SAGRADA FAMÍLIA
“Capítulo 17”
Novela criada e escrita por
Wesley Franco
Personagens deste capítulo
HELENA
GLÓRIA
TARCÍSIO
GUILHERME
SOL
PEDRO
MELISSA
NANÁ
MURILO
ANTÔNIO
NATHALIA
ALEXANDRE
GUTO
ADÉLIA
RENATA
Esta é uma obra de ficção e sem
compromisso com a realidade.
CENA 1. MANSÃO DA FAMÍLIA CASTRO.
INT. ESCRITÓRIO. DIA.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR.
ALEXANDRE – Eles se casaram em segredo? Porque
eu nunca soube disso.
NATHALIA – Sim Alexandre, eu e o Jayme nos
casamos em segredo há mais de vinte anos, ele queria que eu tivesse recursos
para encontrar a minha filha caso um dia ele viesse a partir e eu continuasse
sem encontrá-la.
ADÉLIA – Eu fui uma das testemunhas do
casamento.
ALEXANDRE – Então todos sabiam, menos eu, o
irmão do Jayme.
NATHALIA – Além de mim e do Jayme,
evidentemente, quem sabia era o advogado e a Adélia, mais ninguém.
ADVOGADO – Posso proceder a continuação do
testamento?
RENATA – Por favor, continue.
ADVOGADO – Bom, a mansão da Gávea onde vivi
nos últimos anos da minha vida, todos os imóveis residenciais e comerciais no
Brasil e em Portugal deixo para a minha amada esposa Nathalia, com exceção de
um apartamento no bairro Peixoto que deixo 50% para o meu irmão Alexandre e 50%
para sua esposa Renata.
ALEXANDRE – Um apartamento no Peixoto, isso só
pode ser uma piada. (rir)
GUTO – Se controla pai, deixa o advogado
terminar.
ADVOGADO – A casa onde hoje vive a Adélia e
sua família, e que a mim pertence, eu deixo para a Adélia, e ainda será pouco
por tudo que ela fez por mim durante todos esses anos, por isso deixo para ela
também um fundo de investimentos para que ela tenha uma aposentadoria
tranquila.
ADÉLIA – (sorrir) Obrigado seu Jayme, minha
casinha agora é minha de verdade.
NATHALIA – (sorrir) Você merece muito mais
minha amiga. (abraça Adélia)
ADVOGADO – Todo o meu dinheiro dos bancos dos
quais tenho conta, deixo 50% para minha esposa Nathalia e os outros 50% para a
minha filha Maitê. Que assim seja a minha vontade. Bom, esse foi o desejo do meu
cliente.
ALEXANDRE – Já podemos sair?
ADVOGADO – Sim, a leitura já concluiu.
ALEXANDRE – Com licença. (Alexandre sai da
sala)
RENATA – Eu também irei. (Renata sai)
GUTO – Tia, não leve em consideração a
reação dos meus pais, eles acharam que o tio Jayme seria mais generoso com eles
e por isso reagiram desta forma.
NATHALIA – Não se preocupe com isso meu filho,
eu sei que seu pai esperava ter o controle da fábrica e para ele vai ser bem
difícil não ter, mas se o Jayme tomou essa decisão, ele deve ter tido os
motivos dele.
GUTO – Sim, o tio Jayme era muito justo em
tudo que fazia. Fico feliz por você, a Castro Cosméticos tem ganhado muito com
a sua liderança, e saber que ela vai continuar, é muito gratificante. (abraça
Nathalia)
NATHALIA – Muito obrigada. (sorrir)
GUTO – E você Adélia, por favor, não nos
abandone agora, eu sei que agora você tem um fundo de investimentos para se
aposentar, mas essa casa precisa tanto de você.
ADÉLIA – É a casa mesmo ou você?
GUTO – (rir) Tudo bem, eu admito, eu
preciso de você aqui.
ADÉLIA – Fica tranquilo, eu ainda não
pretendo ir embora daqui, só se vocês me mandarem embora.
NATHALIA – (sorrir) Então você vai ficar aqui
para sempre, porque não pretendo te mandar embora nunca.
CORTA PARA
CENA 2. MANSÃO DA FAMÍLIA CASTRO.
