar confusão nesse teste
GIGI: A senhora bem
que poderia ver nas cartas como eu vou me sair, né?
MERCEDES: Claro que não
menina, as cartas não são para brincadeira.
GIGI: Não é
brincadeira tia, é o meu sonho!
(Mercedes revira os
olhos, sai do quarto e desce a escada, na sala de estar, encontra com seu filho
Jorginho, o mecânico da vila entrando em casa)
MERCEDES: Filho, chegou
cedo!
JORGINHO: A senhora não
viu na TV? Está acontecendo um confronto entre policias e bandidos por conta de
um assalto a banco. Achei melhor vir pra casa!
MERCEDES: Que, minha
nossa senhora, proteja todos os inocentes, meu pai celeste!
(Gigi desce a
escada correndo feito um furação, despede-se da tia e vai em direção ao estúdio
fotográfico. Ao chegar lá, o fotografo tem aparência duvidosa e está sozinho no
local).
GIGI: Eu me
inscrevi para fazer as fotos da loja pela internet.
FOTOGRÁFO: Sim, eu estou
lembrado. Você pode ir até aquele biombo ali e trocar de roupa, seu figurino já
está lá.
GIGI: Certo! (Gigi
vai até o biombo e se dá conta de que o figurino é uma lingerie muito pequena).
(Alguns minutos
depois...)
FOTOGRÁFO: E aí? Vai
demorar muito?
GIGI: (Se olha no
espelho de lingerie, se benze para atrair sorte e vai em direção ao estúdio).
FOTOGRÁFO: Ficaram
ótimas essas peças em você, como imaginei.
GIGI: É né? E o que
devo fazer agora?
FOTOGRÁFO: Seja
espontânea que eu vou te fotografar!
Música da cena:
Toda Toda – Pikeno & Menor
(Gigi faz poses
estranhas e não demonstra menor habilidade em fazer poses).
GIGI: E aí, como
estou me saindo?
FOTOGRÁFO: Está sim, mas
eu vou te ajudar com algumas poses, faz assim... (Fotografo finge que vai
ajudar Gigi, porém começa a assediá-la).
GIGI: (Chuta o saco
do fotografo para se desvencilhar dele, deixando-o imobilizado) Isso aqui é pra
você aprender a não abusar de nenhuma moça. Vou levar a lingerie como pagamento
e pelo seu abuso, safado!
(Gigi sai do
estúdio para trocar de roupa e ir embora).
Cena 06 – Túnel Presidente Jânio Quadros [Externa/Tarde]
(Marcela
e Maria Eduarda continuam correndo em meio à multidão dentro do túnel, cada vez
mais próximas do confronto, em meio a gritaria e dos sons ensurdecedores
causados pelos tiros).
MARIA
EDUARDA: Marcela, é melhor a gente voltar, o barulho
de tiro tá muito próximo.
MARCELA: Voltar
e ficar dentro daquele ônibus, esperando a morte chegar? Nem pensar! (Marcela
continua correndo)
(Pessoas
que correm, são atingidas por balas perdidas e começam a cair)
MARCELA: (É
atingida por um tiro e grita).
MARIA EDUARDA: Marcela!
(Grita pelo nome da prima).
(Maria Eduarda
correu em direção a prima, tentando se proteger como conseguia do tiroteio).
MARIA EDUARDA: Marcela, fala
comigo, me diz que tá viva, pelo amor de Deus!
MARCELA: Meu braço, tá
doendo muito! (Diz enquanto pressionava o braço que havia sido atingido por uma
bala perdida).
MARIA EDUARDA: Eu disse que
era melhor voltar para o ônibus. Precisamos ir até um hospital, tá sangrando
muito, espera... (Maria Eduarda tira a segunda blusa que está usando e
pressiona sobre o ferimento da prima).
MARCELA: Me ajuda a
levantar!
(Maria Eduarda
ajuda Marcela a se levantar. Miguel estava ajudando a polícia, trocando tiros
com os bandidos, quando avistou as duas e correu para tentar ajudá-las).
