SAGRADA FAMÍLIA
“Capítulo 34”
Novela criada e escrita por
Wesley Franco
Esta é uma obra de ficção e sem
compromisso com a realidade.
CENA 1. HOSPITAL. INT. QUARTO. NOITE
O ambiente do quarto do hospital é solene, com a figura
imóvel de Tarcísio na cama, e Helena ao seu lado, chorando desesperadamente.
HELENA – (soluçando) Pai...não, por favor,
não me deixe!
Guto, preocupado, entra na sala acompanhado pela equipe médica.
A expressão séria do médico confirma o inevitável.
MÉDICO – Sinto muito, mas o quadro dele era irreversível,
por isso ligamos para você com tanta urgência, ele pedia insistentemente para
falar com você.
Helena, entre lágrimas, volta-se para Guto em busca de
consolo. Ele se aproxima e abraça ternamente.
GUTO – Meu amor, sinto muito. Estou aqui
com você para te apoiar.
A equipe médica deixa o quarto respeitosamente, dando espaço
para o momento de luto. Helena, ainda segurando as mãos de Tarcísio, tenta
encontrar conforto nos braços de Guto.
HELENA – (chorando) É difícil acreditar que
ele se foi, primeiro a minha mãe e agora ele.
GUTO – Eu sei meu amor. Estou aqui para
você, o tempo que precisar.
Os dois permanecem abraçados, compartilhando o pesar da
perda. O quarto fica envolta em um silêncio triste.
CORTA PARA
CENA 2. MANSÃO DA FAMÍLIA CASTRO.
INT. SALA. NOITE.
O ambiente na casa é carregado de emoções, Nathalia conversa
com Beatriz.
NATHALIA – (desligando o celular) O Guto
acabou de me ligar avisando que o Tarcísio morreu.
BEATRIZ – A Helena deve estar péssima, ele
significava muito para ela.
Nathalia assente, lutando contra as lágrimas que ameaçam
cair.
NATHALIA – (suspirando) Eu não sei como lidar
com tudo isso. Parece que meu mundo está desmoronando, eu não consigo ficar
agradecida de que o homem que sequestrou a minha filha tenha morrido, porque eu
sei que a minha filha vai sofrer com isso.
BEATRIZ – É compreensível se sentir assim, o
assunto é muito delicado.
NATHALIA – (preocupada) A Helena deve estar
muito mal com tudo isso. Não quero que ela se sinta sozinha, eu vou até lá.
BEATRIZ – Você não deveria ir, a relação de
vocês é complexa, e a Helena está enfrentando muitas revelações de uma vez.
Talvez seja melhor dar a ela um pouco de espaço. Aguarde que ela tome a
iniciativa de procurar você para conversar.
Nathalia reflete sobre as palavras de Beatriz.
NATHALIA – Eu esperei mais de vinte anos por
isso, mas você está certa, vou esperar o tempo que for. Só quero que a Helena
saiba que estou aqui por ela quando precisar.
BEATRIZ – É isso aí. Com paciência as coisas
se ajeitam. E lembre-se, estou aqui por você também.
CORTA PARA
CENA 3. RIO DE JANEIRO. EXT.
NOITE/DIA.
Transição para o amanhecer, com as luzes da cidade começando
a se apagar enquanto a luz do sol toma conta. Tomada ampla do pão de açúcar. Destacando
sua imponente silhueta contra o céu azul durante o dia.
CORTA PARA
CENA 4. APARTAMENTO DE EDUARDO. INT.
SALA. DIA.
Adélia chega ao apartamento de Eduardo com um misto de
terminação e apreensão. Ela bate na porta e Guilherme, seu filho, a recebe com
surpresa.
ADÉLIA – (abraçando Guilherme) Meu filho,
precisamos conversar.
GUILHERME – (surpreso) Mãe, o que faz aqui?
Adélia entra no apartamento de Eduardo e eles se sentam na
sala.
ADÉLIA – (olhando nos olhos de Guilherme)
Guilherme, eu soube de tudo. Sobre você e o Eduardo.
GUILHERME – (desconcertado) Mãe, eu...
ADÉLIA – (interrompendo) Escute, não vim
aqui para julgar. Vim para apoiar.
GUILHERME – (receoso) Você...você está bem com
isso?
Adélia segura as mãos de Guilherme com firmeza, mostrando
compreensão.
ADÉLIA – Guilherme, meu amor, seja quem você
for, sempre vou te amar, eu sou sua mãe. Não importa a sua orientação sexual.
Só queria que tivesse confiado em mim desde o início.
