SAGRADA FAMÍLIA
“Capítulo 12”
Novela criada e escrita por
Wesley Franco
Personagens deste capítulo
CARUSO
NANÁ
ANTÔNIO
MURILO
BÁRBARA
GUTO
BEATRIZ
NATHALIA
HELENA
TARCÍSIO
GLÓRIA
MELISSA
TAXISTA
GARÇOM
PADRE
Esta é uma obra de ficção e sem
compromisso com a realidade.
CENA 1. MANSÃO DE CARUSO. INT. SALA
DE JANTAR. NOITE.
Caruso está sentado à mesa de jantar sozinho enquanto Naná
serve o seu jantar.
CARUSO – A Arlete não vai descer?
NANÁ – A dona Arlete disse estar sentindo
muita dor e que estava sem vontade de jantar hoje.
CARUSO – De novo? Todos os dias a Arlete
sente uma coisa diferente, ela deveria procurar um médico.
NANÁ – Mas ela já foi em várias consultas
e nunca descobrem o que ela tem.
CARUSO – E o Eduardo, a Bárbara? Não tem
ninguém em casa?
NANÁ
– O Eduardo já tinha avisado que
tinha um compromisso de trabalho e a Bárbara foi jantar na casa da dona
Melissa.
CARUSO
– E o Murilo já está em casa?
NANÁ
– O Murilinho ia ficar até tarde na
fábrica.
CARUSO
– Todos resolveram desaparecer hoje e
me deixar aqui sozinho, eu detesto jantar sozinho. Já jantou Naná?
NANÁ
– Ainda não seu Caruso, estou
esperando o Antônio chegar.
CARUSO
– Eu liberei o Antônio assim que ele
me trouxe da fábrica, ele saiu novamente?
NANÁ
– Sim, achei que o senhor tinha
pedido pra ele ir fazer alguma coisa.
CARUSO
– Não pedir não.
CORTA PARA
CENA 2. BAR. INT. NOITE.
Antônio entra no bar e vai até o balcão
onde são servidas as bebidas e estão sentadas outras pessoas.
ANTÔNIO
– Me consegue uma dose de pinga, por
favor.
O garçom coloca um copo em cima do
balcão e serve uma dose de pinga a Antônio. Antônio vira a dose de uma vez.
ANTÔNIO
– Desce mais uma!
O garçom novamente serve a dose de
pinga a Antônio, que mais uma vez vira a dose rapidamente.
ANTÔNIO
– Mais uma!
GARÇOM
– Vai com calma meu camarada.
ANTÔNIO
– Quer saber? Eu quero a garrafa
toda. (pega a garrafa da mão do garçom) Deixa que eu mesmo me sirvo! (se serve
mais uma dose e bebe).
CORTA PARA
CENA 3. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.
SONOPLASTIA:
Simplesmente Mulher – Silvia Machete
Tomada de vários pontos da cidade do
Rio de Janeiro à noite, mostrando a vida noturna da cidade com seus bares da
orla de Copacabana e Ipanema lotado de pessoas.
SONOPLASTIA
OFF
CORTA PARA
CENA 4. APARTAMENTO DE MELISSA. INT. SALA. NOITE.
Melissa abre a porta para Bárbara, a
abraça e a cumprimenta com um beijo. Bárbara entra no apartamento e já se senta
no sofá.
MELISSA
– Finalmente arranjou um tempo para
sua mãe!
BÁRBARA
– Não seja dramática mamãe, a gente
se viu faz uma semana.
MELISSA
– Isso para uma mãe é bastante tempo,
sabia?
BÁRBARA
– (sorrir) Se quisesse realmente
passar bastante tempo comigo teria aproveitado quando eu era criança, mas ao
invés disso optou por me deixar a maior parte do tempo na casa do papai
enquanto fazia viagens.
MELISSA
– Eu não ia permitir que o Caruso
deixasse todo o encargo de uma criança nas minhas costas, por isso mandava você
sempre para lá. Além do mais, serviu para lembrar a ele que você também é filha
dele e não apenas o Eduardo.
