Cena 1/ Restaurante/ Tarde
Fabiana entra no restaurante, vestida de maneira diferente, sem nada chamativo. Ela se dirige até a mesa.
Fabiana - Mamãe... Feliz Aniversário!
Teresa - (Emocionada) Minha filha... Você veio...
Fabiana - (Sorri) Claro que viria, mãe... Eu sou sua filha. (T) E você, Natalia... Como está?
Natalia - Estou bem, Fabiana... E você?
Fabiana - Também vou bem... Trabalhando e morando no meu apartamento, mas... Isso não importa. (T) Trouxe presentes para todos , principalmente para minha mãe querida.
Fabiana entrega os presentes, que são perfumes.
Teresa - (Sorri) Obrigada, minha filha... Fazia tempos que você não comprava um presente.
Fabiana - (Sorri) Ah, mãe...Esse tempo me fez mudar e repensar nas minhas atitudes .
Tadeu - (Sarcástico) Mudar é bom, mas leva tempo...
Fabiana vê o filho de Tadeu e Natália e se aproxima.
Fabiana - Ai que linda criança... É Tomás, não é?
Tomás - Xim!
Fabiana - (Reflexiva) Quanto tempo fiquei longe de vocês... (T) Sabe que... Andei pensando muito, e o motivo principal que me fez vir aqui foi para... (Deixa escorrer uma lágrima) Para pedir perdão...
Teresa - (Emocionada) É claro que perdôo, filha... As Mães devem perdoar...
Natália - (Reflexiva) Isso, mãe... E não quero guardar rancor da minha própria irmã.
Ouvindo as palavras de Natália, Tadeu também se dirige à Fabiana, receoso.
Tadeu - Bem, Fabiana... Para mim tudo ficou no passado, e o perdão é a melhor atitude.
Fabiana - (Com lágrimas nos olhos) - Muito obrigada... (T) Me dá um abraço mãe...
Teresa abraça Fabiana, que sorri para a câmera.
Cena 2/ Casa de Larissa e Miguel / Noite
Larissa e Miguel assistem TV, enquanto começa a chover. Nesse momento, ouve-se um barulho na porta.
Miguel - O que será isso?
Miguel abre a porta e percebe ser uma caixa preta.
Miguel - (Surpreso) São para você, Larissa...
Larissa - (Curiosa) Mas quem me enviaria uma caixa como essa?
Larissa pega a caixa e abre, em seguida, se assusta com o conteúdo.
Larissa - Meu Deus... Pétalas de rosas negras... Quem terá enviado uma coisa dessas? E com um cartão e tudo...
Em seguida, Larissa começa a mexer nas rosas, até que encontra um cartão, escrito com letras de forma. Assustada, ela começa a ler.
Larissa - Rosa Negra
De espinhos longos, pétalas escuras,
Cresce..., Ah!, cresce, bela e florescente,
A rosa que não cresce noutra gente;
Que não cresçam saudades e tristuras.
E expõe suas mil faces, tão impuras,
E exala seu perfume entorpecente,
E cresce..., como cresce!, cresce rente;
À árvore apodrecida das venturas.
Suga, p'ra sua seiva enegrecida,
Esta rosa, a minh'alma, minha vida...
Rosa negra, oh! vil rosa conspurcada,
Por que fui te plantar?! Que grande enfado!
Ah!, como pude ser tão enganado?!...
Acreditado, o amor, ser flor dourada?!
Miguel - (Assustado) Meu Deus... Eu não conheço esse, parece algo fúnebre...
Larissa - (Preocupada) Eu nem sei o que pensar... Parece que... (Põe a mão na cabeça) Eu acho que é coisa do Antonio.
Miguel - (Surpreso) Será? (T) Se for levar em conta a fuga dele, podemos dizer que sim... (Passa a mao no cabelo) Está tudo muito estranho...
Larissa - Sabe qual é o pior? Ele já sabe onde moramos, e se... (Deixa escorrer) Ele perseguir a gente?
Miguel se põe sério.
Miguel - Aí ele vai se ver comigo, e com a polícia, nem que ele volte de novo para trás das grades.