INT. QUARTO DE ALEXANDRE E RENATA. DIA.
Alexandre entra furioso no quarto e logo atrás vem Renata.
RENATA – Você precisa se controlar
Alexandre.
ALEXANDRE – (furioso) Me controlar? Você tem a
mínima noção do que acabou de acontecer aqui? É o nosso fim Renata, o nosso
fim.
RENATA – Não é o fim Alexandre, eu sei que
você estava esperando ser o principal herdeiro do Jayme para poder assumir a presidência
da fábrica, mas não ter conseguido não é o fim. Você vai manter seu emprego,
nós vamos continuar vivendo aqui e nada mudará.
ALEXANDRE – Uma vida inteira esperando por isso
e aquele maldito fez isso comigo, eu é que deveria estar no lugar dela, eu é que
deveria ficar com tudo. Vou procurar um advogado para contestar esse
testamento.
RENATA – Não há o que contestar meu amor,
eles se casaram, ela tem direito a metade da fortuna dele.
ALEXANDRE – (grita) Eu não aceito!
RENATA – (grita) Se controla! Se controla!
RENATA – Você precisa ser racional! Se você
brigar com a Nathalia vai ser a nossa ruína, você vai perder a sua posição na
fábrica, nós vamos ser expulsos dessa casa e só vai nos restar um apartamento
medíocre no Peixoto. Pensa caralho, pensa!
Alexandre fica em silêncio por alguns segundos, demonstrando
bastante ódio.
ALEXANDRE – Você tem razão, a nossa situação
pode ficar ainda mais delicada.
RENATA – Isso meu amor, pensa bem antes do
que fazer.
ALEXANDRE – Eu vou acabar com ela!
RENATA – Não Alexandre, se você fizer alguma
coisa contra a Nathalia vai ficar bem evidente que formos nós, até porque nós
formos os mais prejudicados, e além disso não ganharemos nada, porque não somos
parentes dela, os herdeiros dela seria algum parente mais distante que ela
tenha.
ALEXANDRE – O que nos resta é aceitar, talvez
podemos nos aproveitar da proximidade que o Guto tem com ela, e quem sabe
futuramente ela escolha o Guto para substituí-la na presidência da empresa.
RENATA – É um caminho, mas temos que ter
paciência com esse assunto.
ALEXANDRE – Não vai ser nada fácil!
CORTA PARA
CENA 3. CASA DE ANTÔNIO. INT. SALA.
DIA.
Murilo chega em casa e encontra Antônio sentado no sofá
assistindo TV.
ANTÔNIO – Chegou cedo hoje filho.
MURILO – Foram todos liberados mais cedo
hoje por conta do jantar de noivado do Eduardo e da Beatriz.
ANTÔNIO – O mesmo motivo que fez o seu Caruso
me liberar mais cedo, ele quer que eu vá, mas eu não me sinto bem nessas festas
de gente rica.
MURILO – São festas iguais as outras pai, e
além do mais o senhor conhece metade das pessoas que vão estar lá.
ANTÔNIO – Prefiro ficar aqui no meu cantinho,
vendo minha televisão.
MURILO – Preciso conversar com você pai.
(senta no sofá)
ANTÔNIO – Pela sua cara, o assunto não é bom.
MURILO – Pelo incrível que pareça é bom e
ruim ao mesmo tempo.
ANTÔNIO – Como funciona isso? Ou a coisa é
boa ou ela é ruim.
MURILO – A Bárbara está grávida pai.
ANTÔNIO – (surpreso) Grávida? (sorrir) Mas
isso lá é notícia ruim homem, que notícia maravilhosa. Parabéns filho. (abraça
Murilo)
MURILO – Seria a melhor notícia de todas se
viesse no momento certo, mas veio justamente quando eu tinha terminado meu
namoro com a Bárbara.
ANTÔNIO – Você terminou com a Bárbara e não
avisou nada a ninguém? E por que terminaram? Vocês estão juntos desde que eram
adolescentes filho.
MURILO – Eu e a Bárbara já não estávamos
dando certo pai, a gente pensa muito diferente em coisas importantes da vida. E
você lembra da viagem que eu fiz para Salvador? Lá eu conheci a mulher da minha
vida, eu estou completamente apaixonado por ela e eu queria voltar para
buscá-la.
