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FAÇA A SUA SORTE - CAPÍTULO 26 | PENÚLTIMO CAPÍTULO


CENA 01. MANSÃO DE MARISOL. PORÃO. MANHÃ

Continuação da última cena do capítulo anterior.

 

Léo passa o cano do revólver pelo rosto de Romina, que se encolhe de medo. Ele ri, satisfeito com a reação dela.

 

ROMINA - (Suplicante) Léo, por favor, não precisa fazer isso.

LÉO - (Sussurrando) Preciso, sim. Isso é sobre controle. Eu controlo o destino de vocês agora.

 

Ele se afasta e começa a falar mais alto, sua voz ecoando nas paredes do porão.

 

LÉO - (Com intensidade crescente) Vocês acham que podem escapar de mim? Acham que podem fazer o que quiserem sem consequências? Hoje, tudo muda.

MARISOL - (Desesperada) Por favor, Léo, não faça isso!

LÉO - (Olhando para o revólver) Vocês vão aprender o que é dor. A verdadeira dor.

 

Ele se aproxima de Marisol com a arma. Romina, lutando contra o desespero, tenta atrair sua atenção.

 

ROMINA - (Gritando) Léo, pare! Isso não vai resolver nada!

LÉO - (Sorrindo friamente) Resolver? Eu não quero resolver nada. Eu quero que vocês sofram.

 

CENA 02. HOTEL. QUARTO DE JULIANO. MANHÃ

Inara está deitada na cama, ainda envolta no calor da noite passada. Ela abre os olhos lentamente, um sorriso sonolento nos lábios enquanto estica a mão para o lado, procurando por Juliano.

 

INARA - (Com voz suave, ainda adormecida) Juliano...?

 

Ela se vira, mas a cama ao lado está vazia. O sorriso desaparece de seu rosto. Inara se senta rapidamente, o lençol deslizando por seu corpo nu. Ela olha ao redor, confusa e preocupada.

 

INARA - (Já completamente desperta) Juliano?

 

Seus olhos captam algo na escrivaninha: um pedaço de papel dobrado. Com o coração acelerado, ela se levanta, enrolando-se apressadamente no lençol e caminha até a escrivaninha. Com mãos trêmulas, ela pega o bilhete e começa a ler.

 

JULIANO (Bilhete)

 

Inara,

Eu sinto muito. O que aconteceu entre nós foi um momento de fraqueza e um grande erro. Eu preciso resolver algumas coisas. Por favor, me perdoe.

 

Juliano

 

Inara solta o bilhete, sentindo uma onda avassaladora de dor e traição. Lágrimas começam a escorrer por seu rosto. Ela aperta os punhos, amassando o bilhete em suas mãos enquanto sua respiração se torna ofegante.

 

SONOPLASTIA ON – “Faz uma loucura por mim- Alcione

 

INARA - (Chorando e gritando) Não! Não pode ser! Juliano!

 

Ela cai de joelhos, segurando o bilhete amassado contra o peito. Seus soluços enchem o quarto, ecoando pelas paredes. A sensação de abandono e desespero a consome completamente.

 

INARA - (Desesperada) Como você pôde fazer isso comigo? Depois de tudo...

 

Em um acesso de fúria, ela se levanta e começa a rasgar o bilhete em pedaços, jogando-os ao ar. Os pedaços caem lentamente ao seu redor como neve, mas isso não alivia sua dor. Ela se debate, empurrando a escrivaninha, derrubando tudo o que estava em cima. O abajur cai e se quebra, espalhando cacos pelo chão.

 

INARA - (Com voz embargada) Eu te odeio, Juliano! Eu te odeio!

 

Ela continua a se debater, empurrando a cadeira e a mesa, até que finalmente cai no chão, exausta e soluçando. Seus gritos diminuem, substituídos por suspiros profundos e dolorosos. Ela se encolhe no chão, abraçando a si mesma

 

INARA - (Sussurrando para si mesma) Por que... por que eu acreditei que haveria uma segunda chance?

 

Ela fecha os olhos, tentando sufocar os soluços, mas a dor é insuportável. Cada memória da noite anterior passa pela sua mente como uma tortura: os beijos apaixonados, os toques gentis, as palavras sussurradas no escuro.

 

SONOPLASTIA OFF

 

CENA 03. MANSÃO DE LÉO. INT. MANHÃ

A mansão está envolta em silêncio, quebrado apenas pelo som ocasional das garrafas vazias rolando no chão enquanto Max dorme no sofá. O ambiente está bagunçado, reflexo da noite de bebedeira. De repente, uma série de batidas altas e urgentes na porta da frente ecoa pela casa.

