CENA 01. MANSÃO DE LÉO. INT.
NOITE
A sala está
mal iluminada, com apenas algumas lâmpadas acesas, criando um ambiente sombrio.
Max está sentado em uma poltrona de couro, com uma garrafa de uísque quase
vazia ao lado. Ele segura um copo com uma pequena quantidade do líquido
dourado, que balança levemente enquanto ele escuta uma música melancólica
tocando ao fundo. Seu olhar está perdido, e seu semblante mostra sinais de
embriaguez.
MAX - (Murmurando para si
mesmo) Romina... como pôde fazer isso comigo?
Leo entra na
sala, observando Max por um momento antes de se aproximar e se sentar em uma
poltrona ao lado.
LEO - Max, você está há duas
horas enchendo a cara e ouvindo essa música irritante. O que diabos está
acontecendo?
Max levanta o
olhar, seus olhos estão vermelhos e cansados. Ele sorri amargamente antes de
responder.
MAX - (Bêbado) Romina é a pior
das vadias, Leo. Eu peguei ela aos
beijos com Juliano. Acredita nisso?
Leo se inclina
para a frente, demonstrando interesse. Ele pega a garrafa de uísque e serve um
pouco para si mesmo.
LEO - (Calmamente) Continue,
Max. Quero ouvir mais.
Max balança a
cabeça, tomando um gole grande do seu copo.
MAX - Eu pensei que ela... que
ela estava comigo, sabe? Mas não... Ela está se aproveitando de mim, de nós. (Gargalha
amargamente) Ela está chantageando Marisol e usufruindo da mansão, da
fortuna... tudo!
A expressão de
Leo muda, seus olhos se estreitam enquanto ele processa as informações. Ele se
recosta na poltrona, seus pensamentos claramente tumultuados.
LEO - (Frio) Então Romina está
tentando tirar proveito de algo que pertence a mim?
Max, sem
perceber a gravidade do que está dizendo, apenas acena afirmativamente com a
cabeça.
MAX - (Bêbado) Sim, sim... Ela
está aproveitando tudo, Leo. Tudo que deveria ser nosso...
Leo se levanta
lentamente, seu olhar fixo em Max. Sua expressão é de pura fúria contida.
LEO - (Para si mesmo) Isso não
ficará assim.
Max parece não
perceber a intensidade da raiva de Leo, continuando a beber e murmurar para si
mesmo.
MAX - (Desesperado) Leo, o que
vamos fazer?
LEO - (Frio e calculista) Você
vai ficar aqui e não fazer nada, Max. Deixe isso comigo. Vou lidar com Romina
da maneira que ela merece.
Max balança a
cabeça, incapaz de processar completamente o que está acontecendo. Leo sai da
sala com uma expressão sombria.
CENA 02. MANSÃO DE MARISOL.
INT. NOITE
A sala está
iluminada com luzes suaves, criando um ambiente acolhedor. Romina e Marisol
estão sentadas no sofá, cada uma com uma taça de vinho na mão. Há várias
garrafas de vinho espalhadas pela mesa de centro, indicando que já estão
bebendo há algum tempo. A tensão entre elas parece ter diminuído, e o ambiente
está mais descontraído.
ROMINA - (Rindo) Eu sempre achei
você louca, Marisol. Mas devo admitir, você tem estilo.
MARISOL - (Sorrindo) Ah, Romina, a
vida é muito curta para não aproveitar cada oportunidade de se divertir. Às
vezes, eu acho que nasci para causar confusão.
ROMINA - (Erguendo a taça) E você
faz isso muito bem, minha querida. Muito bem mesmo.
Elas brindam e
tomam um grande gole de vinho. O ambiente fica mais leve e as duas começam a
relaxar ainda mais.
SONOPLASTIA ON:
“CUFF
IT – BEYONCÉ”
ROMINA - (Pensativa) A vida é tão
complicada e cheia de surpresas. Nunca pensei que estaria bebendo com a
vaquinha que roubou os diamantes que eu roubei.
MARISOL - (Sorrindo) A vida é cheia
de ironias. Eu por exemplo nunca me imaginaria aqui, bebendo, com a mulher que
quer acabar com minha vida. E falando em ironias, você sabia que o Leo achava
que eu nunca descobriria sobre os diamantes?
