Capítulo 16
Cena 01 – Sobrado
de Sofia [Interna/Noite]
(Manipuladora, Amanda já havia saído
de casa com todas as possibilidades de questionamentos de Cristina muito bem
amarrados).
AMANDA: (Vira-se, ficando de costas para Cristina e começa a chorar) Você não
me entende, não se coloca no meu lugar e não percebe o quanto isso tudo é muito
difícil para mim.
CRISTINA: Isso é difícil para todos, principalmente para os seus pais Amanda.
Eles sofrem um luto há mais de vinte e cinco anos. Um luto que nem existe!
(Dispara).
AMANDA: Pra mim também é, amiga. Eu sempre pensei que os meus pais tinham me
abandonado e de repente, minha vida mudou da noite para o dia. Eu sempre sonhei
com uma família unida e feliz, mas tudo o que eu encontrei foi ódio e
ressentimento. Eu sinto uma necessidade de consertar tudo isso, de tornar esse
ambiente feliz, restaurado! (Diz enquanto finge chorar).
CRISTINA: (Se compadece) Calma, também não precisa ficar assim. Tudo bem, eu
aceito que você tenha esse tempo, mas que não demore muito. Mentira tem perna curta
e a sua mãe precisa saber a verdade, isso é justiça para todos vocês.
AMANDA: (Vai até Amanda e abraça) Só você para me entender amiga, não sei o que
seria de mim sem você. Eu te amo tanto, sabia? (Diz com cara de nojo).
Cena 02 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Noite]
Música da cena:
Because You Loved Me – Claudia Rezende
(Com a transição de cenas, Marina
surgiu na cozinha de sua casa cozinhando, quando ouviu Letícia chegar em casa).
LETÍCIA: (Fecha a porta após entrar acompanhada) Cheguei e trouxe companhia para
jantar!
MARINA: Murilo Neto, que bom que veio nos visitar de novo! (Beija o sobrinho no
rosto).
LETÍCIA: Estamos unidos por mais uma coincidência, acredita? Eu e o Murilo Neto
vamos trabalhar na mesma ONG! (Diz ao jogar a bolsa em cima do sofá).
MARINA: (Estranha) O Murilo Neto trabalhando na ONG? Ué, eu pensei que você
fosse assumir a empresa!
MURILO NETO: Acredito que todo mundo teve essa impressão, mas que a verdade seja
dita, tia. Eu não tenho nada a ver com os negócios da nossa família. Eu não me
vejo engravatado, dentro de um escritório durante toda a minha vida. Eu quero
fazer alguma coisa pelas pessoas, pelo nosso planeta. Eu quero ser útil, mais
do que enriquecer e me tornar famoso diante a sociedade.
MARINA: (Acaricia o rosto do sobrinho) Isso é muito bonito! Você é tão
diferente do seu pai. Que bom que você decidiu seguir outro destino e comandar
a sua própria vida. Conte comigo para isso, eu sou sua tia e vou estar sempre
aqui.
Cena 03 – Motel [Interna/Noite]
Música da cena:
Vício – Glória Groove
(Enquanto Amanda tomava banho de
hidromassagem, Vavo abriu uma garrafa de champanhe).
VAVO: (Serve as duas taças e em seguida, se acomoda dentro da hidromassagem
ao lado de Amanda) Que foi, porque você está tão pensativa?
AMANDA: (Bebe um gole de champanhe) Uma vez você disse que faria de tudo para
me ajudar, não disse?
VAVO: Disse, porque?
AMANDA: Porque eu acho que vou precisar de alguns favores.
VAVO: De que tipo de favores estamos falando? (Questiona).
AMANDA: Nada que um bandidinho barato como você ainda não tenha feito. Talvez
você tenha que dar um jeitinho em algumas pessoas que estão no meu caminho.
VAVO: E o que eu ganho com isso? (Fala em tom malicioso).