A câmera foca em Miguel , e é possível ouvir barulho de trovões.
Cena 3/ Pousada/ Quarto / Tarde
Cláudio e André se beijam novamente no quarto da pousada. Dessa vez, eles estão cobertos, enquanto trocam inúmeras carícias.
André - Meu amor... Como você é gostoso... Ahhhh...
Cláudio - Fico nas nuvens com você, gato...
Nesse momento, um gerente bate na porta, assustando o casal, que se veste rapidamente.
Claudio - (Irritado) Afff, quem é que bate à porta essa hora?
Claudio abre a porta, e percebe ser o gerente.
Cláudio - (Surpreso) Oi... Aconteceu alguma coisa?
Gerente - (Sério) O seu parceiro está aí?
Nesse momento, André aparece e o recepciona.
André - Boa tarde... Sou o marido do Cláudio...
André estende a mão para o gerente, que se recusa a cumprimentá-lo.
Gerente - Bem... Aqui temos alguns protocolos à cumprir, e... Vocês não se encaixam nos nossos padrões.
André - Como assim?
Gerente - Você e seu parceiro... Aqui é um lugar de família, e não podemos pedir certos comportamentos.
Cláudio - (Irritado) Como é? Certos comportamentos? Espero que não tenha se referido ao fato de eu e André sermos homossexuais.
Gerente - Vocês devem saber... E com toda certeza, muita gente nao estaria bem com essas coisas, ver duas bichas andando pra lá e para cá juntos e de mãos dadas.
André - (Irritado) Olha aqui, seu homofóbico! Você não tem direito de nós dar sermão, respeito seu trabalho, mas não somos bichas... Somos dois homens gays, que queremos respeito. (T) Estamos comemorando nosso aniversário de casamento e escolhemos esse lugar por pensarmos que seria um lugar digno, e vejo que...
Cláudio - (Interrompe-o) Eu quase perdi a vida, e quero ter a oportunidade de comemorar o aniversário com o meu amor, e não ser insultado!
Gerente - Pois então... Comemorem em outro lugar, porque, aqui é um lugar de respeito.
O gerente deixa o local, e a câmera foca em André, furioso.
Cena 4/ Restaurante/ Noite
Já é noite, e Fabiana ainda está reunida com sua família. Então, ela se levanta da mesa.
Fabiana - Bem... Foi muito bom nos reunirmos, mas preciso ir.
Teresa - (Preocupada) Mas, filha... Está chovendo muito... Vai lá pra casa que depois você vai.
Natália - (Aproxima-se da irmã) É Fabi... Começou a chover mais forte, mas eu e Tadeu vamos de carro. (T) Podemos te levar.
Fabiana - (Sorri) Obrigada, mas... Não precisa. Eu peço um UBER e chego em casa rapidinho...Aliás, eu já até pedi.
Teresa - (Preocupada) Mas filha... Você vai pegar chuva. Cancela o pedido e você vai amanhã...
Fabiana - (Sorri) Não tem problema, mãe... Já estou acostumada , e (Olha para o celular) meu UBER já está chegando, aí vou para o meu apartamento. (T) Mas senti falta de todos,podem ter certeza.
Teresa - (Sorri) Então se é assim... Foi bom te rever, filha ...
Teresa estende os braços e abraça Fabiana. Em seguida, as duas irmas também se abraçam, porém Fabiana muda o olhar.
Fabiana - (Em pensamento) Trouxas...
A câmera foca no olhar de Fabiana.
Cena 5/ Pousada/ Quarto/ Noite
Cláudio e André mostram estar bastante irritados com o fato. André anda pelo quarto, enquanto Claudio está sentado na cama, com semblante de irritação.
André (Irritado) - Melhor arrumarmos logo a mala e sair desse local...
Cláudio - Eu tô muito... (Soca a cama)... Cara, esse homem estragou nossa comemoração para colocar a gente pra fora, e você tem noção do que è? Homofobia, e estou com muita raiva, cara... Muita...
André - (Irritado) E eu também, amor... Esse lugar é de gente homofóbica, e... Pena que não disse mais coisas, a vontade era de...(Soca a mão) Dar uma na cara desse nojento, homofóbico de ...
