Budapeste – Hungria
Cena 01 – Avenida Andrassy – Noite
Lorenzo está dentro do seu carro. Ele está olhando uma foto
de Domokos jovem. Ele olha para frente e congela rapidamente ao ver Domokos
saindo do Hotel juntamente com Barbara e Gizzela.
Lorenzo: Isso só pode ser um sinal dos Deuses.
Lorenzo continua observando e tira várias fotos dos três.
Lorenzo: Agora é a hora de enviar tudo isso para a Emese!
Ele envia as fotos para o celular de Emese
Cena 02 – Delegacia – Sala – Noite.
O policial, um homem branco, loiro, olhos azuis,
aparentemente em torno de 40 anos, chamado Henry está algemado e sentado na
cadeira. Nala adentra a sala e Severus fica na porta.
Severus: Tem certeza que não quer que eu fique por aqui?
Nala: Absoluta. Pode ir.
Severus assente e fecha a porta
Nala senta na porta e coloca uma pasta na mesa que separa
os dois.
Nala: Bem, acredito que o melhor a se fazer nesse momento
seria contar tudo o que sabe. Será uma forma da sua pena ser abrandada.
Henry: Eu jamais abriria minha boca, delegada. Você sabe o
que acontece quando pessoas contam segredos? Elas se tornam inconfiáveis, eu
não quero ser esse tipo de pessoa.
Nala: Mesmo que isso custe a sua vida inteira? Porque você
pode ter certeza, Henry, eu farei você apodrecer atrás das grades.
Henry: Eu não me importo.
Nala abre a pasta e mostra umas fotos. O conteúdo das
fotografias são: Domokos e também uma foto de uma mulher morta em um campo
verde.
Nala: Reconhece essas fotos? Melhor, você sabe quem é este
homem?
Henry arqueia a sobrancelha e rapidamente muda a expressão.
Henry (mente): Não faço a menor ideia de quem seja. E
também não sei quem é essa moça.
Nala: Algo me diz que você sabe, sim. Bom, Henry, você pode
muito bem entregar todos os nazistas e não sofrerá consequências severas. Mas
esteja ciente, acabarei com todos eles.
Henry: Quando você tentar, será o fim da linha.
Nala: Pode deixar, Henry, lembrarei dessa sua ameaça quando
você for condenado. Pode ter certeza, irei deixar você numa sela pra sempre.
Nala levanta-se e Henry fica ali olhando fixamente para
porta.
Henry: Vocês irão sentir a ira. Irão ver que não pode
atrapalhar os planos divinos e a supremacia.
Nala vira-se para Henry.
Nala: Essa supremacia vai acabar e eu colocarei um ponto
final. Você está preso por apologia ao nazismo, babaca.
AMANHECE
O DIA EM BUDAPESTE
Cena 03 – Mansão Angyal – Escritório – Dia.
Emese olha fixamente para uma foto em um quadro que está na
parede. A foto é de Melánia e Kórnel. Ilona entra no escritório.
Emese: Você deveria bater antes de entrar.
Ilona: Você vai continuar sendo ríspida dessa forma?
Emese: E eu deveria te tratar de qual jeito?
Ilona: Emese, eu entendo que você está chateada, mas você
precisa entender toda a situação.
Emese: Tia, é impossível tentar compreender essa situação.
Minha mãe fingiu que estava morta durante todos esses anos.
Ilona: Emese, a Melánia precisou fazer isso. O seu tio
Domokos se tornou uma pessoa horrível durante aquela época. Ele roubou milhões
da nossa família. O Kórnel descobriu e simplesmente ele ameaçou o seu pai.
Emese: Mas por qual motivo ele fez isso?
Ilona: Não sei, talvez inveja. Ele é um ser desprezível. A
única forma de deixá-lo fora da jogada, foi ter forjado essa morte.
Emese: Não consigo acreditar nisso. É tudo tão complicado.
Ilona: Sua mãe é uma mulher extraordinária. Ela é forte e
tenho certeza que não faria nada de diferente, porque ela fez isso para te
proteger e também a nossa família.
Emese: Tia, eu quero acabar com o Domokos. Eu não me
importo se for preciso sujar as minhas mãos.
Ilona: Não faça isso. O Domokos é intragável.
Emese: Ilona, eu quero minha mãe voltando para Budapeste. Preciso
dela aqui para acabarmos com o Domokos.
