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Passional - Episódio 08

 




PASSIONAL


Episódio 8


Série criada e escrita por

LUAN MACIEL 


 






CENA 1. HOSPITAL. CORREDOR. INT/ DIA

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CAPÍTULO ANTERIOR. DOIS ENFERMEIROS VEM TRAZENDO MADALENA QUE ESTÁ DEITADA EM UMA NACA E ELA CONTINUA SANGRANDO MUITO. MARINA TENTA ENTRAR JUNTO, MAS ELA É BARRADA POR UM DOS ENFERMEIROS. ELA FICA AINDA MAIS DESESPERADA. PETRÔNIO A CONFORTA DE UM JEITO FRATERNAL. 


MARINA — (chorando) Isso é tudo culpa minha, Petrônio. Se eu não tivesse sido tão teimosa isso não teria acontecido.

PETRÔNIO — Como você iria adivinhar que isso iria acontecer, Marina? Isso foi uma fatalidade. E além do que essa história está muito estranha. O que aquele homem quis dizer ao falar que tinha um recado para a sua mãe. Isso não sai da minha cabeça. 

MARINA — O que você está querendo dizer com isso, Petrônio? Você está querendo me dizer que isso pode ter sido algo planejado? Que alguém mandou matar a minha mãe? 

PETRÔNIO — Eu ainda não tenho certeza certeza de nada, Marina. Mas essa história está muito mal contada. Tenha certeza disso.


MARINA DEMONSTRA ESTAR PREOCUPADA. A CÂMERA FOCA NO OLHAR DE SERIEDADE DE PETRÔNIO QUE OLHA PARA MARINA. 


MARINA — O que você está pensando, Petrônio? A única coisa que eu consigo pensar é quem poderia querer o mal da minha mãe. A única coisa pessoa que eu consigo pensar é o meu pai. Mas porque ele iria fazer uma coisa assim?

PETRÔNIO — O seu pai pode ser o que for, mas assassino eu acredito que ele não seja, Marina. Apesar do que ele fez com a minha filha eu acredito que ele não seria capaz de fazer isso. 

MARINA — Nem mesmo você que é um homem tão bom acredita no que você acabou de falar, Petrônio. O meu pai sempre foi machista e controlador. Ele jamais iria aceitar que você e a minha fossem felizes. Eu sei que foi ele. 

PETRÔNIO — Pode até ser, Marina. Mas temos algo mais urgente para resolver. (P) Como nós vamos contar o que aconteceu para o seu irmão, a sua tia e os seus avós. 


MARINA FICA EM SILÊNCIO. PETRÔNIO ENTENDE O SIGNIFICADO DO SILÊNCIO DE MARINA. ELA DICA INQUIETA. 


MARINA — Isso é realmente necessário, Petrônio? Eu não sei como os meus avós vão receber essa notícia. Eu prefiro esperar.

PETRÔNIO — Nós não podemos esconder isso deles, Marina. Eu entendo que você esteja abalada com tudo isso. Pode deixar que eu mesmo faço a ligação. Pode ficar tranquila. 

MARINA — Muito obrigada, Petrônio. Eu não sei o que seria de mim se você não estivesse aqui. Você está sendo a figura paterna que eu nunca tive. A figura que o meu não consegue ser.

PETRÔNIO — Você não tem nada que me agradecer, Marina. Eu estou onde eu deveria estar. (P) Agora eu vou até o orelhão ligar para os seus avós. Me espera aqui que eu já volto.


MARINA BALANÇA A CABEÇA CONCORDANDO. PETRÔNIO SAI DEIXANDO ELA SOZINHA. O SEU SEMBLANTE É DE PREOCUPAÇÃO.

CORTA PARA/


CENA 2. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. SALA. INT/ DIA

ISABELA ESTÁ DEITADA NO SOFÁ DA SALA E ELA ESTÁ TENDO UM SONHO MUITO AGITADO. ELAI SE LEMBRANDO DAS TORTURAS QUE SOFREU NOS PORÕES DO DOI-CODI. ALGUÉM BATE NA PORTA O QUE FAZ COM QUE ISABELA ACORDE ASSUSTADA E TOTALMENTE SUADA. ELA SE LEVANTA DO SOFÁ E ABRE A PORTA. ELA FICA ESTÁTICA AO VER GAEL PARADO EM SUA FRENTE.


GAEL — (surpreso) Então era verdade. Você foi mesmo salva do Doi-Codi, Isabela. Você não imagina o quanto eu estava preocupado com você. Eu pensei em você todos os dias. 

ISABELA — (séria) O que você está fazendo aqui, Gael? Como você tem a coragem de aparecer na minha frente depois de todo o inferno que eu passei? Some da minha frente. 

GAEL — Você não pode estar falando sério, Isabela. Eu sou quem mais se preocupou com você. Até a ameaça do Flores eu sofri por sua causa. E para que? Para ser recompensado assim?

ISABELA — Como você pode ser tão dissimulado assim, Gael? Eu fui torturada, estuprada e você só consegue pensar em si mesmo? O que corre pelas suas veias? 


