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BUDAPESTE - CAPÍTULO 17

 



Budapeste - Capítulo 17

Budapeste – Hungria

Cena 01 – Bordel – Quarto – Int. – Noite.

O Senador Fridrich está sentado ao lado da cama em desespero. Ele ouve passos vindo do corredor. Ele vislumbra uma imagem de uma mulher loira.

Fridrich: Emese Angyal? O que está fazendo aqui?

Emese: Vim te ajudar e espero que o senhor retribua com gratidão.

Fridrich: Como você sabia disso?

Emese aponta para Lorenzo. O mesmo entrega um celular a ela. Esta tira uma foto.

Emese: Bom, apenas você pode se salvar. Caso tenha alguma objeção, essa foto irá direto para o jornal da cidade e todos verão que é um assassino.

Fridrich (ódio): Você sabe muito bem que não fui eu quem fiz isso.

Emese: Não é o que esta foto diz (mostra a foto para o senador)

Fridrich (ódio): Sua vag...

Emese (corta): Acho bom maneirar um pouco na sua linguagem. Isso não são modos de um representante do povo. Veja bem, essa garota era uma mera prostituta, então, ninguém vai dar a importância para ela, acredito até que não vão encontrar familiares. Acho importante que a partir de agora você siga o ritmo da minha música.

Fridrich: Eu não recebo ordens suas!

Emese: Vai passar a receber se não quiser mofar na cadeia. Ou o senhor acha que depois de todo o escândalo que já passou, as pessoas irão acreditar em você? Eu sou Emese Angyal, a minha palavra vale muito mais que a sua.

Lorenzo: Melhor ouvir a proposta que ela tem. Eu não me atreveria a mexer com ela.

Close no rosto de Fridrich que está furioso e desesperado.

Cena 02 – Restaurante – Int. – Noite

Domokos e Fatima estão sentados em uma mesa e os seguranças dele rodeiam.

Domokos: Minha querida, faz tempo que não nos vemos, não é mesmo? Mas de todos os lugares do mundo, não esperava que você fosse parar em Budapeste.

Fatima: É, infelizmente eu tive esse desprazer de te encontrar aqui.

Domokos: Continua sendo a mesma. Parece que não mudou nada.

Fatima: Ah, eu mudei, Domokos. Ainda sinto muito ódio por tudo que você me fez passar, mas resolvi seguir a minha vida.

Domokos: Você ainda continua me intrigando. É a única pessoa que não consigo decifrar o que está sentindo.

Fatima: Isso não é bom? Quer dizer que não sou como as outras pessoas.

Domokos: Você tem razão. Mas vamos falar sobre a sua vinda até Budapeste. Por qual razão veio?

Fatima: Eu vim procurar a minha filha!

Domokos: Ela deixou de ser sua filha no mesmo instante que você a abandonou.

Fatima: Eu não abandonei a Christina! Precisei trabalhar em outro lugar, porque não queria que ela levasse a mesma vida que aquelas meninas do bordel.

Domokos: E acabou deixando com a sua mãe. (risos).

Fatima: Não ouse me comparar a ela. Domokos, eu sei de muita coisa sua, então nem tente me impedir de ver a Christina.

Domokos: Não será preciso. Quando a sua filha te conhecer, ela vai fazer questão de se afastar. Você acha mesmo que ela vai querer uma mãe como você?

Fatima: Por que não? Só porque eu sou turca?

Domokos: Já é o suficiente. (risos) Bom, eu preciso ir, tenho negócios a serem resolvidos e já perdi muito tempo com essa conversa.

Fatima (levanta-se): Não duvide do que sou capaz, Domokos. Eu posso acabar com você. Espero que saiba.

Domokos (levanta-se e ri): Eu poderia pedir para os meus homens te matarem aqui mesmo. Esconderia seu corpo, depois faria questão de cortar pedaço por pedaço e daria para meus cachorros. Se me ameaçar novamente, arrancarei sua língua.

Domokos abre a carteira e puxa duas notas de 200 euros e joga na mesa.

Domokos: Caso esteja precisando.