ROMINA - (Rindo) Ah, Leo sempre
subestimou as mulheres ao seu redor. E olha onde isso o levou.
MARISOL - (Bebendo mais um gole)
Exatamente. A propósito, que tal uma parceria entre nós duas já que você levou
um pé na bunda do Max.
ROMINA - (insegura) Sinceramente,
não sei. Mas, para ser honesta, não estou preparada para seguir sem o Max,
sabe.
MARISOL – Olha aqui garota, volta pra realidade. Se
valoriza!
ROMINA PARA POR UM INSTANTE.
ROMINA
- (desconfiada) E
quem me garante que você não está querendo se aproveitar do meu momento de
fragilidade?
Marisol cai na
gargalhada.
MARISOL – (sorrindo) Garota, se enxerga. Nem todo mundo é
fria e calculista como você.
Romina toma
mais um gole do vinho.
ROMINA – Vai vendo... Se vir de pilantragem pra cima de
mim, vai levar o seu.
Marisol a olha
e cai na gargalhada.
SONOPLASTIA
OFF
CENA 03. APARTAMENTO DE
MARSALA. QUARTO PRICIPAL. NOITE
Marsala está
dormindo profundamente na cama. A luz da lua entra suavemente pelas cortinas
entreabertas, iluminando o quarto com uma luz prateada. De repente, Marsala
abre os olhos e vê o espírito de Gerson parado ao lado da cama, a observando
silenciosamente. O susto a faz sentar-se rapidamente, ofegante.
MARSALA - (Respirando fundo)
Gerson... você me assustou! Fazia dias que você não aparecia.
GERSON - (Com um sorriso triste)
Do outro lado, Marsala, o tempo é um conceito um pouco diferente. Não tenho
muita noção de dias.
Marsala
esfrega os olhos, tentando ajustar-se à visão do espírito de seu marido. Ela
percebe que ele parece mais etéreo do que antes, quase translúcido.
MARSALA - (Confusa) O que você quer
dizer com isso?
GERSON - (Suspirando) Minha missão
de protegê-la está chegando ao fim. Muito em breve, terei que seguir meu
caminho e você deixará de me ver.
Marsala fica
sem reação, seu rosto mostra uma mistura de surpresa e tristeza. Ela sente um
aperto no peito, como se estivesse perdendo Gerson novamente.
MARSALA - (Emocionada) Não... não
pode ser. Suas aparições depois de tudo... elas me confortaram. Eu não sei se
estou pronta para ficar sem você de novo.
GERSON - (Gentilmente) Marsala,
você está mais próxima da felicidade do que imagina. É por isso que é hora de
eu seguir o caminho da evolução. Minha presença aqui não pode ser eterna.
Marsala começa
a chorar, lágrimas escorrem silenciosamente pelo seu rosto. Ela se levanta da
cama e caminha até onde Gerson está, tentando tocá-lo, mas sua mão passa
através dele.
MARSALA - (Chorando) Eu só queria
poder te abraçar uma última vez...
GERSON - (Com os olhos cheios de
ternura) Ainda não é uma despedida definitiva, meu amor. No momento certo, eu
avisarei. Mas antes de partir, preciso pedir um favor.
Marsala,
tentando conter as lágrimas, olha para ele com curiosidade.
MARSALA - (Soluçando) Um favor?
Claro, qualquer coisa.
GERSON - (Sério) Preciso me
desculpar com Simas. Só você pode me ajudar a fazer isso, já que só você pode
me ver e ouvir.
Marsala, ainda
tentando processar tudo, acena com a cabeça. Ela respira fundo e tenta se
recompor.
MARSALA - (Determinada) Tudo bem,
Gerson. Eu farei isso por você. Mas como exatamente eu devo fazer isso?
GERSON - (Com um olhar de
gratidão) Fale com ele, diga que é uma mensagem minha. Diga que lamento
profundamente por tudo que aconteceu, por todas as decisões erradas que tomei.
Diga a ele que espero que ele possa me perdoar.
