Type Here to Get Search Results !

EM SEU LUGAR - CAPÍTULO 01 (Estreia)

 




Capítulo 01 – Estreia

 

Campinas, Interior de São Paulo – 2021

Cena 01 – Presídio Feminino Santa Luzia [Externa/Manhã]

Música da cena: Amarelo, Azul e Branco – ANAVITÓRIA, Rita Lee

 

(Imagens áreas percorrem a cidade de Campinas e mostram os prédios da cidade. Carros percorrem grandes avenidas, pessoas transitam de um lado para o outro. O dia está ensolarado e em seguida surge a fachada do presídio feminino com muros altos. No interior do local, a diretora Carmen estava em sua sala checando alguns relatórios quando ouviu alguém bater na porta).

 

CARMEN: Pode entrar! (Diz ao ouvir as batidas).

CRISTINA: (Abre a porta e entra na sala) A senhora mandou me chamar, diretora?

CARMEN: Mandei sim, minha querida. Entre, sente-se... Precisamos conversar! (Diz ao pausar a leitura e tirar os óculos do rosto, em seguida ela pega seu isqueiro em cima da mesa e acende um cigarro).

CRISTINA: (Senta-se na cadeira em frente à mesa de Carmen) Aconteceu alguma coisa? A senhora está tão séria! É alguma coisa sobre o meu trabalho no escritório? A senhora não deveria fumar tanto, esse vício ainda vai te matar.

CARMEN: Não, não, não se preocupe. Eu não tenho do que reclamar do seu comportamento, muito menos do seu trabalho. Pelo contrário, poucas detentas aqui dentro tiveram a sua conduta durante esses cinco anos que você passou aqui. Bom, mas não é sobre isso que eu quero falar com você. É sobre isso aqui... (Carmen abre uma gaveta em sua escrivaninha e retira um envelope, mostrando-o a Cristina).

CRISTINA: (Estranha o comentário da diretora) Não entendo, o que significa esse envelope?

CARMEN: (Sorri com um brilho nos olhos) É um indulto, o seu indulto. Graças ao escritório de advogados voluntários e ao ministério público, um indulto foi concedido e a sua pena foi finalizada. Para a justiça, você já cumpriu o suficiente da sua pena, principalmente por não ter tido participação direta naquele crime.

CRISTINA: (Surpreende-se) Isso quer dizer que eu...

CARMEN: Sim Cristina, amanhã você estará livre para recomeçar a sua vida como tanto sonhou.

CRISTINA: Meu Deus! Obrigada, obrigada, obrigada... (Repete emocionada).

 

(Após receber a notícia que mudaria sua vida, Cristina correu pelos corredores do presídio e foi até a cela onde esteve alojada durante anos. Ela precisava compartilhar sua felicidade com sua melhor amiga, Amanda).

 

AMANDA: Livre? Mas isso é maravilhoso, amiga! (Abraça Cristina empolgada).

CRISTINA: Eu sei, eu não estou cabendo em mim mesma de tanta felicidade. Eu sonhei com isso durante tantos anos. Eu vou poder refazer a minha vida, estudar, ser alguém e construir a minha própria família. Eu vou te ajudar a sair daqui também. Ficaremos juntas, você é como a minha irmã.

AMANDA: (Se entristece e vai até sua cama, onde se senta) Ah, não se preocupe comigo. Nossos casos são bem diferentes, Cris! Você serviu basicamente como piloto de fuga do seu ex-namorado canalha que sumiu no mapa, por isso você acabou pagando a culpa sozinha pelo assassinato daquela grã-fina. Eu fui pega com a mão na massa!

CRISTINA: (Vai até onde Amanda está sentada e fica ao seu lado) Não senhora! Pare de falar assim, você errou, mas você mudou e eu sou prova disso. Você aplicou golpes, mas se redimiu e se esforçou. Eu acompanhei sua evolução nos últimos anos, enquanto eu trabalhava no administrativo, você se dava muito bem na contabilidade. Ninguém é melhor com números, como você...

AMANDA: (Sorri sem jeito) Eu vou sentir a sua falta, sabia?

