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EM SEU LUGAR - CAPÍTULO 17



 

Capítulo 17

 

Cena 01 – PUC-SP, Universidade [Externa/Tarde]

(Cristina recolheu todos os seus livros e ficou de pé).

 

CRISTINA: Desculpa mesmo, eu estava andando rápido demais e acabei não te vendo.

RODRIGO: Não se preocupe! Você me parece perdida, está tudo bem?

CRISTINA: (Sorri) Acho que está estampado na minha cara, né? Hoje é o meu primeiro dia, sou aluna do curso de administração.

RODRIGO: Ah, que bacana! Já sabe qual será a sua primeira disciplina?

CRISTINA: Administração e mercado de trabalho, aqui pra nós, ouvir dizer que o professor é um ogro, um super casca grossa.

RODRIGO: Ah, é? Não diga!

CRISTINA: É, dizem que ele é um grosseirão.

RODRIGO: Então é melhor que você não se atrase, vai que ele briga com você.

CRISTINA: Tem razão, é melhor eu ir. Obrigada pela ajuda, até outro dia por aí! (Despede-se).

RODRIGO: Até! (Sorri ao se despedir).

 

Cena 02 – Indústrias Assumpção [Interna/Tarde]

Música da cena: Seu Lugar – Lucas Mennezes

(Com a transição de cenas, surgiu a fachada da fábrica de Marion. No interior da indústria, as grandes máquinas produziam molho de tomate, nas esteiras as latas eram finalizadas para serem distribuídas. Em seu escritório, Marion conversava com Murilo).

 

MARION: E o seu filho, já parou com essa história de ser um defensor das árvores e animais? Que deprimente! (Disse ao entrar na sala).

MURILO: Ah mamãe, a senhora sabe que isso não é um capricho do meu filho. Essa é a vocação, a carreira que ele quer seguir e não nos resta nada a não ser apoiá-lo. (Senta-se na cadeira em frente à mesa de Marion).

MARION: (Senta-se em sua poltrona) Que estupidez é essa que você está dizendo? Não diga tolices, Murilo! Esse não é o destino que eu escolhi para o Murilo Neto.

MURILO: Exatamente, esse não é o destino que você escolheu, porque ele não é como eu sou, fraco. Eu admiro muito isso no meu filho, sabe? Que ele queira decidir e tomar as rédeas do próprio destino.

MARION: Pois eu ainda não desisti, não pretendo aceitar tão facilmente a escolha do Murilo Neto, ele tem de assumir a presidência do grupo, ele será meu herdeiro e eu não abro mão disso.

 

Cena 03 – ONG Amigos da Terra [Interna/Tarde]

(Letícia estava lanchando no refeitório da ONG, enquanto ouvia música no celular).

 

MURILO NETO: (Entrou no refeitório segurando uma bandeja com comida, quando avistou Letícia de longe).

Música da cena: Resposta – Skank

MURILO NETO: Será que eu posso me juntar a você? (Perguntou ao se aproximar).

LETÍCIA: (Tira os fones de ouvido) Oi, nem te vi chegar. Claro, senta aí! Almoçando tarde?

MURILO NETO: (Senta na cadeira, ao lado de Letícia) É, estava atolado de trabalho. E você, só come isso? Não me diga que está de dieta? (Disse ao notar que Letícia estava fazendo apenas um lanche).

LETÍCIA: Ah, não! Eu almocei cedo, mas dizem que nessa fase a mulher fica com mais fome, por isso eu digo que isso aqui é um reforço.

MURILO NETO: Eu não entendi, do que você está falando?

LETÍCIA: (Percebe que Murilo Neto ainda não estava entendendo o que ela queria dizer) Eu esqueci que você ainda não sabia! Eu estou grávida, vou ter um filho do André.

MURILO NETO: Ah, meus parabéns! Que venha com muita saúde.

LETÍCIA: Obrigada, é muito gentil da sua parte!

MURILO NETO: Eu tenho muita vontade de ser pai.

