Type Here to Get Search Results !

A Razão de Amar - Penúltumo Capítulo (Reprise)

  

 



                                                                      Capítulo 49

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Otavio Duarte                                                                                  Atendente               

Afonso Correria

Celso Correia                                          Lola

Jorge Correia.                                         Afonso Valadares

Madalena Correia.                                    Miro                        

Marta Correia                                           Carmen

Olímpio Vasconcelos.                              Pablo

Radialista.                                                

Letícia Fernandes

Cecília Valadares

José Jacinto – Carcará

Débora Valadares

 

 

 

 

CENA 01/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 3/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Tocar a música “Nova emboscada”, da novela Lado a Lado. Carcará para por alguns segundos, incrédulo com o que acabara de descobrir. Ele lê novamente a dedicatória no verso da foto.

CARCARÁ (Emocionado) – “De Madalena e Venâncio para o nosso filho Otávio Correia”. Otávio Duarte é o Otávio Correia, o meu irmão. Otávio é o meu irmão!

Neste instante, ele se lembra da última vez que esteve com a mãe. Inserir o Flashback da cena 16 do capitulo 19:

José Jacinto abraça a mãe, que tem em suas mãos uma fotografia.

MADALENA (Entregando a fotografia ao filho) – Filho, essa é a fotografia do seu irmão. O nome dele é Otávio Correia. Se em algum desses lugares que você passar você o encontrar diga que eu o amo e que nunca esqueci dele. Ele mora em Palmeirão do Brejo nas propriedades da família Correia.

JOSÉ JACINTO – Eu vou encontrar o meu irmão, Mainha!

Eles se abraçam mais uma vez. Tocar a música “Vida de Viajante”. José Jacinto sobe na carroça e parte.

Fim do insert.

Carcará começa a grita dentro do quarto.

CARCARÁ (Gritando) – Mainha, eu encontrei o meu irmão! ... Pena que ele não vale nada! Eu estou morrendo de saudade da senhora, mainha.

Neste instante, ele relembra o momento em que foi na fazenda da família Correia. Inserir o Flashback da cena 12 do capítulo 21:

Carcará está sentado no sofá.

CELSO – Quem é você?

CARCARÁ – José Jacinto, mas pode me chamar de Carcará. Eu queria falar com Otávio Correia.

CELSO – Otávio Correia morreu.

Focar na expressão de espanto de Caracará.

Fim do insert.

Trêmulo, Carcará caminha pelo quarto tentando se acalmar.

CARCARÁ – O meu irmão estava bem do meu lado e eu não desconfiei nenhum momento.

Vem a sua mente lembranças de momentos que esteve frente a frente com Otávio. Inserir o Flashback da cena 01 do capítulo 27:

Otávio se aproxima de Carcará e eles dão um aperto de mão. 

OTÁVIO (Emocionado) – Muito obrigado por ter salvado minha namorada. 

CARCARÁ – Eu fiz o que o meu coração pediu. (Mudando de assunto). Já cumpri minha missão. (P/Afonso). A sua filha está entregue, Coronel. Agora, tenho que ir. (Ele e Cecília). Que você fique bem, Cecília. 

Otávio fica desconfortável ao ver Cecília e Carcará abraçados. 

OTÁVIO (interrompe o abraço de Cecília e Carcará) – O rapaz precisa ir, meu amor!

Carcará acena com um “Tchau” e sai.

Fim do insert.

CARCARÁ – Uma quase tragédia nos colocou frente a frente.

Inserir o Flashback da cena 11 do capítulo 29:

Carcará escuta o rádio. A porta da sala está entreaberta. Algumas pessoas conversam naquele local naquele momento. Ele não consegue escutar nada do que está passando no rádio. A porta da sala se abre. A mãe de Elias gesticula para que os inquilinos façam silêncio. 

OTÁVIO (P/Carcará) – Eu queria falar a sós com você.

Escondendo o que Otávio acabara de dizer, a mãe de Elias pede para que os inquilinos saiam da sala. Em seguida, ela sai também. 

CARCARÁ – Pode falar. 

No instante, Eduardo entra. Otávio dá início à conversa. 

OTÁVIO (P/Carcará) – Eu vou fazer muitos rodeios. Quanto quer para se afastar da minha namorada, da família dela, da minha família? 

Fim do insert.

CARCARÁ – Odiamos um ao outro como Caim e Abel.

Inserir o Flashback da cena 01 do capítulo 30:

Caracará fica surpreso com a proposta de Otávio. Ele fica, alguns segundos, imóvel e pensativo, enquanto o filho de Horácio o encara com um olhar hipnotizante. 

OTÁVIO (Olhando o seu relógio de pulso) – Eu não tenho tanto tempo para esperar. Eu tenho os meus compromissos. 

CARCARÁ – Eu não devo satisfações a você, mas ao seu sogro. 

OTÁVIO – Pelo visto, você não sabe com quem está se metendo, não é? Eu sou filho de um dos médicos mais conceituados da região; sou um dos advogados mais importantes da região, conheço o mundo. 

EDUARDO (Interrompe/ P/Carcará) – O nosso mundo nunca vai se misturar com o seu mundo.

CARCARÁ – Para mim, não importa se a pessoa é podre de rica, se fala bonito e difícil. Eu tenho uma coisa de muito valor que não tem: caráter e dignidade. 

OTÁVIO – Eu não estou com paciência para escutar conversa de ética, moral, principio e dignidade. (Mudando de assunto). Espere um pouco! 

Otávio, enquanto Eduardo e Carcará esperam para ver o que ele vai fazer. A saída dele não demora e volta com um envelope volumoso. Frente a frente com Carcará novamente. 

OTÁVIO – Eu vou dar essa última chance a você. Estou com esse envelope na mão com dinheiro suficiente para você sair até da cidade. É uma irrecusável e que qualquer pessoa na situação que você vive aceitaria. 

CARCARÁ – Você disse uma frase naquele dia no jantar, que me chamou muita atenção. Você disse que eu era um estranho e Afonso não deveria me aceitar como empregado da fazenda. Pois bem, eu vou tomar essa frase para mim. Você é um estranho para mim e não vou aceitar nada que vier de você. (Com os olhos fixos em Otávio). Primeiro, que isso que você está querendo fazer é um suborno. Segundo, que eu não sou homem de negociatas. 