GUILHERME – (tímido) Eu...eu tinha medo da sua
reação, mãe. Não sabia como você ia lidar com isso.
ADÉLIA – Você é meu filho. E agora, mais do
que nunca, precisamos estar unidos.
GUILHERME – (emocionado) Mãe, eu...eu amo o
Eduardo.
Adélia sorri, acolhendo a sinceridade do filho.
ADÉLIA – Eu estarei aqui para apoiar vocês.
Mas, Guilherme, sobre a Melissa...
GUILHERME – (abaixando a cabeça) Eu sei que
errei com ela, não deveria ter enganado ela desta forma.
ADÉLIA – (firme) Não concordo nem um pouco
com o que você fez com ela, esse carro que você recebeu de presente, o mínimo que
você deve fazer é devolver. E eu espero que você aprenda com isso.
Guilherme olha nos olhos de Adélia, agradecido pela
compreensão.
GUILHERME – Vou fazer o possível para consertar
tudo.
ADÉLIA – (sorrindo) É tudo que pelo, meu
filho. Conte sempre comigo.
Guilherme abraça Adélia.
CORTA PARA
CENA 5. APARTAMENTO DE MELISSA. INT.
QUARTO. DIA.
O quarto de Melissa está repleto de malas abertas,
evidenciando a iminência de uma viagem. Melissa arruma suas roupas enquanto
Bárbara, observa com preocupação.
MELISSA – Só uma viagem vai aliviar a minha
mente depois de descobrir que o Guilherme estava me traindo com o Eduardo.
BÁRBARA – Eu mal pude acreditar mamãe, chocou
a todos, nunca pensei que o Eduardo fosse gay e muito menos amante do seu namorado.
MELISSA – Muito menos eu! A principal
enganada da história.
BÁRBARA – A Beatriz foi muito pior, ser
traída no dia do casamento. É a treva!
MELISSA – Eu preciso de um tempo para colocar
as coisas no lugar. Essa viagem vai ser renovadora.
Melissa fecha a última mala, olhando para Bárbara com
determinação.
MELISSA – Vou viajar, mas prometo que
voltarei.
BÁRBARA – Sentirei saudades, mãe.
Melissa abraça Bárbara.
MELISSA – Eu também, meu amor. E quando eu
voltar, quero ajudar a organizar os detalhes do seu casamento com o Murilo.
BÁRBARA – (sorrindo) Espero que não demore.
MELISSA – Não irá demorar. Eu torço para que
vocês sejam muito felizes.
As duas se abraçam novamente, marcando esse momento de
despedida e recomeço para Melissa.
CORTA PARA
CENA 6. CASA DE MURILO. INT. QUARTO.
DIA.
O ambiente está silencioso e permeado pelo clima melancólico
após o enterro de Tarcísio. Guto, preocupado com o estado emocional dela, tenta
garantir que esteja confortável antes de sair.
HELENA – Ainda não consigo acreditar que ele
se foi...
GUTO – Eu sei, amor. Essa perda é difícil.
Se precisar de qualquer coisa, estarei aqui.
Guto toca gentilmente na mão de Helena em um gesto de apoio.
HELENA – Obrigada por estar comigo hoje.
GUTO – (sorrindo suavemente) Sempre, meu
amor. Mas agora eu preciso ir para o trabalho. Tenho uma reunião importante com
um grupo árabe, e agora que eu sou diretor-geral não posso faltar a essa
reunião.
HELENA – Entendo, pode ir. Eu vou ficar bem.
Guto se inclina e beija a testa de Helena com ternura.
GUTO – Se precisar de algo, me ligue. Eu
te amo.
HENA – Também te amo.
Guto sorrir, tentando transmitir segurança, e sai de casa.
Helena observa a porta se fechar, absorvendo a solidão momentânea.
CORTA PARA
CENA 7. MANSÃO DE CARUSO. INT.
QUARTO DE ARLETE E CARUSO. DIA.
O clima no quarto está tenso, com Arlete decidida a abordar
um assunto delicado.
ARLETE – (preocupada) Caruso, precisamos
conversar sobre o Eduardo. Depois de todo aquele episódio com ele, nós
precisamos ir até ele para conversar e apoiá-lo.
CARUSO – (cortante) Não quero falar sobre isso,
Arlete.
Arlete respira fundo, decidida a persistir.
ARLETE – Caruso, ele é nosso filho. Ele
precisa do nosso apoio agora mais do que nunca.
CARUSO – (furioso) Eu não vou apoiar isso,
Arlete! Não aceito ter um filho gay!
