Capítulo 11
Cena 01 –
Restaurante Magô [Interna/Noite]
(Ulisses estava entre Cristina e
Amanda, mas não entendia de onde elas se conheciam).
ULISSES: Ué, vocês já se conhecem?
CRISTINA: É claro que sim, somos amigas. Praticamente irmãs, nos conhecemos no...
AMANDA: (Interrompe Cristina e a abraça fortemente) Amiga, que saudade!
Cena 02 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Noite]
Música da cena:
Oceana – OUTROEU, Melim
(Imagens aéreas percorrem a capital
paulista e mostram São Paulo com todas as suas luzes. Em seguida, surgem as
ruas do bairro do Bixiga e a fachada da casa de Antônio e Marina).
MARINA: Sente-se melhor? (Questionou Letícia, enquanto estava sentada no sofá,
ao lado de Antônio).
LETÍCIA: (Senta-se no sofá ao lado) Agora sim, estava muito enjoada.
MARINA: Então quer dizer que você e o pai do seu filho se acertaram?
LETÍCIA: Sim! Nos vemos, ele foi carinhoso comigo e se desculpou pelo o que me
disse. Acho que agora vamos nos acertar de vez, mamãe!
MARINA: Que excelente notícia, Letícia. Se as coisas continuarem se acertando
desse jeito, em breve teremos casamento.
ANTÔNIO: (Muda de canais com o controle remoto, até que pausa em um canal de
fofocas).
(O programa fazia
cobertura do jantar que Marion Assumpção estava promovendo aos novos
investidores de sua empresa).
JORNALISTA: Estamos no bairro Itaim, na Zona Leste de São Paulo. A Família
Assumpção está promovendo um badalado evento de negócios neste local... Marion
Assumpção está chegando nesse momento... Marion, como se sente essa noite? (Diz
ao se aproximar de Marion com o microfone em sua direção).
MARION: Muito bem! Há algumas semanas a nossa empresa completou 40 anos e agora
damos boas-vindas aos novos investidores. Sem dúvida, é uma noite muito
especial e eu espero que todos se divirtam. Agora tenho que ir, boa noite!
(Despede-se da imprensa).
(Da sala de estar, todos
estavam em silêncio devido ao clima tenso que havia pairado).
MARINA: Eu estou com dor de cabeça, melhor me deitar agora. Boa noite!
(Levanta-se do sofá bruscamente e vai para o quarto).
LETÍCIA: (Olha para o pai, sem saber o que fazer).
ANTÔNIO: Nenhuma palavra! (Diz olhando para Letícia).
Cena 03 – Sobrado
de Sofia [Interna/Noite]
(Com o bar fechado, Sofia e Tiago
aproveitavam para assistir TV e estavam eufóricos com a cobertura do jantar
onde Cristina estava).
TIAGO: Acho tão emocionante esse universo das celebridades. Como será que a
Cristina está?
SOFIA: Linda como saiu e com aquele rostinho de princesa, tenho certeza que se
passando por uma daqueles ricaços normalmente. Cristina tem porte, elegância.
Quem ver, poderia apostar que ela é de família nobre!
TIAGO: Tem razão, mãe. Se eu não soubesse que a Cristina é órfã, diria que ela
é uma mulher rica.
SOFIA: Ela não é órfã, ela foi abandonada. Tanto a mãe, como o pai podem estar
vivos e surgirem quando menos esperarmos! (Diz reflexiva).
Cena 04 –
Restaurante Magô [Externa/Noite]
(De braços dados, Cristina e Amanda
caminharam até uma área externa do restaurante, onde podiam conversa mais a
vontade e com privacidade).
CRISTINA: Eu juro que não entendo, como você veio parar nesse lugar e o que faz
aqui?
AMANDA: Ai amiga, tanta coisa aconteceu e em tão pouco tempo. É inacreditável
como tudo mudou.
CRISTINA: Do que você está falando, Amanda?
AMANDA: Eu encontrei a minha família!
CRISTINA: A sua família? Mas você nunca me falou muita coisa sobre a sua família,
pensei que fosse órfã.
AMANDA: Eu encontrei a minha avó. Eu sou a neta de Marion Assumpção, a
milionária.
CRISTINA: O que? (Surpreende-se).
AMANDA: É, eu sei que é muito confusa essa história, mas é a mais pura verdade.
A minha avó me abandonou no passado e não me aceitou ainda como neta e ninguém
sabe da nossa verdadeira relação. Todos pensam que sou uma sobrinha postiça.
CRISTINA: Mas isso é monstruoso, Amanda. Como pode se prestar a esse papel? E
principalmente depois de agora, agora que sabe que ela te abandonou e não te
quer como neta...
AMANDA: Eu aguento tudo isso por amor, Cris. Eu quero ter uma família e o meu
único desejo é o de recuperar a minha família. Quero muito reencontrar os meus
pais, saber onde eles estão e o que aconteceu com eles, mas para isso preciso
conseguir a confiança da minha avó. Me prometa amiga, me prometa que vai
guardar segredo disso que eu acabo de te contar.