Fim do insert.

CARCARÁ – Tivemos fortes embates!

Inserir o Flashback da cena 18 do capítulo 32:

Elias e Carcará já estavam entrando na pensão quando escutam um grito. Tocar a música “Deusa da minha rua”

CECILIA (Gritando) – Carcará! 

Carcará se vira e vê que é Cecília. A sequência é mostrada em slow motion. Eles correndo para abraço. Eles estão muito felizes. 

CECÍLIA – Eu não consigo ficar longe de você, Carcará! Eu não consigo.... Eu nunca consegui me abrir com você, mas a verdade é que eu te amo. 

CARCARÁ – Eu também te amo. Eu só nunca falei por respeito ao seu namoro com Otávio. 

CECÍLIA – Eu não estou mais namorando ele. 

Eles se beijam. Neste instante, Elias entra. Corta para: A câmera filma nos pés de homem, que vai se aproximando Cecília e Carcará. Tocar a música instrumental “Ataque no Escuro”, de Lado a Lado. A câmera vai subindo lentamente a cada passo que ele dá, até que se revela que é Otávio. Ele aponta a pistola para Cecília e Carcará. 

OTÁVIO (P/Cecília) – Se você não é minha, não é de mais ninguém!

Focar em Cecília e Carcará assustados. 

Fim do insert.

CARCARÁ – Saímos do mesmo ventre e somos tão diferentes. A vida é pura ironia!

Carcará se senta na cama, pensativo.

Corta para:

CENA 02/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Horácio e Vilma estão escutando o rádio. Estão tristes por Eduardo e Otávio terem perdido a eleição. Neste instante, Otávio entra com Cecília. Ele está agressivo e a arrasta pelo braço. Horácio fica indignado com o que vê.

HORÁCIO – Mas o que é isso, meu filho? Isso é jeito de tratar Cecília?

OTÁVIO (Enraivado) – Não se intrometa, meu pai, pois esse assunto a mim e a Cecília.

Otávio empurra Cecília, que desequilibra e cai no chão.

CECÍLIA (Ofegante / Chorando) – Covarde!

HORÁCIO (Gritando / P/Otávio) – Eu não admito que você trate Cecília desta forma!

CECÍLIA (Ofegante / Nervosa) – Deixa, Horácio, ele vai ter o que merece. (Gritando / P/Otávio). Se você quer saber mesmo, eu estou te traindo e faria tudo de novo se fosse preciso. Você é corno, Otávio! E grito para quem quiser ouvir. Eu também tenho direito de ter aventuras amorosas, como você tem com as suas rameiras, quengas e meretrizes. Direitos iguais! Eu que não vou ficar de braços cruzados esperando a sua boa vontade de se importar comigo!

Otávio dá um tapa no rosto dela.

OTÁVIO (Gritando) – Cale essa sua boca imunda!

CECÍLIA – Você vai me pagar por cada vez que encostou essa mão imunda em mim!

HORÁCIO (Gritando) – Eu não quero briga na minha casa! Chega dessa palhaçada!

Durante toda a briga, Vilma se manteve em silêncio, até que Otávio arrasta, pelo braço, Cecília escada acima. Horácio tenta apartar a briga, mas Vilma impede.

VILMA (P/Horácio) – Eles já são adultos e estão prestes a se casar. Não devemos mais nos meter nos assuntos que interessam somente a eles.

HORÁCIO – Isso ainda vai terminar em tragédia!

Eles se entreolham e não falam mais no assunto.

Corta para:

CENA 03/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ QUARTO DE OTÁVIO/ INT./ TARDE

Otávio entra no quarto carregando Cecília, que está assustada. Ela tenta avançar em cima dele, mas não consegue. Ela aperta o braço e joga contra o chão novamente.

OTÁVIO (Enraivado) – Quero ver agora você se encontrar com os seus amantes!

CECÍLIA (Assustada) – O que é que você vai fazer? Você não vai me deixar trancada aqui dentro.

OTÁVIO – Para você aprender a me respeitar!

Em seguida, Otávio sai do quarto e tranca a porta. Cecília bate na porta, clamando por socorro.

CECÍLIA (Gritando) – Socorro! Socorro! Otávio, me tira daqui. Não me deixa trancada!

Cecília se senta no chão e se encosta na porta. Em seguida, cai no choro.

Corta para:

CENA 04/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Otávio entra na fazenda. Marta está ajoelhada no chão chorando pela morte do marido. O delegado Guilherme espera o agora proprietário da fazenda aparecer. Com a chegada do filho de Horácio (e Venâncio), Guilherme não hesita em dizer.

GUILHERME (P/Otávio) – Preciso que você esclareça tudo que aconteceu aqui! (P/Marta e Lola). Vocês também precisam prestar alguns esclarecimentos, como testemunhas do crime.

Elas concordam com a cabeça. Marta se levanta com as mãos sujas de sangue e encara Lola e Otávio e fica alguns segundos com os olhos fixos neles.

MARTA (P/Lola) – Você era cumplice desse assassino, Lola?

LOLA (P/Marta) – Sim, eu sou cumplice dele.

GUILHERME (Interrompe) – Eu ouvirei todos aqui na fazenda mesmo! (Mudando de assunto). Eu acho que eu te conheço de algum lugar, Otávio.

OTÁVIO – Eu sou o filho de Horácio e genro de Afonso. Eu sou filho biológico de Venâncio Correia e vim reaver o que é meu. Eu não tive nenhuma intenção de matar Celso. Ele que sacou a arma. Eu só me defendi.

O delgado Guilherme se senta no sofá. Otávio, enquanto fala com Guilherme, relembra o que aconteceu minutos atrás. Inserir o Flashback da cena 14 do capítulo 48:

Celso e Marta estão muito felizes com o resultado da eleição. Neste instante, Otávio entra.

OTÁVIO (Cínico) – É aqui a fazenda de Celso Correia?

CELSO (Intrigado) – Sim, e Celso sou eu!

OTÁVIO – Eu sou o comprador da fazenda.

CELSO – Como assim comprador? Eu não estou vendendo esta fazenda! E você quem é?

