SARAMANDAIA
Capítulo 11 ��️
Criada por: Dias Gomes
Adaptada e escrita por: Luan Maciel
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 01. PREFEITURA DE BOLE-BOLE. AUDITÓRIO.
INTERNA. DIA
A câmera mostra que Zélia e Zico Rosado estão de lados opostos
do auditório. Podemos ver o clima tendo vai se tornando nesse
encontro atípico. Um auditor anda no meio do auditório
enquanto olha para todos os dois lados do plebiscito.
AUDITOR (figurante): - Hoje é um dia histórico para essa
cidade. De um lado temos os tradicionais que não querem a
mudança do nome da cidade, e de outro lado os mudancistas
que alegam que o nome Bole-Bole traz vergonha para a cidade.
Zico Rosado se levanta e olha para todos de um jeito bem
autoritário. Zélia e João Gibão se olham espantados.
ZICO ROSADO (enérgico): - Senhoras e senhores…. Povo da
nossa querida cidade. Nós não podemos permitir que esses
baderneiros arruínam a história da nossa cidade.
ZÉLIA (gritando): - Seu hipócrita. Você não vale nada, Zico
Rosado. A nossa cidade está a míngua há muito tempo e
ninguém faz nada. Eu estou tentando fazer a diferença.
JOÃO GIBÃO: - A Zélia está coberta de razão. Você é a pior
praga que já pisou nessa cidade Zico Rosado. Se o meu irmão
sofrer esse golpe que você está planejando eu mesmo farei
questão de enfrentar você pela prefeitura dessa cidade. Pode
acreditar.
Zico Rosado gargalhada de jeito cínico. Zélia tenta se levantar e
partir para cima do vilão, mas João Gibão a impede.
ZICO ROSADO (debochando): - Isso só pode ser brincadeira. O
deformado está querendo dar um vôo bem alto. (P) Você não é
ninguém, João Gibão. Você não passa de um corcunda.
JOÃO GIBÃO (sério): - Se você tem tanta certeza disso porque
então não me enfrenta mas urnas, Zico Rosado? Está com medo
da rejeição que o povo dessa cidade vai te fazer passar?
ZÉLIA: - Hoje começa a sua derrocada, Zico Rosado. Eu vou
estar de camarote quando você perder tudo que você tem.
Zico Rosado lança um olhar de ódio para Zélia. Enquanto isso o
vilão para na frente de João Gibão que o confronta.
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CENA 02. CASA DE MARIA APARADEIRA E SEU CAZUZA.
QUARTO DE MARCINA. INTERNA. DIA
Close em Marcina que está parada na frente do guarda roupa
colocando as suas roupas em uma mala. Logo depois Maria
Aparadeira entra no quarto e ela fica possessa de raiva ao ver o
que sua filha está fazendo. Elas ficam frente a frente.
MARIA APARADEIRA (bufando de ódio): - O que você pensa
que está fazendo, Marcina? Está querendo abandonar
abandonar a sua família por causa daquele corcunda? Você é
histérica.
MARCINA (sem acreditar): - Histérica??? Eu cansei de tentar
entender essa sua implicância com o João. Ele tem essa
deficiência, mas isso não muda o fato que ele é um bom
homem. Ao contrário de você que é preconceituosa.
MARIA APARADEIRA: - Chega dessa ladainha, Marcina. Se é
isso que você quer fazer então vá em frente. Mas saiba que esse
esquisito do João Gibão jamais será homem para você.
As lágrimas escorrem pelos olhos de Marcina. Ela abaixa a
cabeça e Maria Aparadeira fica mais ardilosa.
MARCINA (séria): - Pela última vez eu vou falar. Eu amo o João,
e nada do que você diga vai conseguir me afastar dele. Desiste.
MARIA APARADEIRA (nervosa): - Você quer me envergonhar,
sua desaforada? Quer que toda a cidade fique falando do nome
da nossa família? Eu não vou admitir que isso aconteça.
MARCINA: - É só com isso que você consegue se preocupar.
Com aparências e com o que o povo vai falar. Eu vou embora
dessa casa. Tomara que o meu pai consiga te aturar.
Marcina pega sua mala e vai embora. Maria Aparadeira fica ali
parada sem reação demonstrando ser muito orgulhosa.
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CENA 03. CASARÃO DA FAMÍLIA ROSADO. SALA DE ESTAR.
INTERNA. DIA
Pedro vai caminhando pela sala de estar do casarão
acompanhado da empregada. Nesse momento a empregada sai
e Dona Cândida vem ao seu encontro. A matriarca da família
Rosado olha para Pedro de um jeito bem frio e distante.
DONA CÂNDIDA (fria): - Quando a minha empregada disse
quem estava aqui minha espera quase que eu não acreditei. Eu
posso saber o que você quer aqui rapazinho? Fale logo.
PEDRO (sendo cordial): - Eu não quero causar nenhum
problema, dona Cândida. Eu cresci ouvindo a gostou da
rivalidade de nossas famílias. Mas eu me apaixonei pela sua
neta. Eu quero pedi a permissão para namorar com ela.