 

JULIANO - (Do lado de fora, batendo na porta) Max! Max, abre essa porta!

 

Max desperta abruptamente, piscando para afastar a confusão do sono e da bebida. Ele se levanta cambaleando, esfregando o rosto, e segue até a porta. Ao abrir, se depara com Juliano, visivelmente agitado.

 

MAX - (Confuso e irritado) O que diabos você está fazendo aqui?

JULIANO - (Determinado) Eu preciso falar com você, Max. É sobre a Romina.

MAX - (Esfregando os olhos) Nada que tenha a ver com Romina me interessa.

JULIANO - (Sério) Eu estou apaixonado por ela, Max. Mas quero conquistar a Romina jogando limpo.

 

Max para por um momento, a surpresa se transformando em algo mais sombrio. Ele ri secamente, sem humor.

 

MAX - (Sarcasticamente) Apaixonado, é? Bem, que sorte a sua. Espero que sejam muito felizes juntos.

 

Max tenta fechar a porta, mas Juliano a impede, colocando o pé no caminho.

 

JULIANO - (Apressado) Espera, Max. Você precisa saber de uma coisa. Eu forcei aquele beijo com Romina. Ela estava distraída e eu me aproveitei do momento.

 

A fisionomia de Max se transforma. A surpresa dá lugar a uma fúria crescente, seus olhos queimando com uma mistura de raiva e ressentimento.

 

MAX - (Furioso) Você fez o quê?

 

Juliano mantém seu olhar firme, determinado a ser honesto.

 

JULIANO - (Calmamente) Foi um erro, eu sei. Eu estava desesperado. Mas eu não quero que ela pense que sou alguém que se aproveita das situações. Eu quero que ela saiba que estou sendo sincero.

 

Max avança, empurrando Juliano contra a parede. Seus olhos estão arregalados de raiva, suas mãos segurando firmemente a camisa de Juliano.

 



CENA 04. MANSÃO DE MARISOL. MANHÃ

Inara estaciona seu carro na entrada, notando imediatamente que a porta da frente está entreaberta. Ela franze a testa.

Inara sai do carro, seus passos rápidos e decididos. Ela empurra a porta com cuidado, fazendo-a ranger levemente. Ao entrar, a visão que a recebe é caótica: móveis virados, objetos quebrados espalhados pelo chão, um ambiente que exala perigo.

 

INARA - (Assustada) Marisol? Você está aí?

 

A única resposta é o eco da sua própria voz. Inara avança cautelosamente, seu coração acelerando com cada passo. Ela esquiva-se dos cacos de vidro e dos destroços, mantendo os olhos atentos a qualquer movimento.

 

INARA - (Chama novamente, mais alto) Marisol! Onde você está?

 

Ela ouve um barulho leve vindo do andar de cima. Sem pensar duas vezes, Inara começa a subir as escadas, a madeira rangendo sob seus pés. Ela chega ao corredor principal, onde mais sinais de luta são evidentes: pinturas derrubadas, vasos quebrados, o carpete manchado.

 

INARA - (Sussurra para si mesma) O que aconteceu aqui?

 

Quando chega à porta do quarto de Marisol, Inara a empurra, revelando um cenário ainda mais perturbador. O quarto está revirado, a cama desfeita e mais sinais de violência. Inara sente um nó na garganta, o medo tomando conta.

 

De repente, antes que ela possa reagir, sente um movimento atrás de si. Um reflexo no espelho à sua frente revela Leo, segurando uma arma. Ela se vira, mas é tarde demais. Leo a golpeia com a coronha da arma, atingindo-a na têmpora. Inara sente uma dor aguda e, em um segundo, tudo fica preto.

 

 

 

CENA 05. MANSÃO DE LÉO. INT. MANHÃ

Continuação da cena 03.

 

MAX - (Com raiva contida) Você acha que ser sincero agora apaga o que você fez?

JULIANO - (Olhos fixos nos de Max) Eu sei que não apaga, Max. Mas eu não podia continuar com essa mentira. Romina merece saber a verdade. Eu estou aqui para enfrentar as consequências.

 

Max solta Juliano com um empurrão, afastando-se e passando a mão pelos cabelos, tentando controlar sua raiva.

 

MAX - (Ainda furioso) Você não faz ideia do que ela passou, do que nós passamos. E agora você quer jogar limpo? Onde estava essa integridade antes?

 

Juliano endireita a camisa, tentando recuperar a compostura.

 

JULIANO - (Com remorso) Eu cometi um erro, Max. E estou disposto a fazer o que for preciso para consertá-lo. Se isso significa que Romina nunca mais vai querer me ver, então que seja. Mas ela merece saber que estou sendo honesto.