GAEL ENGOLE A SECO. IZABELA TENTA FECHAR A PORTA, MAS GARL CONSEGUE IMPEDIR.ELE ENTRA CONTRA O GOSTO DE ISABELA 


ISABELA — (alterando a voz) Eu já disse que eu não quero mais olhar para a sua cara, Gael. Porque você não respeita a minha vontade? Você sempre foi difícil assim. 

GAEL — Será que você não percebe que eu te amo, Isabela? Se eu errei foi por amor a você. Eu faria tudo de novo sem pensar. 

ISABELA — Que espécie de amor é esse que você diz sentir por mim, Gael? Se você me amasse de verdade você iria entender e respeitar a minha decisão de participar do movimento contra a ditadura. Isso é o certo a se fazer. 

GAEL — Sinceramente eu não consigo te entender, Isabela. Depois de tudo que você diz ter sofrido ainda está pensando em continuar nesses atos terroristas. O que tem errado com você? Começo a pensar que o meu pai está certo. Que você também não passa de uma comunista.


ISABELA FICA MUITO OFENDIDA. ELA DÁ UM TAPA EM GAEL. 


ISABELA — (direta) Nunca mais ouse falar assim comigo, Gael. Eu, você, a Marina e o Luciano éramos melhores amigos. Depois que você entregou o Luciano para o Doi-Codi tudo isso mudou. O passado não volta atrás. 

GAEL — Como você acha que eu me senti quando eu tive que fazer isso, Isabela? O Luciano está como um irmão para mim. Mas eu não poderia deixar que ele levasse você e a Marina para esse caminho sem volta. 

ISABELA — (gritando) Isso não era você quem tinha que decidir. Você foi um covarde, Gael. Eu nunca vou te perdoar por isso. Você é o principal responsável pela morte do Luciano. 

GAEL — Quer saber de uma coisa, Isabela? Eu cansei de tentar te provar que eu sou uma boa pessoa. Eu estou cansado. 


GAEL SE APROXIMA DE ISABELA. ELE A PUXA E A BEIJA.

TRILHA SONORA: https://youtu.be/mPD6BS89_fk?si=WryD5tgZrGtl1c8v 

PARA A SURPRESA DE ISABELA E GAEL QUEM ESTÁ PARADO NA PORTA É TIAGO QUE FICA TOTALMENTE SEM REAÇÃO..

CORTA PARA/

CENA 3. CASA DE DIONÍSIA E LAURINDO. SALA. INT/ DIA

O TELEFONE COMEÇA A TOCAR DE UMA FORMA INSISTENTE. POR ALGUNS SEGUNDOS NINGUÉM APARECE PARA ATENDER O TELEFONE. LOGO DEPOIS CÉLIA APARECE E ATENDE O TELEFONE. DO OUTRO LADO DA LINHA DA LINHA ESTÁ PETRÔNIO. ELA PERCEBE QUE O TOM DE VOZ SE PETRÔNIO ESTÁ BEM DIFERENTE. 



CELIA (ao telefone) O que foi que aconteceu, Petrônio? Para você estar ligando, alguma coisa séria deve ter acontecido. .

PETRÔNIO — (em off) Você precisa manter a calma, Célia. Não só por você, mas por seus pais principalmente. (P) A sua mãe foi esfaqueada e está internada em um hospital. 

CÉLIA — Como é que é? Como isso foi acontecer, Petrônio? Quem poderia querer fazer mal a minha irmã? Essa história está muito mal contada. Eu preciso saber o que foi que houve. 

PETRÔNIO — (em off) Até agora eu também não sei bem o que foi que aconteceu, Célia. Você precisa ter muito cuidado quando você for falar o que aconteceu para os seus pais.


CÉLIA EM SILÊNCIO POR ALGUNS SEGUNDOS. DO OUTRO LADO DA LINHA PETRÔNIO COMEÇA A FICAR IMPACIENTE. 


PETRÔNIO — (em off) Célia…. Célia…. Você ainda está aí? 

CÉLIA — Estou sim, Petrônio. Eu não sei como eu vou contar isso para os meus pais. Eu acho melhor poupar eles de receber uma notícia desse jeito. Eu vou até o hospital. 

PETRÔNIO — (em off)  A Marina disse a mesma coisa, Célia. Mas eu acredito que esconder isso da Dionísia e do Laurindo vai ser um erro. Você mais do que ninguém sabe como sues pais são. 

CÉLIA — Você está certo, Petrônio. Eu não sei como eu vou contar para eles, mas eu vou dar um jeito. Até daqui a pouco. 


CÉLIA DESLIGA O TELEFONE. QUANDO ELA SE VIRA ELA PERCEBE QUE DIONÍSIA ESTÁ PARADA PERTO DA PORTA. ELA FICA SEM REAÇÃO. 


DIONÍSIA — (séria)  O que é que está acontecendo, Célia? Quem era no telefone? E o que você contar para mim e para seu pai? 


CÉLIA FICA PARALISADA DIANTE DE SUA MÃE. ELA OERDE A CORAGEM DE CONTAR A VERDADE. DIONÍSIA ESTRANHA O JEITO DE SUA FILHA.