Ele sai acompanhado dos seus seguranças. Fatima pega as notas e rasga.

Cena 03 – Casa de Barbara – Sala – Int. – Noite

Barbara olha para a planta do parlamento húngaro e marca um x em um ponto. Agnes adentra o local.

Agnes: Deixou a porta aberta? Está começando a ficar com coragem.

Barbara: Não queria que ninguém me atrapalhasse. Cadê o Konrad?

Agnes: Está estacionando o carro no outro quarteirão.

Barbara: O que esse canalha fez para estar foragido? Conseguiu descobrir?

Agnes: Não, ele não quis me contar. Não insisti, mas achei tudo muito estranho.

Barbara: É um imbecil mesmo. Vocês dois.

Agnes (bufa): Você é insuportável, Barbara.

Konrad adentra o local trajado com um capuz e óculos escuros. Barbara e Agnes se entreolham e caem na risada.

Konrad: O que foi? Vocês não queriam que eu colocasse meu rosto na rua arriscando alguém descobrir, né?

Barbara: Você é um idiota. Só faz besteira, Konrad. O que você fez pra estar foragido?

Konrad: Isso não te diz respeito. Vamos ao que interessa. Quando iremos explodir o parlamento?

Agnes: Depois de amanhã. Todas as dinamites já chegaram. Iremos plantar amanhã. Os homens do senador Fridrich irão colocar nos pontos marcados.

Barbara (apreensiva): Mas não estou com uma boa intuição. Enfim, vamos nos preparar, porque nas próximas 54 horas, Budapeste vai tremer.

O olhar de Barbara é uma mistura de ódio e apreensão.

Cena 04 – Delegacia – Escritório – Int. – Noite.

Nala está sentada em sua cadeira e Emese está bem na sua frente. Severus e Lorenzo estão postados ao lado esquerdo de Nala.

Nala: Para você ter aparecido por aqui, Emese, deve ser um assunto muito importante.

Emese: Sim. Segundo uma fonte, ocorrerá um atentado contra o Parlamento Húngaro depois de amanhã.

Nala (surpresa): Do que você está falando, Emese?

Emese: O grupo neonazista está armando um atentado ao parlamento. Infelizmente, é tudo que eu sei.

Nala: Isso que você está me dizendo é muito grave, Emese. Com todo respeito, claro, mas é até difícil de acreditar em algo assim. Quem foi essa sua fonte?

Emese: Eu não posso falar, delegada. Estou aqui fazendo uma denúncia. Eles irão plantar as dinamites amanhã. Você precisa agir.

Nala (olhando para Severus): Severus, por favor, entre em contato imediatamente com o esquadrão antibombas e também com a polícia de todas as delegacias da cidade, precisamos de todo o apoio possível.

Severus: Pode deixar. Mas se entrarmos em contato com outras delegacias, há possibilidade desse grupo descobrir que nós sabemos.

Nala (pensativa): Você tem razão... Eu já sei o que fazer!

A cena é tomada por uma música de suspense, silenciando toda a fala.




Cena 05 – Hotel – Quarto – Int. – Noite

Gizzela está vestida em um baby-doll, penteando seu cabelo enquanto olha-se no espelho. Domokos adentra o quarto.

Domokos: Você não vai acreditar quem está em Budapeste.

Gizzela (continua de frente ao espelho): Provavelmente não foi a Madonna, dessa forma, não quero saber.

Domokos: O seu humor me deixa um pouco fascinado. Mas a pessoa a qual vi foi a Fatima, a mãe da Barbara.

Gizzela neste momento parece sofrer o impacto da notícia e deixa a escova cair no chão. Ela vira-se para Domokos em um momento de fúria.

Gizzela (furiosa): O que essa cachorra está fazendo aqui?

Domokos: Ela foi sincera comigo, disse que veio até aqui, porque queria encontrar a Barbara, mas pelo que eu entendi, ela ainda não sabe que nossa filha mudou de nome, porque a continua chamando de Christina (risos)

Domokos vai até a cama e tira os sapatos e coloca no canto da cômoda ao lado.

Gizzela (nervosa): Como você pode estar tão calmo diante uma situação dessas?