Claudio - (Interrompe-o) Pior que ainda está chovendo, e nem nisso ele pensou... Só quis saber de mandar a gente embora porque a gente é gay... (T) Deus que me perdoe, mas queria que ele ou alguem conhecido passasse pelo que esse homem fez com a gente...
André - (Anda pelo quarto) Ah, mas isso não vai ficar assim, não... A gente vai embora e vai meter um processo, para mostrar que tem que deixar a gente em paz... (Chuta a cama) Que ódio, cara... Que ódio...
Claudio - Calma, cara... Não vamos resolver nada de cabeça cheia...
Nesse momento, ouve-se um trovão. Cláudio vai até a janela e se assusta.
Cláudio - Nossa, está chovendo muito... Não sei se vai dar para a gente ir...
André - (Irritado) A gente vai... Melhor sairmos antes que aquele cara apareça...
André se levanta e pega sua mala, em seguida, joga a mala de Claudio na cama.
André - Vamos logo, Claudinho...
A câmera foca no olhar de preocupação de Claudio.
Cena 6/ Casa de Miguel e Larissa/ Noite
Larissa e Miguel se preparam para dormir, na cama do quarto. Eles trocam suas roupas, porém Larissa se mostra preocupada.
Larissa - Sabe... Eu ainda não consegui esquecer aquele cartão e aquelas flores...
Miguel - (Pensativo) Eu também... Mas ainda não temos nada concreto de que é mesmo o Antônio.
Larissa - (Suspira forte) Eu estou com medo, Miguel... Tudo isso é muito ameaçador... Parece que à qualquer momento o pior pode acontecer.
Miguel - Sim, amor... Mas como disse, não temos 100% de certeza que seja o Antônio , embora tudo esteja se encaixando, principalmente com essas rosas pretas, para mim é algo fúnebre, até senti uma energia pesada.
Miguel - (Coloca um cobertor) Sabe de uma coisa... Acho melhor esquecermos isso e tentar dormir... Não podemos ficar atormentados o tempo todo... (Dá um beijo em Larissa) Precisamos descansar, viu? Boa noite...
Larissa - (Preocupada) Certo... Boa noite, Amor...
Larissa desliga o abajur, e a câmera se desloca.
Cena 7/ Morro/ Casa de Antônio / Noite
A cena se inicia ao som de Sinfonia No. 9 em D Menor: II. Scherzo. Bewegt, lebhaft - Trio. Schnell" - Anton Bruckner . A câmera chega até o banheiro onde Antonio toma banho, enquanto cantarola. Em seguida, Antônio deixa o banho e enxuga os cabelos, e é possível ver um visual platinado.
Antonio - Hahaha ha... Ficou do jeito que eu queria... Agora ninguém vai reconhecer o meu cabelo antigo. Agora vamos ver... (Pega um barbeador) Sem barba, ficaria melhor ainda...
Antonio começa a raspar toda a barba, e é possível ver os fios caindo pela pia. Em seguida, a câmera retorna para Antonio, que passa a mão no rosto.
Antônio - (Sarcástico) Lisinho como bebê... Fazia tempo que não via meu rosto assim...
Em seguida, Antonio deixa o banheiro e caminha para o quarto e pega um telefone. Ele liga para um homem misterioso.
Antonio - Alo? É o Ivan Castro...
Homem - (Com um cigarro em mãos) Hum... O que você precisa?
Antônio - Preciso de algumas coisas, para mudar o meu visual. Posso passar aí amanhã?
Homem - Claro que pode... E não esquece do dinheiro.
Antonio - Certo, vou pagar tudo...
Antonio desliga o telefone e olha para o espelho, quando ri novamente.
Antonio - Não tem como isso dar errado...
Cena 8/ Rua/ Noite
A câmera chega em uma rua parcialmente engarrafada. É possível ver uma chuva forte, e ouve-se alguns trovões. Em seguida, é possível ver André dirigir depressa.
Claudio (Preocupado) - Vai mais devagar, André... Está chovendo muito.