CORTA PARA/


CENA 4. HOSPITAL. CORREDOR/ ORELHÃO. INT/ DIA

PETRÔNIO COLOCA O TELEFONE DE VOLTA NO GANCHO DO ORELHÃO. ASSIM QUE ELE ESTÁ SE PREPARANDO PARA VOLTAR PARA A RECEPÇÃO ELE ACABA SE ENCONTRANDO COM ODILON QUE O ENCARA CONO SE ESTIVESSE ARREPENDIDO. PETRÔNIO FICA FRENTE A FRENTE COM ELE. 


PETRÔNIO — (alterando a voz) O que você veio fazer aqui, Odilon? Como você teve a coragem de aparecer depois do que você fez comigo? É melhor você ir embora. Essa não é uma boa hora. 

ODILON — Eu sei que você tem todos os motivos do mundo para estar com raiva de mim, Petrônio. Mas eu quero que você entenda os motivos que me levaram a fazer o que eu fiz.

PETRÔNIO — É inacreditável que você ainda queira se justificar, Odilon. Eu confiava em você cegamente. Se não fosse pelo Estêvão me ajudar eu não sei o que teria me acontecido. 

ODILON — (firme) Eu sinto muito que você veja dessa maneira, Petrônio. Mas eu quero que você saiba que você pode contar com a minha amizade hoje e sempre. 


PETRÔNIO OLHA FIXAMENTE PARA ODILON. ELE FICA SÉRIO. 


PETRÔNIO — Odilon…. A única coisa que eu quero é distância. Eu não confio mais em você. Eu poderia ter morrido ou ter sido torturado por sua culpa. E você nem ao menos sente remorso. 

ODILON — (irritado) Você acha mesmo que eu fiz isso porque eu quis, não é Petrônio? Eu fiz porque eu tinha pessoas que dependiam de mim. Eu sinto muito que você tenha passado por isso, mas eu não me arrependo. 

PETRÔNIO — Eu não quero continuar discutindo isso com você, Odilon. A Madalena  está passando por um momento delicado e eu devo estar ao lado dela. Se você me dá licença.


PETRÔNIO DÁ AS COSTAS PARA ODILON. ELE VAI ATRÁS DE PETRÔNIO E O ENCARA COM UM SEMBLANTE BEM SÉRIO.


ODILON — (sério) Você precisa me ajudar, Petrônio. Hoje de manhã eu vi uma veraneio do Doi-Codi parada em frente da minha casa. Eu pensei que ao dizer onde você estava isso teria um fim.

PETRÔNIO — E você tinha alguma dúvida que isso iria acontecer, Odilon? Você se tornou um alvo. Eu espero que agora você entenda do que eu estava tentando te avisar.

ODILON — O que eu vou fazer agora, Petrônio? Eu tenho esposa e dois filhos. Eu não posso colocar eles em perigo.

PETRÔNIO — Você deveria ter pensado nisso antes, Odilon. O governo não vai descansar enquanto não acabar com você. Essa é a mais pura realidade. Eu sinto muito por você. 


ODILON FICA INCONSOLÁVEL. ELE VAI EMBORA DE CABEÇA BAIXA. A CÂMERA FOCA NO OLHAR SÉRIO DE PETRÔNIO.

CORTA PARA/


CENA 5. APARTAMENTO DO DELEGADO FLORES. QUARTO DE JANAÍNA. INT/ DIA

PLANO MAIS INTIMISTA. A CÂMERA MOSTRA EM UM ÂNGULO MAIS FECHADO QUE JANAÍNA ESTÁ TERMINANDO DE FAZER A SUA MALA.O DELEGADO FLORES ENTRA NO QUARTO E ELE É TOMADO PIR UMA RAIVA DESCONTROLADA. ELE DESFAZ A MALA DE SUA FILHA COM MUITA RAIVA E A EMPURRA NA CAMA COM FORÇA. JANAÍNA FICA ASSUSTADA.


JANAÍNA — (assustada) O que foi que deu em você, pai? Eu nunca te vi desse jeito. Você nunca me tratou assim antes. 

DELEGADO FLORES — Agora você se lembra que eu sou seu pai? Isso é para você nunca mais chegar perto daqueles comunistas, Janaína. Filha minha não se envolve com essa escória.

JANAÍNA — Como você é hipócrita, pai. Aquelas pessoas que você tanto odeia só querem algo que todos nós precisamos. LIBERDADE! Eu descobri que foi você que matou o filho mais velho da Cleonice. Você deveria ter vergonha.

DELEGADO FLORES — Ter vergonha de que exatamente? De tirar das ruas um comunista imundo que não trazia nenhum bem para a sociedade? Você é uma sonhadora, Janaína. E sonhadores não chegam muito longe.


JANAÍNA SE LEVANTA DA CAMA. ELA ENCARA SEU PAI SEM MEDO. 


JANAÍNA — (corajosa) Você está me ameaçando, pai? Você não é o homem que eu imaginei. É por isso que eu vou embora. 