Domokos (frio): Ela não pode dar passos maiores do que pode. Você precisa ficar tranquila, meu amor.

Gizzela: Tranquila, Domokos? Isso tudo é culpa sua! Você deveria ter dado um fim nela quando pôde.

Domokos (bocejando): Amanhã conversaremos. Boa noite.

Gizzela vira-se para o espelho e tem um acesso de raiva. Ela dá um soco no espelho que trinca. A sua mão ainda está cravada, o sangue começa a escorrer. Domokos ignora.

AMANHECE O DIA EM BUDAPESTE


Cena 06 – Mansão Angyal – Quarto de Ilona – Int. – Dia.

Ilona está abrindo as cortinas do quarto. Sebestyénne bate a porta.

Ilona: Pode entrar, Sebestyénne.

Sebestyénne entra no quarto e deixa a porta entreaberta.

Ilona (sussurra): Feche a porta.

Sebestyénne (fechando a porta): Como sabia que era eu?

Ilona: Não seria a Emese. Ela não está falando comigo, na verdade, a única pessoa que ela está falando é só o Lorenzo. Mas preciso conversar com você.

Sebestyénne: Aconteceu alguma coisa?

Ilona (nervosa): Sim. Sebestyénne, estou preocupada. A Emese vai correr perigo, eu tentei conversar, mas nenhum dos meus argumentos foram aceitos.

Sebestyénne (chocada): Você não está querendo dizer que...

Ilona: Sim. Se isso acontecer, precisamos preparar a Emese, não podemos esconder isso dela, ela precisa saber antes que... Você sabe.

Sebestyénne: Ilona, isso é loucura! Não é só a vida da Emese que vai correr perigo, mas também a nossa. Isso é uma atitude totalmente descabida e egoísta.

Ilona (nervosa): É a única coisa a se fazer no cenário atual.

Cena 07 – Mansão Kovács – Sala – Int. – Dia.

Kimerul está lendo um livro no sofá. András desce as escadas rapidamente com um álbum de fotografias.

András: Olha só o que eu encontrei no sótão.

Kimerul (pegando o álbum): O álbum de fotos da sua mãe. Ela fez questão de registrar todos os momentos da gravidez até o seu nascimento.

Kimerul e András começam a ver as fotos, ambos se emocionam a cada fotografia. András aponta para uma foto de Anita segurando-o, mas ele percebe um colar de rubi que aparece nela em todas as fotos.

András: Eu nunca vi esse colar.

Kimerul: Sua mãe foi no joalheiro uma vez para transformar em uma pulseira para você.

András: E aonde está essa pulseira? Eu nunca cheguei a usar.

Kimerul: Meu filho, eu nunca a vi. Mas acredito que está no caixão.

András: Pai, pode parecer bizarro, mas eu quero muito esse colar. Não por ser algo material, mas porque foi a única coisa que a mamãe deixou pra mim.

Kimerul (estranha): András, aonde você quer chegar com essa história? Não tem como tirarmos o colar de lá. Ficou maluco?

András: Pai, eu sei. Mas há como a gente entrar na justiça, pedir autorização para conseguir o colar. Eu mereço isso.

Kimerul: Você está querendo exumar o corpo da sua mãe por conta de um colar?

András: Pai, não é um simples colar. É o colar que a minha mãe me deu! Eu tenho direito a isso. Se você não apoiar isso, não tem problema, eu vou atrás.

Kimerul (raiva): András, não se atreva!

András: Já está decidido!

András volta a subir as escadas e Kimerul fica ali incrédulo com o que acabou de ouvir.

Cena 08 – Mansão Angyal – Escritório – Int. – Dia.

Emese olha para a janela que dá acesso ao jardim, ela está pensativa. Lorenzo está ali sentado e se cansa de ficar em silêncio.

Lorenzo (inquieto): Emese, preciso conversar com você. Se eu não falar, eu vou ter um treco.

Emese (seca): Pode falar.

Lorenzo: Você mandou matar aquela prostituta?