AMANDA: Muita coisa! Você ganha a mim e uma boa grana que a minha avozinha vai
descolar. (Beija Vavo).
Cena 04 – Mansão
Assumpção [Interna/Noite]
(Com a transição de cenas, surge a
fachada da Mansão Assumpção).
STELLA: Você vai me contar agora mesmo que história é essa que eu acabei de
ouvir. (Disse ao adentrar no quarto com um semblante sombrio).
MURILO: (Abaixa o livro que estava lendo e estranha o comportamento da esposa)
O que foi que te deu? Porque você entrou desse jeito?
STELLA: Que história é essa que a louca da sua mãe vai mudar o testamento? Isso
não pode ser verdade!
MURILO: Quem foi que te contou? (pergunta surpreso).
STELLA: Não importa! O que é mais importante nesse momento é que você vai
impedir essa loucura. O que ela está pensando? Que nós aguentamos esse inferno
durante anos para uma estranha ficar com tudo? Me conta, Murilo. Quem é essa
Amanda e de onde ela saiu? Porque essa súbita vontade da sua mãe em ajudá-la?
(Senta-se na cama, ao lado do marido).
MURILO: Eu não posso falar, além do mais o dinheiro é dela e ela é quem decide.
STELLA: Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. Ela não pode fazer isso,
o único herdeiro da fortuna da família deve continuar sendo o nosso filho. Se
você continuar desse jeito, vamos terminar embaixo da ponte. Essa pobretona não
tem direito a nenhum centavo, Murilo. (Esbraveja).
MURILO: E quem foi que disse a você que não?
STELLA: (Encara o marido, surpresa com o comentário).
Cena 05 – Casa de
Marina e Antônio [Interna/Noite]
(Marina, Letícia, Murilo Neto, Daniel
e Antônio jantavam ao redor da mesa enquanto conversavam animados).
ANTÔNIO: Olha, vou confessar... Eu gostei desse seu sobrinho, viu? Gente boa
demais. Gente como a gente!
MARINA: O que é isso, Antônio? O que o menino vai pensar você falando desse
jeito?
ANTÔNIO: Ué, a verdade! Que felizmente ele não tem nada a ver com a sua mãe e
nem com o seu irmão.
MARINA: Antônio! (Repreende o marido).
MURILO NETO: Não, não se preocupe tia. Eu não estou chateado com o comentário, pelo
contrário, isso é um elogio. Eu não quero o dinheiro da minha avó para formar a
minha vida, eu quero conseguir as coisas por mim mesmo.
DANIEL: É isso aí, eu concordo! (Disse enquanto terminava de comer).
(A campainha toca).
LETÍCIA: Deixa que eu abro! (Disse ao se levantar da cadeira).
(Letícia foi até a
porta e ao abrir, deparou-se com André).
ANDRÉ: (Beija Letícia) Será que ainda posso me juntar ao jantar em família?
MURILO NETO: (Encara André).
Cena 06 – Mansão
Assumpção [Interna/Manhã]
Música da cena: Seu
Lugar – Lucas Mennezes
(O dia amanhece e surge nublado.
Conforme as horas vão se passando, as pessoas logo começam a sair as ruas em
meio a rotina padrão. Em seguida, surge a fachada da Mansão Assumpção. Amanda
saiu do quarto e caminhou pelo corredor, quando ouviu a voz de Stella falando
ao telefone em seu quarto).
AMANDA: (Observa Stella pela brecha da porta).
STELLA: Ah, não Vavo! Eu preciso te ver hoje e não aceito não como resposta. Eu
estou estressada, minha cabeça está fervendo e eu preciso relaxar. Só você sabe
como fazer, hoje à tarde no lugar de sempre. O que me diz? (Questiona falando
ao celular).
AMANDA: Então quer dizer que essa pilantra anda pulando a cerca? Que
interessante saber disso! (Fala consigo mesma).