DELEGADO FLORES — Você não vai a lugar nenhum, Janaína. Para o começo da conversa você nem deveria ter voltado ao Brasil. Agora você vai fazer exatamente o que eu quero. 

JANAÍNA — Você acha que está na posição de exigir alguma coisa, pai? Você é um assassino e estuprador. Eu tenho nojo de você. 


O DELEGADO FLORES DÁ UM TAPA NA CARA DE JANAÍNA. ELA LEVA A MÃO AO ROSTO. JANAÍNA FICA BEM NERVOSA.


JANAÍNA — Olha só como você é, pai. Não consegue respeitar quem pensa diferente de você. Eu vou embora para a casa dos meus tios no interior. Eu não quero te ver mais. 

DELEGADO FLORES — É isso mesmo que você quer, Janaína? Então pode ir, mas você vai apenas com a roupa do corpo. E se eu souber que você está andando com aqueles comunistas eu não irei pensar duas vezes em te jogar no buraco mais escuro como uma criminosa. Você me ouviu?

JANAÍNA — (em choque) Você não pode estar falando sério, pai. Você teria coragem de fazer isso com a sua própria filha. Ou teria?

DELEGADO FLORES GU — Você quer pagar para ver, Janaína? Eu acho melhor você não me desafiar. Você está avisada. 


O DELEGADO FLORES SAI DO QUARTO BATENDO A PORTA. A CÂMERA MOSTRA A TENSÃO NO OLHAR DE JANAÍNA.

CORTA PARA/


CENA 6. PENSÃO DE CLEONICE. SALA. INT/ DIA

A CÂMERA VAI PERCORRENDO A SALA DA PENSÃO QUE ESTÁ VAZIA. O CLOSE DA CÂMERA AGORA ESTÁ EM PACO QUE ESTÁ SENTADO NO SOFÁ DA SALA. ELE TEM UM ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS EM SUAS MÃOS. AOS POUCOS PACO VAI SE EMOCIONANDO. LOGO DEPOIS CLEONICE ENTRA NA SALA E SE SENTA AO LADO DE SEU FILHO. 

CLEONICE — (preocupada) O que foi que aconteceu com você, meu filho? Desde que você chegou da rua essa manhã eu estou te sentindo um pouco diferente e distante. Tem algo que você queira me contar? 

PACO — Eu estava vendo essas fotos de quando eu e o Luciano éramos crianças, mãe. (P) Eu sinto tanto a falta do meu irmão. Ele era o meu herói. Foi por isso que eu me envolvi nesse movimento contra a ditadura. Mas eu estou cansado de tudo isso. 

CLEONICE — Era isso que eu queria que você entendesse, meu filho. Eu sofri demais quando o seu irmão morreu. Eu não quero que o mesmo aconteça com você, meu filho. Você é a família que me restou. Eu não quero te perder. 

PACO — Foi por isso que eu discuti o. A Marina, mãe. Ela não consegue entender o perigo que todos nós estamos correndo. Ela quer continuar indo contra a repressão. Ela acabou terminando tudo comigo. 


CLEONICE SEGURA AOS MÃOS DE SEU FILHO DE UMA FORMA FRATERNAL. LOGO APÓS NONATO ENTRA NA SALA E OS OLHA. 


NONATO — Você está certo, meu sobrinho. A Marina está cega com essa ideia de salvar o máximo de pessoas que estão presas nos porões do Doi-Codi. Mas não foi por isso que eu vim aqui. 

CLEONICE — (intrigada) Eu estou te sentindo preocupado, Nonato. Aconteceu alguma coisa? Você está tão aflito.

NONATO — Infelizmente sim, minha irmã. A Madalena foi esfaqueada no meio da rua. Ela deve estar correndo risco de vida. (P) Apesar de tudo que tenha acontecido, Paco. A Marina vai precisar do seu apoio nesse momento. 

PACO — Você está certo, tio. Eu vou até o hospital falar com a Marina. Ela pode até não querer me ver, mas é nesse momento que vemos quem está do nosso lado. 


PACO SAI PENSÃO COM MUITA PRESSA. CLEONICE OLHA PARA NONATO DE UMA FORMA TÃO SÉRIA E FIRME. 


CLEONICE — Que loucura é essa, Nonato? Quem poderia querer essa crueldade com a Madalena? Isso me deixou horrorizada.

NONATO — Eu não tenho certeza de nada, Cleonice. Mas a única pessoa que eu consigo pensar que faria algo assim é o Alfredo. Nós dois sabemos tudo que a Madalena sofreu bas mãos dele. Você não acha, minha irmã?

CLEONICE — Sinceramente eu não sei o que pensar, Nonato. O que nós podemos fazer agora é rezar para que a Madalena se recupere logo. Ela não merece estar passando por isso. 


NONATO CONCORDA COM A CABEÇA. ELE E CLEONICE SE ENCARAM EM UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR.

CORTA PARA/


CENA 7. CASA DE DIONÍSIA E LAURINDO. SALA. INT/ DIA

CLOSE EM CÉLIA QUE COLOCA O TELEFONE NO GANCHO ENQUANTO VAI OLHANDO PARA SUA MÃE QUE VAI LHE ENCARNADO DE UMA FORMA BEM SÉRIA. EM QUESTÃO DE SEGUNDOS DEPOIS LAURINDO CHEGA ATÉ A SALA E PERCEBE QUE ALGO BEM SÉRIO ESTÁ ACONTECENDO ALI.