CÂNDIDA: - É muita petulância da sua parte vir em minha casa
fazer um pedido desse tipo. (P) Eu jamais irei permitir que uma
neta minha se envolva com um Villar. Vá embora agora.
Pedro mostra ter atitude e ele não abaixa a cabeça para Dona
Cândida. A matriarca dos Rosado fica na frente de Pedro.
PEDRO (sério): - Eu respeito a figura que a senhora representa,
dona Cândida. Mas eu não vou desistir da sua neta. Entendeu?
DONA CÂNDIDA (com raiva): - Eu tenho que admitir que você
tem coragem, rapaz. Mas eu acho bom você ficar longe da
minha neta para o seu próprio bem. É bom você me ouvir.
PEDRO: - Eu já disse tudo que eu tinha para dizer, dona
Cândida. Nem você nem ninguém vai conseguir me tirar de
perto da Estela. Eu amo demais a sua neta.
Pedro vai embora quando Estela vem descendo as escadas do
Casarão. Eles trocam olhares apaixonados. Dona Cândida vê
isso com muita raiva. Pedro encara Dona Cândida.
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CENA 04. PREFEITURA DE BOLE-BOLE. ENTRADA.
EXTERNA. DIA
A câmera mostra que Lua Viana está andando de um lado para o
outro mostrando estar muito angustiado. Nesse momento ele
sente alguém tocar em seu ombro. Quando ele se vira Lua Viana
dá de cara com sua mãe que o abraça bem forte.
LEOCÁDIA (respirando fundo): - Eu já soube do que aconteceu,
meu filho. É muito injusto que você tenha sofrido essa
injustiça. Os poderosos dessa cidade não podem fazer isso com
você.
LUA VIANA (com o olhar distante): - Eu não quero pensar nisso
agora, mãe. O que está me deixando preocupado é esse bendito
plebiscito. A Zélia e o João estão à mercê daquele infeliz do Zico
Rosado. Eu tentei avisar, mas nenhum deles me ouviu.
LEOCÁDIA: - Você fez o que podia, meu filho. Você mais do que
ninguém sabe que o seu irmão e a Zélia nunca iriam desistir
daquilo que eles acreditam. Isso é algo louvável hoje em dia.
Lua Viana vai ficando cada vez mais inquieto. Leocádia olha
para seu filho que está com o pensamento distante.
LUA VIANA (firme): - Eu não posso ficar aqui parado enquanto
o destino da nossa cidade é decidido por esses poderosos que só
pensam em poder e dinheiro. Eu tenho que fazer algo.
LEOCÁDIA (ponderando): - E o que você está pensando em
fazer, meu filho? Você mesmo acabou de dizer que enfrentar o
Zico Rosado é perigoso. Aquele homem é um sádico.
LUA VIANA: - Eu sei muito bem disso, mãe. Mas eu não posso
deixar a Zélia e o João sozinhos diante de tudo que está
acontecendo. Como prefeito eleito eu devo uma explicação para
o povo dessa cidade. É isso que eu tenho que fazer.
Leocádia sorri sentindo orgulho de seu filho. Ela dá um beijo
fraternal em seu rosto. Lua Viana entra na prefeitura decidido.
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[ALGUMAS HORAS DEPOIS]
CENA 05. BATACLÃ ARCO-ÍRIS. SALÃO PRINCIPAL.
INTERNA. FIM DE TARDE
O foco está em Risoleta que está andando na frente de um
grupo de várias jovens uma diferente da outra: ( Uma morena,
um ruivo e uma loira) que estão ali por causa do anúncio que
Risoleta deixou em busca por jovens que queiram ser
acompanhantes. Risoleta às olha bem crítica.
RISOLETA (sendo prática): - Vocês sabem muito bem o motivo
de estarem aqui. Essa cidade é cheia de preconceitos e
mulheres beatas que vão tentar fazer de suas vidas um inferno.
Mas se vocês aceitarem ficar poderão ter uma nova vida
comigo.
As garotas se olham. Todas aceitam o que Risoleta está
oferecendo. Entre elas estão Belezinha (Julia Dalavia) e Ana
Maria (Giovanna Cordeiro), que olha tudo bem frívola.
RISOLETA (séria): - Agora chega de papo que vocês tem muito o
que fazer. O dia da abertura do bataclã está chegando e eu
quero que tudo esteja em ordem para receber os homens dessa
cidade. Esse acontecimento será inesquecível.
Risoleta vai indo para a parte superior do bataclã. Ana Maria
olha para Belezinha de um jeito bem autoritário.
ANA MARIA (fria): - Eu se fosse você não criaria muitas
expectativas não. Todo mundo sabe que eu serei a moça mais
requisitada desse bataclã. Você não chega aos meus pés.
BELEZINHA (ponderando): - Eu não estou querendo competir
com você. Eu estou aqui porque eu preciso. Apenas por isso.
