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Entre Laços Quebrados - Capítulo 04


 

 



Entre Laços Quebrados – 04

Criada e escrita por: Vicente de Abreu

Direção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada


CENA 01: QUARTO DE HOTEL. INTERIOR. MANHà

O quarto de hotel é banhado pela luz suave da manhã. Luciana, ainda sonolenta, abre os olhos e sorri ao ver Otto ao seu lado. Ela estica os braços e boceja, sentindo-se feliz e relaxada após uma noite romântica.


LUCIANA: (com um sorriso) Bom dia, meu bem.

Otto está de pé ao lado da cama, movendo-se de um lado para o outro de maneira frenética. Ele está procurando algo, mas parece distraído e preocupado.

LUCIANA: (franzindo a testa) Otto, o que está acontecendo? Por que você está tão agitado?

OTTO: (desviando o olhar) Ah, nada, Luciana. Nada demais.


Luciana sai da cama e vai em direção ao banheiro. Ela nota a expressão preocupada de Otto, mas decide não insistir por enquanto. Enquanto ela se aproxima do banheiro, o som da água do chuveiro começa a ecoar.


LUCIANA: (de dentro do banheiro) Você quer se juntar a mim no chuveiro, Otto?

Otto permanece parado por um momento, olhando para o nada enquanto a água continua a correr. Ele suspira e finalmente se vira para Luciana, forçando um sorriso.


OTTO: Não, obrigado, Luciana. Acho que tenho mais algumas coisas para resolver aqui no quarto.

Luciana franze a testa novamente, preocupada com o comportamento estranho de Otto. Ela encolhe os ombros e entra no banheiro, deixando Otto sozinho no quarto.

Otto olha ao redor do quarto, ainda em busca de algo. Sua expressão é tensa e preocupada. Ele verifica debaixo da cama, nos armários e até mesmo nas gavetas da mesa de cabeceira, mas não encontra o que procura. Finalmente, ele desiste e senta na beira da cama, passando a mão pelo cabelo em frustração.


OTTO: (murmurando para si mesmo) Onde diabos está aquilo?


CENA 02: BAR. SANTA TERESA | RIO. INT. DIA

Rubi, caminha pelas ruas de Santa Teresa. Seu rosto está marcado pela tristeza, seus olhos carregam um peso profundo. Ela entra no bar, onde Leona, percebe Rubi imediatamente. Ela está sentada em um canto do bar, olhando fixamente para Rubi se aproximando,  com preocupação.


LEONA: (com voz preocupada) Rubi?

RUBI: (com a voz trêmula) Leona…


Leona se levanta rapidamente e vai até Rubi, colocando as mãos nos ombros dela.


LEONA: O que aconteceu? Você está bem?

Rubi balança a cabeça lentamente, incapaz de conter as lágrimas que começam a escorrer pelo seu rosto.


RUBI: (entre soluços) Eu... eu não sei como... como lidar com isso.


Leona a abraça com força, sentindo a angústia de sua amiga.

LEONA: (gentilmente) Shh... está tudo bem. Você pode me contar o que aconteceu.


Rubi se afasta ligeiramente, olhando nos olhos de Leona com uma mistura de desespero e confusão.


RUBI: Eu.. eu fui estuprada, Leona.


Leona fica em choque. 



LEONA: Oh meu Deus! Rubi, vamos até a delegacia. 


Leona retira uma nota de vinte reais de sua carteira e deixa sob a mesa. Ela rapidamente apanha sua bolsa, e pega nas mãos de Rubi, e as duas saem. 



CENA 03: QUARTO. HOSPITAL VITALROSSI. INT. 

No quarto de hospital, Heloísa está deitada na cama, parecendo abatida. Dr. Virginia, sua amiga e médica responsável, está de pé ao lado da cama, revisando alguns documentos médicos.


HELOÍSA: (com tristeza) Virginia, obrigada por estar aqui comigo. Não sei o que faria sem você.

DR. VIRGINIA: (colocando os documentos de lado e sentando-se ao lado de Heloísa) Você sabe que estarei ao seu lado, Heloísa. Sempre.

HELOÍSA: (suspira) Eu sei... Eu só... Eu não consigo parar de pensar em como vou dizer ao Guilherme.

DR. VIRGINIA: Você ainda não falou com ele?

HELOÍSA: Não. Eu não tive coragem. Ele estava tão feliz, Virginia. Tão ansioso para ser pai... E agora... (engole em seco) Agora nós perdemos nosso bebê.

DR. VIRGINIA: (coloca a mão sobre a de Heloísa) Heloísa, você não está sozinha nisso. E você não precisa enfrentar isso sozinha. Eu estou aqui para o que você precisar.