 

Max balança a cabeça, incrédulo. Ele pega uma garrafa de bebida e joga contra a parede, quebrando-a em mil pedaços. O som ecoa pela sala, sublinhando a tensão.

 

MAX - (Amargo) Honestidade? Você realmente acredita que isso vai mudar alguma coisa? Romina está ferida, e agora você vem aqui, confessando, esperando o quê? Perdão? Aceitação?

 

Juliano se aproxima, seu olhar sério.

 

JULIANO (Empático) Não espero perdão imediato.

 

Max olha para Juliano por um longo momento.

 

MAX - (Murmurando para si mesmo) O que eu fiz...? Romina... Leo...

 

Max pega as chaves do carro que estão em cima da mesa. Juliano estranha o comportamento súbito de Max.

 

JULIANO - (Confuso) Max, o que está acontecendo?

MAX - (Olhos fixos nas chaves) Você é um infeliz, Juliano. Eu tenho que ir até a mansão de Marisol. A Romina pode estar em perigo!

JULIANO - (Empenhado) O que? Max, espera! Eu vou com você!

 

Antes que Juliano possa se aproximar mais, Max, em um movimento rápido e decidido, dá um soco violento no rosto de Juliano. O impacto é forte e preciso, e Juliano desmaia instantaneamente, caindo no chão sem reação.

 

 

CENA 06. MANSÃO DE MARISOL. PORÃO. MANHÃ

Inara acorda com um gemido, a cabeça latejando de dor. Ela está deitada no chão da sala, os braços e pernas amarrados com força. Leo está de pé ao lado dela, um sorriso sinistro no rosto, segurando a arma casualmente.

 

LEO - (Sombria e debochada) Bom dia, Bela Adormecida.

 

Inara tenta se mover, mas as cordas estão apertadas demais. Ela olha para Leo com uma mistura de raiva e medo. Inara percebe a presença de Romina e Marisol também amarradas.

 

INARA - (Furiosa) Leo, me desamarra agora! Seja lá o que esteja acontecendo aqui, eu não tenho nada a ver. Só vim aqui sentar a mão na cara da Romina e ir embora!

 

Romina solta uma gargalhada alta e debochada, o som ecoando.

 

ROMINA - (Rindo) Você é muito pretensiosa, Inara!

INARA - (Irritada) Não me dirija a palavra, sua vadia!

ROMINA - (Rebatendo) Você está com saudade de levar uma porrada, é isso?

MARISOL - (Tentando acalmar) Por favor, parem as duas! Isso não vai ajudar em nada!

 

A discussão entre Inara e Romina esquenta, com ambas levantando a voz e se xingando. Leo, visivelmente irritado, começa a perder a paciência.

 

LEO - (Irritado) CALADAS, AS DUAS!

 

Elas não obedecem, continuando a troca de insultos.

 

ROMINA - (Desafiadora) Você sempre foi uma invejosa, Inara!

INARA - (Sarcastica) E você sempre foi uma oportunista!

 

Marisol tenta intervir, mas é em vão. A situação está fora de controle, com a tensão aumentando a cada segundo.

 

Leo, com o rosto vermelho de raiva, aponta a arma para o alto e puxa o gatilho. O som do disparo ressoa alto, silenciando instantaneamente a sala. Romina, Inara e Marisol se calam, olhando para Leo com olhos arregalados.

 

LEO - (Autoritário) Eu mandei vocês calarem a boca!

 

O silêncio é absoluto, interrompido apenas pela respiração pesada das três mulheres. Leo se aproxima lentamente delas, a arma ainda em mãos, os olhos frios e calculistas.

 

CENA 07. CLÍNICA. INT. SALA DE ESPERA. TARDE

A sala de espera está quase vazia, apenas algumas pessoas sentadas em cadeiras desconfortáveis. A decoração é minimalista, com paredes brancas e alguns quadros genéricos. O som baixo de música ambiente toca suavemente ao fundo, mas não faz muito para aliviar a tensão. Simas, visivelmente nervoso, está sentado em uma das cadeiras, tamborilando os dedos no braço da cadeira. Ele olha para o relógio na parede repetidamente.

 

ENFERMEIRA - (Surgindo da porta) Sr. Simas?

 

Simas se levanta rapidamente, quase tropeçando nos próprios pés. Ele caminha até a enfermeira, que segura um envelope branco com o logotipo da clínica.

 

SIMAS - (Respirando fundo) Sou eu.

ENFERMEIRA - (Sorridente, mas formal) Aqui está o resultado do exame de DNA. Deseja algum acompanhamento com o médico para revisar os resultados?

