A MENINA NA PORTA
webnovela criada e escrita por Jonny Nascimento
Capítulo 09
Sérgio flagra sua filha, Eduarda, forçando vômito para se livrar da comida e não engordar.
SÉRGIO (espantado) - Eu te fiz uma pergunta, mocinha. O que é isso?
EDUARDA (sem graça) - Eu estou passando mal, pai.
SÉRGIO - Conta outra, você não vomitou nada. Está forçando. Por que?
EDUARDA - Estou enjoada mas não consigo colocar para fora.
SÉRGIO - E esse comprimido?
EDUARDA - É pra passar o enjôo, mas nem ele eu consegui engolir porque estou me sentindo muito enjoada.
SÉRGIO - Então vou te levar no médico.
EDUARDA (grito) - NÃO!
SÉRGIO - O que é isso, minha filha? Pra quê esse desespero?
EDUARDA - Não precisa me levar em lugar nenhum. Eu estou bem!
SÉRGIO - Mas você acabou de dizer que…
EDUARDA (interrompendo) - Abafa, pai, já passou.
SÉRGIO - Não acredito.
EDUARDA - É sério.
SÉRGIO - Tem certeza?
EDUARDA - Sim.
Mesmo um tanto desconfiado, Sérgio sai do banheiro e deixa Eduarda aflita. No mesmo momento, a menina guarda o comprimido e se senta em posição fetal no chão do banheiro, onde começa a chorar.
CENA 2 || Sérgio chega em seu quarto e encontra Lívia, a quem questiona sobre o comportamento da filha.
SÉRGIO - Amor, você tem reparado no comportamento da Eduarda?
LÍVIA - Não. O que tem ela?
Sérgio se dirige a porta do guarda-roupas
SÉRGIO - É que acabei de chegar. Passei pela porta do banheiro e escutei ela vomitando. Entrei para ver o que estava acontecendo, e ela não estava vomitando, mas forçando. Parece que queria colocar a comida pra fora.
LÍVIA - Ué? Não sabia disso.
SÉRGIO - Talvez não seja a primeira vez que ela faz isso.
LÍVIA - Eu só vejo ela de noite, quando chego do trabalho. Se ela tá fazendo isso, eu não estou sabendo.
SÉRGIO - Não acho que isso seja uma desculpa muito boa, né Lívia?
LÍVIA - De qualquer forma, vou conversar com ela depois.
Lívia faz uma cara de quem comeu e não gostou.
CENA 3 || No orfanato de Célia, Gabriele está sentada num sofá, triste e meio pensativa. Beatriz chega.
BEATRIZ (animada) - Oi.
GABRIELE - Olá…
BEATRIZ - É você que é a menina nova, né?
GABRIELE - É. Sou eu.
BEATRIZ - Prazer em te conhecer. Me chamo Beatriz, mas pode me chamar de Bia.
Beatriz estende a mão para que Gabriele aperte, e a menina corresponde.
GABRIELE - Meu nome é Gabriele, mas pra você eu sou Gabi.
BEATRIZ (rindo) - Já conheceu o orfanato?
GABRIELE - Sim, a tia Celinha me mostrou tudo enquanto vocês estavam na escola.
Nesse momento, a campainha toca.
BEATRIZ - Ih, não tem ninguém pra atender. Vou lá!
Beatriz vai até a porta, e ao abrir, se depara com um motoboy.
MOTOBOY - Boa tarde, é aqui que mora Dona Célia do Juramento?
BEATRIZ - É sim, mas ela não está! Do que se trata?
MOTOBOY - É uma entrega, no nome dela. Mas basta alguém assinar só pra sinalizar que foi entregue.
BEATRIZ - Posso assinar?
MOTOBOY - Sim, serve você mesmo.
Beatriz assina o papel da entrega e pega a caixa.
MOTOBOY - Obrigado.
BEATRIZ - De nada.
Beatriz fecha a porta.
GABRIELE - O que é isso?
BEATRIZ - Não sei. Não é comida!
GABRIELE - Abre.
BEATRIZ - É feio abrir o que não é nosso.
GABRIELE - Mas é mais feio ficar curioso demais.
Beatriz cede e abre a caixa, que contém um porta retrato de Célia, Camila e Ernesto (marido de Rosana, ex chefe da mãe de Gabriele) anos antes e bem mais novos.
GABRIELE - Não acredito nisso…
BEATRIZ - O que foi?
GABRIELE - Esse moço aí é chefe de minha mãe. Vão me achar!
Beatriz e Gabriele ficam assustadas, e com o calor da emoção, deixam o porta retrato cair, quebrando o vidro.
BEATRIZ (sem saber o que fazer) - AH NÃO!
As duas se olham desesperadas e sem reação.
CONTINUA…
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