HELOÍSA: (olha para Virginia com os olhos marejados) Eu sei que posso contar com você, Virginia. Mas, por favor, não conte ao Guilherme. Não ainda. Ele tem tanta coisa na cabeça agora... Com a empresa, com a família...

DR. VIRGINIA: (compreensiva) Você quer esperar um pouco antes de lhe dizer?

HELOÍSA: Sim, por favor. Só mais um tempo. Eu preciso encontrar as palavras certas.

DR. VIRGINIA: Entendo. Farei como você pediu. Mas, Heloísa, não se esqueça de que ele é seu parceiro. Ele vai querer estar ao seu lado, não importa o que aconteça.

HELOÍSA: (assente) Eu sei... Eu só... Eu só preciso de um pouco mais de tempo.

Heloísa olha para a janela, perdida em seus pensamentos, enquanto Dr. Virginia a observa com preocupação.

DR. VIRGINIA: (suavemente) Você vai encontrar a maneira certa, Heloísa. E eu estarei aqui para ajudar no que for preciso.

Heloísa assente, agradecida, e a cena desfoca enquanto a luz do sol ilumina o quarto de hospital


CENA 04: EXT. QUIOSQUE NA PRAIA DE BÚZIOS.  DIA

Luciana, com os cabelos ao vento e vestida com trajes de praia, para em frente ao quiosque de Serginho, um amigo de longa data. Ela parece cansada, mas com um sorriso no rosto.


SERGINHO (JUAN PAIVA): (animado) E aí, Lu? Como foi a noite?


Luciana desfaz o sorriso por um momento, parecendo refletir, mas logo volta a sorrir.


LUCIANA: (suspira) Foi... foi incrível, Serginho.

Ela se apoia no balcão do quiosque, olhando para o mar ao longe.


SERGINHO: (curioso) Conta tudo! Quero detalhes!


Luciana ri suavemente, lembrando-se da noite anterior.


LUCIANA: Bem, começou com um jantar à luz de velas em um restaurante à beira-mar. Otto estava tão... atencioso, sabe? Parecia que o mundo inteiro desaparecia quando estávamos juntos.


Ela suspira, parecendo perdida em lembranças agradáveis.


SERGINHO: (sorrindo) Que romântico!

LUCIANA: (assentindo) Sim, foi. Depois do jantar, ele me levou à um hotel, só nós dois e o som das ondas. E aí, aconteceu Serginho. Da forma mais natural possível. Quando eu vi, estava nos braços dele.


SERGINHO – (animado) Então, você não é mais moça!  Até que enfim!

LUCIANA – Para com isso Serginho! 

SERGINHO: Parei. Mas e aí, e depois?

LUCIANA: (com um brilho nos olhos) E depois... passamos a noite juntos, tomando champanhe, coisa fina. Acordamos juntinhos.. 


Luciana para e se lembra..


SERGINHO: (com um sorriso caloroso) Parece que você encontrou alguém especial, Lu.

LUCIANA: Sim, encontrei. Mas algo estranho aconteceu. 

SERGINHO: O quê?

LUCIANA: Ele hoje me tratou de uma forma um pouco fria, Serginho. Estava bem agitado, como se procurasse algo que tinha perdido. Eu questionei, e ele não me disse o que era. 

SERGINHO: (indignado) Espera! Você já procurou saber se ele é casado? Lu, do céu! Ele pode ter tirado a aliança, e perdeu, e estava procurando com medo de você achar. Por isso, não te disse e te tratou estranho. 


Os dois amigos trocam olhares cheios de significado, tentando imaginar o que aconteceu. 


CENA 05: PENSÃO DE INÁ. SALA COMUM . INT.

Otto está sentado em uma cadeira na sala comum da pensão, folheando um livro antigo. Ele parece absorto em seus pensamentos quando Iná,, entra na sala e se aproxima dele.


INÁ: (com um sorriso) Otto, posso me sentar?


Otto levanta o olhar do livro, surpreso com a interrupção, mas assente, indicando a cadeira vazia à sua frente.


OTTO:  Claro, sinta-se à vontade.


Iná se acomoda na cadeira, olhando diretamente para Otto com um misto de curiosidade e determinação.


INÁ: Eu tenho que te perguntar uma coisa, Otto. Você sempre parece tão... misterioso. De onde você veio? Qual é a sua história?


Otto parece um pouco desconcertado com a pergunta direta, mas após uma breve hesitação, decide abrir-se um pouco.


OTTO: Bem, eu sou do Rio de Janeiro. Na verdade, venho de uma família... bem, de uma família nobre.


Os olhos de Iná se iluminam com excitação ao ouvir a revelação de Otto.


INÁ:  (animada) Nobreza, realmente? Que fascinante! Você quer dizer que você é de uma família nobre?