LAURINDO —O que é que está acontecendo aqui? Eu estou ouvindo a conversa de vocês lá de dentro. Alguém pode me explicar?

DIONÍSIA — É exatamente isso que eu estou tentando entender, meu velho. Eu peguei a nossa filha no telefone dizendo que não sabia como nos contar alguma coisa. Agora a Célia ficou em silêncio e parece não querer falar absolutamente nada.

LAURINDO — Isso é verdade, minha filha? Nós nunca te ensinamos a mentir. Seja o que gor que você tenha que nos contar pode dizer. A verdade é sempre o melhor caminho. 

CÉLIA — Você está certo, pai. Mas eu não sei como vocês irão reagir. Eu sinto muito por isso. (P) Quem estava do outro lado da linha era o Petrônio. Ele está no hospital. A Madalena foi esfaqueada no meio da rua e está correndo um sério risco de morrer. Essa é a verdade.


DIONÍSIA FICA EM ESTADO DE CHOQUE. ELA COMEÇA A CHORAR DE DESESPERO. LAURINDO TENTA CONTORNAR A SITUAÇÃO. 


DIONÍSIA — (desesperada) Do que é que você está falando, Célia? Isso não pode ser verdade. Eu me recuso a acreditar nisso. 

LAURINDO — Você precisa ficar calma, meu amor. Vamos deixar a nossa filha falar. (P) Célia…. Nos conte melhor essa história. Porque a a sua irmã seria esfaqueada. Isso não faz sentido.

CÉLIA — Eu não sei explicar ao certo, pai. Mas nós não podemos ficar parados aqui enquanto a minha irmã está entre a vida e a morte. Nós temos que ir até o hospital. 

DIONÍSIA — Eu vou até o hospital agora. Eu não vou ficar aqui parada sem fazer nada. Alguém de vocês vem comigo? 


DIONÍSIA PEGA SUA BOLSA E SAÍ DE CASA. CÉLIA OLHA PARA SEU PAI QUE ESTÁ SÉRIO, MAS ESTÁ FIRME DIANTE DO QUE HOUVE.


LAURINDO — É melhor a gente ir atrás da sua mãe, Célia. Ela está muito nervosa e pode acabar fazendo um besteira.

CÉLIA — Você está certo, pai. Vânia até o hospital. Vamos logo. 


CÉLIA E LAURINDO VÃO ATRÁS DE DIONÍSIA. ELES SAEM COM CERTA PRESSA PARA ALCANÇAR DIONÍSIA.

CORTA PARA/


CENA 8. APARTAMENTO DE MÔNICA E ALBANO. SALA DE ESTAR. INT/ DIA

MÔNICA ESTÁ TOMANDO UMA TAÇA DE CHAMPANHE E O SEU SEMBLANTE É DE QUEM ESTÁ COMEMORANDO. A PORTA DO APARTAMENTO SE ABRE E ALBANO ENTRA LOGO PERCEBENDO UM SORRISO ESTRANHO NO ROSTO DE SUA ESPOSA. AO VER ALBANO QIE ESTÁ EM SUA FRENTE, MÔNICA COMEÇA A DAR GARGALHADAS. ALBANO FICA ESTARRECIDO.


ALBANO — (sério) O que foi que você fez dessa vez, Mônica? Eu te conheço muito bem. Pode ir falando o que você fez. 

MÔNICA — (sorrindo) Nem mesmo você vai conseguir estragar o ótimo dia que eu estou tendo, Albano. Se você quer mesmo saber a verdade eu acabei de receber a notícia de que aquela bastarda está entre a vida e a morte. Os meus problemas estão perto do fim.

ALBANO — Você ficou louca, Mônica? Isso é ir longe demais até mesmo para você. Eu não vou compactuar com as suas sandices. Se você estiver envolvida nisso eu farei questão de te denunciar para a polícia. Você entendeu?

MÔNICA — Você acha que eu tenho medo das suas ameaças, Albano? Eu mandei matar aquela bastarda maldita. E eu não me arrependo. Agora sim a fortuna do meu pai será minha.


ALBANO FICA FORA DE SI. ELE SEGURA MÔNICA PELO BRAÇO. 


ALBANO — (nervoso) O que tem de errado com você, Mônica? Eu tenho vergonha de ser casado com uma mulher como você. E tudo isso por dinheiro? Você é mais vazia do que eu pensei.

MÔNICA — Eu não vou deixar que uma bastarda toque aquelas mãos imundas em nada do que é meu. Ela teve o que merece.

ALBANO — Isso não vai ficar assim, Mônica. Eu mesmo vou contar para o seu pai o que você foi capaz de fazer. Não se surpreenda se ele antecipar a sua exclusão do testamento.