Arlete o encara, incredulidade e desapontamento refletidos
em seus olhos.
ARLETE – Caruso, isso não é uma escolha.
Eduardo é nosso filho, e precisamos estar ao lado dele. Se você não quer fazer
isso comigo, irei sozinha!
CARUSO – (ameaçador) Se você ousar ir falar
com ele sobre isso, Arlete, esqueça que tem um marido. Eu não tolerarei isso em
nossa família
Caruso deixa suas palavras pairando no ar enquanto pega sua
pasta e se prepara para sair.
ARLETE – (chorando) Caruso, por favor, não
faça isso. Nós precisamos ser uma família, independente das nossas diferenças.
CARUSO – (irritado) Eu disse o que tinha que
dizer, Arlete. Agora, decida!
Caruso sai de casa, deixando Arlete sozinha no quarto, com
lágrimas nos olhos, enfrentando a difícil decisão entre seguir suas convicções
e manter o casamento ou apoiar seu filho em um momento crucial.
CORTA PARA
CENA 8. CASA DE MURILO. INT. SALA.
DIA.
Helena, presa em seus próprios pensamentos, é surpreendida
pelo som da porta.
HELENA – (levantando-se) Será que o Guto
esqueceu alguma coisa?
Helena abre a porta, mas em vez de Guto, encontra Murilo do
lado de fora.
MURILO – Oi, posso entrar?
HELENA – (surpresa) Claro, a casa é sua
Murilo. O que está fazendo aqui?
Helena deixa Murilo entrar, e eles se acomodam na sala.
MURILO – (sentando-se) Eu soube sobre o
Tarcísio. Sinto muito pela sua perda.
HELENA – (agradecendo) Obrigada, Murilo. Foi
um golpe muito difícil.
Murilo respira fundo antes de continuar.
MURILO – Eu vim porque queria oferecer meu
apoio. Se precisar de alguma coisa, estou aqui.
HELENA – Sou muito grata por isso. O Guto
tem me ajudado muito nesses momentos difíceis.
MURILO – (não se contendo) Há outra coisa
que eu também queria falar com você. Sobre a Nathalia.
Helena franze a testa, curiosa.
HELENA – Você também já está sabendo?
MURILO – Eu acompanho a história da Nathalia
há muitos anos, conheço de perto a luta dela para te encontrar e eu fico muito
feliz por ela ter conseguido isso, e eu também já soube que você não reagiu
muito bem a isso.
HELENA – Não é uma história muito fácil de
digerir, de um dia para a noite, toda a minha vida se tornou uma mentira.
MURILO – A sua vida foi uma mentira, e a
participação na sua vida foi tirada da Nathalia. Acho que agora, mais do que
nunca, é um bom momento para vocês estarem juntas. O destino deu mais uma
oportunidade de vocês se encontrarem novamente, e vocês não podem perder tempo
com coisas bem menores.
Helena processa a informação, emocionada.
HELENA – (pensativa) Eu nunca imaginei que
isso pudesse estar acontecendo na minha vida. Eu preciso pensar sobre isso.
MURILO – (compreensivo) Seja forte, mas
busque a Nathalia para conversar, se coloque no lugar dela que teve a filha
arrancada dos braços quando era um bebê e ficou mais de vinte anos nessa
angústia esperando te reencontrar. Você conhece a Nathalia, sabe que ela é uma
pessoa maravilhosa e agora sabe que ela é sua mãe.
MURILO – Estou aqui para o que você
precisar.
Murilo se levanta para sair, deixando Helena absorvendo a
revelação sobre sua mãe biológica.
CORTA PARA
CENA 8. MANSÃO DA FAMÍLIA CASTRO.
INT. QUARTO DE NATHALIA. DIA.
O quarto de Nathalia está banhado por uma luz suave, e ela
está deitada na cama, imersa em pensamentos. A batida suave na porta anuncia a
entrada de Adélia.
ADÉLIA – (batendo na porta) Posso entrar?
NATHALIA – (levantando-se) Claro, Adélia.
Entre.
Adélia entra, encontrando Nathalia em um estado reflexivo.
ADÉLIA – Tem alguém aqui querendo vê-la.
Acho que você vai gostar de ver essa pessoa.
NATHALIA – (curiosa) Quem é?
Adélia sorri, abrindo espaço para Helena, que estava do lado
de fora, entrar.
ADÉLIA – A visita é surpresa, mas acho que
será uma agradável surpresa.
Helena entra no quarto, um misto de nervosismo e
determinação em seu rosto.
CONGELAMENTO FINAL EM HELENA.
Obrigado pelo seu comentário!