OTTO:  (modesto) Sim, algo assim. Mas isso foi há muito tempo. Eu meio que... deixei tudo isso para trás.


Iná parece intrigada, inclinando-se um pouco mais para frente.


INÁ: (curiosa) E por que você faria isso? Deixar toda essa história para trás?


Otto hesita por um momento, parecendo contemplativo.


OTTO:  Bem, é uma longa história. Mas digamos que... eu não me encaixava muito bem naquele mundo. Então, decidi seguir meu próprio caminho.


Iná sorri, parecendo entender.


INÁ: Eu entendo. Às vezes, é preciso seguir o próprio caminho, mesmo que seja diferente do que esperam de nós.

Otto assente, um leve sorriso se formando em seus lábios.


OTTO: Exatamente. E aqui estou eu, em uma pensão modesta, longe de tudo isso.


Os dois compartilham um momento de conexão silenciosa antes de Iná quebrar o silêncio com um brilho travesso nos olhos.


INÁ: Bem, seja como for, ainda é fascinante! Quem diria que eu teria um nobre vivendo sob o mesmo teto que eu!


Otto ri suavemente, sacudindo a cabeça.


OTTO: A vida nos reserva surpresas, não é mesmo?


A câmera se afasta gradualmente, deixando os dois conversando na sala comum da pensão, enquanto o sol da tarde ilumina o ambiente com uma calma reconfortante.



CENA 06: INT. QUARTO DO HOSPITAL VITALROSSI -TARDE:.

Heloísa está deitada na cama Ela parece frágil e preocupada. Ao lado dela, está a Dra. Virginia. Guilherme entra no quarto com uma expressão cansada e preocupada.


GUILHERME: (com voz trêmula) Heloísa…


Heloísa olha para Guilherme, seus olhos se iluminando com um sorriso fraco.

HELOÍSA: (com voz fraca) Guilherme…

Dr. Virginia se aproxima de Guilherme, pronta para dar notícias.

DR. VIRGINIA: Guilherme, que bom que você chegou. Tenho atualizações sobre o estado de saúde da Heloísa.

Guilherme se vira para encarar o médico, ansioso por qualquer informação.

GUILHERME: Por favor, me diga que ela vai ficar bem.


Dr. Virginia respira fundo antes de falar, mantendo um tom suave e reconfortante.


DR. VIRGINIA: Heloísa está estável no momento. Nós estamos monitorando de perto sua condição, e ela está respondendo bem ao tratamento.


Guilherme solta um suspiro de alívio, mas sua preocupação ainda é evidente em seu rosto.


GUILHERME: E o bebê? Como está o bebê?


Heloísa segura a mão de Guilherme, olhando-o com esperança.


HELOÍSA: Por favor, diga que ele está bem…


Dr. Virginia sorri gentilmente para o casal, transmitindo uma sensação de tranquilidade.


DR. VIRGINIA: O bebê está bem, Guilherme. Todos os sinais indicam que ele está saudável e forte.


Guilherme solta um suspiro de alívio, sentindo um peso sendo tirado de seus ombros.


GUILHERME: (com gratidão) Obrigado, doutora. Obrigado por cuidar tão bem da minha esposa e do nosso filho.


Heloísa sorri para Guilherme, seus olhos brilhando com emoção.


HELOÍSA: (com ternura) Nós vamos ficar bem, Guilherme. Juntos, nós vamos superar isso.


Guilherme segura a mão de Heloísa com carinho, sentindo-se grato por tê-la ao seu lado.


GUILHERME: (com determinação) Sim, nós vamos. Eu prometo.



CENA 07: INT. DELEGACIA - TARDE


O ambiente é austero, com paredes frias e uma luz fluorescente que amplifica a sensação de desconforto. Rubi e Leona entram na delegacia. Rubi está visivelmente abalada, os olhos inchados de tanto chorar. Leona mantém a compostura, mas sua expressão revela preocupação. Elas se aproximam do balcão de atendimentos, onde um policial olha para elas com uma mistura de desconfiança e desinteresse.


POLICIAL: (desinteressado) Posso ajudar?

LEONA: (firme) Queremos fazer uma denúncia. Minha amiga aqui foi agredida

.

Rubi abaixa o olhar, encolhendo-se.


POLICIAL: (com sarcasmo) Ah, entendi. Mais uma ocorrência envolvendo garotas da vida…


Leona aperta os punhos, reprimindo a raiva.


LEONA: (com firmeza) Isso não tem nada a ver com o que fazemos da vida. Minha amiga foi atacada e merece ser tratada com respeito.

O policial troca olhares com seus colegas, que murmuram comentários maldosos.