BÁRBARA
– O papai nunca fez distinção entre
mim e o Edu, ele sempre tratou os dois de forma igual.
MELISSA
– Graças a mim que deixava você lá!
BÁRBARA
– Tá bom mamãe, vamos fingir que foi
por isso mesmo e não porque você queria rodar o mundo.
MELISSA
– Vamos mudar de assunto? (sorrir)
Por que o Murilo não veio com você?
BÁRBARA
– O Murilo precisou ficar na fábrica
por mais tempo, cheio de problemas para resolver.
MELISSA
– Hum, trabalho...toma cuidado hein,
seu pai também dizia a mesma coisa e quando eu descobrir ele estava de caso com
a vagabunda da Arlete.
BÁRBARA
– O Murilo jamais faria isso comigo,
ele me ama.
MELISSA
– Ama mesmo? Vocês já namoram há
tantos anos e ele ainda não te pediu em casamento.
BÁRBARA
– Ele está esperando se estabilizar
melhor, o Murilo tem tantos problemas, tem o pai dele que nunca se recuperou
desde que a mãe do Murilo fugiu com o cunhado.
MELISSA
– Se ele for esperar aquele pai dele
se recuperar, vocês não casam nunca.
BÁRBARA
– Ai mamãe, você me convidou para
jantar ou para se meter na minha vida?
MELISSA
– Depois diga que eu não te avisei.
CORTA PARA
CENA 5. CASA DE ANTÔNIO. INT. SALA. NOITE.
Murilo entra em casa vindo do
trabalho, ele deixa a sua pasta e as chaves da casa em cima da mesa e encontra
Naná sentada no sofá assistindo TV.
MURILO
– Boa noite tia. (beija a testa de
Naná)
NANÁ
– Boa noite meu sobrinho, chegou
tarde.
MURILO
– Tive muito trabalho na fábrica
hoje, tinha uma reunião com um grupo asiático e tive que ficar esperando ser
horário comercial por lá.
NANÁ
– Fico tão orgulhosa de ver até onde
você está chegando meu sobrinho. Deixei seu jantar em cima da mesa na cozinha.
MURILO
– E o pai já chegou?
NANÁ
– Seu pai sumiu de novo, o seu Caruso
liberou ele faz é tempo e até agora ele não chegou em casa.
MURILO
– Você acha que ele está lá de novo?
NANÁ
– Tenho certeza que sim.
MURILO
– Eu vou lá agora.
Murilo pega as chaves que deixou em
cima da mesa e sai.
CORTA PARA
CENA 6. BAR. INT. NOITE.
Murilo entra no bar buscando por
Antônio, o bar está pouco movimentado e facilmente ele encontra Antônio
dormindo sentado com a cabeça sobre a mesa, em sua frente tem uma garrafa de
pinga quase vazia.
MURILO
– Pai! Pai! (mexe em Antônio) Acorda!
ANTÔNIO
– (embriagado) Deixa eu dormir,
trabalhei demais hoje.
MURILO
– Você dorme em casa pai, não aqui no
meio do bar.
ANTÔNIO
– (embriagado) Eu durmo onde eu bem
entender, entendeu?
MURILO
– Por favor, pai, vem comigo. (puxa
Antônio para que ele se levante) Por favor pai, sou eu que estou pedindo, seu
filho.
ANTÔNIO
– (embriagado) Murilo!
MURILO
– Sim, o Murilo.
ANTÔNIO
– (embriagado) Ta bom, eu vou, mas eu
consigo ir só.
Antônio se levanta da cadeira, dar
alguns passos e se desequilibra, mas Murilo consegue segurá-lo e evita que ele
caia.
MURILO
– Deixa eu te ajudar, nós vamos
juntos.
Murilo apóia os braços de Antônio em
seu ombro e ajuda seu pai a caminhar.
CORTA PARA
CENA 7. CASA DE ANTÔNIO. INT. SALA. NOITE.