OTÁVIO – Como eu já disse, eu sou comprador da fazenda. Estamos negociando durante meses. Lembra dos contratos da CottonPlus? Pois bem. Aquilo não passou de uma fachada. Todo aquele dinheiro que você me deu estão bem guardados em contas no exterior. Eu sou sou o novo proprietário da fazenda... quer dizer, estou reavendo o que era meu! Não está se lembrando de mim, titio? 

Celso fica em silêncio por alguns segundos e parece entender o que está acontecendo.

CELSO (Surpreso) – Otávio?

OTÁVIO – Eu voltei! Achou que eu tivesse tido o mesmo fim do meu pai? Eu fugi daqui quando era criança, mas estou eu aqui de volta para recuperar o que era meu.

Neste instante, Celso saca uma arma.

CELSO – Você não vai atrapalhar minha vida de novo não!

Fim do insert.

OTÁVIO – A arma disparou.

Inserir o Flashback da cena 16 do capítulo 48:

Otávio se ajoelha e vê o seu tio agonizar em seus braços.

CELSO – Cuide desta fazenda. Ela é sua... E Quem matou seu pai foi...

Celso fecha os olhos e falece sem conseguir dizer quem matou Venâncio. Otávio entra em desespero.

OTÁVIO (Gritando) – fala! Quem matou meu pai? Foi você, não foi? Fala!

Otávio mexe o corpo do tio, mas ele não responde. Marta começa a gritar.

MARTA (Gritando) – Celso! Celso!

Otávio retira uma foto de seu bolso. É a foto do casamento de Venâncio e Madalena.

OTÁVIO (Emocionado) – Quem te matou, meu pai?

Fim do insert.

OTÁVIO – As últimas palavras dele foram “Quem matou Venâncio foi...”. Mas não conseguiu completar a frase.

GUILHEME – Essa história ainda tem muita coisa para ser esclarecida ainda.

Depois de Otávio dizer a versão dele, Lola senta-se ao lado do delegado e começa a dá o depoimento.

Corta para:

CENA 05/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Afonso anda de um lado para o outro na sala, pensativo. Eduardo, Branca e Débora estão em silêncio e tristes, como se estivessem em um enterro.

DÉBORA – Que melancolia! Parece que estamos em um enterro.

AFONSO (Retruca) – É muito pior! Estamos assistindo a dinastia da nossa família desmoronar!

EDUARDO – Eu não aceito essa derrota!

Neste instante, o rádio, que está sintonizado na emissora, que está cobrindo a eleição, para por alguns segundos, que cessa com um som do “Plantão de Notícias”.

RADIALISTA (off) – Atenção! Notícia urgente. Celso acaba de ser assassinado em sua fazenda. A identidade do autor do crime ainda não foi divulgada. Mas o boato que se espalha pela cidade é que tenha sido um herdeiro da família.

Afonso se assusta com a notícia.

AFONSO – Celso foi assassinado? Até que fim uma notícia boa... boa não, ótima! Quem sabe isso não seja um sinal.

EDUARDO – Quem será que fez isso com ele?

AFONSO – Deve ter sido o filho! Ele é o herdeiro, pelo que eu saiba.

Neste instante, a emissora de rádio faz mais um plantão.

RADIALISTA (off) – Os nossos jornalistas constataram que o autor do assassinato do Coronel Celso Afrânio Alves Correia é Otávio, filho de Venâncio Alves Correia, morto há quase 30 anos e que o crime segue um mistério até hoje.

AFONSO – Otávio Alves Correia. Eu tenho poucas lembranças desse menino. Achei que tivesse morrido. Mas independente de tudo, esse rapaz salvou meu dia.

Neste instante, Afonso desliga o rádio.

BRANCA (P/Afonso) – Onde está Cecília?

AFONSO (P/Branca) – Deve ter saído com Otávio.... Olha, que coincidência, o assassino de Celso é xará do meu futuro genro. Eu vou lá fazenda dos Correia.

Os quatro saem.

Corta para:

CENA 06/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Horácio e Vilma estão em silêncio. Se entreolham e não falam nada, até que o patriarca decide ligar o rádio. Está no plantão de notícias.

RADIALISTA (off) – Chegou a notícia de que o assassino de Celso é o Otávio Duarte. Tínhamos dito anteriormente que o nome dele era Otávio Correia, mas ficamos sabemos que ele fugiu de casa ainda criança e que foi adotado pela família Duarte, família de médicos muito importante da região. Pelo que parece o crime se trata de vingança, pela a morte de Venâncio. Ainda falta muita coisa ser esclarecida, mas tudo indica que seja vingança mesmo.

Horácio e Vilma se entreolham assustados.

HORÁCIO e VILMA (juntos) – Otávio era filho de Venâncio Correia?

Horácio levanta-se pensativo.

HORÁCIO – Ele nunca nos contou isso!

Vilma se aproxima do marido.

VILMA – Eu sempre desconfiei que Otávio escondia algum segredo. Desde pequeno eu via que ele no fundo era uma pessoa triste e sofrida. Ela não gostava de falar nada que envolvesse o passado dele, antes de entrar para a nossa família. Eu não vou julgá-lo por isso.

HORÁCIO – Ela poderia ter nos dito isso. A gente dava um apoio.

VILMA – Agora, não podemos lamentar. Soubemos da pior forma possível.

Em seguida, Horácio e Vilma abraçados.

Corta para:

CENA 07/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ NOITE

Tocar a música “Sertão”, da novela Cordel Encantado. Jagunços cavalgando pela cidade atiram ao alto, em comemoração à vitória de Jorge Correia. Este, que está deitado nos braços do povo, que o carrega pela cidade aos gritos.

POVO (Gritando) – Jorge! Jorge! Jorge!

Até este momento ele não sabe que o pai fora assassinado. As ruas estão sujas de papeis de candidatos. Os barulhos de tiros se confundem com os barulhos de fogos. O filho de Celso passa sorridente pelos braços do povo que o venera.

A música para por aqui.

Corta para:

CENA 08/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Alguns minutos depois. Tocar a música “Nova emboscada”, da novela Lado a Lado

Otávio está sentado na cadeira que seu pai sentou por muitos anos. Ele volt a pensar no momento da morte de Celso. Inserir o Flashback da cena 16 do capítulo 48:

Otávio se ajoelha e vê o seu tio agonizar em seus braços.