ANTÔNIO – (coça a cabeça) Filho, você entrou
em uma situação difícil, uma mulher está grávida de você, vai largar ela
grávida por causa de um amor de uma viagem? Pensa bem.
MURILO – Vou abrir mão da mulher que eu amo
para ficar com a mulher que eu não gosto só porque ela está grávida?
ANTÔNIO – Você sente falta da sua mãe?
MURILO – Sentia muito na infância.
ANTÔNIO – Você quer que seu filho cresça sem
pai? Então pensa bem.
MURILO – Mas eu não vou abandonar meu filho,
só não vou estar junto com a mãe dele.
ANTÔNIO – Dá no mesmo! O pai e a mãe tem que
criar o filho juntos.
Naná sai do quarto e entra na sala, se intrometendo na
conversa.
NANÁ – O Murilo foi muito bem criado mesmo
não tendo pai e mãe morando juntos. Isso é besteira!
ANTÔNIO – Mas ele teve você como figura
materna.
NANÁ – Meu filho faça o que o seu coração
manda, não fique com uma mulher que você não ama, você vai fazer ela infeliz,
vai ser infeliz e vai ter um casamento infeliz. Você tem que ficar junto de
quem ama, assim você não machuca ninguém.
MURILO – Você tem razão tia, mas tudo é
muito mais difícil quando você tá no lugar da pessoa que precisa tomar essa
decisão.
NANÁ – Volta lá na Bahia, que o seu
coração vai decidir se você deve ficar com ela ou ficar com a Bárbara. (sorrir)
CORTA PARA
CENA 4. SALVADOR. CASA DE HELENA.
INT. SALA. DIA.
Tarcísio entra em casa e encontra Helena furiosa.
HELENA – Pai, você não pagou o aluguel? O
dono da casa me ligou várias vezes hoje e mandou mensagens ameaçando expulsar a
gente daqui se a gente não pagar. E que história é essa de estar devendo 3
meses?
TARCÍSIO – É...
HELENA – Anda pai, responde!
TARCÍSIO – Eu não tenho o dinheiro para pagar.
HELENA – Como assim o senhor não tem? E o
dinheiro que você recebeu do benefício da mamãe? O que você fez?
TARCÍSIO – (gagueja) Aquele dinheiro
eu...eu...
HELENA – (grita) Fala pai!
TARCÍSIO – (chora) Eu perdi no jogo, eu perdi
tudo!
HELENA – Não acredito que você fez isso pai,
o dinheiro do aluguel, você perdeu no jogo. (chora) Eu trabalho dia e noite
naquela lanchonete pra conseguir comprar comida e os remédios da mãe, e você
pega o dinheiro que recebe para jogar.
TARCÍSIO – Me perdoa filha, eu pensei que
jogando esse dinheiro eu ia conseguir fazer bastante dinheiro para pagar os
meses atrasados do aluguel, mas deu tudo errado.
HELENA – O que vamos fazer pai? A mãe tá
cada vez pior, se eles botam a gente pra fora de casa, pra onde nós vamos?
TARCÍSIO – Eles não vão fazer isso, eu
converso com eles, pode deixar comigo.
HELENA – Conversar o que? Não adianta, ele
foi bem claro que se a gente não pagar, vão colocar a gente pra fora daqui.
TARCÍSIO – Eu vou sair para tentar resolver
isso. (Tarcísio sai da casa)
HELENA – Espera pai, eu vou com você. (Sai
atrás)
CORTA PARA
CENA 5. CASA DE ADÉLIA. INT. QUARTO
DE GUILHERME. NOITE.
Guilherme está sentado na cama calçando um sapato para
compor seu traje esporte fino. Pedro e Sol estão deitados na cama abraçados.
PEDRO – Eu vim aqui para conversar com você
sobre aquele assunto e você já está saindo de novo.
SOL – Achei que você veio para me ver.
PEDRO – Também meu amor. (beija Sol)
SOL – Aham, sei. (sorrir)
GUILHERME – Chegou na hora errada meu camarada,
eu tenho um compromisso hoje.