LETÍCIA: Tenho certeza de que você será um pai incrível.

MURILO NETO: (Sorri sem jeito).

 

Cena 04 – PUC-SP, Universidade [Interna/Tarde]

(Cristina se acomodou em uma das cadeiras da sala, enquanto observava seus colegas conversarem. Quando Rodrigo adentrou na sala, ela pensava que ele era um dos seus inúmeros colegas, até que ele colocou seus pertences em cima do birô).

 

RODRIGO: Bom dia a todos e novatos, sejam muito bem-vindos. Antes de começarmos, eu gostaria de deixar um recado para os alunos veteranos que estão assustando os calouros ao meu respeito. Eu sou um ogro sim e não me envergonho disso. Querem que moleza? Sentem num pudim, na minha aula para passar, vocês terão que estudar. Quem não estiver satisfeito, a direção fica no terceiro andar. Agora sem mais delongas, vamos começar! (Fala olhando para Cristina).

CRISTINA: (Sem jeito, olha para baixo e abre o caderno).

 

Cena 05 – Indústrias Assumpção [Interna/Tarde]

Música da cena: Amarelo, Azul e Branco – ANAVITÓRIA e Rita Lee

(Imagens externas mostram o grande fluxo das ruas da capital, os termômetros das avenidas evidenciam que a tarde está seca. Em seguida, surge a fachada da empresa da família Assumpção).

 

AMANDA: Posso entrar? (Questionou ao bater e abrir a porta da sala de Marion).

MARION: Entre! Chegando essa hora? Onde você estava?

AMANDA: Estava em casa, vovó. Depois dei uma passadinha no shopping e vim direto pra cá, ao sair de lá.

MARION: (Checa a hora em seu relógio dourado de pulso) Mas demorou tudo isso?

AMANDA: Ah, sabe como são essas coisas! O motorista parece que não sabe dirigir, ele fez os piores caminhos. Se eu pudesse dirigir, tenho certeza de que chegaria mais rápido. A propósito, eu estava pensando nessa possibilidade, não gosto de incomodar e aí...

MARION: E aí o que, Amanda? Diga de uma vez o que você quer me dizer.

AMANDA: Não me leve a mal com o que eu vou falar, mas eu estava pensando se a senhora não poderia me dar um carro, não precisa ser um do ano, pode ser um seminovo, um usado...

MARION: (Tira os óculos de leitura e observa Amanda) Te dar um carro? E por um acaso você sabe dirigir?

AMANDA: Sei, sei sim! Eu fiz aula lá em... (Quando percebe que pode falar demais, Amanda se cala).

MARION: É, devo admitir que você é uma verdadeira caixinha de surpresa. Vamos fazer o seguinte, por hora, você continuará com os serviços do motorista, eu vou amadurecer a ideia de te dar um carro. Está bem?

AMANDA: Claro! Bem, agora eu vou para a minha mesa, tenho muito trabalho. Com licença!

MARION: Tem toda... (Responde desconfiada).

(Amanda deixa a sala de Marion e do lado de fora, fala consigo em pensamento).

AMANDA: Velha muquirana, continua avarenta! Vai contar centavo no asilo que eu vou te jogar em breve, sua nojenta. (Pensa com um olhar sombrio).

 

Cena 06 – Castro & Rios, Advogados Associados [Interna/Tarde]

(André despedia-se de dois clientes que tinham participado de uma reunião de consultoria com ele e Ulisses, enquanto seu sócio checava a ata da reunião).

 

ANDRÉ: Então fica acordado assim, esperamos vocês aqui na semana que vem. Até logo! (Despediu-se e em seguida fechou a porta da sala de reuniões). – É, se continuar assim, tenho certeza de que iremos ganhar essa causa nos tribunais.

ULISSES: É, mas para isso precisamos estudar e analisar cada brecha do contrato. Não podemos deixar que a defesa encontre algum detalhe despercebido. (Respondeu enquanto lia o documento).

ANDRÉ: (Senta-se sorridente).