Marsala sente
o peso da responsabilidade, mas também a urgência no pedido de Gerson. Ela
limpa as lágrimas e encara o espírito de seu marido com determinação.
MARSALA - (Séria) Eu farei isso,
Gerson. Prometo que farei o possível para que Simas entenda e possa perdoá-lo.
GERSON - (Sorrindo com alívio)
Obrigado, Marsala. Você não sabe o quanto isso significa para mim.
Eles ficam em
silêncio por um momento, apenas se olhando. A dor da despedida iminente é
palpável no ar.
MARSALA - (Sussurrando) Gerson, eu
vou sentir tanto a sua falta...
GERSON - (Com voz suave) Eu sempre
estarei com você, Marsala, de alguma forma. Nosso amor transcende tudo, até
mesmo a morte.
Marsala sorri
entre as lágrimas, sentindo uma mistura de tristeza e gratidão. Ela se deita
novamente, sentindo-se um pouco mais calma.
GERSON - (Aproximando-se da cama)
Descanse, meu amor. Eu estarei aqui por enquanto, observando e cuidando de
você.
Marsala fecha
os olhos, sentindo a presença reconfortante de Gerson ao seu lado.
CENA 04. MANSÃO DE LÉO.
ESCRITÓRIO. NOITE
O escritório
de Léo está mergulhado na penumbra. Apenas a luz suave de um abajur ilumina
parcialmente o ambiente, lançando sombras sinistras nas paredes. A mobília é
luxuosa, de mogno escuro, com detalhes dourados. Na parede, quadros antigos e
uma imponente estante de livros dão ao espaço uma aparência austera e
imponente. Léo entra no escritório, seus passos ecoando no silêncio. Ele veste
um terno preto, impecável, e seu rosto está marcado por uma expressão de
determinação fria.
LÉO - (Murmurando para si
mesmo) Chegou a hora...
Léo caminha
até um quadro que adorna a parede ao fundo. Com um gesto hábil, ele desliza o
quadro para o lado, revelando um cofre embutido na parede. Ele digita uma
combinação com rapidez e precisão, e o cofre se abre com um clique suave.
Dentro, há uma arma prateada brilhando sob a luz fraca.
Léo pega a
arma com cuidado, quase reverentemente, e a observa por um momento, como se
estivesse ponderando o peso das ações que está prestes a tomar. O brilho da
arma reflete em seus olhos, que agora estão cheios de uma determinação fria e
calculista.
LÉO - (Sussurrando para a arma)
Esta noite, o coveiro terá um duplo trabalho...
Ele guarda a
arma dentro do bolso interno do paletó, sentindo o peso metálico contra o peito.
CENA 05. MANSÃO DE LÉO. EXT.
NOITE
A noite está
envolta em um manto de escuridão, com apenas a lua cheia iluminando fracamente
a vasta propriedade. A mansão de Léo está silenciosa, quase sombria. O vento
sopra suavemente, fazendo as árvores balançarem e criando sombras que dançam
nas paredes externas da casa.
Léo sai da
mansão, caminhando em direção ao seu carro. Ele aperta um botão no chaveiro, e
o carro emite um bip enquanto as luzes piscam. Ele entra no veículo, ligando o
motor que ronca suavemente na noite tranquila. O som do motor ecoa na quietude,
quebrando o silêncio momentaneamente.
CORTE PARA
CENA 06. CARRO DE LÉO. INT. MADRUGADA
Léo dirige
pelas ruas desertas com um propósito claro. Seus olhos estão fixos na estrada à
frente, mas sua mente está repleta de pensamentos sombrios. A cidade parece
adormecida, com poucas luzes nas janelas dos edifícios que ele passa.
LÉO - (Pensando) Ah Romina...
pensou que poderiam me enganar. Ninguém me faz de idiota.
CENA 07. HOTEL. QUARTO DE
JULIANO. MADRUGADA
Juliano está
sentado na beirada da cama, completamente nu, mas posicionado de forma que sua
nudez seja sugerida, não explícita. Ele mantém um olhar fixo em Inara, que está
deitada ao seu lado, dormindo profundamente. Sua respiração é lenta e
tranquila, contrastando com a mente tumultuada de Juliano. Ele suspira pesadamente,
passando a mão pelos cabelos bagunçados.