André - (Irritado) Quero ir logo para casa... E ainda está engarrafado, vamos demorar horas para chegar em casa.
Cláudio - É melhor demorar horas do que sair correndo... (T) Você já olhou o velocímetro? 80 quilômetros, está ficando perigoso...
André - (Irritado) Eu sei dirigir, amor... (Trovoada) Eu já saí em chuva pior.
Claudio - (Irritado) Chuva não é brincadeira, cara... Já dá para ver o alagamento, qualquer hora a gente fica ilhado.
André - Só sei que estou furioso com aquele cara, e nem sei porque fomos para uma pousada tao longe...
Claudio - Fomos comemorar o nosso aniversário... (T) E se não tivesse essa chuva, não estaríamos nessa... (T) O sinal até fechou, vamos ter que esperar.
André espera por algum tempo, até que o sinal abre e acelera. Nesse momento, eles entram em um cruzamento e aparece um caminhão na direção do carro.
Claudio - (Desesperado) Cuidado, André!
André desvia, porém, por causa da velocidade, o carro se desgoverna e capota várias vezes. É possível ver André com o rosto ferido, e caído por cima de Claudio, também desmaiado.
Cena 9/ Casa de Alessandro / Noite
Alessandro está assistindo o jornal, junto com seus pais Ivan e Telma . Ainda chove forte, e eles demonstram estar preocupados .
Telma - Nossa... Esta chovendo bastante... Já é o terceiro noticiario que assisto falando...
Alessandro - Está sim, mãe... (Suspira) Lembro daquela chuva forte que caiu no Rio de Janeiro e quase inundou aqui.
Ivan - Eu lembro, filho... Esse dia foi muito complicado. Infelizmente, quem mora no subúrbio sempre sofre, além de sermos ignorados pelos governantes.
Alessandro - Por isso estou estudando Direito... (T) E lembro de ter ficado até preso na faculdade, só pude ir embora depois de um tempo.
Telma - (Reflexiva) E isso nós que vivemos no subúrbio, a gente já passa por isso... Imagine quem vive nas comunidades?
Alessandro - Verdade, mãe... E esse pessoal vive praticamente na pobreza, aí vem os deslizamentos, as notícias ruins... E de notícia ruim, já basta o que estamos vivendo.
Telma - Sim, filho... Notícia ruim já estamos vendo com esse alagamento, e... Rezo para que não tenha vítimas...
A câmera volta para o noticiário, onde foca no jornalista.
Jornalista - " Um acidente de carro aconteceu nas proximidades do Irajá. Dois jovens estavam no carro, que derrapou e acabou capotando. Eles foram levados ao hospital. "
Alessandro - (Assustado) Eita...
Cena 10 /Casa de Fabiana/ Noite
Fabiana está sentada no sofá da sala, assistindo TV. Nesse momento, ela pega o celular e liga para Antônio em uma chamada de vídeo.
Antônio - Alô?
Fabiana - Oi Amor... Como está?
Antônio - Tô bem, Fabi... E aproveitei essa chuva para dar uma mudada.
Fabiana - (Sorri) Eu estou vendo ... Tem alguma motivação?
Antônio - Hahaha... Meu disfarce, ué... (Sarcástico) Ah, e eu mandei um singelo presente para a Larissa.
Fabiana - (Curiosa) E qual foi?
Antônio - (Maléfico) Rosas pretas com um poema dentro da caixa. Quero que ela saiba que vou me vingar dela.
Fabiana - (Sorri) Aí sim... (T) Já eu fui no aniversário da minha mãe. Fiz minha parte, pedi perdão... Mas viu continuar como eu sou. (Sarcástica ) Um veneninho nunca é demais.
Antônio - Então... A gente vai se unir de novo... (Faz sinal de arma) Assim a gente consegue o que a gente quer... (Sarcástico) Ainda mais agora que eu sou Ivan Castro.
Fabiana - (Sorri) Certo, Ivan... E vou dar uma passada aí amanhã. (Abre o decote) Sinto sua falta.
Antônio - Hum... Até amanhã então ...
Antônio desliga e Fabiana começa a rir.