CRISTINA: (Olha para Amanda sem saber o que responder).
Cena 05 –
Restaurante Magô [Interna/Noite]
(Murilo conversava com alguns
empresários, quando avistou Stella de longe, acompanhada de um homem estranho).
MURILO: (Despediu-se dos sócios e se aproximou de Stella) Atrapalho?
STELLA: (Nervosa, tentou disfarçar) Esse daqui é Gustavo Silveira...
VAVO: (Estende a mão para Murilo).
MURILO: (Olha para a mão de Vavo e o ignora) Empresário?
STELLA: Imprensa... Isso, da imprensa. Ele trabalha para um site e veio fazer a
cobertura do evento.
VAVO: (Recolhe a mão) Isso, exatamente. Estou prestigiando essa grande noite!
MURILO: E de onde se conhecem?
STELLA: (Bebe um gole de champanhe para disfarçar).
Cena 06 – Cobertura
de Rodrigo [Interna/Noite]
(Na sala de estar, Rodrigo montava um
quebra-cabeça com Cissa).
CISSA: Anda, papai. O senhor tem que encontrar as peças mais depressa!
RODRIGO: Calma, minha filha. Não é tão fácil como parece! (Diz procurando as
peças).
VILMA: (Observava os dois, sentada no sofá).
CAIO: (Sai da cozinha e passa pela sala).
CISSA: Já sei, precisamos de reforços para resolvermos esse quebra-cabeça...
Vem Caio, só falta você! (Diz olhando para Caio).
CAIO: Eu? Nem morto, isso é mó chato!
RODRIGO: É uma boa ideia, vem Caio. Junte-se a nós!
CAIO: (Senta-se ao lado do pai e da irmã, meio desconsertado).
Cena 07 –
Restaurante Magô [Interna/Noite]
(Ao voltarem para o salão principal
do restaurante, Amanda e Cristina se separaram. Amanda foi falar com Marion,
enquanto Cristina foi ao encontro de Ulisses).
CRISTINA: Demorei, mas voltei!
ULISSES: Que grande coincidência, quem poderia imaginar que vocês duas se
conhecem e estariam hoje no mesmo lugar.
(Após pegar um copo
com uísque, servido por um dos garçons, André caminhou entre os convidados do
jantar e logo foi até Ulisses).
ANDRÉ: Boa noite! Será que eu os interrompo? (Diz surpreso, ao vê-lo com
Cristina).
ULISSES: André, meu caro. Pensei que não viria, faz tempo que chegou?
ANDRÉ: E você, Cristina? O que faz nessa festa? Você é a última pessoa que
imaginei ver aqui.
CRISTINA: Doutor Rios, quanto tempo! Como vai? (aperta a mão do advogado).
ULISSES: Não! Será possível que vocês também já se conhecem?
ANDRÉ: Claro e você também teria conhecido ela no dia marcado, se não tivesse
escapado do nosso encontro.
ULISSES: Eu não estou entendendo. Do que está falando?
ANDRÉ: Cristina é uma das detentas que defendemos naquele programa solidário
do governo. Ela foi a moça para quem conseguimos aquele induto no presídio de
Campinas.
ULISSES: (Surpreende-se com a revelação).
CRISTINA: (Fica em silêncio após André revelar todo o seu passado para Ulisses).
Cena 08 – Ruas de
São Paulo [Externa/Noite]
Música da cena:
Tudo De Novo – Negra Li
(Com a transição de cenas, surgem
imagens das grandes avenidas na cidade. No centro, um bar pequeno funcionava
com poucos clientes, boa parte deles embriagados. Entre eles, surgiu uma mulher
de costas e que observava a TV).
MULHER: (Assiste ao
programa de TV e reconhece Amanda entre os convidados) É ela, pilantra... Como
será que conseguiu se meter no meio dessa gente, como?
Cena 09 –
Restaurante Magô [Interna/Noite]
(Amanda se aproximou de Marion, que
estava com alguns convidados).
MARION: Onde você estava e quem era aquela moça com quem estava falando?
AMANDA: Ela é uma velha amiga, de Campinas...
MARION: De Campinas? Você não se atreveu a falar sobre nós, se atreveu?
AMANDA: Vovó, foi inevitável. A Cristina é a minha melhor amiga, não temos
segredos.
MARION: Maldição! O que você pretende? Você quer jogar o meu sobrenome na
sarjeta? Eu acho bom essa sua amiga não dar com a língua nos dentes ou eu acabo
com você, entendeu? Acabo! (Sai e deixa Amanda sozinha).
AMANDA: Como a infeliz da Cristina veio parar justamente nesse jantar? O que
ela tem com o Ulisses? Eu preciso descobrir! (Pensa em voz alta).
Cena 10 – Sobrado
de Sofia [Externa/Noite]
Música da cena: Seu
Lugar – Lucas Mennezes
(Com a transição de cenas, surgem as
ruas do bairro do Bixiga. Ulisses estacionou seu carro em frente ao sobrado
onde Sofia morava. Durante o caminho, Cristina não havia dado nenhuma palavra).