CRISTINA: Eu nunca vou te deixar, você faz parte da minha família, Amanda. (Abraça a amiga novamente para consolá-la).

 

São Paulo, Capital – 2021

Cena 02 – Indústria Assumpção [Interna/Tarde]

(A indústria Assumpção era uma grande fabricante de molho de tomate, exportava para todo o país e também para o exterior. Sua presidente era a arrogante e autoritária Marion Assumpção. No escritório da empresa, todos ficavam eufóricos e tensos com a sua chegada).

 

TIAGO: (Corre pelo escritório) A bruaca está vindo!

(Os funcionários correm para suas devidas posições. Secretárias calçam os sapatos, algumas retocam a maquiagem, enquanto outras trocam a página da internet no computador para relatórios).

TIAGO: (Senta em sua mesa e finge estar distraído no computador).

(As portas do elevador se abrem, Jacqueline a assistente de Marion surge primeiro e logo em seguida, Marion aparece).

JACQUELINE: (Caminha apressadamente atrás de Marion, enquanto lhe deixa a par sobre seus compromissos do dia) Dentro de quinze minutos a senhora terá uma reunião com os acionistas, às 15 horas tem uma entrevista com a revista de empreendedores e às 17 horas iremos fazer degustação do cardápio para a festa de 40 anos da empresa.

Música da cena: Jura Secreta – Lucinha Lins

MARION: E o meu filho, já chegou? (Questiona enquanto caminha de óculos escuros, segurando sua bolsa e nariz em pé).

JACQUELINE: Já sim, senhora. O Senhor Murilo está na sala dele, quer que eu mande chamá-lo? (Questiona com um bloco de anotações nas mãos).

MARION: Evidentemente! Diga ao Murilo para ir até a minha sala imediatamente, quero discutir com ele alguns pontos da reunião com os acionistas. Todos ao trabalho! (Ordena e em seguida entra na sala da presidência).

(Na sala da presidência).

MARION: Mas esses relatórios estão horríveis. Será possível que você não consegue fazer nada que se aproveite, Murilo? Parece o inútil do seu pai! (Reclama ao jogar os relatórios em cima da mesa).

MURILO: Nossa, que mal humor. Que bicho te mordeu, mamãe? Eu fiz tudo do jeito que a senhora me pediu, está exatamente como me instruiu. (Recolhe os relatórios).

MARION: É claro que não! Você quer me culpar por essa porcaria e pela incompetência do seu trabalho? Saiba que se não fosse por mim, se não fosse por ter comandado essa indústria com mãos de ferro, nós não estaríamos no patamar onde estamos. Você sempre faz escolhas erradas, nisso você se parece com o seu pai e com a sua... (Cala-se).

MURILO: Com quem, mamãe? Com a minha irmã? Com a Marina? (Questiona ao perceber a sensação de incomodo da mãe).

MARION: Não volte a mencionar esse nome. A sua irmã está morta e enterrada. Entendeu? Morta e enterrada. (Responde com raiva).

MURILO: A senhora sabe muito bem que isso não é verdade. A Marina está bem viva. Tão viva como eu e a senhora. Me responde uma coisa mamãe, mesmo com o passar de todos esses anos, a senhora não se arrepende do que fez com a minha irmã?

MARION: Vejo que a sua memória está muito saudosista, Murilo. Permita-me corrigi-lo... Que nós fizemos! Não esqueça que você me ajudou a desaparecer com aquela bastarda. Foi melhor assim! (Responde fazendo pouco caso).

MURILO: Melhor para quem, mamãe? A armação não funcionou, pelo contrário, apenas serviu para juntar ainda mais a minha irmã com aquele operário morto de fome. A Marina nunca superou a suposta morte da filha, qual terá sido o destino daquela menina?

MARION: Já chega! Eu não quero continuar falando da sua irmã, daquele operário pobretão e muito menos ainda daquela bastarda. O dinheiro que dei a Milú foi o suficiente para bancar a menina até a fase adulta sem que nada lhe faltasse. Agora saia da minha sala e me deixe sozinha, tenho mais o que fazer do que ficar recordando esse passado tenebroso. (Vira a cadeira giratória e olha para a janela).

