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Entre Laços Quebrados - Capítulo 08

 


Entre Laços Quebrados – 08



CENA 01: PENSÃO DE INÁ - QUARTO DE OTTO - TARDE

Otto entra apressadamente no quarto da pensão de Iná, visivelmente agitado e nervoso. Ele fecha a porta com força, enquanto Iná entra logo atrás, observando-o com preocupação.


INÁ: (com cautela) Otto, o que está acontecendo? Você parece perturbado.

Otto se vira abruptamente para encarar Iná, sua expressão carregada de tensão e irritação.

OTTO: (com frieza) Não é da sua conta, Iná. Por favor, me deixe em paz.

INÁ: (persistindo, mas mantendo a distância) E quanto à Luciana? Ela disse que viria encontrá-lo aqui. Estou preocupada com minha filha.


Otto vira-se novamente, reprimindo um suspiro exasperado.


OTTO: (com firmeza) Eu não sei da sua filha!

Iná fica chocada com a revelação, mas percebe a tensão evidente em Otto. Ela dá um passo hesitante em direção a ele.

INÁ: Ah, mas você vai me explicar agora o que está acontecendo! 

Otto ignora as palavras de Iná e começa a arrumar suas malas, jogando suas roupas de forma brusca dentro da mala.

OTTO: (indiferente) Deixe para a sua filha explicar, Iná. Estou de saída.

Iná fica parada, atônita, sem compreender totalmente a situação. Otto tira algumas notas de sua carteira e as coloca na mão de Iná.

OTTO: (entregando o dinheiro) Aqui está pelo tempo que fiquei aqui. Adeus, Iná.

Iná permanece em silêncio enquanto Otto passa por ela e deixa o quarto. A cena termina com Iná ainda parada, perplexa, enquanto Otto se afasta, deixando a pensão.




CENA 02. EXT. RUA DAS PEDRAS - BÚZIOS- NOITE


[ TRILHA ON: https://youtu.be/YN2wV52AtFA?si=AGUKENV4YECLV6RW  ( DEZEMBROS - FAGNER ]

Luciana caminha pela rua escura, seu rosto molhado pelas lágrimas. Ela chega à entrada da pensão, onde uma luz amarelada brilha fraca. Aos poucos, ela sobe os degraus, seus passos pesados ecoando no vazio. Iná, sua mãe, está sentada na recepção, lendo um jornal velho. Ao ver Luciana entrar, ela imediatamente percebe a tristeza estampada no rosto da filha.


CENA 03: PENSÃO DE INÁ. INT. SALA.

INÁ: (inquietante) Luciana... o que houve, minha filha?

Luciana não responde, apenas balança a cabeça e segue em direção ao quarto, ignorando Iná. Preocupada, Iná se levanta rapidamente e segue atrás dela.

[ TRILHA OFF ]



CORTA PARA:

CENA 04:  INT. QUARTO DE LUCIANA.

Luciana entra no quarto e fecha a porta atrás de si. Ela se joga na cama, soluçando baixinho. Iná entra logo em seguida, preocupada, e fecha a porta atrás de si.

INÁ: (afetuosa) Luciana, meu amor, o que aconteceu? Por que você está assim?

Luciana se vira para encarar a mãe, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

LUCIANA: (entre soluços) Eu... eu estou grávida, mãe.


[ INSTRUMENTAL ON: https://youtu.be/EzxOSXgvvV4?si=3ZNtEajVtqZJe1s9


Iná fica chocada com a revelação, sua expressão se transforma em uma mistura de choque e raiva.

INÁ: (gritando) Grávida?! Você está brincando comigo, Luciana? Como você pôde deixar isso acontecer?!

Luciana se encolhe diante da reação da mãe, as lágrimas escorrendo sem controle.

LUCIANA: (suplicante) Mãe, eu não queria que isso acontecesse. Foi um acidente. Eu não sei o que fazer…

Iná começa a andar de um lado para o outro, as lágrimas começam a brotar em seus olhos, mas ela tenta se manter firme.

LUCIANA: Eu sei que errei, mãe, mas eu preciso do seu apoio agora mais do que nunca.

INÁ: Apoio?! Você quer apoio depois de cometer um erro tão grande?! Você estragou sua vida, e a minha também!

Luciana fica arrasada com as palavras de sua mãe, incapaz de conter as lágrimas.

LUCIANA: Eu... eu esperava que você me entendesse, que me ajudasse a encontrar uma solução...