Ilona: Você não precisa se preocupar. Ela já está voltando.
Cena 04 – Casa Abandonada – Int. – Dia.
Konrad está deitado na cama velha. Ele olha fixamente para
o teto. É quando a porta do local é arrombada por policiais que apontam a arma diretamente
para ele que se assusta.
Konrad: Mas que porra
Bence: Você está preso, Konrad Bartha. Fim da linha pra
você!
Close no rosto de Konrad que está com um olhar de fúria
Cena 05 – Mansão Angyal – Escritório – Dia.
A faxineira bate na porta e é autorizada por Emese
Faxineira: Senhora Emese, acho que houve algum engano, mas
pediram para deixar essa coroa de flores aqui. Inclusive, tem uma carta com o
seu nome
Emese (surpresa): Uma coroa de flores?
Ilona fica boquiaberta. Emese vai até a faxineira que ainda
está segurando a coroa de flores. Ela pega a carta e abre.
“Esse
é um pequeno presente para você, Emese. Eu adoraria enviar um caixão, mas daria
muito trabalho para enviar. Espero que guarde com carinho essa coroa de flores
para usar no seu enterro” - Domokos
Emese rasga a carta e fica furiosa.
Ilona: Quem enviou essa carta, Emese?
Emese: O desgraçado do Domokos.
Close no rosto de Ilona que está assustada
Cena 06 – Delegacia – Int. – Dia.
Nala está conversando com Severus, quando os policiais
chegam com Konrad algemado. Ele sorri assim que vê a delegada.
Nala: Pode rir, Konrad Bartha. Você terá muito tempo para
rir pelos anos que vai ficar na cadeia.
Konrad: Você é muita ingênua em acreditar que eu vou ficar
muito tempo nesse muquifo. Logo logo, eu vou poder sair.
Nala: Eu não contaria com essa sorte.
Konrad: Quando eu sair daqui, vou fazer você pagar por tudo
que está me fazendo passar.
Nala dá uma chave de braço em Konrad que fica sem ar.
Nala: Deixa eu te contar uma coisinha. Os seus amiguinhos
nazistas, te odeiam. Eles querem você preso. Você nem faz ideia a quantidade de
provas que eu tenho contra você. Todos esses crimes vão te fazer pegar uns bons
anos.
Nala larga Konrad que fica sem reação.
Cena 07 – Jornal – Escritório – Int. – Dia.
András bate na porta do escritório de Zóltar. O jornalista
levanta-se para falar com o rapaz.
Zoltar: András Konrad! A que devo a honra de sua visita?
András: É uma história um pouco longa. Mas vim até aqui,
porque eu precisava fazer algumas perguntas.
Zóltar: Se eu tiver as respostas, passarei para você.
András: Zóltar, há quanto tempo o jornal existe?
Zóltar: O Jornal era da minha família. Somos uns dos
jornais mais antigos de Budapeste. A sua fundação foi em 1956. Mas por qual motivo
essa pergunta?
András: Eu posso ver os arquivos de notícias de 1992?
Zóltar: Há algo que você queira saber?
András: Quero saber sobre a prisão de Domokos Tamas.
Zóltar: Acho que eu me recordo desse nome. Ele não é
estranho.
András: Ele é o tio da Emese Angyal. Irmão do Kórnel.
Zóltar: É claro! Agora eu lembro! O Domokos era Diretor
geral das empresas Angyal, mas foi preso por desviar milhões de dólares dos
cofres da empresa. Foi um enorme burburinho na época.
András: Então, você o conhece.
Zóltar: É claro! Ele fez algo com a família Angyal na
época, afinal era a família mais importante do nosso país.
András: Você tem alguma notícia dele?
Zóltar: Pelo pouco que eu sei, ele tinha uma fazenda no
norte do país, mas não sei essa fazenda ainda existe.
Cena 08 – Mansão Angyal – Quarto de Lorenzo. –
Int. – Dia.
Lorenzo está sentado em sua cama. Ele pega uma caixa que
está meio desgastada. Ao abrir, ele retira uma carta que nunca foi aberta.