Belezinha passa por Ana Maria e vai na direção de Risoleta. A
câmera mostra o olhar de Ana Maria que é muito invejoso.
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CENA 06. FAZENDA DE TIBÉRIO. CASA GRANDE.
ESCADARIA. EXTERNA. FIM DE TARDE
Close em Vitória que está descendo a escadaria da casa grande.
Nesse momento ela percebe que um jipe vem se aproximando
com uma certa pressa. Depois de alguns instantes Helena desce
do jipe e caminha na direção de Vitória. Sem fizer nenhuma
palavra Helena dá um tapa em Vitória que fica sem reação.
VITÓRIA (confusa): - Porque você fez isso, Helena? Porque essa
atitude tão inconsequente da sua parte? Eu quero uma
explicação. Eu não admito que isso aconteça dessa forma.
HELENA (desabafando): - Você quer uma explicação? Eu vivi
feliz com o meu marido por quase 30 anos e de repente você
resolve aparecer. Porque você teve que voltar? Você só voltou
para estragar a minha relação com o Zico. Admite.
VITÓRIA: - Eu não sei qual é o seu problema, Helena. Eu não
quero atrapalhar a vida de ninguém. A culpa é exclusivamente
do seu marido que quer destruir a minha família. Isso é algo
que eu jamais vou aceitar. É melhor você ir embora.
Vitória e Helena se encaram em silêncio. Helena fica andando
demonstrando estar muito nervosa com essa situação.
HELENA (alterando a voz): - Eu não sou burra, Vitória. Eu
conheço a sua história com o meu marido. E outra coisa.
Mande o seu filho ficar longe da minha filha. Vai ser melhor
assim.
VITÓRIA (irritada): - Quer saber de uma coisa, Helena? Eu não
sou obrigada a ficar aqui ouvindo esses desaforos. Eu tenho
mais o que fazer. (P) E em relação ao meu filho. É bom nenhum
de vocês fazer mal a ele. Não sabem do que eu sou capaz.
HELENA: - Estou vendo que você não quer colaborar, Vitória.
Mas você está avisada. Eu não vou deixar que um fantasma do
passado atrapalhe a minha vida. É tudo que eu tinha para falar.
Helena volta a entrar no jipe e vai embora. A câmera se
aproxima do rosto de Vitória e mostra que ela ficou muito
abalada com essa conversa. Ela ainda pensa em Zico Rosado.
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CENA 07. PREFEITURA DE BOLE-BOLE. AUDITÓRIO.
INTERNA. FIM DE TARDE
A câmera mostra que João Gibão e Zélia estão sentados um do
lado do outro muito apreensivos. A câmera gira e podemos ver
Zico Rosado olhando para eles de um jeito bem frio e
manipulador. Logo depois o auditor vai se aproximando do
centro do auditório. Zélia e João Gibão ficam atentos.
AUDITOR (figurante): - Depois de horas de muita conversa e
estudos a equipe de auditores chegou a uma conclusão. Esse
plebiscito foi realizado para decidir o futuro do nome da
cidade. Mas não tem porquê mudar o nome da cidade nesse
momento. Por isso essa cidade vai continuar se chamando
Bole-Bole.
Zélia não acredita no veredito do plebiscito. Ela fica incrédula.
ZÉLIA (gritando): - Você não pode estar falando sério?!! Esse
nome só vai trazer mais vergonha para a nossa cidade. (P) Isso é
tudo culpa desse homem. Quanto foi que ele te pagou?
JOÃO GIBÃO (sussurrando): - Calma, Zélia. Eu sei que você está
chateada, mas nós não podemos nos rebaixar ao nível dele.
ZICO ROSADO: - Eu bem que tentei avisar vocês. Agora o
próximo passo vai ser eleito o prefeito da cidade. Com o apoio
do povo eu irei conseguir acabar com vocês baderneiros.
João Gibão fica frente a frente com Zico Rosado. O olhar de João
Gibão é de muita seriedade. Zico Rosado fica estático.
JOÃO GIBÃO (firme): - Eu não contaria com isso, Zico Rosado.
Eu vou ser uma pedra no seu sapato. O povo dessa cidade
jamais vai deixar que alguém como você chegue ao poder.
ZICO ROSADO (ameaçando): - Você acha mesmo que pode me
ameaçar? Você não passa de um corcunda que não representa
nenhuma ameaça. Não me faça rir, João Gibão.
JOÃO GIBÃO: - Eu já falei tudo o que eu queira, Zico Rosado.
Uma hora o povo dessa cidade vai acordar, e quando isso
acontecer você vai perder tudo que você tem. Pode acreditar.
Zico Rosado sorri satisfeito com o resultado do plebiscito.
Nesse momento Lua Viana entra no auditório. Sem pensar duas
vezes Zélia corre para os braços de Lua Viana. Ele e João Gibão
se olham incrédulos com o resultado do plebiscito.
A imagem e o olhar sério de João Gibão. Aos poucos a imagem
vai ganhando um efeito como se a imagem se transformasse em
uma moldura.
Obrigado pelo seu comentário!