CELSO – Cuide desta fazenda. Ela é sua... E Quem matou seu pai foi...

Celso fecha os olhos e falece sem conseguir dizer quem matou Venâncio. Otávio entra em desespero.

OTÁVIO (Gritando) – fala! Quem matou meu pai? Foi você, não foi? Fala!

Otávio mexe o corpo do tio, mas ele não responde. Marta começa a gritar.

MARTA (Gritando) – Celso! Celso!

Otávio retira uma foto de seu bolso. É a foto do casamento de Venâncio e Madalena.

OTÁVIO (Emocionado) – Quem te matou, meu pai?

Fim do insert.

Neste instante, Marta e Lola veem da cozinha. Lola está trazendo uma xícara de chá para o seu amante. Marta quebra o silêncio.

MARTA – Como vai ficar minha situação? Eu não vou ficar na rua!

OTÁVIO – Marta, diante de tudo que aconteceu na minha vida, você me defendeu dos abusos de meu tio. Eu não vou te deixar desamparada. Você pode ficar. Eu tenho que ser muito justo com as pessoas.

Otávio e Lola se beijam. Neste instante, Jorge entra e se depara com aquilo.

JORGE – Que pouco vergonha é essa em minha casa? Alguém pode me explicar o que acontecendo aqui?

Otávio se levanta e ergue a mão para cumprimentar Jorge.

OTÁVIO – Boa noite, primo!

JORGE – Primo? (Ele fica alguns segundos pensativo / Assustado). Otávio, é você? O que você está fazendo aqui? (Pausa). Calma! Isso é um delírio.... Não... só pode ser um delírio!

OTÁVIO – Eu vim recuperar o que era meu!

JORGE (P/Marta) – Diz para mim que isso é delírio. Isso não pode está acontecendo. (Começa a andar desesperado de um lado para o outro na sala). Pai! (P/Vilma). Onde está meu pai? (Ele percebe que no chão tem uma mancha de sangue). Não, não me diga que...

OTÁVIO (interrompe) – Foi um acidente. Eu não queria que tivesse acontecido isso.

JORGE (Ofegante / Emocionado) – Não, não... (Agarra Otávio pelo terno / Gritando). Assassino! Assassino!

OTÁVIO (Sufocado) – Foi um acidente!

Jorge solta Otávio e caminha desesperado e chorar compulsivamente.

JORGE (Chorando / Pai) – Pai, não me deixa!

Ele para por alguns segundos e volta o seu olhar parar Lola.

JORGE (P/Lola / Gritando) – E você já conhecia esse filho da puta, não conhecia? Pelo visto, sim. Estava aos beijos com ele quando eu cheguei.

No instante em que Lola ia falar, Otávio interrompe.

OTÁVIO – Ela é minha cumplice. Eu que a chamei para te seduzir e você caiu direitinho na lábia dela. Te seduzir era só uma parte do nosso plano. Você foi besta e caiu!

JORGE (Gritando) – Saiam daqui!

OTÁVIO – Quem vai sair daqui é você, Jorge Alves Correia! Eu sou o novo proprietário da fazenda e exijo que você sai daqui. Se não for por bem, vai por mal.

Neste instante Afonso, Branca, Eduardo e Débora entram. O patriarca da família Valadares fica surpreso com o que vê. Fica pensativo por alguns segundos. Inserir o Flashback da cena 05 do capítulo 49:

Afonso anda de um lado para o outro na sala, pensativo. Eduardo, Branca e Débora estão em silêncio e tristes, como se estivessem em um enterro.

DÉBORA – Que melancolia! Parece que estamos em um enterro.

AFONSO (Retruca) – É muito pior! Estamos assistindo a dinastia da nossa família desmoronar!

EDUARDO – Eu não aceito essa derrota!

Neste instante, o rádio, que está sintonizado na emissora, que está cobrindo a eleição, para por alguns segundos, que cessa com um som do “Plantão de Notícias”.

RADIALISTA (off) – Atenção! Notícia urgente. Celso acaba de ser assassinado em sua fazenda. A identidade do autor do crime ainda não foi divulgada. Mas o boato que se espalha pela cidade é que tenha sido um herdeiro da família.

Afonso se assusta com a notícia.

AFONSO – Celso foi assassinado? Até que fim uma notícia boa... boa não, ótima! Quem sabe isso não seja um sinal.

EDUARDO – Quem será que fez isso com ele?

AFONSO – Deve ter sido o filho! Ele é o herdeiro, pelo que eu saiba.

Neste instante, a emissora de rádio faz mais um plantão.

RADIALISTA (off) – Os nossos jornalistas constataram que o autor do assassinato do Coronel Celso Afrânio Alves Correia é Otávio, filho de Venâncio Alves Correia, morto há quase 30 anos e que o crime segue um mistério até hoje.

AFONSO – Otávio Alves Correia. Eu tenho poucas lembranças desse menino. Achei que tivesse morrido. Mas independente de tudo, esse rapaz salvou meu dia.

Neste instante, Afonso desliga o rádio.

BRANCA (P/Afonso) – Onde está Cecília?

AFONSO (P/Branca) – Deve ter saído com Otávio.... Olha, que coincidência, o assassino de Celso é xará do meu futuro genro. Eu vou lá fazenda dos Correia.

Fim do insert.

AFONSO (P/Otávio) – Otávio, então é você o filho de Venâncio?

Focar na expressão de surpresa de Afonso.

Corta para:


CENA 09/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Otávio não hesita em responder a pergunta do coronel.

OTÁVIO (P/Afonso) – Sim, eu sou filho do Coronel Venâncio Alves Correia.

AFONSO (Surpreso) – Não pode ser..... Como eu nunca desconfiei? Bem que eu tinha coincidência demais. Otávio Correia... Otávio Duarte.

OTÁVIO (P/Afonso) – Vim acertar as contas com meu tio. Ele destruiu a minha infância e quem sabe onde eu estaria se não tivesse cruzando o destino de Horácio e Vilma. (Emocionado). Hoje, estou lavando a minha alma. Perdi meu pai por causa dessa guerra maldita entre os Valadares e os Correia. Sofri dia e noite por ter sofrido todos os abusos que sofri quando o meu pai faleceu e eu tive que ficar sob os cuidados do meu tio, pois a minha mãe me abandonou e nunca mais me deu notícias. Tudo que eu queria era que essa guerra acabasse!