Lorenzo (lendo):
“FEV DE 2019
Meu amado filho, espero que esteja aproveitando
bem a estadia na casa dos Angyal. Estou com saudades de você. Sei que o Konrad
continua dando problemas, ele nunca foi fácil. A Emese me ligou e implorou para
que eu te ligasse e pedisse pra voltar. Essa menina não aguenta te ver
chorando. Não quero que chore. A saudade dói, mas eu e sua mãe estamos muito
bem. Seus irmãos estão ótimos. Sua irmã, a Graziana está oficialmente na
faculdade. Estamos soltando fogos. Se o Konrad continuar dando problemas, peça
para sua Ilona mandá-lo para o orfanato de onde ela o tirou. Por favor, jamais
comente isso com a Ilona ou com o Konrad.”
Lorenzo fica surpreso. Ele leva a mão a boca em um reflexo
de surpresa.
Lorenzo: O Konrad é adotado?
Cena 09 – Mansão Angyal – Sala – Int. – Dia.
Lorenzo desce as escadas e encontra Sebestyénne que está
arrumando uns jarros de flores.
Lorenzo: Cadê a Emese?
Sebestyénne: Ela deu uma saída com a Ilona. Aconteceu
alguma coisa?
Lorenzo: Sebestyénne, preciso falar com você.
Sebestyénne: Você está pálido, Lorenzo. Estou começando a
ficar preocupada. Aconteceu alguma coisa?
Lorenzo: Sebestyénne: O Konrad não é filho biológico da
Ilona?
Sebestyénne deixa um dos vasos cair no chão em reação à
pergunta de Lorenzo.
Sebestyénne: Quem te contou isso?
Lorenzo: Então é verdade!
Sebestyénne: Por favor, não ouse comentar isso com ninguém.
Quem te contou?
Lorenzo: Eu abri uma carta que meu pai me enviou há uns
anos e nela, ele fala que se o Konrad continuar dando problemas é para a Ilona
mandá-lo para o orfanato.
Sebestyénne: Eu não tenho permissão pra falar sobre
assunto, mas sim, é verdade.
O telefone toca. Lorenzo atende.
Lorenzo: Alô? O quê? Está bem. Toma cuidado, por favor.
Lorenzo desliga o telefone e olha para Sebestyénne.
Lorenzo: O Konrad.
Sebestyénne: O que tem ele?
Lorenzo: Ele está preso!
Close em Sebestyénne que está em choque.
Cena 10 – Delegacia – Escritório – Int. – Dia.
Nala está nervosa e conversa diretamente com Severus em seu
escritório.
Severus: Você precisa ficar calma, Nala. Estou vendo a hora
de você ter um ataque.
Nala: Estou nervosa. Essa prisão do Konrad me diz que vai
acontecer algo de ruim.
Severus: Tem algo que eu possa fazer?
Nala: Na verdade, tem sim. Por favor, peça urgentemente que
reforcem a segurança da delegacia. Estou sentindo que eles podem atacar a nossa
delegacia.
Severus: Farei isso imediatamente.
Cena 11 – Cafeteria – Int. – Dia.
Emese e Ilona estão tomando um café. Ilona está aos
prantos.
Emese: Tia, eu prefiro que você não vá até a delegacia. Não
quero que presencie a situação horrenda que o Konrad está.
Ilona: Emese, apesar de tudo, ele é o meu filho! Preciso estar
presente. Meu Deus! Está tudo ficando pior do que eu imaginava, cada dia que
passa, parece que estou vendo tudo ir a ruínas.
Emese: Não está, tia. Pelo contrário, sinto que agora é o
momento que estamos mais fortes contra o Domokos.
Ilona: Emese, pare de ser ingênua! O Domokos é um
criminoso! Ele não tem pena de ninguém e vai fazer de tudo para se vingar da
Melánia. Ele sabe que ela está viva, a coroa de flores foi a prova disso.
Emese: É por isso que eu irei começar o meu contra-ataque.
Emese pega o celular de sua bolsa e mostra fotos de Domokos
com Gizzela e Barbara.
Emese: Aqui está o canalha. Ele está hospedado em um hotel
aqui perto.
Ilona: Essa é a Gizzela, é a esposa dele. Se eu não me
engano, essa é a filha bastarda deles.
Emese: Suponho que o nome dela seja Barbara.
Ilona: Provavelmente.
Emese: Vai dar tudo certo, tia. Eu prometo!
Cena 12 – Delegacia – Escritório – Int. – Dia.
Otávio e Frank estão sentados. Severus os olha com bastante
atenção. Nala entra no local bebendo um copo de café.
Nala: Me desculpem a demora, mas infelizmente, vocês sabem
como é, ultimamente aqui está uma verdadeira correria.