MURILO: Como quiser, mamãe! (Murilo levanta e sai da sala).

MARION: Eu fiz o que qualquer mãe teria feito. (Responde a si mesma reflexiva).

 

Cena 03 – Casa de Marina e Antônio, Bixiga - SP [Interna/Tarde]

(Letícia caminhava pelo quarto procurando pela madrasta a quem considerava como sua verdadeira mãe. Ao entrar no quarto, encontrou Marina entretida em suas recordações).

 

MARINA: (Está sentada em sua cama, com uma caixa de recordações no colo, enquanto segura um sapatinho de bebê, não consegue conter o choro).

LETÍCIA: (Entra no quarto e encontra Marina deprimida) Pensando na minha irmã de novo, mãe?

MARINA: Oi, minha filha! Nem te vi chegar, eu estava aqui lembrando da sua irmã. Se a Anna Luiza estivesse viva, ela teria 25 anos. (Coloca o sapatinho na caixa e a fecha).

LETÍCIA: (Senta na cama ao lado da mãe) Deus escreve certo com linhas tortas, mãe. A Anna Luiza está no céu, olhando por nós e com toda certeza desse mundo, ela tem muito orgulho da mãe que nós temos. Agora seca essas lágrimas, seus olhos são tão lindos, não combinam com essa tristeza. Hoje eu vou fazer aquela entrevista para o escritório de advogados, me deseje sorte!

MARINA: Você é uma menina de ouro, a filha que toda mãe gostaria de ter. Mesmo não tendo saindo do meu ventre, assim como o Daniel, eu tenho muito orgulho de vocês. Vocês dois e o seu pai com certeza foram a melhor coisa que me aconteceu em toda essa vida. Tenho certeza de que esse emprego será seu.

LETÍCIA: Eu já vou, me promete que não vai mais chorar?

MARINA: Eu prometo e vou preparar um jantar delicioso para comemorarmos! (Beija a cabeça da filha e em seguida a abraça).

 

Campinas, Interior de São Paulo

Cena 04 – Presídio Feminino Santa Luzia [Interna/Noite]

 

(Após o jantar, Amanda e Cristina já estavam reclusas em sua cela enquanto preparavam-se para dormir).

 

AMANDA: Você já sabe o que vai fazer quando chegar em São Paulo? (Questiona deitada em sua cama).

CRISTINA: Eu vou me instalar em algum quartinho ou pensão, arrumo um emprego e faço vestibular. Quero fazer faculdade de administração, quem sabe não monto meu próprio negócio? (Responde empolgada).

AMANDA: Amiga, você não tem curiosidade em saber quem são seus pais biológicos? Você foi criada por aquela senhora, mas ela morreu cedo e você foi parar em um orfanato depois disso. Seus pais nunca apareceram, nunca mais você soube deles?

CRISTINA: Não, nunca mais soube nada deles. A Milú foi muito boa comigo, mas ela nunca me falava sobre eles. Agora eu não acho que vou encontrá-los novamente, pode ser que eles nem estejam mais vivos. Seguirei minha vida assim mesmo, do jeito que ela está, melhor evitar decepções, frustrações e mais dor. Acho que foi isso que nos uniu ainda mais, sabia? O fato de assim como eu, você ser órfã.

AMANDA: Eu não sei se sou órfã na verdade, a única coisa que eu sei é que fui deixada na porta de um abrigo. Maldito sejam os meus pais por terem me obrigado a ter esse destino fracassado!

CRISTINA: Não fale assim, Amanda. Não tenha ressentimento dos seus pais, você nem sabe o motivo que os levou a fazer isso com você.

AMANDA: Nada do que você fale, vai me fazer mudar de ideia, mas não vamos falar sobre isso. Eu quero que continue me contando um pouco mais sobre o que vai fazer em São Paulo, afinal os seus sonhos são como se fossem meus.

 

São Paulo, Capital – 2021

Cena 05 – Castro & Rios, Advogados Associados [Interna/Manhã]

Música da cena: Não Sai Da Minha Cabeça – Flávio Ferrari e Gabriel Nandes

(A noite vai embora e logo surge um dia ensolarado. Surge a Avenida Paulista e a Avenida Ipiranga extremamente movimentadas. Em seguida, a fachada do escritório de advogados aparece com a transição de cenas).