SIMAS - (Balançando a cabeça) Não, obrigado. Eu... eu vejo isso sozinho.

 

Simas pega o envelope com mãos trêmulas e caminha lentamente até uma poltrona no canto da sala. Ele se senta, o coração batendo forte no peito. O som do papel amassando ecoa na sua mente enquanto ele rasga cuidadosamente o envelope.

 

SIMAS - (Murmurando para si mesmo) Ok, Simas. Respira. É só um pedaço de papel.

Ele abre o envelope e tira o documento. As primeiras linhas são apenas informações administrativas, mas ele sabe que a resposta está no meio da página. Seus olhos passam rapidamente pelas palavras técnicas até encontrar a conclusão do teste.

 

SIMAS - (VOZ INTERIOR) (Escutando sua própria respiração) “Baseado nos marcadores genéticos analisados...”

 

Ele pausa, respirando fundo antes de continuar. Cada palavra parece pesar uma tonelada.

 

SIMAS - (Continuando) “A probabilidade de paternidade é de...”

 

CENA 08. MANSÃO DE MARISOL. INT. TARDE

Max entra cautelosamente, seus passos silenciosos enquanto atravessa a entrada principal. Ele ouve os sussurros abafados e segue o som, sentindo a tensão aumentar a cada passo.

 

Max desce as escadas para o porão, seus olhos ajustando-se à pouca luz. Ele vê Romina, Marisol e Inara amarradas, suas expressões de desespero se transformando em esperança ao ver Max.

 

ROMINA - (Max, desesperada) Max, nos ajude! Léo foi ao banheiro, mas ele voltará logo!

 

Max corre até Romina, desamarrando-a rapidamente. Assim que a liberta, eles se beijam apaixonadamente.

 

MARISOL-  (Irritada) Vocês podem continuar o romance depois. Vamos sair daqui!

 

Max corre até Inara para desamarrá-la, enquanto Romina se dirige a Marisol. De repente, o som de passos se aproxima. Léo aparece na entrada do porão, com uma arma em punho. Ele dispara um tiro para o alto, fazendo todos congelarem.

 

LÉO - (Irritado e sarcástico) Não sei por qual motivo não me surpreendo em te ver aqui, Max!

MAX - (Determinado) Eu não vou permitir que você faça mal à Romina.

Léo ri de maneira irônica, aproximando-se lentamente.

ROMINA - (Tentando negociar) Léo, você pode fugir e esquecer tudo isso. Ainda há tempo.

 

Léo aponta a arma diretamente para Romina, seus olhos cheios de raiva.

 

LÉO - (Gritando) Cale a boca!

 

Max se coloca na frente de Romina, enfrentando Léo.

 

MAX - (Desafiador) Se você quer machucar alguém, terá que passar por mim primeiro.

LÉO - (Com raiva) Saia do meu caminho! Como é que você pode deixar os sentimentos acima de nossos planos.

MAX - (Firme, olhando nos olhos de Léo) Você é um egoísta, cruel e incapaz de amar. Se você soubesse o que é amor, entenderia o que estou sentindo agora.

 

As palavras de Max começam a pesar em Léo, que tenta manter a compostura.

 

LÉO - (Desesperado) Você é um sentimental de merda, Max! Está colocando tudo a perder por uma mulher que se quer vale a pena.

MAX - (Intenso) Se você tivesse amado alguém, saberia o que estou sentindo. Mas você nunca amou ninguém, não é?

 

Léo explode de raiva, suas emoções finalmente transbordando.

 

LÉO - (Furioso) Você está errado! Eu amei, sim! Eu amei a prostituta italiana mais famosa do Rio de Janeiro! Eu a amei tanto que a engravidei e quis casar com ela, tirá-la daquela vida. Mas Chiara Barbare fugiu com um mafioso!

 

A fisionomia de Max muda para desespero ao perceber que Léo está falando de sua  mãe.

 

LÉO - (Percebendo a reação de Max) Você conhece bem essa história, não conhece, Max?

 

Max parece perder os sentidos, a revelação o atingindo como um golpe. Romina o ampara, confusa e preocupada.

 

ROMINA - (Desesperada) Max, o que houve?

 

Max, aos prantos, encontra forças para falar.

 

MAX - (Soltando as palavras com dificuldade) Chiara Barbare... era minha mãe.

 

Um silêncio pesado cai sobre a sala, todos processando a revelação chocante.

 

LÉO - (Com uma amargura contida) Chiara Barbare foi o único e verdadeiro amor da minha vida. No fundo, sei que ela me amou também. Tanto nos amamos que nossa união deu fruto... Você!

 

Max, chorando de raiva, encara Léo.


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