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Entre Laços Quebrados - Capítulo 19

 

 



ENTRE LAÇOS QUEBRADOS | CAPÍTULO 19 

Criada e escrita por: Vicente de Abreu
Produção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que é ambientada.



ANTERIORMENTE

CENA 01: INT. SACADA DO CASARÃO - NOITE

Rubi está na sacada, olhando para o céu estrelado. Tigre se aproxima lentamente.

TIGRE: (suavemente) Rubi...

RUBI: (virando-se para ele, sorrindo) Tigre...

TIGRE: (olhando nos olhos dela) Eu preciso te dizer algo. Algo que venho guardando por muito tempo.

RUBI: (curiosa) O que é?

TIGRE: (com sinceridade) Eu... Eu gosto de você, Rubi. Mais do que como uma amiga.

Rubi fica surpresa com a revelação, mas seu coração acelera.

RUBI: (emocionada) Tigre, eu...

Antes que ela possa terminar a frase, Tigre a interrompe, aproximando-se ainda mais.

TIGRE: (com determinação) Eu sei que pode parecer loucura, mas eu não posso mais esconder meus sentimentos. Eu te amo, Rubi.

O ambiente ao redor parece desaparecer enquanto Rubi e Tigre se encaram intensamente. O clima entre os dois se torna carregado de romance. Ele a surpreende com um beijo.

CONTINUAÇÃO

CENA 02: INT. SACADA DO CASARÃO - NOITE

Ela fica chocada com o gesto, seus olhos se arregalam enquanto Tigre se afasta, uma mistura de emoções atravessando seu rosto.

RUBI: (atordoada) Tigre... Eu... Eu não sei o que dizer...

TIGRE: (recuando, envergonhado) Desculpe, eu não deveria ter feito isso. Eu só precisava que você soubesse como me sinto.

Rubi olha para Tigre, vendo a sinceridade em seus olhos, mas ela balança a cabeça suavemente.

RUBI: (com carinho) Tigre, eu aprecio muito suas palavras e seu gesto. Mas... Eu amo o Otávio. Ele é o meu coração.

Uma tristeza momentânea atravessa o rosto de Tigre, mas ele força um sorriso.

TIGRE: (com compreensão) Eu entendo, Rubi. Eu só queria que você soubesse.

Rubi estende a mão para segurar a de Tigre, transmitindo conforto.

RUBI: (com ternura) E eu agradeço por você me contar. Nossa amizade significa muito para mim.


CENA 03: CIDADE DO RIO DE JANEIRO. AMANHECER.

Os primeiros raios de sol iluminavam o Rio de Janeiro, tingindo o céu de azul suave. Nas ruas ainda silenciosas, os prédios começavam a ganhar vida enquanto pescadores preparavam suas redes à beira-mar. Ao longe, o Cristo Redentor observava a cidade despertar, permeada pelo aroma de café e pela brisa do mar.


CENA 04: INT. HOSPITAL VITAL ROSSI.  QUARTO - DIA

O quarto é iluminado por uma luz suave que entra pela janela. Heloísa, uma mulher radiante, está sentada na cama segurando delicadamente o pequeno bebê nos braços. Seu marido, Guilherme, está ao seu lado, sorrindo amplamente enquanto observa o filho com admiração.


HELOÍSA: (sorrindo) Ele é tão perfeito, Guilherme. Mal posso acreditar que somos pais agora.

GUILHERME: (afagando o cabelo de Heloísa) É incrível, meu amor. Ele é a coisa mais preciosa que já vi.

Nesse momento, a porta se abre e entram Dante e Stênio, irmão e pai de Guilherme, respectivamente. Eles entram no quarto com sorrisos igualmente amplos.

DANTE: (entrando) Olhem só para esse pequeno anjinho!

STÊNIO: (avançando para ver o bebê) Parabéns, meu filho. Você é agora um pai de verdade.

Guilherme e Heloísa olham com ternura enquanto Dante e Stênio se aproximam do berço, admirando o bebê com admiração.

GUILHERME: (cheio de orgulho) Obrigado, pai. Obrigado, Dante. Estamos muito felizes.

HELOÍSA: (sorrindo) Vocês são bem-vindos para visitá-lo sempre que quiserem.


CENA 05 : INT. FALT DE OTTO.

Otto está na cama, ainda dormindo, com Sandy, uma garota de programa, ao seu lado. O flat está levemente bagunçado. A porta da frente se abre lentamente, e Hilda, a mãe de Otto, entra carregando uma cesta com pães e vinhos. Ela para na entrada, analisando a cena com olhos frios e calculistas.