Fabiana - Ai... Trouxa quem pensa que eu mudei...
Cena 11/ Hospital / Manhã
A câmera chega o hospital, onde já é manhã, e Cláudio está deitado na cama com um curativo na cabeça. Lentamente, ele se move e abre os olhos.
Claudio - (Com dores) Ah... Ah...
Cláudio olha ao seu redor, e percebe alguns medicos.
Claudio - (Tenta sentar na cama) Eu... Ah... Eu estou no hospital?
Medico 1 - Sim... Houve um acidente grave, e vocês foram trazidos para cá.
Claudio - (Põe a mão na cabeça) Eu só lembro de ver o carro derrapando e só... E agora... Ahhh... Estou aqui na cama.
Médico 2 - Por sorte você teve ferimentos leves, mas vai precisar ficar em observação pelo menos 48 horas, para saber se não houve nenhuma lesão.
Claudio - E... Como... Como está o André?
Os médicos olham um para o outro, e em seguida dão a resposta.
Médico 1 - Bem... Infelizmente ele teve lesões mais graves, e... Nesse momento encontra-se em coma.
Cláudio - (Desesperado) Como assim em coma?
Médico 2 - Ele sofreu traumatismo craniano, dentre outras lesões, mas...
Antes que o médico termine de falar, Cláudio retira o acesso e se levanta da cama, mesmo com dores.
Medico 2 - (Preocupado) Por favor, se acalme... Você não pode deixar o quarto...
Claudio - (Desesperado) Eu preciso ver o meu amor...
A câmera foca nos olhos cheios de lagrimas de Claudio.
Cena 12/ Escola / Exterior/ Manhã
Larissa caminha pela calçada com Felipe e Clara. Felipe carrega sua mochila do Batman, enquanto Clara caminha com sua roupa de princesa. Os dois chegam na escola.
Larissa - (Sorri) Então crianças... Chegamos.
Felipe - (Animado) Sim mamãe Larissa... E hoje tenho prova também.
Larissa - Então... (Acaricia os cachinhos de Felipe) Que você faça uma boa prova, viu?
Felipe - (Abre um sorriso) Está bem...
Larissa agacha para falar com Clara.
Larissa - E você, filha... O que vai fazer?
Clara - Eu vo bincá.
Larissa - (Sorri) Está certo, princesa...
Em seguida, Larissa entra na escola, e é recebida pela diretora.
Diretora - Bom dia... Trouxe os seus filhos?
Larissa - Trouxe sim...
Diretora - Bem... As professoras já estão prontas para formar...
Larissa - Então já vou indo... (Joga beijo) Tchau, filhos...
Felipe - Tchau!
Clara - Chau!
Em seguida, Larissa deixa a escola e segue caminho, e de repente, um homem misterioso caminha e esbarra nela.
Larissa - (Irritada) Olha por onde anda...
O homem olha para Larissa por alguns segundos, e é possível perceber ser Antônio.
Larissa - (Assustada) Quem é esse homem?
A câmera foca no olhar de Antonio.
Cena 13/ Faculdade/ Manhã
Alessandro deixa a sala de aula e caminha pelo pavimento. Ele passa por outras salas, até que encontra Mário.
Mário - (Estende a mão) E aí , Alessandro! Você por aqui?
Alessandro - (Cumprimenta-o) Estava dando um passeio, e... Ia falar com um professor. (T) E você?
Mário - (Sarcástico) Na aula, né? Mas pelo menos fui bem na prova. (T) Ontem foi difícil, nem consegui estudar por causa da chuva à noite.
Alessandro - Choveu muito mesmo... Eu que moro num lugar que sempre alaga, fico sempre com medo.
Mário - É tenso, cara... Por isso que digo que os políticos nao ligam. (T) E sua namorada?
Alessandro - Ela não veio hoje, teve um problema, depois vou visitar ela...
Mário - Vai dar tudo certo, cara... E à propósito, tem 20 reais pra me emprestar? Tô sem grana...
Alessandro - (Abre a carteira) Tenho sim, depois você me paga.
Alessandro pega o dinheiro, mas sem perceber, deixa cair seu RG.