INÁ: (com desdém) Solução?! Não há solução para isso, Luciana! Você vai ter que lidar com as consequências das suas escolhas.

Iná anda até a janela e se vira pensativa.

INÁ: Então, é por isso! Por isso que o Otto chegou tão nervoso.

LUCIANA: (voz trêmula)  O Otto esteve aqui?

INÁ: Esteve! Esteve e foi embora. Arrumou todas as suas coisas, e se foi. Sabe por que? Porque você é uma estúpida, Luciana. Nem para um golpe bem dado, você serviu, minha filha. 

Iná, tomada pela fúria, avança em direção a Luciana e a empurra com força. Luciana cai contra a cama, e com os olhos marejados por lágrimas. 


CENA 05: INT. CARRO. RUAS DO RIO DE JANEIRO. 

Otávio estaciona o carro junto ao píer, observando Rubi ao seu lado, que parece ansiosa e preocupada, seu olhar fixo no horizonte.

OTÁVIO: (olhando para Rubi) Aqui está bom?


Rubi assente, mas sua expressão denota uma preocupação mal disfarçada.


RUBI: (olhando para o píer)  E sua esposa... ela tem ideia de que você é... gay?

A pergunta de Rubi paira no ar, fazendo Otávio ficar tenso e desconfortável. Ele desvia o olhar brevemente, como se buscasse uma resposta nas sombras do carro.

OTÁVIO:  (com uma ponta de nervosismo) Não... ela não sabe.


O silêncio se instala no carro, pesado e carregado de significados não ditos. RUBI parece compreender a gravidade da situação.


RUBI: (com empatia) Sinto muito por isso. 


Otávio tenta sorrir, mas é um sorriso forçado, revelando mais amargura do que conforto.


OTÁVIO: (resignado) Não se preocupe. É melhor assim. E no tempo ela saberá, Rubi.


Rubi abre a porta do carro, preparando-se para sair. Antes de partir, lança um último olhar para Otávio, cheio de compreensão e simpatia.


RUBI: (com ternura) Cuide-se, Otávio.


Otávio observa enquanto Rubi se afasta em direção ao píer, desaparecendo na escuridão da noite. Ele fica sozinho no carro, perdido em seus pensamentos, confrontado com a solidão de suas escolhas.


CENA 06: CIDADE DE PETRÓPOLIS. INÍCIO DA MADRUGADA.

No início da madrugada em Petrópolis, a cidade adquire uma atmosfera mágica. As ruas históricas são iluminadas pelos lampiões, enquanto o aroma de café fresco flutua no ar. Sob o céu estrelado, os jardins dos palacetes refletem a suave luz da lua, enquanto os sons noturnos da natureza ecoam pelas vielas. Nos mirantes, turistas e moradores se reúnem para admirar o espetáculo celeste, revelando a beleza singular dessa cidade serrana.


CENA 07: CASA DE OTÁVIO | PETRÓPOLIS | INT. MADRUGADA.

Otávio chega em casa de madrugada, cansado e com o semblante tenso. Ele abre a porta cautelosamente, tentando não fazer barulho, mas é surpreendido ao encontrar Débora sentada no sofá, com os braços cruzados e uma expressão séria no rosto.


DÉBORA: (com a voz firme) Otávio, você finalmente chegou. Sabia que esperaria por você acordada.


OTÁVIO: (surpreso) Débora, você está acordada ainda? Desculpe, eu não queria te acordar.


DÉBORA: (cruzando os braços) Não me venha com desculpas, Otávio. Está cada vez mais frequente você chegar tão tarde em casa. O que está acontecendo?


OTÁVIO: (suspira) É o trabalho, Débora. Você sabe como é a vida na capital. Os compromissos, as reuniões, tudo isso me prende lá até altas horas.


DÉBORA: (com uma expressão preocupada) Eu sei, Otávio. Mas isso está afetando você, está afetando nossa família. Você parece sempre tão estressado e cansado ultimamente.


OTÁVIO: (com um olhar pensativo) Eu sei, querida. E por isso mesmo, estou pensando em uma solução. Estava considerando alugar um apartamento no Rio, assim eu poderia passar a semana lá e estar mais próximo do trabalho.


DÉBORA: (surpresa) No Rio? Mas isso significa que você estaria longe de casa durante a semana toda.


OTÁVIO: (com um tom de justificativa) Eu sei que não é o ideal, Débora. Mas a distância entre a capital e a região serrana está acabando comigo. Assim, eu poderia descansar melhor durante a semana e estar mais presente nos finais de semana.