 

ULISSES: (Caminha pelo escritório enquanto cumprimenta algumas pessoas. Em seguida, entra na sala que divide com seu sócio) Bom dia, bom dia!

ANDRÉ: Nossa, até que enfim você apareceu. Está de bom humor? (Questiona sentado em sua mesa).

ULISSES: Nada, apenas acordei com a sensação de que a minha vida está para mudar.

ANDRÉ: Você vai comigo fazer a liberação das detentas em Campinas? Esse caso é seu, você quem começou com essa coisa de ações voluntárias.

ULISSES: Infelizmente hoje não poderei participar. Tenho uma reunião importante com um cliente em potencial, não posso perder.

ANDRÉ: Mas você nem chegou a conhecer as duas moças que estamos defendemos, sempre ocupado. Olha, elas são muito bonitas! Você não sabe o que está perdendo...

ULISSES: É, infelizmente não vai dar mesmo. Cumprimente-a por mim e se coloque a inteira disposição pelo nosso escritório. Agora eu vou para a sala de reuniões.

ANDRÉ: Pode deixar! (Conclui).

 

Campinas, Interior de São Paulo

Cena 06 – Presídio Feminino Santa Luzia [Externa/Manhã]

 

(Amanda conduzia Cristina com os olhos vendados na direção do refeitório do presídio).

 

CRISTINA: Mas para onde você está me levando, Amanda? (Questiona ao caminhar).

AMANDA: Não seja ansiosa, logo você vai descobrir!

(Ao adentrar no refeitório, Amanda retira a venda dos olhos de Cristina e revela uma festa surpresa para comemorar a despedida dela).

CRISTINA: Ai gente, pra mim? Não precisava...

CARMEN: Precisava sim! Apesar de estarmos em uma detenção, sentiremos muito a sua falta. Aqui está o que você tanto sonhou, a sua liberdade! (Entrega o documento com a ordem de soltura de Cristina).

CRISTINA: Muito obrigada, diretora. Eu serei eternamente grata pela oportunidade de ressocialização que me deu aqui dentro, saiba que eu usarei tudo o que aprendi aqui dentro para ser uma pessoa melhor lá fora.

CARMEN: Eu tenho certeza que sim! Agora se apresse, logo, logo o ônibus que vai para São Paulo deve sair da rodoviária.

CRISTINA: Sim senhora! (Responde sorridente).

Música da cena: Oceana – OUTROEU, Melim.

(Algum tempo depois, Cristina surge em outra sala assinando alguns documentos. Em seguida, ela tira o uniforme do presidio e veste roupa comum. Em outra sala, ela recolhe seus pertences guardados desde quando foi detida. Com a transição de cenas, surge a área externa do presidio e os grandes portões de abrem).

CRISTINA: (Sai do presídio e olha para a rua emocionada) Eu vou fazer valer a pena essa oportunidade, meu Deus... Obrigada! (Em seguida, Cristina corre até o ponto de ônibus e sobe no coletivo que a levará até São Paulo).

 



São Paulo, Capital

Cena 07 – Indústria Assumpção [Interna/Tarde]

(Murilo deixou sua sala, pois precisava adiantar alguns assuntos da festa de aniversário da empresa que iria acontecer em pouco tempo, quando encontrou com Jacqueline).

 

MURILO: E a minha mãe? (Questionou arrumando sua maleta).

JACQUELINE: Já foi, senhor. Ela quis sair um pouco mais cedo, ela está muito nervosa com os preparativos para a festa. (Respondeu).

MURILO: Foi o que pensei!

(As portas do elevador se abrem e Stella surge logo em seguida, trata-se da esposa de Murilo e nora de Marion).

STELLA: Meu amor, eu vim te buscar. Você vive enfurnado nesse escritório, precisamos nos preparar para a festa de 40 anos da empresa. Eu vou te levar ao shopping, precisamos escolher o seu traje, vamos? (Beija o marido ao se aproximar).

MURILO: Eu já terminei meu expediente por hoje. Agora vamos, não quero que a minha mãe fique aborrecida conosco. Até depois, Jacqueline! (Despede-se).