ULISSES: Você não vai dizer nada? Acho que nós dois precisamos conversar!
(Questiona após desligar o carro).
CRISTINA: Como o que por exemplo? Falar do meu passado nunca foi fácil,
principalmente depois dos últimos anos. Agora que você já sabe de tudo, tem o
total direito de não querer me ver. Eu vou entender!
ULISSES: E quem foi que disse que eu não vou mais querer te ver?
CRISTINA: Mas Ulisses, eu sou uma mulher com um passado conflituoso. Estive na
cadeia, acusada de um crime que não cometi, mas quem vai acreditar nisso? Eu
não sei quem eu sou, quem foi minha mãe, meu pai, nem se tenho irmãos, avós,
primos ou tios. Eu não tenho uma história concreta para te contar, porque é
como se a minha vida fosse um castelo de areia que desmoronou, um espelho
quebrado em mil pedaços.
Música da cena: A
Primera Vista – Pedro Aznar
ULISSES: Cristina, eu gosto de você do jeitinho exatamente como é, independente
do seu passado. Agora eu quero te fazer uma promessa!
CRISTINA: Promessa? Que promessa?
ULISSES: (Olha nos olhos de Cristina) A primeira é que eu faço questão de te
ajudar a provar a sua inocência. Já a segunda, eu vou procurar pistas sobre a
sua família e prometo encontrar os seus pais.
CRISTINA: Meus pais? Mas Ulisses, eu não tenho nada para te oferecer em troca,
para te recompensar por fazer tudo isso por mim.
ULISSES: Eu só preciso de uma coisa, o seu amor! (Beija Cristina, que
corresponde).
Cena 11 – Cobertura
de Rodrigo [Interna/Manhã]
(O dia amanhece nublado em São Paulo.
Os ônibus percorrem as grandes avenidas na cidade e as pessoas caminham de um
lado para o outro nos grandes centros. Em seguida surge a fachada do edifício
onde Rodrigo morava com os filhos. Rodrigo preparava-se para ir até a
universidade onde trabalhava, quando ouviu o telefone tocar e correu para
atender).
RODRIGO: Eu atendo, pode deixar! (Disse ao se aproximar do telefone e retirá-lo
da base) – Alô? Maria Paula, como vai? (Reconhece a voz da advogada).
MARIA PAULA: Olá Rodrigo, como vai? (Pergunta do outro lado da linha).
RODRIGO: Eu vou bem, por aqui tudo em ordem. Inclusive, estava indo para a
universidade, tenho algumas aulas para aplicar. Aconteceu alguma coisa? Alguma
novidade sobre os assassinos da minha esposa?
MARIA PAULA: Eu continuo com as investigações, não se preocupe. Na verdade, eu
liguei para lhe comunicar que tenho uma viagem. Vou participar de alguns
projetos em Brasília, devo passar um certo tempo fora, mas estarei no celular
para o que precisar.
RODRIGO: Que pena, nem nos despedimos. Poderíamos ter marcado um almoço ou um
jantar...
MARIA PAULA: Eu vou cobrar esse jantar quando retornar. Lembre-se de que eu sou uma
advogada muito esperta e você não deve fazer promessas em vão.
RODRIGO: Me prometa, Maria Paula. Me prometa que não vai sossegar enquanto não
colocar novamente essa dupla de assassinos na cadeia! (Pede firmemente em
ligação).
Cena 12 –
Indústrias Assumpção [Interna/Manhã]
(Com a transição de cenas, surge a
fachada da indústria Assumpção. Amanda desceu do carro após o motorista abrir a
porta. Em seguida, ela caminhou pelos corredores da empresa com um ar de
superioridade, sem falar com ninguém).
AMANDA: (Se aproxima do elevador social e pressiona o botão para que ele venha
até o térreo).
(Enquanto Amanda
esperava o elevador chegar ao andar onde estava, o elevador de serviço abriu as
portas e dele, saiu uma faxineira com um carrinho de limpeza).
AMANDA: (Olha para o lado rapidamente e após notar algo familiar na faxineira,
ela tira os óculos escuros e se certifica de que é quem ela realmente imagina
que seja) Cristina?
CRISTINA: (Vira-se e se depara com Amanda) Amiga, não esperava te ver aqui tão
cedo.
AMANDA: Como não me esperava? Você trabalha aqui e não me disse nada?
CRISTINA: Eu não tive como, principalmente depois de tudo o que você me contou,
mas agora já sabe. Sim, eu trabalho aqui! Consegui essa vaga de serviços gerais
e está sendo muito bom pra mim. Não vai me dar um abraço? (Diz ao abrir os
braços).
AMANDA: (Sorri) Claro! Claro que sim. (Vai até Cristina e a abraça. Em seguida,
fala consigo mesma através do pensamento). – Era só o que me faltava, essa
sonsa infiltrada aqui dentro como faxineira. Preciso dar um jeito de tirá-la
daqui, não posso correr o risco de que a velha descubra que ela é a verdadeira
neta.
CONTINUA!
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