POLICIAL: (ironicamente) Claro, claro... Vou chamar o investigador.


Rubi se encolhe ainda mais, sentindo-se julgada e diminuída.


RUBI: (com a voz trêmula) Eu... quero ir embora, Leo. Por favor!

LEONA: Não Rubi! Vamos ficar. 

RUBI:  Eles vão fazer pouco caso de nós, Leo. Vamos

HORAS DEPOIS… 

Rubi está com a cabeça apoiada na parede, claramente cansada e abatida. Leona está ao seu lado, tentando manter o ânimo.

LEONA: (sussurrando) Rubi, você está bem?

RUBI: (abre os olhos lentamente, revelando um olhar cansado) Estou... só exausta de esperar tanto tempo.

LEONA: Eu sei, estamos aqui há horas. Mas vai ficar tudo bem, okay? (tentando sorrir)


Rubi assente, mas seu semblante continua pesado. Ela olha ao redor, notando a ausência de outras pessoas na sala. 


LEONA: (com uma expressão triste) Rubi... (pausa, escolhendo suas palavras com cuidado) Eu sei que isso tudo tem sido difícil para você. Sinto muito por toda essa confusão.


Rubi olha para Leona, surpresa com sua franqueza.


RUBI: (em um sussurro) Você não precisa se desculpar, Leona. Nada disso é culpa sua.

LEONA: (com os olhos marejados) Eu sei, mas... eu só queria poder fazer algo para te ajudar.


Rubi sorri fracamente, tocada pelo gesto de Leona. Ela se levanta do banco, estendendo a mão para ajudar Leona a se levantar também.


RUBI: (com um sorriso gentil) Você já fez muito por mim, Leona. Vamos sair daqui, está bem?

Leona aceita a mão de Rubi e se levanta. As duas se olham por um momento, compartilhando um entendimento silencioso. Juntas, elas caminham em direção à saída da delegacia


CENA 08: INT. QUARTO DE OTTO | PENSÃO | - NOITE


Luciana, está de pé no centro do quarto, impaciente. Ela passa as mãos pelos cabelos, olhando para a porta com uma mistura de preocupação e irritação.


Luciana: (murmurando para si mesma) Onde ele está?


A porta se abre e Otto entra, parecendo cansado e um pouco tenso. Ele fecha a porta atrás de si e olha para Luciana com uma expressão hesitante.


OTTO: Lu? Aconteceu alguma coisa?

LUCIANA: (cruzando os braços) Aconteceu, sim. Você desapareceu mais cedo, Otto. Sem um aviso, sem uma explicação. Eu estava preocupada

OTTO: (suspirando) Eu sei, e eu sinto muito por isso. Foi um imprevisto que eu tive que resolver.

LUCIANA: (levantando uma sobrancelha) Um imprevisto? Ou seria algo relacionado à sua vida pessoal?


Otto engole em seco, olhando para o chão por um momento antes de finalmente encontrar coragem para responder.


OTTO: Luciana, você acha que sou casado?


Luciana o encara, sua expressão endurecendo ainda mais.


LUCIANA: (com firmeza) Você nunca me disse nada sobre sua vida pessoal, Otto. Como eu poderia saber?

OTTO: (erguendo o olhar para encará-la) Não, Luciana. Eu não sou casado. Na verdade, o que aconteceu mais cedo foi... (hesita por um momento) Eu perdi algo importante.


Luciana franze o cenho, confusa.


LUCIANA: O que você perdeu?


Otto respira fundo, sentindo o peso da revelação que está prestes a fazer. Ele se aproxima de Luciana, segurando suas mãos com ternura.


OTTO: Eu perdi algo que queria muito te dar, Luciana. Algo que representava tudo o que sinto por você.


Luciana olha para ele, sua expressão suavizando-se ligeiramente diante da sinceridade em seus olhos.


LUCIANA: O que era?


Otto retira algo do bolso de sua calça e abre a mão, revelando um belo anel de noivado. Os olhos de Luciana se arregalam com surpresa e emoção.


OTTO: (com um sorriso nervoso) Este anel. Eu queria te surpreender, pedir para ser minha esposa. Mas eu o perdi, Luciana. E agora só me resta pedir desculpas por não ter conseguido fazer isso da maneira que planejei.


Luciana fica sem palavras, seus olhos se enchem de lágrimas enquanto ela olha para o anel em sua mão. Ela se aproxima de Otto e o abraça com força, deixando escapar um suspiro emocionado.


LUCIANA: (emocionada) Você quer... quer se casar comigo, Otto?


Otto envolve Luciana em seus braços, segurando-a com ternura.


OTTO: Mais do que tudo, Luciana. Mais do que tudo.


Os dois se beijam apaixonados

FIM DO CAPÍTULO









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