SOL – Pra onde você vai assim todo
arrumado?
GUILHERME – Sabe que eu nem sei? A mulher com
quem estou saindo só mandou eu me vestir muito bem que hoje eu ia acompanhar
ela em um evento importante. (sorrir)
SOL – Eu já falei a você para tomar
cuidado com esses seus encontros misteriosos.
PEDRO – Deixa seu irmão viver Sol, ele sabe
aproveitar as oportunidades que a vida dá.
GUILHERME – Eu sei me cuidar muito bem
irmãzinha, não precisa se preocupar.
CORTA PARA
CENA 6. MANSÃO DE CARUSO. INT. SALA.
NOITE.
Os convidados do jantar de noivado de Beatriz e Eduardo
começam a chegar. Beatriz e Eduardo recepcionam alguns convidados, enquanto
outros já estão sentados no sofá ou em pé em alguns cantos da sala bebendo
bebidas servidas pelos garçons, em um dos cantos está Nathalia conversando com
Murilo.
NATHALIA – Pode ficar tranquilo Murilo, eu só
preciso de você nesses próximos dois dias, daí em diante você já pode viajar,
sei que está ansioso para isso.
MURILO – Mais do que nunca eu preciso voltar
lá, vai ser importante para saber o que eu quero da minha vida.
NATHALIA – Você não vai mesmo revelar o que
tanto você precisa fazer lá?
MURILO – Na volta você vai ficar sabendo.
(sorrir)
NATHALIA – Olha que eu sou ansiosa. (sorrir)
MURILO – Falando em ansiedade, e a
entrevista que você vai dar para o Times?
NATHALIA – É amanhã, estou muito ansiosa,
finalmente eu vou contar a minha história para o mundo inteiro ouvir.
CORTA PARA
CENA 7. APARTAMENTO DE MELISSA. INT.
SALA DE ESTAR. NOITE.
Melissa abre a porta para Guilherme que entra.
MELISSA – Olha só como ele está elegante, do
jeito que eu queria. (sorrir)
GUILHERME – Obrigado, obrigado. (rir) Agora eu
já posso saber para onde vamos?
MELISSA – Sim! Nós vamos para um jantar de
noivado do irmão da minha filha.
GUILHERME – E se a gente chegar assim juntos,
não vão estranhar?
MELISSA – Irei te apresentar como meu
namorado. (sorrir)
GUILHERME – Namorado? Você nem me pediu em
namoro e já quer me apresentar assim. (rir)
MELISSA – Normalmente não é o homem que pede
a mulher?
GUILHERME – Não seja por isso. (se ajoelha e
finge estar com um anel nas mãos) Quer namorar comigo?
SONOPLASTIA: SIMPLESMENTE MULHER –
SILVIA MACHETE
MELISSA – (rir) Eu aceito!
GUILHERME – Pronto, agora estamos namorando.
(sorrir)
MELISSA – Não faltou alguma coisa?
GUILHERME – Ah sim, o beijo. (beija Melissa)
CORTA PARA
CENA 8. CASA DE HELENA. INT. QUARTO
DE GLÓRIA E TARCÍSIO. NOITE.
Glória bastante debilitada na cama, tosse bastante, consegue
se levantar e vai até uma escrivaninha que tem no quarto. Ela procura nas
gavetas um papel e uma caneta, até que acha. Sem forças, ela cai no chão
segurando o papel e a caneta.
GLÓRIA – (ofegante) Meu Deus, eu preciso
escrever.
GLÓRIA – (ofegante e escrevendo) Eu nunca
tive coragem de lhe contar a verdade, mas você tem o direito de saber que eu
não sou a sua mãe. O seu pai te trouxe para mim quando você era um bebê e me
deu você em meus braços para que eu cuidasse de você, e eu cuidei e te amei por
todos esses anos, e seguirei te amando até o momento que eu fechar os olhos
para sempre. Me perdoa por ter escondido este segredo por todos esses anos.
Glória dobra a carta e coloca dentro da gaveta, e já sem
forças tenta retornar para cama, mas acaba caindo ao lado dela.
CONGELAMENTO EM GLÓRIA CAÍDA AO
CHÃO.
Obrigado pelo seu comentário!