Cena 07 – Mansão
Assumpção [Interna/Manhã]
Música da cena: Em
Seu Lugar – Lucas Mennezes
(Imagens aéreas percorrem toda a
capital paulista. Pontos turísticos são apresentados, entre eles o MASP,
Avenida Paulista, Beco do Batman e em seguida surge a fachada da mansão. Amanda
tomava café da manhã sozinha, quando Stella desceu).
STELLA: Cadê todo mundo? (Perguntou ao se sentar).
AMANDA: O Murilo e a minha tia já foram para a empresa.
STELLA: E você, o que está fazendo aqui? (Questionou enquanto serviu-se com um
pouco de café).
AMANDA: A minha tia me deu essa manhã de folga, então eu vou dar uma saidinha
daqui a pouco.
STELLA: Folga em plena semana? Você realmente está conseguindo arrancar mais
coisas da Marion, do que qualquer um, não?
AMANDA: Eu não entendi! Isso foi um comentário qualquer ou uma alfinetada?
STELLA: Eu acho que você é muito astuta! Que há algo entre você e a minha sogra
que eu ainda não sei, mas eu vou descobrir. Eu estou de olho em você e eu vou
descobrir qual é a sua, você não me engana, Amanda. Sinto de longe o cheiro de
uma pilantra como você!
AMANDA: (Dá uma gargalhada).
STELLA: O que foi? Eu contei alguma piada?
AMANDA: Eu achei engraçado você me chamar de pilantra, logo você que não passa
de uma vagabunda. Pensa que eu não sei que você anda se esfregando com um
amante por aí? O que será que a sua sogra, seu marido e seu filho diriam quando
soubessem que você anda pulando a cerca como uma cadela no cio?
STELLA: Mas...
AMANDA: (Interrompe Stella) Mas nada, que eu ainda não parei de falar. Eu acho
bom você não procurar nada, porque quem procura acha e modéstia a parte, eu
posso ser bem perigosa. Se eu fosse você, ficaria de boca bem fechada, todos
nós temos segredos, não é mesmo? (Levanta-se da mesa). – Ah, outra coisa! Agora
que colocamos as cartas na mesa, você vai concordar com tudo o que eu fizer a
partir de agora, você vai dar “amém”. Vai me ajudar em tudo o que eu precisar,
entendeu? Agora eu vou dar aquela minha saída, aproveite o café... Titia! (Vai
embora e deixa Stella sem reação).
Cena 08 – Sobrado
de Sofia [Interna/Manhã]
Música da cena:
Because You Loved Me – Claudia Rezende
(Com a transição de cenas, surgem as
ruas do bairro do Bixiga. Marina caminhava pela rua com um vestido estampado.
Sua beleza era notada pelas pessoas com quem ela cruzava pela rua. Em seguida
ela abriu o portão de uma casa e adentrou).
SOFIA: Que surpresa te receber aqui, tão cedo. Você quer comer alguma coisa?
(Perguntou, após se sentar ao lado de Marina no sofá).
MARINA: Não, não precisa se preocupar. Eu estava indo fazer umas compras, como
era caminho resolvi passar aqui para te dar um beijo. Ultimamente só temos nos
vistos para assuntos profissionais.
SOFIA: Verdade menina, os seus quitutes fazem muito sucesso aqui no bar. Todo
mundo ama aquela massa, as vezes nem eu resisto, vou lá e como um, dois.
MARINA: Pois você faz muito bem, amiga. Eu estou achando você muito abatida,
acho que você está trabalhando demais.
SOFIA: Eu ando muito sobrecarregada, não que eu esteja reclamando. O bar anda
bem movimentado, graças a Deus!
MARINA: E porque não vai me visitar? Você nunca mais apareceu lá em casa.
SOFIA: Ah, vou sim. Podemos marcar um dia desses!
MARINA: E a Cristina, onde está? Eu simpatizei muito com essa menina. Sei lá,
sinto uma ligação diferente com ela.
SOFIA: Eu super entendo o que você está sentindo, a Cristina é uma menina incrível.