Afonso se emociona com o que Otávio diz. Os dois vão se aproximando um do outro, que dão um abraço. Todos os presentem assistem aquele momento emocionados. Neste instante, Horácio e Vilma entram.

AFONSO (P/Otávio) – Que a nossa aliança marque o fim desta guerra!

HORÁCIO (Interrompe)  – Quem diria que aquele menino sofrido, que encontramos dormindo em nossa porta era filho de Venâncio Alves Correia.

Horácio relembra o momento que viu Otávio pela primeira. Inserir o Flashback da cena 11 do capítulo 15:

A cena começa no SALA DE JANTAR. Horácio, Vilma e Olga estão tomando café da manhã. O patriarca está atrasado para o trabalho. Ele se levanta rapidamente, pega sua maleta e sai. No EXTERIOR da mansão ele encontra Otávio dormindo no chão.

HORÁCIO (P/Otávio) – Menino, o que você está fazendo aqui?

Otávio acorda.

OTÁVIO – Eu não quero voltar para minha casa.

Fim do insert.

OTÁVIO (interrompe) – Finalmente, eu recuperei tudo que era para ser meu de direito. Eu me tornei uma pessoa odiável! Eu trai Cecília

HORÁCIO – Não fale isso, meu filho.

Neste instante, Jorge interrompe.

JORGE (P/Lola e Otávio / Gritando) – Vocês se merecem! (P/Lola). Eu não quero mais olhar para a tua cara, Lola!

Jorge sai furioso.

AFONSO (P/Otávio) – Onde está a minha filha?

HORÁCIO (Interrompe) – Otávio a trancou no quarto!

OTÁVIO (P/Afonso) – Ela também me traiu. Está se encontrando as escondidas com um filho da puta.

AFONSO (P/Otávio) – Você não deveria ter feito isso. Vamos resolver tudo com maior cautela. Tanto você como ela estão errados. Um enganou o outro. Mas, primeiro, você terá que terminar tudo com a sua amante!

Lola e Otávio se entreolham. Em seguida, Otávio concorda com a cabeça.

Corta para:

CENA 10/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ QUARTO DE OTÁVIO/ INT./ NOITE

Alguns minutos depois.

Cecília está suando e com muita fome, mas não se cansa de gritar.

CECÍLIA (gritando) – Me tira daqui, Otávio! Tem alguém aí?

Ela, cansada, se levanta do chão e vai para cama. Ele relembra momentos bons que viveu com Carcará. Inserir o Flashback da cena 15 do capítulo 48:

Carcará e Cecília estão aos abraços e beijos.

CECÍLIA – Hoje eu quero passar o dia todo com você. Quero te beijar, te abraçar. Eu decidi que quero fugir com você!

CARCARÁ – Amanhã, a gente foge!

CECÍLIA – Quero me ver livre de Otávio.

Eles se beijam, abraçados.

Fim do insert.

Cecília escuta alguém mexendo na porta.

CECÍLIA – É Otávio?

A porta abre e Otávio entra no quarto. Ele se ajoelha na frente de Cecília.

OTÁVIO (Chorando) – Me perdoa. Eu não queria ter feito isso. Eu te amo, meu amor!

CECÍLIA (Gritando) – Chega! Não vai ter mais casamento. Eu cansei de viver essa vida. Você só me agride verbalmente e, hoje, fisicamente. Eu não quero viver com um homem que me faz infeliz. (Chorando). Eu não aguento mais!

Neste instante, Horácio e Afonso entram no quarto.

AFONSO (P/Cecília) – Pense direito na decisão que você vai tomar.

CECÍLIA (P/Afonso) – Já tomei a minha decisão. Não vai ter mais casamento!

Otávio se levanta, chorando.

OTÁVIO (Chorando) – Me perdoa!

CECÍLIA – Não tem mais volta.

Débora entra no quarto e abraça a prima.

DÉBORA (P/Cecília) – Faça o que seu coração está pedindo!

Otávio, aparentemente, se conforma com a decisão de Cecília. Todos saem do quarto.

Corta para:

CENA 11/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 3/ INT./ NOITE

Carcará pega um lápis e uma folha e começa a escrever uma carta. Enquanto escreve, lê.

CARCARÁ – “Cecília, desculpa, mas tive que partir. Estava com saudades da minha mãe e quis fazer uma surpresa. Descobri algo que é de interesse dele preciso falar para ela. Eu quero que você seja feliz, independente do que acontecer em nossa vida. Espero que nos encontremos em um futuro. Farei de tudo para voltar o mais rápido possível. Te amo! ”

Em seguida, Carcará coloca algumas roupas numa mala e sai.

Corta para:

CENA 12/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 6/ INT./ NOITE

Lola bebe um pouco de uísque enquanto fuma.

LOLA – Ah, Otávio, eu não vou te perder!

Ela se levanta coloca um disco na vitrola. Bebe e dança sozinha, enquanto escuta uma música.

Corta para:

CENA 13/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ NOITE

Cecília está deitada, pensativa. Ela relembra novamente o último momento que esteve com Carcará. Inserir o Flashback da cena 15 do capítulo 48:

Carcará e Cecília estão aos abraços e beijos.

CECÍLIA – Hoje eu quero passar o dia todo com você. Quero te beijar, te abraçar. Eu decidi que quero fugir com você!

CARCARÁ – Amanhã, a gente foge!

CECÍLIA – Quero me ver livre de Otávio.

Eles se beijam, abraçados.

Fim do insert.

CECÍLIA – Ah, Carcará, amanhã eu vou fugir com você!

Ela abre um sorriso.

Corta para:

CENA 14/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE AFONSO/ INT./ NOITE 

Afonso e Branca estão deitados. O patriarca da família Valadares pergunta.

AFONSO – Você acha que Cecília fez certo em terminar tudo com Otávio?

BRANCA – Acho que ela fez certo sim. Ela não estava se sentindo bem com Otávio.

AFONSO – Espero que ela não se arrependa!

Eles adormecem.

