Cena 01/Casa simples de Pedro/Quarto/Int/Noite
Pedro entra no quarto, com o livro “Pássaros Feridos”. Senta na cama e fica observando a capa do livro.
Insert de cena. Apenas áudio:
Narcisa – É um presente muito especial, de alguém que te quer muito bem.
Fim do insert.
Pedro – Amor de um padre e de uma bela jovem, em tempos difíceis...
Pedro tira sua camisa e recosta na cama. Abre o livro e começa a ler.
Cena 02/Rio de Janeiro/Ext/Noite
Corta para:
Cena 03/Rodoviário/Plataforma/Int/Noite
Basileu e Tina acabam de se abraçar.
Tina – Desista e fica comigo, Basileu.
Basileu – Nós já conversamos, Tina. Você sabe que pra mim não está sendo fácil também.
Tina – Queria tanto que fosse um pesadelo, que não fosse real esse momento, sua partida...
Basileu segura o rosto de Tina e olha diretamente nos olhos dela.
Basileu – Vou ficar te esperando, meu amor. Como combinamos!
Tina começa a chorar.
Basileu – Não chora, meu amor. Meu coração já está despedaçado me afastado de você. E te ver chorando, só torna mais difícil minha partida!
Tina – Vou sentir tanto sua falta...
Basileu – E eu a sua. (beijo) Mas vamos sempre nos falar, nos comunicar. Pra que um não sinta saudade do outro, tá bom?!
Tina concorda com a cabeça. Basileu lhe dá um beijo intenso, de despedida.
Corta para Basileu entrando no ônibus, que tem escrito na frente: RIO DE JANEIRO – JANDAIA.
Basileu senta-se na janela e observa Tina, que não consegue controlar suas lágrimas. Basileu acena pra ela. Tina faz o mesmo. O ônibus parte.
Tina acompanha seu movimento, até ele fazer a curva e sair de sua vista. O choro vem mais forte.
Tina – Acabou... eu sei que acabou!
Cena 04/Ônibus/Int/Noite
Basileu se ajeita melhor na poltrona. Pega seu celular e começa a ver fotos, onde aparece com Tina, em vários momentos, lugares. Felizes, se amando, aproveitando cada momento. Basileu guarda o celular e recosta.
Basileu – Vou fazer uma surpresa pra todos....
Cena 05/Jandaia/Ext/Noite
Começa a chuviscar na cidade. Corta para:
Cena 06/Casa Zinha/Quarto/Int/Noite
Zinha, de camisolão, está em frente ao espelho, escovando seus cabelos, preparando-se para dormir. Ela olha de soslaio para o seu guarda-roupa.
Zinha – Não devo.... não posso!
Zinha escova com mais força, nervosa, agitada, tentando resistir ao que vem fazendo escondido. Até que não resiste e levanta. Caminha até seu guarda-roupa, abre e retira de lá uma caixa especial, que ela guarda bem escondida. Zinha senta na cama, com a caixa nas mãos.
Zinha – Ninguém pode saber disso. Seria meu fim, perante toda a sociedade jandaiense...
Zinha deixa a caixa de lado, levanta e fecha a porta na frente da CAM.
Música instrumental: Requiem For A Dream, acompanha toda a sequência a seguir.
Cena 07/Igreja/Int/Noite
Januário acaba de rezar e levanta. Caminha até a porta da igreja e observa a chuva. Olha pro céu, escuta os trovões e vê vários raios, perto da torre da igreja. A chuva engrossa. Januário fecha as portas da igreja e se aquece.
Cena 08/Igreja/Sacristia/Int/Noite
Licurgo pega a garrafa com o vinho de Januário. Abre e despeja nele o conteúdo do pequeno vidro com o veneno, entregue por Rufino. Licurgo limpa as lágrimas que rolam pelo seu rosto. O som do trovão lhe assusta. Licurgo olha pra imagem do santo, presente no altar e sente-se um peso enorme. Guarda o vidro no bolso e o a garrafa de vinho no mesmo lugar que estava. Escuta os passos de Januário e se apressar em ir embora, pulando a mesma janela que entrou. Mas fica ali, na janela, tomando chuva, observando tudo o que vai acontecer.
Januário aparece e vê a janela aberta. Se apressar em fechar e observa tudo a sua volta. Como se sentisse a presença de alguém. Olha pra imagem do santo e se benze. Caminha até o armário, pega a garrafa de vinho, que tradicionalmente bebe a noite e serve-se de um cálice. Januário prepare-se para beber. Momento.
Logo começa a sentir os efeitos do veneno: um gosto forte na boca, falta de ar, o coração parando, vômito... tenta pedir ajuda, mas a voz não saí. Começa a caminhar com dificuldade pra fora da sacristia, indo pra nave da igreja.
Cena 09/Igreja/Frente/Ext/Noite
Januário abre as portas da igreja e fica ali, com as mãos estendidas, apoiadas nas portas, sentindo a vida se esvair do seu corpo. Sofrendo todos os efeitos do poderoso veneno. Januário desce as escadas. Sonoplastia: marcar os últimos batimentos do coração de Januário. Até que seu coração para e Januário morre, na porta da igreja.
Cena 10/Casa simples Pedro/Quarto/Int/Noite
Pedro acorda com o som de um trovão. Percebe que cochilou lendo o livro, que está em cima do seu peito. Senta na cama, com uma estranha sensação. Serve-se de um pouco de água, da jarra em cima do criado, e bebe.
Pedro – Que sensação esquisita... aperto no peito. Alguma coisa aconteceu. Tô sentindo isso!
Cena 11/Igreja/Frente/Ext/Noite
Licurgo aparece. Não acredita no que está vendo. Pega com força o terço que leva consigo no peito e o arranca. CAM em slow detalha o terço caindo no chão. Licurgo se aproxima de Januário e coloca sua cabeça em seu colo. Muitos raios e trovões cortam o céu. Gorete observa tudo. Licurgo fecha seus olhos e chora mais forte do que antes.
Licurgo – (grita) Nãoooo!!!
O grito de Licurgo ecoa pela cidade. CAM dá um plano geral da cena. Pessoas começam a se aproximar, saindo na chuva, pra ver o que está acontecendo. Gorete vai embora.
Cena 12/Casa Rufino/Escritório/Int/Noite
Rufino escuta o grito de Licurgo e sorri.
Rufino – (feliz) Está feito!
Rufino começa a rir. Um riso com vontade, de felicidade, realizado pelo que acabou de acontecer, de ser feito.
Cena 13/Céu/Ext/Amanhecendo
Corta para:
Cena 14/Casa Pedro/Banheiro/Int/Dia
Pedro está tomando banho. Momento.
Cena 15/Casa Pedro/Quarto/Int/Dia
Pedro chega no quarto e vai pegar sua roupa. Seu celular, em cima da cama, começa a tocar. Pedro atende.
Pedro – (cel.) Oi, pai... tudo bem?
Cena 16/Casa Rufino/Quarto/Int/Dia
Rufino no celular.
Rufino – (cel.) Pedro, preciso te dar uma notícia. E não é uma notícia boa, meu filho...
Cena 17/Casa Pedro/Quarto/Int/Dia
Pedro escuta Rufino falar da morte de Januário.
Pedro – (cel.) Padre Januário não, pai... ele não!
Rufino – (off) Infelizmente Deus o levou pra junto de si...
Lágrimas começam a rolar pelo seu rosto, desolado, sem acreditar no que escuta.
Pedro – (cel.) Estou indo, pai. Estou voltando pra Jandaia!
Desse momento, corta para:
FIM DO CAPÍTULO 12
Obrigado pelo seu comentário!