ALBANO DÁ AS COSTAS PARA MÔNICA. ELE VAI NA DIREÇÃO DO TELEFONE QUE ESTÁ SOBRE UMA MESA CENTRAL. SEM PENSAR DUAS VEZES A VILÃ PEGA UMA GARRAFA DE CRISTAL E QUEBRA NA CABEÇA DE ALBANO. ELE CAI NO CHÃO DESACORDADO.


MÔNICA — (ardilosa) Como você é patético, Albano. Você nunca foi capaz de me desfiar não vai ser agora que vai conseguir. 


MÔNICA OLHA PARA ALBANO QUE ESTÁ DESMAIADO NO CHÃO. ELA SORRI MALICIOSAMENTE ENQUANTO VAI ANDANDO TRIUNFANTE PELA SALA DE ESTAR.

CORTA PARA/


CENA 9. HOSPITAL. CORREDOR. INT/ DIA

PLANO GERAL DA CENA. PETRÔNIO E MARINA ESTÃO VISIVELMENTE AFLITOS ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO. PARA A SURPRESA DELES ALFREDO VEK CAMINHANDO PEKO CORREDOR DO HOSPITAL. AO VER ALFREDO EM SUA FRENTE PETRÔNIO FICA ENFURECIDO. MARINA É QUEM IMPEDE ELE DE AVANÇAR EM SEU PAI. ALFREDO APENAS SORRI. 


PETRÔNIO — (alterando a voz) O que você veio fazer aqui, Alfredo? Está satisfeito do rumo que as coisas tomaram? Eu não sei do que eu sou capaz de fazer se algo acontecer com a Madalena. É melhor você ir embora. Anda logo.

MARINA — O Petrônio está certo. Você não tem nada que fazer aqui, Alfredo. Nada tira da minha cabeça que você está por trás dessa tentativa de matar a minha mãe. Eu odeio você.

ALFREDO — Agora eu sou apenas, Alfredo, não é mesmo? Mas isso não tem mais importância. O que uma comunista como você pensa ou deixa de pensar não me importa. Eu vim aqui para me certificar de que a Madalena receba tudo que ela merece. Aquela maldita. 

PETRÔNIO — Eu vou te avisar pela última vez, Alfredo. Vá embora desse hospital antes que eu perca a paciência com você. Eu não vou deixar que você fique humilhando a Madalena. Ela é uma mulher incrível. Ao contrário do traste que você é. 


PETRÔNIO E ALFREDO SE ENCARAM. MARINA VAI FICANDO TENSA. NESSE MOMENTO PACO CHEGA E APARTA ELES.


PACO — (firme) Você não tem nada que fazer aqui, Alfredo. A Madalena sofreu demais na sua mão. Ela merece ficar longe de você o mais rápido possível. Você ouviu o que a Marina e o Petrônio falaram. É melhor você ir embora. 

ALFREDO — Quem você pensa que é para ne afrontar dessa maneira, seu negrinho? O maior erro da minha filha foi ter se envolvido com alguém da sua laia. Essa afronta não vai ficar assim. Disso você pode ter certeza. 

PETRÔNIO — Você não vai humilhar quem quer que seja na minha frente Alfredo. Eu não vou admitir que isso aconteça. 

MARINA — O que você ainda quer aqui, seu maldito? Deixe a minha mãe em paz. Ela não merece passar pro esse sofrimento. 


ALFREDO OLHA PARA TODOS se COM ÓDIO. ELE FIRA FURIOSO.


ALFREDO — (furioso) Vocês acham mesmo que eu sou o monstro dessa história, não é mesmo? Mas não fui que mal esperei a minha esposa morrer para dar em cima de uma mulher casada. Você gosta de enumerar os meus defeitos, Petrônio. Mas você é igual a mim. Só não quer admitir isso.

PETRÔNIO — Eu nunca vou ser igual a você, Alfredo. Você entregou a minha filha para ser torturada pelo Delegado Flores. Ela poderia ter morrido. Seu desgraçado. 

MARINA — (ponderando) Não vale a pena, Petrônio. Você não precisa sujar as suas mãos com alguém como meu pai. 

PACO — Que você está esperando para ir embora, Alfredo? Não me obrigue a te expulsar desse hospital na violência.

ALFREDO — Não vai ser necessário. Eu mesmo faço questão de ir embora. Mas de uma coisa vocês podem ter certeza. A Madalena nunca se livrar de mim. Eu vou acabar com todos vocês.. principalmente você, Marina. Filha ingrata. 


ALFREDO VAI EMBORA. A CÂMERA MOSTRA O ÓDIO FERVENDO NO OLHAR DE MARINA. PACO ABRAÇA ELA. PETRÔNIO FICA IMÓVEL. 

CORTA PARA/


CENA 10. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. SALA/ PORTA. INT/ DIA

CLOSE EM TIAGO QUE CONTINUA PARADO NA PORTA QUE ESTÁ ABERTA. ISABELA CONSEGUE SE SOLTAR DE GAEL E ELA VAI NA DIREÇÃO DE TIAGO QUE DEMONSTRA ESTAR DECEPCIONADO. DE LONGE GAEL ESBOÇA UM SORRISO. ISABELA TENTA PEGAR NAS MÃOS DE TIAGO, MAS ELE SE RECUSA.