Corta para:

CENA 15/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ MANHÃ

Tocar a música “Maracatu Atômico”, de Nação Zumbi. A cidade está toda movimentada. Carros passam pelas ruas. Pessoas lendo o jornal na praça, cuja a manchete é “Jorge eleito”, “Celso assassinado”. As pessoas comentam as notícias do dia. Jagunços cavalgam pela cidade. Um grupo de pessoas protestam contra a eleição de Jorge. Eles entram em embate com os jagunços. Outro grupo de jagunços se aproxima atirando para cima.

JAGUNÇO 1 (Gritando) – Ninguém há te tirar a hegemonia dos Valadares

A música para por aqui.

Corta para:

CENA 16/ HOTEL CASSINO/ RECEPÇÃO/ INT./ MANHÃ

Cecília vai entrando. O recepcionista a entrega o bilhete. Cecília então lê.

CECÍLIA - “Cecília, desculpa, mas tive que partir. Estava com saudades da minha mãe e quis fazer uma surpresa. Descobri algo que é de interesse dele preciso falar para ela. Eu quero que você seja feliz, independente do que acontecer em nossa vida. Espero que nos encontremos em um futuro. Farei de tudo para voltar o mais rápido possível. Te amo! ”

Cecília começa a chorar compulsivamente.

CECÍLIA – Como eu fui idiota, meu Deus. Como eu pude ter sido tão idiota?

Ele sente um enjoo e corre para o banheiro. Enquanto relembra o último momento que esteve com Carcará.

CENA 17/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ MANHÃ

Alguns minutos depois.

Cecília entra chorando no quarto.

CECÍLIA – Por que você isso comigo, Carcará? Por que não me esperastes por eu fugir contigo? Agora, estou aqui sozinha e sem ninguém.

Neste instante, Cecília sente enjoo. Débora entra no quarto e percebe que a prima não está se sentindo muito bem e está chorando.

DÉBORA – O que foi que aconteceu, minha prima?

CECÍLIA – Eu fui uma boba, Débora. Acreditei que o amor de Carcará por mim era verdadeiro, mas ele fugiu.

Cecília sua e sente enjoo mais uma vez e um cheio enjoado. Relembra o último momento que esteve com Carcará. Inserir o Flashback da cena 15 do capítulo 48:

Carcará e Cecília estão aos abraços e beijos.

CECÍLIA – Hoje eu quero passar o dia todo com você. Quero te beijar, te abraçar. Eu decidi que quero fugir com você!

CARCARÁ – Amanhã, a gente foge!

CECÍLIA – Quero me ver livre de Otávio.

Eles se beijam, abraçados.

Fim do insert.

CECÍLIA – Prometeu fugir comigo e não cumpriu a promessa!

Sente um enjoo e corre para o banheiro. Alguns minutos depois, volta para o quarto. Cecília não hesita em questionar.

DÉBORA – Você está grávida?

Carcará se assusta com a indagação de Cecília.

CECÍLIA – Será que eu estou grávida?

DÉBORA – Eu acho que não resta dúvidas de que você esteja grávida.

CECÍLIA – O que é que eu faço agora? Eu não posso está grávida! Eu...

DÉBORA – Não vá me dizer que você teve relações com...

CECÍLIA – Eu tive relações com Carcará! Essa criança que eu estou esperando é do Carcará. O que é que eu faço agora?

DÉBORA – Um conselho meu é que você reate com Otávio e marque o casamento o quanto antes para ninguém desconfiar de nada.

CECÍLIA – Eu vou seguir o seu conselho, mas vou esperar alguns dias para revelar que estou grávida.

Elas se abraçam

CENA 18/ SERTÃO DE PERNAMBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: Sertão de Pernambuco

Carcará vê que a porta está aberta e entra em casa.

CARCARÁ (Feliz) – Mainha!

Madalena aparece e se emociona ao ver o filho. Ela dá um abraço nele.

MADALENA (Emocionada) – Meu filho, quanta saudade eu estava de você!

CARCARÁ – Vim matar a saudade e dizer que eu encontrei seu outro filho: o Otávio. Vim de trem e fez o resto da viagem a pé.

MADALENA (Emocionado) – Ah, meu filho, que notícia boa. E o que você falou apara ele?

CARCARÁ – É uma história muito longa mainha, mas eu vim te buscar para irmos juntos para Palmeirão do Brejo.

MADALENA – Eu não sei se eu devo ir. Eu irei reviver momentos desagradáveis da minha vida lá.

CARCARÁ – O que tanto a senhora tem medo? Tem a ver com a rivalidade entre os Correias e os Valadares.

MADALENA – Eu não gosto de falar disso, mas me fale como está a sua vida lá.

CARCARÁ – A minha vida deu uma reviravolta lá. Estou sendo dado como morto e fui acusado de um crime que não cometi.

MADALENA – Nossa, meu filho!

Eles se sentam à mesa.

CARCARÁ – Aconteceu tanta coisa na minha vida nesses meses que eu estive lá.

MADALENA – Pelo visto, tem muita coisa para você falar.

CARCARÁ – Como está a sua vida aqui?

MADALENA – Está bem tranquila. Algumas pessoas que moram aqui por perto me ajuda. Às vezes eu faço uma reza para Francisca e Jacinto. O quarto dele está do jeito que ele deixou.

Carcará relembra o dia da morte de seu pai. Inserir o Flashback da cena 10 do capítulo 18:

Jacinto e o filho, montados em seus cavalos, caminham pelas terras quentes e secas do sertão. Os dois conversam.

JOSÉ JACINTO – Painho, as vezes eu fico pensando que o meu lugar não é aqui. Eu tenho que batalhar para conseguir fazer o meu futuro.

JACINTO – Você tem muito tempo para pensar nisso, filho!

Herculano, em cima de uma árvore, carrega a sua espingarda. A sonoplastia da cena deve conter o som de cada bala colocada na espingarda.

JOSÉ JACINTO – Não tenho paciência para ficar ordenhando vaca, nem de ficar carregando baldes e baldes de água todos os dias.

JACINTO – A vida na cidade é mais dura do que você pensa, meu filho!

Herculano mira em Jacinto e aperta o gatilho. Três tiros acertam o jagunço e cai no chão ensanguentado.

Fim do Insert.

Carcará vai ao quarto do pai. A cena continua lá. Ele abre a gaveta e vê que tem uma pistola.

CARCARÁ – Pai, quanta saudade de você!

Ele se emociona ao relembrar o pai e pega a pistola.