Murilo entra com Antônio carregado
dentro de casa, e o coloca deitado no sofá. Naná assiste a cena com uma
expressão de tristeza.
MURILO
– Ele tava no bar de novo tia, e
tinha uma garrafa de pinga que ele provavelmente deve ter bebido inteira e
agora está ai assim.
NANÁ
– Dói tanto no meu peito ver o meu
irmão assim, ás vezes eu me sinto tão culpada de ter vindo morar aqui e por
conta disso ter de alguma forma facilitado da sua mãe ter fugido com o José
Carlos. Porque o Antônio era um homem maravilhoso, responsável, nunca que ele
ficaria bebendo assim como ele tem feito, depois que a sua mãe foi embora ele
entrou em um buraco e não conseguiu mais sair.
MURILO
– A culpa não é sua tia, se não fosse
você aqui todos esses anos para cuidar de mim, não sei o que teria acontecido. Você
não pode se culpar por isso, só a Peneluc tem culpa no que está acontecendo, só
ela e o José Carlos, você e o pai foram as vítimas.
CORTA PARA
CENA 8. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE/DIA
SONOPLASTIA:
Lembra de mim – Ivan Lins
Imagens aéreas da cidade do Rio de
Janeiro amanhecendo, as ruas vazias começando a encher de pessoas circulando
pela cidade, o trânsito ficando cada vez mais intenso até lotar as avenidas e
ruas de carros.
SONOPLASTIA OFF
CENA 9. CASTRO COSMÉTICOS. INT. SALA DE REUNIÕES. DIA.
Nathalia está sentada na mesa da
presidência na sala de reuniões, ao seu lado está Beatriz que mostra alguns
papéis para Nathalia. Guto e Murilo entram na sala juntos.
GUTO
– Mandou me chamar, tia.
NATHALIA
– Sim, eu precisava de você e do
Murilo aqui.
MURILO
– Aconteceu alguma coisa?
NATHALIA
– Houve um problema de qualidade na
produção dos nossos perfumes na fábrica da Bahia que distribui produtos para
todo o nordeste e parece ter sido um problema grave.
BEATRIZ
– Ao que tudo indica houve uma
contaminação de alguns dos insumos que levou a queda na qualidade.
NATHALIA
– Eu vou precisar que você Murilo vá
até a Bahia resolver isso pessoalmente, e o Guto vai cuidar das demandas do
Murilo enquanto ele está fora. Por isso chamei vocês aqui.
Guto demonstra em sua feição não ter
gostado do que ouviu, mas finge que não se importou.
GUTO
– Tudo bem tia.
MURILO
– E quando eu viajo?
NATHALIA
– O jatinho já está te esperando no
aeroporto, você tem 1h30 para ir em casa e pegar algumas mudas de roupa.
MURILO
– E tem alguma idéia de quanto tempo
ficarei lá?
BEATRIZ
– Até você resolver o problema.
CORTA PARA
CENA 10. SALVADOR. EXT. DIA.
SONOPLASTIA:
Baianidade nagô – Bandamel
Tomada de vários pontos da cidade de
Salvador, mostrando o pelourinho, o centro histórico, as igrejas históricas, a
imensa orla marítima com destaque para o farol de itapuã e o farol da barra.
SONOPLASTIA
OFF
CORTA PARA
CENA 11. CASA DE HELENA. INT. QUARTO DE GLÓRIA E TARCÍSIO.
DIA.
Helena (novo nome de Maitê) está
sentada no pé da cama conversando com sua mãe Glória que está acamada, muito
doente.
HELENA
– Daqui a pouco vai ter a procissão
de Nossa Senhora da Conceição da Praia, e eu vou pedir nos pés da santa para
que você melhore minha mãe.
GLÓRIA
– (sorrir) Eu já vivi muito filha,
Deus já me deu o meu maior presente que foi ter você, pede alguma coisa para
você, não gasta seus pedidos comigo.