Mário - (Sorri) Valeu...
Alessandro - (Apressado) Até amanhã, preciso ir...
Alessandro sai, e Mário percebe o RG de Alessandro caido.
Mário (Malicioso) Ah, moleque... Vou precisar dele...
A câmera foca no olhar de Mário.
Cena 14/ Hospital / UTI/ Manhã
Claudio chega ao quarto da UTI onde está André. O rapaz possui alguns hematomas e a cabeça enfaixada. Alem disso, André está intubado.
Claudio - (Com lágrimas nos olhos) Meu amor... O ... O que aconteceu com você...
Médico - O paciente sofreu sérias lesões, e há pouco tempo, passou por uma cirurgia de retirada do baço, além da preocupação por causa do estado de coma e da hemorragia
Claudio se aproxima do esposo e o acaricia.
Cláudio - Se não tivéssemos saído tão depressa, isso não estaria acontecendo... (T) Ele vai acordar?
Medico - (Com semblante preocupado) Infelizmente não sabemos... O trauma foi grave, mas estamos fazendo o possível para salvar o paciente.
Claudio - (Desesperado) Por favor... Faça o possível, eu não posso ficar sem ele... Por favor ...
Percebendo o desespero de Claudio, o medico se compadece.
Médico - Eu entendo a sua dor, perdi um filho num acidente de carro, então... Desejo do fundo do coração que o André se recupere.
Claudio - (Com lágrimas nos olhos) Sem ele, minha vida não tem sentido...
A câmera foca em André, na inerte na cama do hospital.
Cena 15/ Biblioteca/ Manhã
A câmera foca em Miguel, que organiza algumas prateleiras, com semblante preocupado. De imediato, Geraldo decide falar com ele.
Geraldo - (Preocupado) Houve alguma coisa, Miguel? Está tão quieto...
Miguel - (Pensativo) É que... Você deve saber que o Antônio fugiu da cadeia...
Geraldo - Sim, a Célia havia me falado.
Miguel - Então... Antes, teve aquele caso no auditório, depois teve aquele poema ameaçando a Larissa, e ontem... Recebemos uma caixa com rosas pretas e outro poema, bem pesado.
Geraldo - (Preocupado) E porque não vão à policia?
Miguel - A gente ainda não foi porque não temos como afirmar que é o Antônio... Não tem nada endereçado, nem ao menos foi enviado do correio. (T) E não quero assustar a Larissa.
Geraldo - Mas... É melhor você ir até à delegacia e denunciar essas cartas, antes que o pior aconteça. Se quiser , eu até até ajudo... Não pode deixar esse cara assustar todo mundo.
Miguel - (Passa a mao no cabelo) Certo, Geraldo... (T) E me ajuda a terminar aqui? Ficou meio fora de ordem.
Geraldo - Ajudo sim...
Eles continuam trabalhando.
Cena 16/ Hospital / UTI/ Manhã
Andre permanece desacordado, sendo monitorado por alguns médicos. Fora do quarto, Claudio mostra estar preocupado, com as mãos no rosto.
Cláudio - André, por favor... Você tem que ficar bem, por favor...
Nesse momento, um médico aparece.
Médico - Como está, Claudio? Sente alguma coisa?
Cláudio - (Com semblante preocupado) Por ... Por enquanto não sinto nada... Mas não consigo ficar bem vendo o André assim dessa maneira, numa cama...
Médico - Enquanto há vida, há esperança... E você precisa se manter forte, até mesmo pelo seu esposo.
Claudio - (Deixa escorrer uma lágrima) Eu... Eu não posso perdê-lo.
A câmera se volta para André, onde aparecem batimentos oscilarem.
Médico 1 - O paciente está entrando em choque... Há possibilidade de nova hemorragia.
Medico 2 - Há alteração na frequência respiratória, 20 por minuto, e há palidez no paciente, estamos correndo contra o tempo, caso contrário o paciente entrará em colapso.
A câmera se volta para Claudio, que ora sem parar.
Cláudio - (Desesperado) Por favor, Deus... Salve o meu amor...
A tela congela em Claudio, formando um livro.
GANCHO
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