OTÁVIO: (hesitante) Eu entendo suas preocupações, Otávio. E, apesar de não gostar da ideia de você longe de casa, se isso vai te fazer bem e ajudar com o trabalho, eu apoio. Afinal, sua saúde e bem-estar são prioridades para nós.


(Otávio se aproxima de Débora e a abraça com carinho.)


OTÁVIO: Obrigado por entender, Débora. Prometo que farei o possível para equilibrar tudo da melhor forma possível.


DÉBORA: (retribuindo o abraço) Eu sei que você vai, Otávio. Estamos juntos nisso, sempre.


(A cena se encerra com Otávio e Débora abraçados, mostrando que, apesar dos desafios, eles estão unidos e comprometidos em enfrentá-los juntos como uma família.)



CENA 08: MANSÃO ROSSI. SUÍTE. INT.

Guilherme, adentra a sua suíte. Ele olha em volta e nota sua esposa Heloísa, sentada na cama, com uma expressão de tristeza.

GUILHERME: (preocupado) Heloísa, querida, o que houve? Você parece preocupada.

Heloísa, olha para Guilherme com um suspiro triste.

HELOÍSA: (com um sorriso forçado) Ah, Guilherme... é só saudade do trabalho. Sinto falta de estar lá.

Guilherme se aproxima dela e se senta ao seu lado, colocando um braço em volta dos ombros dela para confortá-la.

GUILHERME: Eu sei que você adora o que faz, mas sua saúde vem em primeiro lugar. Você precisa descansar, querida.

Heloísa olha para Guilherme, agradecida pelo gesto, mas ainda com um semblante melancólico. Guilherme então decide tentar animá-la.

GUILHERME: (tentando animá-la) Olha só essa barriguinha! Em poucos meses, nosso pequeno estará aqui conosco.

Ele faz um gesto brincalhão na direção da barriga de Heloísa, mas ela rapidamente o corta com um olhar sério.

HELOÍSA: (firme) Guilherme, por favor...

Guilherme percebe o erro e imediatamente se retrai, respeitando o pedido dela. Ele suaviza a expressão e se inclina para dar um beijo suave na bochecha de Heloísa.

GUILHERME: Desculpe, querida. Eu só queria te animar um pouco. Vou te deixar descansar. Te vejo mais tarde.

Ele se levanta e se afasta em direção ao corredor, indo em direção ao banheiro. Heloísa observa sua partida com uma mistura de gratidão e tristeza, enquanto se recosta no sofá, contemplativa.

HELOÍSA: (para si mesma) O Guilherme não pode sonhar, que tudo é uma farsa.

A cena termina com Heloísa perdida em seus pensamentos, enquanto o som dos passos de Guilherme se afastando ecoa pelo ambiente.

CENA 09: CIDADE DO RIO DE JANEIRO. INÍCIO DO DIA.

[ TRILHA ON: https://youtu.be/AfnT79Aamxk?si=12IKxFF4rtB6b3em ( Com açúcar, com afeto - Maria Creuza ) ] 

O sol nasce timidamente por trás dos contornos do Pão de Açúcar, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados. Na praia de Copacabana, os primeiros corredores já começam a deixar suas pegadas na areia úmida, enquanto alguns surfistas audaciosos deslizam pelas ondas preguiçosas do mar. Nas calçadas, o cheiro de café fresco se mistura com o aroma adocicado das padarias que começam a abrir as portas, convidando os primeiros clientes para um café da manhã reforçado. O trânsito ainda é leve, mas já se ouvem os primeiros buzinaços, ecoando entre os prédios que começam a ganhar vida à medida que as janelas se iluminam. O Rio de Janeiro desperta para mais um dia de calor, música e alegria

CENA 10:  INT. HOSPITAL VITAL ROSSI. MANHÃ


Guilherme anda pelos corredores do hospital, vestindo seu jaleco, com um sorriso radiante estampado em seu rosto. Ele parece transbordar de felicidades, ele irradia uma energia contagiante. Ao adentrar a recepção, seus olhos encontram os da Dra. Virginia.

Dra. Virginia está de pé atrás do balcão, seu olhar tenso e hesitante. Ela faz um esforço visível para manter a compostura quando Guilherme se aproxima.


GUILHERME: Bom dia, Dra. Virginia!


Dra. Virginia força um sorriso nervoso, notando imediatamente a alegria desmedida de Guilherme.


DRA. VIRGINIA: Bom dia, doutor Guilherme. Como você está?