STELLA: Até logo, Jacqueline. (Sai de braços dados com o marido).

JACQUELINE: Até amanhã, senhor! (Responde).

 

Cena 08 – PUC-SP, Universidade [Interna/Tarde]

(A universidade estava extremamente movimentada, em uma das salas de aulas, as alunas estavam em polvorosas).

 

ALUNA 01: Ai, ele é tão lindo! (Suspira).

ALUNA 02: Esse professor é um espetáculo, um verdadeiro pedaço de mal caminho. Assim, eu até esqueço de estudar!

ALUNA 03: O que ele tem de bonito, tem de triste. Soube que nunca se recuperou após a morte da esposa. Parece que ela foi assassinada durante um assalto!

Música da cena: Quando A Chuva Passar – Renan Pitanga

(Um homem surge de costas escrevendo num quadro negro. Em seguida ele se vira e podemos ver o seu rosto, trata-se de Rodrigo, o professor de administração).

RODRIGO: E então, quem pode me citar os três principais pilares da administração geral? (Questiona aos alunos).

 

Campinas, Interior de São Paulo

Cena 09 – Presídio Feminino Santa Luzia [Interna/Tarde]

 

(Amanda estava em seu posto de trabalho na contabilidade do presidio quando foi interrompida).

 

CARCEREIRA: A casa caiu, Amanda. O nosso esquema foi descoberto!

AMANDA: Como assim? Do que você está falando, criatura? (Questiona).

CARCEREIRA: A diretora quer te ver, ela descobriu alguns erros na contabilidade e quer falar com você. Eu acho que ela descobriu que estávamos roubando.

AMANDA: Mas não é possível, eu fiz tudo direito. Como é possível?

CARCEREIRA: Não sei, ela estava com uma cara...

AMANDA: E onde ela está?

CARCEREIRA: Na sala dela. Vai vê-la?

AMANDA: Vou! Eu preciso contornar a situação, se de fato ela descobriu, preciso dar um jeito de engabelar isso tudo para que ela não dê com a língua nos dentes. (Levanta-se e deixa a sala).

(Amanda percorreu um extenso corredor em direção a sala da diretora do presídio. Ao chegar, bateu na porta e entrou em seguida).

CARMEN: (Abre e fecha a base de seu isqueiro enquanto esperava alguém em sua sala).

AMANDA: (Abre a porta e entra na sala da diretora) A senhora queria falar comigo?

CARMEN: (Fecha o isqueiro e o coloca em cima da mesa) Queria, na verdade eu quero. Eu quero que você me explique desde quando está desviando dinheiro aqui dentro?

AMANDA: Desviando dinheiro? Eu não sei do que a senhora está falando.

CARMEN: Não seja cínica, Amanda. Como você pode ser tão mau-caráter assim? Eu te dei uma oportunidade, eu confiei em você e olha como você retribui? Me apunhalando pelas costas, logo agora... Logo agora!

AMANDA: Não é nada disso que a senhora está pensando, eu posso explicar.

CARMEN: Ah, você pode explicar? Então me explica, aliás, melhor ainda. Vamos deixar as explicações para o juiz revisar a sua pena. Logo agora que ele tinha reconsiderado o seu caso e também ia te ceder liberdade provisória. Eu não tenho outra alternativa, Amanda. Eu não posso te deixar impune, eu vou te denunciar.

AMANDA: (Encara a diretora).

 

Cena 10 – Terminal Rodoviário Tietê [Interna/Tarde]

 

São Paulo, Capital

(O ônibus estaciona em uma das plataformas do terminal rodoviário, ao abrir as portas, Cristina desce do veículo segurando uma pequena mala).

 

CRISTINA: (Observa ao redor) Cheguei, São Paulo! Aqui é onde eu vou reconstruir a minha vida. (Fala consigo mesma e em seguida começa a caminhar).

(Cristina caminha pelas ruas, sem perceber que está sendo seguida por um assaltante).

ASSALTANTE: (Arranca a bolsa de Cristina e sai correndo) Perdeu, gatinha!