HILDA: (com frieza) Que surpresa agradável...

Otto desperta, esfregando os olhos. Vê a mãe e fica surpreso. Sandy também acorda, confusa e assustada.

OTTO: (confuso) Mãe? O que você está fazendo aqui?

Hilda avança pelo flat, ignorando a pergunta do filho. Seu olhar é fixo em Sandy.

HILDA: (olhar gélido) Você. Fora daqui. Agora.

Sandy, assustada, se apressa para se vestir e sair, lançando um último olhar a Otto, que parece dividido entre a vergonha e a raiva. Assim que Sandy sai, Hilda coloca a cesta sobre a mesa com um sorriso frio e malévolo.

OTTO: (irritado) Isso não era necessário, mãe.

HILDA: Trouxe pães e vinhos. Dias de comemoração e assuntos sérios, filho.

Hilda começa a desfazer a cesta, tirando os pães e o vinho com gestos quase teatrais.

OTTO: (desconfiado) O que você quer dizer com isso?

HILDA: (ignorando a pergunta) Você sabe, Otto, eu sempre fui uma mulher direta. Sem rodeios. Sem enrolações.

OTTO: (intrigado) Do que você está falando, mãe?

HILDA: (com um sorriso frio) Estou falando do bebê..Não vou perder tempo com formalidades. Não vou dizer "sinto muito" ou "meus pêsames". Não, Otto, isso não é para mim.

Otto fica pálido, seus olhos se arregalam em choque.

OTTO: (o coração acelerado) O bebê, o meu filho com a Luciana? O que aconteceu com ele?

HILDA: (com indiferença) Ele está morto.

Otto se agarra ao encosto de uma cadeira próxima, lutando para processar as palavras.

OTTO: (incredulidade) Como assim... morto?

HILDA: (com desprezo) Sim, Otto. Morto. Como se fosse algo tão trivial, tão insignificante. Você deveria estar acostumado a isso, afinal.

OTTO: (desesperado) Mas... mas como? O que aconteceu?

HILDA: (com um sorriso cruel) Ah, meu querido filho, a vida é cheia de surpresas desagradáveis, não é? A jovem em coma finalmente teve sua paz, e o bebê... bem, o bebê simplesmente seguiu o mesmo caminho.

Otto se afasta, a devastação estampada em seu rosto. Hilda bebe um gole de vinho, observando-o com frieza.

HILDA: (antes de sair) A propósito, Otto, sua decoração realmente precisa de alguma vida. Talvez alguns arranjos florais, algo para alegrar o lugar.

Otto, agora furioso, avança em direção a Hilda.

OTTO: (gritando) Você é um monstro! Como pode falar assim, como se não fosse nada?!

Hilda se levanta, encarando Otto com desdém.

HILDA: (olhos faiscando de raiva) Como se atreve a falar assim comigo, seu ingrato? Depois de tudo o que fiz por você!

OTTO: (furioso) Você não fez nada além de destruir tudo ao seu redor! Saia daqui, agora!

HILDA: (furiosa) Como ousa me expulsar?! Este é o meu neto, afinal de contas!

OTTO: (gritando) Você não tem o direito de se chamar de avó dele! Saia antes que eu chame a segurança!

Hilda, perplexa e furiosa, olha para Otto por um momento, antes de virar as costas e sair do flat, batendo a porta com força. Otto fica sozinho, respirando fundo, lutando contra as emoções tumultuadas que a conversa acarretou.


CENA 06: INT. MANSÃO - QUARTO DE HILDA - MAIS TARDE 

O quarto de Hilda é um reflexo de sua raiva contida. Objetos quebrados estão espalhados pelo chão, as cortinas estão fechadas, deixando apenas um feixe de luz fraca entrar. Hilda, uma mulher de meia-idade, está de pé no centro do quarto, tremendo de raiva.

HILDA: (gritando para si mesma) Como ele ousa fazer isso comigo? Depois de tudo que fiz por ele!

Ela pega um vaso de porcelana e o joga contra a parede, onde se estilhaça em pedaços.

HILDA: (continuando) Eu cuidei dele, protegi ele de tudo e todos! E agora ele me expulsa da minha própria casa!

Enquanto Hilda continua a lamentar sua situação, a porta do quarto se abre lentamente. Stênio, o marido de Hilda, entra, um olhar de preocupação em seu rosto.

STÊNIO: Hilda, o que está acontecendo aqui? Por que está tudo destruído?

Hilda se vira abruptamente para encarar Stênio, seus olhos cheios de fúria.