Emese (ri): Foi pra isso que você quebrou o silêncio? Achei que estava óbvio. (levanta-se). Eu jurei que todos eles iriam pagar por tudo que fizeram e irei pegar de um por um.

Lorenzo: Mas Emese...

Emese: Mas nada, Lorenzo. Se você quiser ir embora, a porta estará aberta, mas não questione os meus métodos. 

Lorenzo: Eu jamais abandonaria você, Emese...

Emese (séria): Que eles não ousem atravessar o meu caminho, porque nesse caso, não terei piedade e apertarei o gatilho sem pensar duas vezes.

Lorenzo olha para Emese com um pouco de aflição.

Cena 09 – Avenidas de Budapeste

Música: I follow Rivers – Lykke Li


A música acompanha a cena. A Cam mostra a visão panarômica da cidade de Budapeste. Os corvos voam no céu alaranjado. Pessoas estão com roupas mais despojadas, algumas estão fazendo caminhadas e outras conversando em bancos.

Cena 10 – Parlamento Húngaro – Int. – Dia.

A Delegada Nala adentra o parlamento com Severus. Ambos observam o movimento ao redor.

Severus: Você acha que já colocaram as dinamites?

Nala (ansiosa): Provavelmente. Este horário foi o descrito pela Emese. Eles iriam aproveitar que o movimento interno era pouco para adentrar.

Severus: Então vamos dar início ao nosso plano?

Nala assente. Os dois vão até um corredor próximo a um auditório. Eles tiram um pano. Nala ascende o isqueiro e começa a tocar fogo no material.

Severus (nervoso): Isso tem que dar certo, Nala.

Nala: E vai. Acredite em mim.

O pano começa a soltar fumaça rapidamente. O alarme de incêndio dispara, ecoando por todo o local.

Nala: Vamos pra frente.

Cena 11 – Parlamento Húngaro – Ext. – Dia.

Há uma grande movimentação. Pessoas correm para o lado de fora desesperadas. Nala e Severus estão na portão inicial, orientando as pessoas que ainda estão sem entender.

Nala: Acho que todo o local foi evacuado.

Três caminhões dos bombeiros chegam com as sirenes estridentes. Carros de polícia fazem chegam logo em seguida.

Nala pega um megafone que está no seu carro e começa a falar.

Nala: ATENÇÃO! Há um perigo eminente de explosão dentro do parlamento. Existem diversas dinamites espalhadas pelo local. Preciso que se afastem!

O esquadrão antibombas surge de uma caminhonete e começa a limitar o local para as pessoas.

Nala: Comandante, aqui está a planta aonde foram colocadas todas as dinamites

COMANDANTE (Pega a planta): Você fez um ótimo trabalho, Nala.

O esquadrão antibombas entra no local. Nala e Severus dão um aperto de mãos confiantes.

Cena 12 – Mansão Angyal – Cozinha – Int. – Dia.


Lorenzo caminha até a cozinha e vê Ilona bebendo um suco. Ele se aproxima dela.

Lorenzo (sério): Ilona, preciso conversar com você.

Ilona: Você tem total abertura pra falar comigo, Lorenzo. Aconteceu alguma coisa?

Lorenzo: Aonde você estava?

Ilona (confusa): Não estou te entendendo. Como assim?

Lorenzo: Eu já descobri que você não estava em Malta, Ilona.

Ilona (mente): Como assim: eu não estava em Malta? É claro que eu estava. Ficou maluco?  

Lorenzo: Ilona, não tinha nenhuma reserva com seu nome em nenhum hotel em Valetta e a boneca que você enviou para Emese não estava com o código de barras de Malta, mas sim de Roma.

Ilona (desentendida): Acho que você bateu a cabeça, rapaz.

Lorenzo (sério): Se você não contar a verdade pra mim, vou agora mesmo naquele escritório contar tudo para Emese.

Close na mudança de expressão de Ilona que está séria.

A História não tem conexão real com a realidade. O preconceito e o ódio jamais deverão ser aceitos em qualquer sociedade! Apologia ao Nazismo no Brasil é crime previsto no art. 20, da Lei nº 7.716/89 do Código Penal, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

DENUNCIE!

Fim do Capítulo 17

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