Ela tem uma história muito sofrida, mas tem muita garra e eu sei que vai
perseverar.
MARINA: Você vai achar que eu estou ficando louca, mas é como se eu visse nela
como a minha filha seria se estivesse viva. (Conclui em tom de lamentação).
Cena 09 – PUC-SP,
Universidade [Interna/Tarde]
Música da cena:
Oceana – OUTROEU, Melim
(Com a transição de cenas, surgiu o
campus da universidade. Cristina caminhou até adentrar na parte interna do
lugar).
MILENA: Caloura? (Perguntou ao se aproximar de Cristina, que estava lendo as
instruções em um dos murais).
CRISTINA: Oi... Sim, eu estou começando hoje!
MILENA: Ah, que ótimo. Qual o seu curso?
CRISTINA: Administração e você?
MILENA: Eu também, mas já estou no terceiro período. O meu nome é Milena e o
seu? (Diz ao estender a mão para Cristina).
CRISTINA: (Aperta a mão de Milena) Eu me chamo Cristina, muito prazer.
MILENA: Já sabe qual será a sua primeira aula?
CRISTINA: Administração e mercado de trabalho...
MILENA: Nossa, boa sorte... Você vai precisar!
CRISTINA: Eu não entendi, porque diz isso?
MILENA: O professor é um ogro! Não é por nada, mas ele é muito grosso. Parece
que tem o prazer em ferrar os alunos, por isso tome muito cuidado com ele. Bem,
nos vemos por aí! (Despede-se e vai embora).
CRISTINA: (Observa Milena ir embora e em seguida volta a caminhar pelo extenso
corredor, por entre os alunos).
Cena 10 – Shopping
Center [Interna/Tarde]
Música da cena:
Bandida - Cleo
(O shopping center estava
movimentado, quando Amanda surgiu de óculos escuros, subindo a escada rolante).
AMANDA: (Olha para as vitrines enquanto anda, em seguida adentra em um restaurante).
VAVO: (Levanta-se ao avistar Amanda se aproximar) Até que enfim, minha gata.
Você demorou!
AMANDA: (Tira os óculos escuros e encara Vavo. Em seguida, ela lhe dá uma
bofetada).
VAVO: O que foi? Porque você fez isso? (Questiona atordoado, com a mão no
rosto).
AMANDA: Não gostou? Presentinho! Isso é por você ter escondido de mim o seu
casinho com a cretina da Stella. (Esbraveja).
Cena 11 – Apartamento
de Ulisses [Interna/Tarde]
(Imagens externas mostram as
principais avenidas da cidade, em seguida surge a fachada do edifício onde
Ulisses morava com o seu avô).
JOAQUIM: (Conversa ao telefone com a neta) O que? Eu não acredito! Repete, minha
neta, repete... Então é mesmo verdade? É claro que o seu irmão vai gostar,
aliás todos nós ficaremos muito felizes com isso. Será um prazer te receber
aqui, que é a sua casa! Quando você chega? Certo, pode deixar que o seu avô
preferido vai preparar tudo. (Conclui).
Cena 12 – PUC-SP,
Universidade [Externa/Tarde]
(Cristina percorreu uma grande área
externa na universidade, ela estava se dirigindo ao bloco onde iria estudar).
CRISTINA: Eu preciso me apressar, se continuar assim vou chegar atrasada no meu
primeiro dia e o professor vai me odiar. (Fala consigo mesma, enquanto apressa
o passo).
(Distraida,
Cristina esbarra com alguém no caminho e deixa seus livros cair).
Música da cena: In
The Silence – Leroy Sanchez
CRISTINA: Desculpa, a culpa foi toda minha! Eu sou uma desastrada...
RODRIGO: (Abaixa e ajuda a recolher os livros) Acho que isso aqui te pertence!
(Sorri ao entregar os pertences de Cristina).
CRISTINA: (Olha para Rodrigo, atônita).
CONTINUA!
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