ISABELA — (suplicando) Tiago…. Por favor me deixe explicar. O que você acabou de ver não nada do pode estar pensando. 

TIAGO — (decepcionado) E isso tem explicação, Isabela? Tudo o que você sofreu nessas últimas semanas é culpa do Gael. Eu não consigo te entender, Isabela. Eu juro que não consigo. 

GAEL — Bem que eu tentei te avisar. Eu já amava a Isabela antes de você aparecer. Agora você já sabe toda a verdade.

ISABELA — (gritando) Cala a boca, Gael. Eu não quero mais ouvir a sua voz. Você conseguiu o que queria. (P) Eu não quero mais ouvir a sua voz. Ou melhor. Eu não quero mais te ver. Vai embora da minha casa. Eu nunca vou ter nada com você. 


GAEL VAI SE ENDURECENDO. TIAGO OLHA COM RAIVA PARA ELE.


TIAGO — Você ouviu muito bem o que a Isabela disse, Gael. Vá embora agora mesmo. Ou eu irei te tirar daqui a força. 

GAEL — (cínico) Olhe só para você, Tiago. Você sempre foi assim tão desprezível e asqueroso. A culpa da Marina ter se envolvido contra a ditadura é sua e da maldita da minha irmã. Mas eu ainda irei dar o que vocês merecem.

ISABELA — Já chega, Gael. Eu não vou admitir que você fale assim da Marina ou do Tiago. Eu quero que você suma da minha vida. Eu não suporto mais olhar para a sua cara. 


GAEL.SE SENTE HUMILHADO E VAI EMBORA. LOGO DEPOIS ISABELA PEGA NAS MÃOS DE TIAGO E ELES FECHAM A PORTA.


ISABELA — (desabafando) Sabe de uma coisa, Tiago. Naqueles momentos de terror e solidão eu só conseguia pensar em duas pessoas. No meu pai e em você. Foi nesse momento de dificuldade que eu percebi o quanto você me fez falta. Eu não consigo mais ficar sem você. 

TIAGO — Você não imagina como ouvir essas palavras me fazem bem, Isabela. Eu sempre fui apaixonado por você. Mas eu jamais faria nada que fosse contra a sua vontade. 

ISABELA — Foi por isso que eu me apaixonei por você, Tiago. Mas eu vou compreender se você não quiser ficar comigo por tudo o que me aconteceu. Isso seria totalmente compreensível.

TIAGO — Escuta uma coisa bem séria, Isabela. Nada nesse mundo vai me tirar de perto de você. Eu sei que você é uma mulher forte e que vai conseguir superar tudo. É do seu lado que eu quero ficar.


ISABELA FOXA EMOCIONADA COM AS PALAVRAS DE TIAGO. ELES TROCAM OLHARES APAIXONADOS. LOFO DEPOIS ELES SE BEIJAM.

TRILHA SONORA: https://youtu.be/mPD6BS89_fk?si=4aQNSmDch8Xj2A30 

A CÂMERA MOSTRA QUE GAEL ESTÁ OLHANDO ISABELA E TIAGO PELA JANELA DA CASA. ELE OLHA PARA ISABELA E TIAGO COM MUITA RAIVA.

CORTA PARA/


CENA 11. APARTAMENTO DE MÔNICA E ALBANO. SALA DE ESTAR. INT/ DIA 

A CÂMERA DÁ O  FOCO EM ALBANO QUE CONTINUA DESMAIADO NO CHÃO. A EMPREGADA ESTÁ AO SEU LADO E VEMOS MUITA AFLIÇÃO EM SEU OLHAR. NESSE INSTANTE A CAMPAINHA DO APARTAMENTO COMEÇA A TOCAR DE FORMA INSISTENTE. A EMPREGADA ABRE A PORTA E OMAR ENTRA BEM SÉRIO.


OMAR — O que foi que aconteceu aqui que você me chamou tanta urgência? Eu exijo uma explicação convincente agora. 

EMPREGADA — (aflita) É o senhor Albano…. Quando eu cheguei da rua eu encontrei ele desmaiado. Eu não sabia o que fazer.

OMAR — Você fez bem em me chamar. Pode deixar que a partir de agora eu vou tomar conta de tudo. Pode ir fazer os seus afazeres. (P) E onde está a minha filha? Ela deveria estar ao lado do marido dela. A Mônica é uma irresponsável. 

EMPREGADA — Isso eu não sei te dizer, Senhor Omar. Quando eu cheguei a senhorita Mônica já não estava aqui.


OMAR FICA AINDA MAIS NERVOSO. A EMPREGADA SAI. AOS POUCOS ALBANO VAI ACORDANDO. ELE FICA SURPRESO AO VER PARADO EM PÉ NA SUA FRENTE. OMAR OLHA PARA ELE.


OMAR — (sério) O que foi que aconteceu aqui, Albano? Onde é que está a irresponsável da sua esposa esposa? Fala alguma coisa. Você está conseguindo me deixando nervoso.

ALBANO — Eu queira saber responder a sua pergunta, Omar. Mas a sua filha me golpeou de uma forma covarde e aqui estou eu. 