Otávio: Sem problemas. Nós entendemos.
Severus: Tentei argumentar com eles que poderiam falar
comigo, mas disseram que só ficariam tranquilos se falassem diretamente com
você.
Frank: É porque temos algo que pode ser muito perigoso e
não confiamos muito em ninguém. Sinto muito se sentiu ofendido com isso.
Nala: Não liga pra ele. O Severus só quer um pouco de
protagonismo pra ele... Mas qual o motivo de vocês quererem falar comigo?
Otávio: Bom, delegada. Eu fui o responsável pelo desfile da
Fame Magazine. Eu sou o editor chefe da revista. Naquela semana, nós havíamos
trocado as câmeras de segurança, porque algumas não estavam funcionando, apenas
uma
Nala: Sim, tivemos acesso a essa câmera de segurança.
Otávio: Então, nessa mesma semana, nós trocamos as câmeras para
umas que vinham acompanhadas de um sensor de incêndio. Como não deu tempo de
instalar na sala de segurança, ficou apenas no meu computador. Tenho umas
imagens que você vai querer ver.
Frank tira um tablet e mostra as imagens da câmera de
segurança. Nala fica surpresa ao ver que quem estava lá no dia era uma mulher.
Severus: Então foi uma mulher?
Otávio: Vocês já tinham uma linha de investigação?
Nala: Achávamos que era uma outra pessoa.
Nala fica incrédula e Severus olha apreensivo para a imagem
que se repete.
Cena 13 – Apartamento de Fatima – Int. – Dia.
A campainha toca e Fatima vai abrir. Ao depara-se com a
figura de Domokos, ela tenta fechar a porta, mas é emvão
Domokos: Eu acho uma falta de delicadeza e também de educação
você querer fechar a porta na minha cara.
Fatima: Você não é bem-vindo na minha casa. Você acha que
eu não sei que tentou me matar ontem? Eu sei disso, Domokos.
Domokos: Eu vim para terminar o serviço, minha querida. Soube
que você foi até a delegacia para me denunciar. Isso não se faz.
Fatima: Nem se atreva a encostar um dedo em mim, ouviu bem?
Eu fiz questão de instalar câmeras de segurança em todos os lugares só para tentar
ficar um pouco mais segura.
Domokos olha para os lados e se depara com as câmeras.
Fatima: Se fizer algo contra mim, será fim da linha para
você.
Domokos: Admito que dessa vez você foi muito inteligente, Fatima.
Parabéns.
Fatima: Saia imediatamente daqui antes que eu chame a polícia.
Domokos: Isso não acabou, minha querida.
Cena 14 – Delegacia – Sala – Int. – Dia.
Emese está sentada na cadeira. Há uma luz amarela que
comanda o local. Apesar da luz, o ambiente ainda está escuro. A porta se abre e
Konrad aparece algemado com um policial.
Konrad: Emese. Não acredito que você veio até aqui para
tripudiar de mim.
Emese: Eu não vim te tripudiar, Konrad. Vim te oferecer
ajuda
Konrad: Ajuda? Só pode ser piada! Por qual razão você me
ajudaria?
Emese: Se você denunciar todo o grupo nazista, eu coloco
todos os advogados do país a sua disposição. Caso contrário, farei de tudo para
que seja condenado à prisão perpétua.
Close no rosto de Konrad com pouca iluminação
ROMA –
ITÁLIA
Cena 15 – Aeroporto de Roma – Int. – Dia.
O aeroporto está com pouco movimento. Algumas pessoas
caminhando com suas malas. Em um ponto, algumas pessoas se abraçam ao se verem.
Não tão distante, uma mulher está lendo um jornal sentada no saguão de espera.
A CAM faz um close no rosto dela que está de óculos escuros. Ela retira e olha
fixamente para um ponto distante.
Melánia: Chegou a hora de voltar e acabar com você, Domokos.
Close no rosto da mulher que está com uma feição poderosa.
A imagem congela.
A História não tem conexão real com a realidade.
O preconceito e o ódio jamais deverão ser aceitos em qualquer sociedade!
Apologia ao Nazismo no Brasil é crime previsto no art. 20, da Lei nº 7.716/89
do Código Penal, que define os crimes
resultantes de preconceito de raça ou de cor.
DENUNCIE!
Fim do Capítulo 25
Obrigado pelo seu comentário!