GUILHERME: Estou maravilhado, Dra. Virginia! Sabe, Helo me deu um susto, mas graças a Deus está bem e com a gravidez saudável. E agora que ela está grávida, conseguimos o que queríamos . Finalmente aconteceu, estamos tão felizes!


Guilherme mal consegue conter sua empolgação, enquanto Dra. Virginia luta para esconder sua agitação.


DRA. VIRGINIA: (engolindo em seco) Que ótimo, Guilherme. Fico feliz por vocês.


GUILHERME: Obrigado! Mal posso esperar para ver o rostinho do meu filho ou filha. Mas enfim, tenho que entrar. Tenha um bom dia!


Ele se afasta e adentra o corredor que leva aos consultórios. Dra. Virginia observa-o partir, seu coração martelando dentro do peito.


CENA 11: INT. CONSULTÓRIO - MINUTOS DEPOIS


Dra. Virginia está sentada em sua mesa, um computador diante dela, mas seus olhos estão perdidos em pensamentos distantes. Ela suspira, tentando se concentrar, quando uma lembrança invade sua mente.


FLASHBACK:

 Guilherme e Virginia mais jovens, estão sentados lado a lado em uma sala de descanso de hospital, seus rostos próximos, carregados de emoção. Eles se olham com ternura, uma faísca de paixão brilhando em seus olhos enquanto trocam sorrisos cúmplices.


VOLTA AO PRESENTE:

[ TRILHA OFF ]

Dra. Virginia sacode a cabeça, tentando afastar a lembrança. Ela sabe que não pode se permitir esse luxo. Respira fundo e foca sua atenção no presente, no dilema que a consome.


DRA. VIRGINIA: (para si mesma) Não posso mais fazer isso. Não posso continuar mentindo.


Ela toma uma decisão, sua expressão endurecida pela determinação e confusão, na dúvida entre o certo e errado.


CENA 12:  PENSÃO DE INÁ. QUARTO DE LUCIANA. INT. – MANHÃ.

Iná entra no quarto e se depara com Luciana já acordada. Iná ainda está furiosa, segurando um cinto na mão, enquanto Luciana está encolhida em um canto, visivelmente nervosa.

INÁ: Como você pôde fazer isso, Luciana? Como você teve coragem de estragar sua vida assim?

LUCIANA: Mãe, eu sei que você está chateada, mas eu não planejei isso...

INÁ: Não planejou? Não planejou?! Você acha que isso é alguma brincadeira? Você vai carregar essa responsabilidade pelo resto da sua vida!

[Iná avança em direção a Luciana, levantando o cinto.]

LUCIANA: (chorando)  Por favor, mãe, não!

Iná não mostra piedade. Ela desfere golpes com o cinto, atingindo Luciana com força enquanto continua a gritar palavras de condenação.

INÁ: (gritando) Eu te odeio! Eu te odeio! Eu te odeio! Você acha que pode me desafiar? Me envergonhar desse jeito?

Cada estalo do cinto corta o ar, acompanhado pelo gemido dolorido de Luciana. A jovem tenta se esquivar, mas as investidas implacáveis de Iná a mantêm presa em um ciclo de dor e desespero.

LUCIANA: (gritando) PARA MÃE… POR FAVOR!

As palavras de Luciana reverberam na sala, misturadas com o som do cinto batendo implacavelmente contra sua pele. Iná recua por um momento, seu rosto contorcido pela mistura de raiva e incredulidade.

INÁ: (respirando ofegante) Você quer me fazer de idiota? Acha que pode me enganar com essa história absurda?

LUCIANA: (ofegante, com lágrimas nos olhos) É verdade, mãe... Eu estou esperando um filho... Seu neto...

Antes que Iná possa reagir novamente, os hóspedes da pousada, atraídos pelo barulho, invadem a sala. Eles ficam chocados com a cena diante deles, alguns gritando em horror, outros tentando intervir.

HÓSPEDE 1 - O que diabos está acontecendo aqui?

HÓSPEDE 2 – (segurando Iná) Dona Iná, o que é isto? Pare!


Os hóspedes tiram Iná de cima de Luciana. Iná está visivelmente atordoada e furiosa, com seus cabelos bagunçados e uma respiração ofegante. 


{ A câmera dá um close no rosto de mãe e filha. Iná ainda segura o cinto com firmeza, sua expressão uma mistura de raiva e desespero. Luciana se encolhe no sofá, tremendo de dor }

FIM DO CAPÍTULO. 





 




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