CRISTINA: Moço, aí está tudo o que eu tenho e os meus documentos, moço! (Grita).

(Sem ter alternativas, Cristina começa a perseguir o assaltante e corre atrás dele para tentar recuperar sua bolsa).

 

Campinas, Interior de São Paulo

Cena 11 – Presídio Feminino Santa Luzia [Interna/Tarde]

 

(Imagens externas apresentam as principais avenidas da cidade de Campinas. Em seguida surge a fachada do presídio).

 

AMANDA: Não, você não pode fazer isso. Eu preciso sair desse lugar, eu mereço ter uma vida nova e longe daqui.

CARMEN: Pensasse nisso antes de cometer esse desfalque. Você não muda, Amanda. Sempre querendo se dar bem em cima dos outros, sempre com golpes. (Carmen fica de pé e caminha até um arquivador. Em seguida, ela abre uma das gavetas e retira o dossiê de Amanda).

AMANDA: O que é isso? (Estranha ao ver a pasta na mão da diretora).

CARMEN: Aqui é todo o seu histórico, inclusive o seu alvará de soltura está aqui dentro, porém eu irei revogá-lo. Eu vou ligar agora mesmo para a promotoria do estado. (Carmen coloca a pasta na mesa e tira o telefone do gancho. Em seguida, ela começa a discar o número).

AMANDA: (Desespera-se e arranca o telefone da mão de Carmen, puxando-o pelo fio) Não! Você não vai fazer isso, eu não permito.

CARMEN: Você ficou louca, só pode! Me devolva agora mesmo esse telefone ou você irá se arrepender, Amanda.

AMANDA: (Pega a pasta em cima da mesa com seu alvará de soltura e levanta-se) Não, eu vou pegar o meu alvará e vou desaparecer daqui. Você nunca mais terá notícias minhas, nunca mais! (Amanda joga o telefone longe e caminha em direção da porta).

CARMEN: (Corre na direção de Amanda e tenta recuperar a pasta) Me devolve essa pasta, você não vai sair daqui. Pelo contrário, você vai ficar e vai ficar por muitos anos.

AMANDA: Não, eu não vou! (Segura a pasta com força e tenta se desvencilhar de Carmen).

CARMEN: Vai, vai sim... Você não passa de uma bandida! (Grita na cara de Amanda).

AMANDA: Me larga! (Grita e em seguida empurra Carmen).

CARMEN: (Após ser empurrada, se desequilibra, cai e bate a cabeça na quina da mesa. Em seguida, ela cai ao lado da escrivaninha com os olhos vidrados).

AMANDA: (Aterroriza-se ao perceber uma poça de sangue se formar junto ao corpo de Carmen).

 

São Paulo, Capital

Cena 12 – Ruas de São Paulo [Externa/Noite]

 

(Cristina continuava perseguindo o assaltante pelas ruas de São Paulo sem saber bem a direção onde estava indo, muito menos onde estava ao certo. As pessoas na rua estranhavam a movimentação, mas nada faziam para ajudar a jovem).

 

CRISTINA: Volta aqui, devolve a minha bolsa! (Grita enquanto corre atrás do assaltante).

(Enquanto isso, numa avenida próxima, Ulisses voltava para casa após uma reunião com clientes de seu escritório).

 

ULISSES: (Tenta sintonizar a rádio do carro enquanto dirige).

(Cada vez mais próxima, Cristina segue perseguindo o homem que havia lhe roubado).

 

ASSALTANTE: Essa desgraçada não desiste! (Fala consigo mesmo enquanto corre).

CRISTINA: Você não vai escapar. Eu aprendi a não desistir de onde eu vim, cara!

ASSALTANTE: (Atravessa a rua correndo).

CRISTINA: (Segue o assaltante, mas é surpreendida por um carro vindo em sua direção).

(O carro freia bruscamente, cantando pneu no asfalto e por pouco não atinge Cristina em cheio).

Música da cena: A Primera Vista – Pedro Aznar

 

ULISSES: (Olha para Cristina surpreendido com sua beleza).

CRISTINA: (Observa Ulisses dentro do carro assustada).


CONTINUA!

Trilha Sonora Oficial - Clique Aqui




Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.