ULISSES: Impressão minha ou você está felizinho? Aconteceu alguma coisa?

ANDRÉ: Nada demais, apenas tomei uma decisão muito importante.

ULISSES: (Estranha) Decisão? E eu posso saber que decisão foi essa que você tomou?

ANDRÉ: Mas é claro que pode! Eu decidi que vou me casar. (Responde com um sorriso malicioso nos lábios).


 

Cena 07 – Castro & Rios, Advogados Associados [Interna/Tarde]

(Ulisses estava totalmente surpreso com a decisão de André, que continuava com um sorriso estampado no rosto).

 

ULISSES: Casar? Mas como assim, casar? Você sempre teve horror a compromissos. Não me diga que a Letícia enfim te amarrou?

ANDRÉ: O que há de mal nisso? Ela vai ter um filho meu, eu gosto dela. É natural que eu queira me casar com ela.

ULISSES: Gosta dela, mas não a ama. Isso está estampado na sua cara!

ANDRÉ: Isso de amor não passa de uma bobagem. Não me diga que você ama a tal de Cristina?

ULISSES: Claro, eu não me relaciono só por relacionar. Tem que ter química, sentimento. Sem isso, não rola!

ANDRÉ: Que amor o que... Você por acaso já... Você sabe, chegaram aos finalmentes?

ULISSES: Ainda não! Ela tem muita mágoa de algo que aconteceu no relacionamento antigo, depois veio a prisão. Não quero forçá-la a nada, as coisas irão fluir e acontecer quando tiverem de acontecer. O importante é que eu a amo e sou correspondido, porque eu não tenho dúvidas de que ela me corresponde. Agora vamos voltar ao trabalho, preciso que você cheque a sétima página do acordo pré-nupcial do empresário automotivo. (Conclui).

 

Cena 08 – Mansão Assumpção [Interna/Noite]

Música da cena: Tudo De Novo – Negra Li

(Imagens externas mostram o entardecer e a chegada da noite. As luzes da cidade logo se acendem através dos grandes edifícios, em seguida surge a fachada da Mansão Assumpção. Marion, Amanda, Murilo e Stella jantavam, quando Murilo Neto chegou do trabalho).

 

MURILO NETO: Boa noite, boa noite! Amália, dá pra sentir o aroma da sua comidinha lá de fora, sabia?

AMÁLIA: Ah, é comida simples meu filho. Senta aí, que eu já te sirvo!

MURILO NETO: Opa, só se for agora! (Diz ao puxar a cadeira para se sentar).

MARION: Não, você não vai se sentar a mesa. (Diz secamente).

MURILO NETO: E porque não, Dona Marion? (Ironiza).

MURILO: Mamãe, por favor. Vamos tentar ao menos ter uma refeição de forma civilizada.

STELLA: É, meu filho. Senta, vamos jantar em paz.

MARION: Não, eu já disse que não! (Grita). – Se o Murilo Neto quiser se juntar a nós e comer como uma pessoa da nossa classe social, ele deverá tomar um banho e se vestir como tal. Ele não pode se juntar a nós assim, com esse cheiro de pobreza.

MURILO NETO: A única coisa que está cheirando mal nessa sala de jantar, aliás, nessa casa inteira é a sua prepotência, vovó. Trabalhar honestamente não faz vergonha, muito menos humilha ninguém. Faça bom proveito do seu jantar!

STELLA: Espera meu filho, para onde você vai?

MURILO NETO: (Olha para a mãe) Com certeza para um lugar onde eu sou bem-vindo. Eu vou jantar na casa da minha tia, que felizmente é bem diferente da minha avó. (Sai em seguida, deixando o pai surpreso com o comentário).

AMANDA: (Olha para Marion após o comentário).

MARION: Nenhuma palavra, Amanda. Nenhuma palavra! (Responde friamente, fingindo não se importar).