CARCARÁ – O senhor não saia sem essa pistola. No único dia que não saiu com ela, aconteceu aquilo.

Corta para:

CENA 19/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADED/ EXT./ TARDE

Letreiro mostra: Palmeirão do Brejo – PE

Letreiro mostra: 2 dias depois

Tocar a música “Sertão”, da novela Cordel encantado.

As ruas de Palmeirão do ainda estão movimentadas por conta da eleição. Pessoas estão passeando na praça. Carros passam pelas ruas da cidade. Pessoas entram e saem da igreja. Letícia está sentada  na praça.

A música para por aqui.

Corta para:

CENA 20/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE JANTAR/ INT./ TARDE

As famílias Valadares e Duarte estão todas reunidas para um almoço. Cecília então decidi falar o que tem para falar.

CECÍLIA – Há alguns dias eu decidi que eu não ia mais ter casamento. Mas diante do que eu venho ultimamente, tudo indica que eu estou grávida.

AFONSO – Isso significa que vai ter casamento.

CECÍLIA – Sim, vai ter casamento!

Otávio se levanta e diz.

OTÁVIO – Eu sentia que algo ia nos unir novamente. Que esse filho nasça com muita saúde e que tenha bastante disposição para correr pela a minha fazenda e por essa fazenda. Agora, diante disso nós temos que apresar o casamento.

AFONSO – Daqui há um mês está perfeito.

OTÁVIO – Isso. Daqui há um mês!

Todos brindam com a notícia.

Corta para:

CENA 21/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ TARDE/

Algumas horas depois.

Afonso, Otávio e Eduardo estão em um palanque. Uma multidão se aglomera para acompanhar o discurso de Afonso. Afonso começa dizendo.

AFONSO – Palmeironenses e palmeironensas, hoje é um marco para a história desta cidade. Otávio e Cecília estão prestes a se casar. Isso marca o fim da guerra que marcou essa cidade durante séculos! A partir de hoje, não existe mais Valadares e nem Correia. Todos se fundem como se fossemos um só agora e marca desta aliança será a criança que Cecília está esperando.

Todos aplaudem

Corta para


CENA 22/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Coronel Afonso limpa o suor do rosto e continua a discursar.

AFONSO – Eu quero que o fim da minha Era seja marcado pela aliança e união entre todos. Essa cidade não será mais dividida entre os Valadares e os Correia, entre o bem e o mal, entre o certo e errado. Junto somos mais fortes. Mas aviso que não reconheço a vitória de Jorge Correia.

Neste instante, um jagunço entrega uma urna a Afonso, que retira um papel de dentro e lê.

AFONSO – Como é que pode um morto votar? Nesta urna foi depositada o voto de Vera Fernandes. Uma eleição baseada na fraude não pode ser validada. É ilegal a eleição de Jorge Alves Correia. Eu prezo pela transparência e união! É isso que eu tenho para dizer na minha despedida da carreira política.

Todos aplaudem

CENA 23/ SERTÃO DE PERNAMBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ INT./ TARDE

Letreiro mostra: 4 semanas depois. 

Um dia antes do casamento de Cecília. Carcará e Madalena estão sentados na sala conversando. Carcará diz.

CARCARÁ – Eu só volto para Palmeirão do Brejo se a senhora for comigo.

MADALENA – Já faz dias que você tenta me convencer. Está bem! Eu aceito.

CARCARÁ – Sabia que você não ia fazer essa desfeita. Já vou arrumar as minhas malas.

Eles se abraçam. Eles vão ao quarto arrumar as malas.

Corta para:

CENA 24/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: Palmeirão do Brejo – PE.

Letreiro mostra: Dia do casamento.

Tocar a música “Disfarçando”, de Lado a Lado.

A cidade está toda movimentada. Carros passam por toda a cidade. A igreja está pronta para receber os convidados. Na praça as pessoas leem o jornal e comentam sobre o casamento. Pessoas entram e sai dos bares, hotel e lojas

A música para aqui.

CENA 25/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ MANHÃ

Branca, Tereza e Débora ajudam Cecília a se vestir. Branca se emociona ao ver a filha se vestir de noiva.

BRANCA (Emocionada) – Tanto que eu sonhei, minha filha, com esse dia.

CECÍLIA (Emocionada) – Ah, mãe, assim a senhora me deixa toda sem graça. Mas, apesar de tudo, eu estou muito feliz com o casamento.

DÉBORA (Interrompe) – Mas você está muito linda mesmo. A noiva mais bonita que eu já vi.

CECÍLIA (P/Débora) – Obrigado, minha prima! Você me ajudou e me apoiou bastante. Serei eternamente grata por você.

Tereza se aproxima de Cecília.

TEREZA (P/Cecília) – Que Deus te abençoe, minha sobrinha. Fausto está te abençoando lá do céu.

Branca olha a hora no relógio.

BRANCA – Ainda falta algumas horas para o casamento. É no começo da tarde. (P/Cecília). Falta fazer a maquiagem e ajeitar o cabelo, mas você já está linda!

A costureira dá alguns pontos no vestido de Cecília. Branca, Cecília, Tereza e Débora continuam conversando.

Corta para:

CENA 26/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ QUARTO DE RAUL/ INT./ MANHÃ

Letícia entra no quarto do pai. Ele pinta os últimos detalhes do quadro Vera, que foi como ela batizou a sua pintura de uma mulher muito bonita. Raul se emociona ao ver o quadro finalizado. Ela abraça a filha.

RAUL (Chorando) – Desculpa, minha filha, por eu ter destruído a sua vida!

LETÍCIA (Emocionada) – O senhor enlouqueceu, pelo sentimento de culpa. Não precisa se culpar ainda mais. A gente não tem mais como voltar no tempo. O que você fez no passado já foi feito.

Zilda entra no quarto neste momento e os abraça.

Corta para:

CENA 27/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE OTÁVIO/ INT./ TARDE

Otávio se vê no espelho e se emociona. Ele abraça Eduardo. Vilma e Horácio

OTÁVIO (P/Eduardo) – Hoje é o dia mais feliz da minha vida.

EDUARDO (P/Otávio) – Você parece mesmo está mesmo muito feliz. (Mudando). Como ficou a morte de Celso.