MIGUEL: O que vocês
estão fazendo aqui? Eu disse que não era seguro.
MARIA EDUARDA: Ela está
ferida, precisamos ir até um hospital!
MIGUEL: Venham por
aqui, eu dou cobertura!
(Marcela caminhou apressadamente apoiada em Maria Eduarda, enquanto Miguel as protegia, armado).
Cena
07 – Paradise Models (Escritório de Malu) [Interna/Tarde]
(Renata
serve um café para Malu, enquanto percebe a amiga diferente).
MALU: (Tenta
aquecer os braços com as mãos).
RENATA: O que foi?
MALU: Não sei, de
repente me veio um calafrio, você não sentiu?
RENATA: (Renata
coloca a xícara de café em frente a Malu, em sua mesa) Não, eu não senti.
MALU: Estranho, é
como se fosse uma sensação de angústia, como se alguém estivesse em perigo.
RENATA: Agora deu pra
virar sensitiva, Maria Lúcia?
MALU: Não sei, acho
melhor ligar lá pra casa e saber se todos estão bem. (Malu pega o telefone e
disca o número de sua casa).
Cena
08 – Hospital Paulo Toledo [Interna/Tarde]
(Miguel
empurra uma cadeira de rodas com Marcela, que continua sangrando. Maria Eduarda
os acompanha, segurando as malas).
MIGUEL: (Grita) Um
médico!
MARIA EDUARDA: Calma
Marcela, tá tudo bem.
(Os enfermeiros e
médicos colocam Marcela em cima de uma maca e a levam para a sala de traumas,
enquanto Maria Eduarda e Miguel permanecem esperando).
MARIA EDUARDA: Ela vai ficar
bem, não vai?
MIGUEL: Vai sim, esse
hospital é ótimo, o meu tio trabalha aqui.
MARIA EDUARDA: Seu tio é
médico?
MIGUEL: Sim, meu tio é
diretor desse hospital, o nome dele é Alfredo Bittencourt. Quem sabe depois que
o susto passar, eu não apresento vocês!
MARIA
EDUARDA: É
verdade, quem sabe a gente não se conhece.
(Alfredo
examina um paciente no final do corredor, sem notar a presença de Maria Eduarda
que está de costas).
Cena
09 – Hospital Paulo Toledo [Interna/Tarde]
MÉDICO: Os familiares da
paciente Marcela Barros Pereira?
MARIA
EDUARDA: Eu,
eu sou a prima dela. Como ela está doutor?
MÉDICO: Fora de perigo! A
bala atingiu o braço dela de raspão, não atingiu nenhuma artéria ou órgão
vital. Fizemos uma sutura e dentro de alguns minutos ela será liberada.
MARIA
EDUARDA: Graças
a Deus! Eu posso vê-la?
MÉDICO: Claro, me
acompanhem!
(Maria Eduarda,
Miguel e o Médico entram na sala em que Marcela está, logo após, Alfredo e
Antônio aparecem na recepção, sem imaginar a presença da filha de Malu).
ANTÔNIO: Que caos é esse
pai?
ALFREDO: Um confronto entre
polícia e bandidos num viaduto aqui perto, vão chegar muitos pacientes feridos,
prepare seus colegas estagiários e avise a equipe médica para se preparar,
teremos um plantão intenso.
Cena
10 – Jardim Saúde – Cortiço (Casa de Mercedes) [Interna/Noite]
(Mercedes
e Jorginho estavam sentados à mesa jantando, quando Gigi sentou segurando
apenas um copo d'água).
MERCEDES: Que é isso menina?
Ficou doida?
JORGINHO: Égua, tu vais
jantar só isso mesmo?
GIGI: Sim, eu quero ser
uma modelo famosa e pra ser modelo, eu preciso ter o corpo ideal.
MERCEDES: Que besteira é essa
agora, Gigi? Pra ser modelo você tem que no mínimo está viva e a base só de
água, você não vai conseguir. Tá achando que virou planta menina?