 

Cena 09 – Donna Sô (Café Bar) [Interna/Noite]

Música da cena: Tô Correndo de Briga – João Rosa

(Com a transição de cenas, surge a fachada do bar de Sofia. O movimento do bar estava começando a aumentar, enquanto a banda montava os instrumentos. Daniel conversava com Tiago, que não percebeu quando Karen chegou ao local com um grupo de amigas).

 

KAREN: Vamos procurar uma mesa próxima ao palco, não quero perder nenhum detalhe, se é que vocês me entendem.

AMIGA 01: Escuta amiga, aquele ali perto do balcão não é o seu ex-namorado?

KAREN: (Olha na direção em que a amiga se referiu e nota que Daniel está com Tiago) É, é ele sim!

AMIGA 02: Eu nunca tinha visto esse outro rapaz que está com ele. Eles parecem ser bem próximos, não é?

KAREN: É... Próximos até demais para o meu gosto! (Responde encarando os dois).

 

Cena 10 – Casa de Marina e Antônio [Interna/Noite]

(Letícia havia acabado de chegar em casa, quando ao sair do banho foi surpreendida com um presente de Marina).

 

LETÍCIA: Ai, mais são lindos, mãe! (Diz ao desembrulhar o pacote e perceber que são dois sapatinhos de bebê feitos de tricô, sentando-se na cama).

MARINA: Coisinha simples, eu fiz com muito carinho. (Respondeu sem jeito, ao se sentar ao lado de Letícia).

LETÍCIA: São lindos, eu adorei. De verdade! Não sabia que a senhora tinha esse talento para o tricô.

MARINA: Eu aprendi há muitos anos atrás. Quando estava grávida da irmã de vocês, o seu pai trabalhava, vocês iam para a escola e eu ficava aqui, preparando o enxoval dela. Tricotei sapatinhos, casaquinhos, mantas... Tantas coisas, coisas essas que ela nunca chegou a usar. (Diz com tristeza).

LETÍCIA: (Pousa a mão em cima da mão de Marina) O meu filho vai usar tudo o que a senhora fizer e eu tenho certeza que a senhora será a melhor avó do mundo.

MARINA: (Abraça Leticia, emocionada).

 

Cena 11 – Cobertura de Rodrigo [Externa/Tarde]

Música cena: In The Silence – Leroy Sanchez

(Rodrigo cumprimentou o porteiro ao diminuir os faróis do seu carro. Enquanto esperava os portões da garagem do seu edifício se abrirem, ele se perdeu em seus pensamentos).

 

RODRIGO: (Fecha os olhos e relembra do momento em que esbarrou com Cristina na universidade. Em seguida, reabre os olhos e volta a si) O que está dando em mim? Acorda Rodrigo, acorda! (Em seguida, ao avistar os portões abertos, ele avança e adentra na garagem).

(Ao perceber que o veículo entrou no pavimento subterrâneo do prédio, o porteiro fecha os portões de acesso da garagem do edifício).

 

Cena 12 – Motel [Interna/Noite]

Música da cena: Vício – Glória Groove

(Com a transição de cenas, imagens aéreas apresentavam os grandes edifícios da cidade. Em seguida, surge a fachada do motel. Vavo estava eufórico após tirar a roupa e agarrar Amanda, porém ela não estava tão empolgada quanto ele).

 

VAVO: (Estranha a frieza de Amanda) O que foi gata? Pensei que você tivesse me chamado aqui porque estava a fim.

AMANDA: (Afasta-se) Nem tudo se resume a isso, querido.

VAVO: Ué, eu não estou entendendo mais nada!

AMANDA: Você seria capaz de tudo por dinheiro, não seria? (Questiona de forma sombria).

VAVO: É, com uma boa grana, tudo é possível.

AMANDA: Tudo mesmo? Até a morte?

VAVO: (Encara Amanda).

AMANDA: Eu quero ficar com o dinheiro da minha avozinha, mas para isso eu preciso eliminar a concorrência. Eu preciso tirar o meu querido priminho do caminho!


 CONTINUA!

Trilha Sonora Oficial,

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