OMAR — Isso não faz nenhum sentido, Albano. Porque a Mônica iria querer fazer isso com você. Eu sei que o casamento de vocês está em crise, mas fazer isso é loucura.

ALBANO — É difícil ter que falar isso da mulher com quem eu me casei, mas a Mônica é um monstro, Omar. Ela.foi a responsável por mandar um homem mandar matar a sua filha Madalena. E tudo isso. Por dinheiro.


OMAR FICA EM CHOQUE COM A REVELAÇÃO DE ALBANO. ELE FICA TRANSTORNADO E TOTALMENTE FORA DE SI. 


OMAR — (em choque) Você tem certeza do que você está falando, Albano? Isso não pode ser verdade. Se fosse verdade a mãe da Madalena já teria me avisado. 

ALBANO — É a mais pura verdade, Omar. Quando eu iria te ligar para poder te avisar, a Mônica me acertou algo na cabeça. 


OMAR — A Mônica passou de todos os limites possíveis. Se ameaçar tirar ela do meu testamento não adiantou ela.vai aprender que para toda ação existe uma reação contrária. 

ALBANO —O que você está pensando em fazer, Omar? Não faça nada do qual você possa se arrepender. Não vale a pena. 

OMAR — Não se preocupe com isso, Albano. Agora no momento o que mais me preocupa é saber o estado da minha filha Madalena. Com a Mônica eu resolvo mais tarde. 


OMAR ESTÁ BEM SÉRIO. ALBANO FICA PENSATIVO.

CORTA PARA/


CENA 12. HOSPITAL. CORREDOR. INT/ DIA

PETRÔNIO ESTÁ ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO DEMONSTRANDO TODO O SEU NERVOSISMO. NESSE MOMENTO ELE VÊ QUE DIONÍSIA, LAURINDO E CÉLIA ESTÃO VINDO EM SUA DIREÇÃO. O SEU SEMBLANTE VAI FICANDO CADA VEZ MAIS SÉRIO.  DIONÍSIA SE APROXIMA DE PETRÔNIO COM A VOZ EMBARGADA E AS LÁGRIMAS COMEÇAM A ESCORRER POR SEUS OLHOS.


DIONÍSIA — (chorando) Petrônio…. Onde está a minha filha? Eu quero ver ela agora mesmo. Diga que tudo vai ficar bem.

PETRÔNIO — Você precisa ficar calma, Dionísia. Eu sei que é difícil, mas é nessas horas que nós precisamos manter a calma acima de qualquer coisa. Os médicos estão cuidando dela.

CÉLIA — (ponderando) O Petrônio está certo, mãe. Nós não podemos fazer nada agora. Podemos apenas rezar.

DIONÍSIA — (séria) O que vocês querem que eu faça? É a minha filha que está naquela mesa de cirurgia. Eu estou com medo.


LAURINDO ABRAÇA DIONÍSIA BEM FORTE. PETRÔNIO E CÉLIA FICAM OLHANDO ESSE MOMENTO SEM DIZER NADA.


LAURINDO — É claro que você está com medo, minha velha. E você acha que eu também não estou? Mas estou aqui firme porque era isso que a nossa filha iria querer de nós.

DIONÍSIA — Eu não quero perder a nossa filha, Laurindo. Porque isso tinha que acontecer? A Madalena não merece isso. 

CÉLIA — É claro que não merece, mãe. Mas nós temos que ter fé que tudo vai ficar bem. A minha irmã é uma guerreira. 

PETRÔNIO — Alguém avisou o Gael o que está acontecendo aqui? Apesar de tudo eu acho que ele deveria saber a verdade. 


TODOS OLHAM PARA PETRÔNIO DESVIANDO O OLHAR. NESSE MOMENTO UM MÉDICO VEM CORRENDO PELOS CORREDORES DO HOSPITAL. PETRÔNIO PARA NA FRENTE DO MÉDICO QIE ESTÁ MUITO TENSO.


PETRÔNIO — (preocupado) Doutor…. O que é que está acontecendo? Acontece alguma coisa com a Madalena? Diga por favor.

MÉDICO — Eu não posso falar nada agora. Eu preciso ir. 

DIONÍSIA — Eu sinto que está acontecendo alguma coisa com a minha filha. O que será que Deus quer de mim? Porque isso tinha acontecer logo com a minha filha? Porque? 

LAURINDO — Você precisa ser forte, meu amor. É nesse momento que devemos superar a dor e acreditar em coisas boas.


O MÉDICO ENTRA EM UMA POETA LATERAL AO CORREDOR. PETRÔNIO VAI ATÉ UM VIDRO DE ONDE ELE CONSEGUE VER MADALENA QUE ESTÁ TOTALMENTE INTUBADA EM CIMA DA CAMA. PETRÔNIO NÃO CONSEGUE SEGURAR A EMOÇÃO E ELE COMEÇA A CHORAR. 


A IMAGEM CONGELA NAS LÁGRIMAS DE PETRÔNIO. AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM TOM EM PRETO E BRANCO. 














 




 






















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