GIGI: Vocês não entendem
de sonhos, eu quero progredir na vida, não quero passar a vida toda nesse
cortiço. Eu tenho que manter meu corpo para conseguir me tornar uma modelo.
JORGINHO: Pra ser modelo tem
que ser bonita e gostosa e você é muito estranha garota.
GIGI: E você é o que?
Borracheiro ignorante? Tá achando que eu sou igual aquelas piriguetes que ficam
se esfregando naquela oficina suja de graxa? Eu tenho classe, você vai ver, eu
ainda vou ver muito famosa.
JORGINHO: Tô sabendo, você é
como todas elas. As mulheres piram nesse braço aqui! (Jorginho mostra o braço).
MERCEDES: Chega de tanta
besteira, os dois! Jorginho, termina de comer e você, Brígida, pode ir colocar
comida num prato, ou eu te mando de volta pro Ceará, quero ver se você vai ser
modelo comendo buchada.
GIGI: É Gigi, tia.
(Levanta-se). E já que a senhora insiste tanto, eu vou, mas comerei só um
pouquinho. Enquanto a você, borracheiro, eu não piro nesse seu braço torto nem
nessa, nem na próxima vida.
JORGINHO: Vai vendo, vai
vendo!
Cena
11 – Flat de René [Interna/Noite]
RENÉ: Morta? Você quer eu
arrume um laudo médico comprovando que a sua irmã gêmea está morta, é isso
mesmo que eu ouvi?
(Ingrid carregava
um copo de uísque nas mãos ao sentar no colo de René, que estava no sofá do
flat).
INGRID: Exatamente, se a
minha mãe acreditar que a minha irmã está realmente morta, ela vai desistir
dessa ideia estapafúrdia de continuar procurando por ela. Eu não quero outra
irmã, essa família já é grande demais...
RENÉ: Isso não é uma
coisa que possa mudar, meu bem. Sua irmã existe, isso é fato. Ela pode estar em
qualquer lugar desse país, inclusive nessa cidade.
INGRID: Não, isso não. A
Isabela não pode estar em São Paulo, inclusive, ela não vai aparecer. Eu sou
capaz de matá-la para impedir que isso aconteça.
RENÉ: Eu nunca entendi
esse ódio gratuito que você sente por essa irmã, dos outros eu já percebi que
você não gosta, aliás, você só gosta de você mesma, mas a Isabela, você a odeia
de uma forma...
INGRID: Você não sabe o que
é ser rejeitada. Eu cresci sendo deixada de lado, minha mãe sempre estava
ocupada procurando a Isabela, pensando na Isabela, sofrendo pela Isabela,
chorando pela Isabela. Enquanto a Ingrid? A Ingrid que se danasse! Ela só
pensava naquela maldita, enquanto eu fiquei a míngua. Depois, ela começou a
trabalhar, nasceram os meus irmãos, então ela precisava se dedicar aos outros
dois, que eram menores e eu fiquei esquecida. Imagine então se essa infeliz
aparece? A minha mãe vai ficar com peso na consciência, porque provavelmente
ela é uma maltrapilha, passa necessidades, fome... Minha mãe vai querer dar o
céu a ela, isso inclui nosso dinheiro e a agência.
RENÉ: Você é doente, não
existe isso.
INGRID: Você não entende
nada porque não tem mãe, não tem família, é filho de chocadeira!
RENÉ: (Enforca Ingrid) Eu
acho melhor você medir as palavras antes de falar comigo, porque se não, quem
vai morrer é você, enquanto a Isabela vai andar por aí aproveitando a vida e o
seu dinheiro.
Música da cena:
Apaga a Luz – Gloria Groove
INGRID: (Tira as mãos de
René do seu pescoço e desliza pelo próprio corpo) Eu adoro essas suas mãos,
isso tudo é desejo por mim?
RENÉ: (Empurra Ingrid na
cama) Eu vou te dar o que você merece e vai te acalmar!
(Ingrid e René
transam no flat dele).
Cena
12 – Mansão Germai (Quarto de Malu e Alfredo) [Interna/Noite]
(Malu
abre uma gaveta de seu closet e tira o par de sapatinhos de crochê de Ingrid e
relembra de Amélia, quando fez os dois pares para as gêmeas).