OTÁVIO (P/Eduardo) – A polícia analisou a cena do crime, as provas e constatou que Celso que disparou a pistola contra si mesmo. Eu não estou devendo nada a justiça.

HORÁCIO (Interrompe e olha a hora no relógio) – Chegou a hora de nós irmos.

Todos saem.

Corta para:

CENA 28/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DO HOTEL/ EXT./ TARDE

Tocar a música “Maracatu Atômico”. A rua está movimentada. Pessoas saem e entram no hotel. Carcará e Madalena chegam. Madalena olha para a cidade.

MADALENA – A última vez que eu estive aqui foi há quase 30 anos. A cidade muito mudada, bonita. Aqui vivi os melhores e os piores momentos de minha vida.

Caracará (Vestido de Mascarado) e Madalena estão entrando no hotel, quando o carteiro lhe entrega o jornal do dia. Caracará lê a notícia que está na primeira página. Tocar a música “Sertão”, da novela Cordel Encantado.

CARCARÁ – “O Casamento do Século: um dia histórico para a cidade de Palmeirão do Brejo. Dia que marca a união de Otávio e Cecília, descendentes diretos, respectivamente, das famílias Correia e Valadares”. Não, ela não pode se casar com ele.

Madalena ver a foto do filho no jornal e se emociona.

MADALENA – Meu filho!

Carcará e Madalena entram no hotel. A música para neste ponto.

Corta para:

CAPÍTULO 29/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT.

Cecília desce as escadas acompanhada de Branca, Débora e Tereza. Afonso está a espera delas. Ele se emociona ao ver a filha vestida de noiva.

AFONSO (P/Cecília) – Como você está linda, minha filha! Está belíssima.

CECÍLIA (P/Afonso) – E senhor, como sempre, carinhoso e atencioso

Afonso beija as mãos da filha.

AFONSO (P/Cecília) – Que você seja muito feliz, minha filha!

Os cinco saem.

Corta para:

CAPÍTULO 30/ HOTEL CASSINO/ QUARTO 3/ INT./ TARDE

Tocar a música “Sertão”. Carcará olha mais uma vez para aquele jornal.

CARCARÁ – Esse casamento não vai acontecer. A Cecília não ama o Otávio!

Madalena para por um segundo e reflete.

MADALENA – Deixa eu ver se entendi. Você e o Otávio estão apaixonados pela mesma mulher?

CARCARÁ – Foi assim que a nossa vida se cruzou. Sem sabermos que somos irmãos, nos apaixonamos pela mesma mulher. Eu descobrir tudo por causa de uma fotografia que caiu da mão quando ele veio atrás de Cecília.

Inserir o Flashback da cena 17 do capítulo 48:

Otávio vai de um lado para o outro. Sem encontrar ninguém, ele carrega Cecília pelos braços.

OTÁVIO (Gritando) – Você vai me explicar direitinho tudo isso, viu?

Eles saem do quarto. Otávio não percebe e deixa fato do casamento dos seus pais cair no chão. Percebendo que Otávio e Cecília já saíram, Carcará sai debaixo da cama e pega a foto que caiu da mão de Otávio. Ele se emociona ao reconhecer Madalena. Ele vira a fotografia e tem escrito uma frase. Ele lê.

CARCARÁ – De Madalena e Venâncio para nosso filho Otávio Correia.

Carcará se emociona.

CARCARÁ (Emocionado) – O meu irmão não morreu. Otávio é o meu irmão!

Fim do insert.

Carcará retira uma pistola da cintura.

CARCARÁ – Meu pai me ensinou a lutar até o fim e não desistir nunca e de nada!

MADALENA (Intrigada) – O que você está pensando em fazer, meu filho?

Carcará coloca a arma na cintura. Em seguida, ele sai.

Corta para:

CENA 31/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

Otávio está no altar Nervoso, ele não consegue segurar a ansiedade. Eduardo se aproxima do amigo e diz.

EDUARDO – Fique calmo e respire fundo, pois tudo vai dá certo!

Otávio respira fundo. Horácio e Vilma sorriem para o filho. Começa a tocar a “Marcha nupcial”. Todos os convidados ficam de pé. Cecília entra acompanhada pelo pai. Sorridente, ela não consegue esconder o nervosismo. Eles vão se aproximando do altar lentamente, até que chegam à Otávio. A marcha nupcial para de tocar. Otávio beija a mão da amada.

OTÁVIO (P/Cecília) – Você está linda!

AFONSO (P/Otávio) – Cuide bem da minha filha!

Otávio concorda com a cabeça, emocionada. Otávio e Cecília se ajoelham no altar.

PADRE ANTÔNIO – Queridos irmãos e irmãs, estamos aqui nesta tarde de 4 de junho de 1935 para celebrar a união destes dois jovens sonhadores...

Corta para:

CENA 32/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DA CIDADE/ EXT./ TARDE

Tocar a música “Sertão”, da novela Cordel Encantado.

A câmera caminhando pelo corpo de uma pessoa vestida de preto. A câmera vai subindo lentamente até que revela ser o Carcará, vestido de Mascarado. Ouvi o som do pulsar do coração dele.

A música para de ser tocada neste ponto.

Corta para:

CENA 33/ PALMEIRÃO DO BREJO/ IGREJA/ INT./ TARDE

O padre continua a sua fala no casamento, enquanto Otávio e Cecília se entreolham sorridentes.

PADRE ANTÔNIO (P/Cecília) – Cecília Gomes Valadares, você aceita Otávio Pereira Duarte como seu legítimo esposo?

CECÍLIA (P/ Padre Antônio e Otávio) – Sim!

PADRE ANTONIO (P/Otávio) – Otávio Pereira Duarte, aceita Cecília Gomes Valadares como sua legítima esposa.

OTÁVIO (P/Padre Antônio e Cecília) – Sim.

PADRE ANTONIO – Se tem alguém contra esse matrimonio ou que tenha algo a revelar, que fale agora ou cale-se para sempre.

Neste instante o Carcará entra na igreja. Ele tira a máscara preta.

CARCARÁ – Eu tenho! Esse casamento não pode acontecer!

Todos ficam de pé e surpresos.

OTÁVIO (Surpreso) – Carcará?

Focar na expressão de surpresa de Otávio.

Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato.

Corta para:








 

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.