JULIANO - (Murmurando para si
mesmo) Como eu pude deixar isso acontecer? Que diabos eu estava pensando?
Ele olha para
o rosto adormecido de Inara, lembrando-se dos momentos de paixão que acabaram
de compartilhar. A culpa e a confusão são evidentes em seus olhos. Ele se
levanta lentamente, pegando a cueca do chão e a vestindo antes de começar a
andar pelo quarto, inquieto.
JULIANO - (Sussurrando) Eu sou um
idiota. Um completo idiota.
Ele para perto
da janela, puxando levemente a cortina para espiar a cidade iluminada lá fora.
JULIANO - (Falando em voz baixa,
como se tentasse se convencer) Eu amo Romina. Mas o que eu fiz aqui? Por que
deixei isso acontecer? Isso não deveria ter acontecido.
Ele se vira,
olhando novamente para Inara. A tranquilidade dela enquanto dorme só aumenta a
culpa que ele sente. Ele se aproxima da cama, sentando-se na cadeira ao lado e
apoiando a cabeça nas mãos.
JULIANO - (Com voz rouca) Romina...
se você soubesse. Se você pudesse me ver agora. Eu não sei como explicar isso.
Eu me perdi, me deixei levar pelo momento, mas isso não muda o que eu sinto por
você.
As lembranças
dos momentos que ele e Romina passaram juntos inundam sua mente, desde os
sorrisos compartilhados até as promessas sussurradas.
CENA 08. PLANO GERAL. RIO DE
JANEIRO. TRANSIÇÃO MADRUGADA – DIA
O céu começa a
clarear. As primeiras cores do amanhecer pintam o horizonte com tons suaves de
rosa, laranja e dourado. As estrelas começam a desaparecer, dando lugar à luz
crescente do sol. O Cristo Redentor é banhado por uma luz suave e dourada,
parecendo mais majestoso do que nunca.
A cidade
desperta lentamente. Os primeiros raios de sol tocam os prédios e as ruas,
revelando a beleza vibrante do Rio de Janeiro.
CENA 09. MANSÃO DE MARISOL. PORÃO.
MANHÃ
Romina
desperta lentamente, sua cabeça latejando de dor. Ao abrir os olhos, percebe
que está amarrada a uma cadeira de madeira. O terror a invade enquanto ela luta
contra as amarras.
ROMINA - (A voz trêmula) Marisol!
Acorda!
Marisol está
ao lado, também amarrada, ainda desacordada. Romina se sacode na cadeira,
fazendo um barulho que ecoa pelo porão. Marisol geme e começa a despertar,
piscando os olhos confusa.
MARISOL - (Olhando ao redor,
assustada) O que está acontecendo? Onde estamos?
ROMINA - (Desesperada) Não sei! A
última coisa que lembro é que estávamos bebendo... Ah, meu Deus...
Marisol começa
a entender a gravidade da situação, e seu rosto se contorce em pânico.
MARISOL - (Tentando manter a calma)
Precisamos sair daqui. Precisamos de um plano...
Nesse momento,
a porta do porão se abre lentamente, rangendo de maneira assustadora. A luz do
corredor ilumina uma figura sombria que desce os degraus com passos lentos e
calculados. Léo aparece com uma xícara de café na mão e um sorriso cruel nos
lábios.
LÉO - (Debochado) Bom dia, belas
adormecidas. Dormiram bem?
Romina e Marisol
trocam olhares de pavor.
ROMINA - (A voz vacilante) O que você está fazendo aqui, Léo? O que você quer?
LÉO - (Aproximando-se delas, calmamente) Ah, Romina... sempre tão direta. Eu vim terminar o que comecei. Marisol tem sido uma pedra no meu sapato por tempo demais. E você, minha cara Romina, bem... você é apenas um bônus.
Léo puxa o
revólver e aponta em direção a Romina.
LÉO – (sorrindo) Eu vou juntar as duas em um único
pacote e mandarei para o quinto dos infernos!
Obrigado pelo seu comentário!