MALU: (Fala consigo
mesma) O que terá lhe acontecido minha filha? Será que eles cuidaram de você
com carinho? Eu nunca deixei de pensar em você um só dia de minha vida, nunca,
nem por um instante.
(Betânia observa
Malu da porta do quarto).
BETÂNIA: A senhora vai
encontrar a sua filha desaparecida, tenho fé em nossa senhora de Aparecida, fiz
até promessa!
MALU: (Seca as lágrimas
do rosto) Betânia, você está aí, eu nem tinha te visto. Obrigada por todos
esses anos que tem estado conosco, você é uma verdadeira amiga.
BETÂNIA: Eu acompanhei sua
luta, seu sofrimento desde o começo. Deus não falha, ele jamais iria permitir
que algo acontecesse com a sua filha, você irá encontrá-la bem e vocês nunca
mais irão se separar.
MALU: Que assim seja,
minha amiga. Que assim seja, porque enquanto vida eu tiver, eu vou buscar a
minha filha.
Cena
13 – Flat de René [Interna/Noite]
RENÉ: Me conta uma coisa,
o que você pretende fazer se por um acaso, você assumisse a presidência da
agência?
INGRID: Muita coisa,
querido, muita coisa.
RENÉ: Muita coisa o que?
INGRID: Eu vou passar tudo
para o meu nome e não vou dar nenhum centavo aos meus irmãos, eles são dois
medíocres. Pérola jura que vai conseguir dinheiro com aquelas fotografias tremidas
dela, enquanto meu irmão Antônio tem alma de pobre, adora prestar serviços para
o SUS, vê se pode? Imagina, eu gastando a minha beleza na saúde pública,
atendendo filho de pobre com lombriga? Cruzes!
RENÉ: Mas e a sua mãe?
INGRID: Sua paixão proibida?
(Ironiza).
RENÉ: Não sei do que você
está falando.
INGRID: Sabe sim, aliás
todo mundo sabe. Você não consegue disfarçar sua obsessão por ela, basta ela
aparecer, que você lança seu olhar impetuoso. Pode tirar seu cavalinho da
chuva, porque a minha mãe jamais irá olhar pra você.
RENÉ: Isso que você
pensa, a sua mãe ainda vai ser minha, pode anotar!
INGRID: Só se for nos seus
sonhos querido, vai sonhando, porque em pé vai cansar. (Ingrid se enrola num
lençol de linho branco e vai até o banheiro para tomar banho).
Cena
14 – Hospital Paulo Toledo [Interna/Noite]
(Miguel
compra um café na lanchonete, sem perceber que seu tio, Alfredo se aproxima).
ALFREDO: Miguel, o que está
fazendo aqui?
MIGUEL: Duas vezes na mesma
semana e no mesmo lugar. Não, antes que o senhor pergunte, eu não estou doente,
nem a minha mãe.
ALFREDO: A trabalho?
Deixe-me adivinhar, por conta do tiroteio no túnel?
MIGUEL: Sim, inclusive
estou acompanhando duas moças que conheci hoje, uma delas foi baleada, mas já
está bem.
ALFREDO: Se quiser, posso
examiná-la.
MIGUEL: Acho que não
precisa, ela foi muito bem atendida, tio. Entretanto, eu quero apresentá-los,
falei de você para uma delas.
ALFREDO: Ela é? Rapaz, estou
reconhecendo esse olhar.
MIGUEL: Deixa de bobagem,
Doutor Alfredo e vamos lá no quarto, que irei te apresentar as duas.
(Miguel e Alfredo
caminham por um extenso corredor do hospital até chegarem ao quarto onde
Marcela estava).
MIGUEL: (Abre a porta do
quarto) Meninas, esse aqui é o meu tio Alfredo, diretor do hospital!
(A imagem foca em Alfredo ao entrar no quarto de Marcela, a
cena congela e o capítulo encerra com o som de uma câmera fotografando).
Obrigado pelo seu comentário!