HELENA
– Mas é o que eu quero pedir, quero
tanto que você melhore mainha, a gente ainda tem tanta coisa para viver juntas.
GLÓRIA
– Você precisa parar de pensar menos
em mim e pensar mais em você minha filha, sair um pouco dessa casa, namorar,
viver. (sorrir)
Tarcísio entra no quarto.
TARCÍSIO
– Se vai para procissão é melhor já
ir adiantando, eu vou ser um dos que vai carregar a santa e tenho que está lá
cedo.
HELENA
– Eu já vou pai, só tinha vindo aqui
falar com mainha.
GLÓRIA
– Deus proteja vocês, meus amores.
HELENA
– Obrigado mainha. (beija as mãos de
Glória)
TARCÍSIO
– Volto logo meu amor. (dar um beijo
na boca de glória)
CORTA PARA
CENA 11. CASTRO COSMÉTICOS. INT. CORREDOR. DIA.
Bárbara sai da sala de Murilo e
encontra Guto no corredor.
BÁRBARA
– Você viu o Murilo? Acabei de sair
da sala dele e ele não estar.
GUTO
– (olha no relógio) A essas hora ele
já deve estar em Salvador.
BÁRBARA
– Salvador?
GUTO
– Parece que teve algum problema na
fábrica de lá e a tia Nathalia mandou ele ir lá resolver.
BÁRBARA
– E ele foi sem me avisar?
GUTO
– (debocha) Parece que te avisar não
era tão importante assim. (Guto sai)
BÁRBARA
– (com raiva) O Murilo me paga.
CORTA PARA
CENA 12. SALVADOR. BÁSILICA DE
CONCEIÇÃO DA PRAIA. EXT. DIA.
Milhares de pessoas estão reunidas em frente a Basílica de
Conceição da Praia, vários homens carregam uma enorme imagem de Conceição da
Praia, entre eles está Tarcísio.
PADRE – Ela está chegando, toda bela és Maria
e a mancha do pecado não a tocou. Viva Nossa Senhora Conceição da Praia!
TODOS – Viva!
PADRE – Mais forte, viva Nossa Senhora
Conceição da Praia!
TODOS – (gritam) Viva!
PADRE – Viva a mãe de Jesus e nossa mãe!
TODOS – (gritam) Viva!
PADRE – Palmas para nossa mãe, mãe de
misericórdia, vida e doçura.
A multidão aplaude a imagem de Conceição da praia e jogam
pétalas de rosas sobre a imagem que é carregada no meio do povo, ao fundo
muitos fogos de artifício anunciam a saída da imagem da Basílica.
Em uma rua próxima onde está acontecendo a procissão, Murilo
está dentro do táxi parado em um enorme congestionamento.
MURILO – O trânsito parado assim, está
acontecendo alguma coisa?
TAXISTA – Em umas ruas próximas está
acontecendo uma procissão, e ai estamos tendo que desviar por essa rua aqui e
por isso tá tudo travado, mas seu Hotel é duas ruas depois daqui.
MURILO – Então eu vou descer andando, esse
engarrafamento parece que não vai acabar tão cedo.
TAXISTA – O senhor é quem sabe.
MURILO – (pega um dinheiro da carteira e
entrega ao motorista) Aqui está, obrigado.
Murilo desce do carro e caminha pelas ruas, apenas com uma
mochila nas costas, ele vai em direção a onde está passando a procissão. A
multidão caminha pelas ruas da cidade acompanhando a imagem, no meio da
multidão está Helena vestida com um lindo vestido azul e carregando uma flor
branca.
SONOPLASTIA: Palavras ao Vento –
Cassia Eller
Murilo vê Helena e fica encantado com a sua beleza, ele a
observa de longe com um grande sorriso no rosto. Helena percebe os olhares de Murilo,
fica tímida, mas sorrir de volta.
CONGELAMENTO FINAL EM MURILO
SORRINDO PARA HELENA.
Obrigado pelo seu comentário!