HILDA: (com sarcasmo) Ah, agora você decide aparecer, Stênio. Onde estava quando o nosso filho me expulsou do flat que eu paguei?

Stênio parece chocado.

STÊNIO: Otto fez o quê?

Hilda cruza os braços, sua expressão endurecendo.

HILDA: Exatamente. E não é tudo. Ele está solto.

Stênio arregala os olhos, incrédulo.

STÊNIO: Solto? Mas como? Eu não sabia disso.

HILDA: (com amargura) É claro que não sabia. Porque eu não confio em você para lidar com ele. Você sempre foi fraco quando se trata do nosso filho.

Stênio fica visivelmente magoado com o comentário de Hilda.

STÊNIO: Eu sou fraco? Você quem sempre o protegeu, não importa o que ele fizesse! Você o criou sem limites!

HILDA: (em um tom desafiador) Eu o criei para ser forte, Stênio. Para não se curvar diante dos fracos como você!

Os dois ficam em silêncio por um momento, o peso das palavras trocadas entre eles pairando no ar.

STÊNIO: (com tristeza) Eu pensei que estávamos juntos nisso, Hilda. Mas você sempre colocou o Otto antes de tudo, até mesmo antes de nós.

Hilda olha para Stênio, uma mistura de tristeza e determinação em seus olhos.

HILDA: (com firmeza) Eu sempre colocarei meu filho em primeiro lugar, Stênio. E se você não consegue entender isso, então talvez seja melhor que cada um siga o seu caminho.

Stênio olha para Hilda, percebendo a profundidade de sua devoção a Otto. Ele balança a cabeça, resignado.

STÊNIO: Talvez seja melhor mesmo.

Ele vira as costas e sai do quarto, deixando Hilda sozinha com seus pensamentos tumultuados.


CENA 07: INT. CEMITÉRIO - DIA

[ instrumental on: A Viagem Instrumental | O Céu | Trilha Sonora da Novela A Viagem

O sol se põe sobre o pequeno cemitério, pintando o céu de laranja e vermelho enquanto Serginho e Marlene, ficam lado a lado diante de um pequeno caixão, pronto para ser enterrado. Ao lado deles, um padre espera em silêncio, segurando um livro de rezas.

SERGINHO: (sussurrando) Como é que pode, mãe? Como é que a vida pode ser tão injusta?

MARLENE: (com lágrimas nos olhos) Eu não sei, meu filho. Eu não sei.

Eles olham para o caixão, onde repousa um bebê que eles acreditam ser o filho de Luciana, que permanece em coma desde o acidente que a deixou à beira da morte. O silêncio é pesado, preenchido apenas pelo som distante de pássaros e folhas ao vento.

SERGINHO: (suspirando) E a Luciana? Como ela vai ficar depois que acordar? 

MARLENE: (com tristeza) Os médicos dizem que é um milagre ela estar viva, mas... mas não sabem se vai acordar.

Serginho engole em seco, sua angústia quase palpável no ar ao redor deles.

SERGINHO: E Iná? Você viu ela?

Marlene balança a cabeça, com uma expressão de desânimo.

MARLENE: (desapontada) Ela sumiu, Serginho. Desde que tudo isso aconteceu, ela simplesmente desapareceu. Nem no hospital, nem em casa... Parece que desistiu de tudo.

Serginho fecha os olhos com força, uma mistura de dor e raiva cruzando seu rosto.

SERGINHO: (inflamado) Como alguém pode abandonar sua própria filha num momento como esse? Como pode virar as costas para quem mais precisa de apoio?

Marlene coloca uma mão no ombro de Serginho , tentando confortá-lo, mas seus próprios olhos estão cheios de lágrimas.

MARLENE: (sussurrando) Algumas pessoas simplesmente não sabem lidar com a dor, meu filho. E, às vezes, é mais fácil fugir do que enfrentar a realidade.

Eles permanecem ali, lado a lado, olhando para o caixão que agora está sendo abaixado lentamente na cova. O silêncio é quebrado apenas pelo som abafado da terra caindo sobre ele.

A cena desvanece lentamente enquanto Serginho e Marlene se abraçam, compartilhando o peso da perda e da incerteza que paira sobre eles.


CENA 08: INT. APARTAMENTO DE VIRGÍNIA. INICIO DE TARDE

O apartamento está imerso em um silêncio pesado, a luz pálida do dia penetra pelas cortinas entreabertas. Serginho adentra ao lado de Marlene com os olhos vermelhos de tanto chorar. Virgínia, está sentada no sofá, os olhos fixos no vazio, seu rosto marcado pela angústia. Ela se levanta quando Serginho e Marlene entram, mas seu gesto é lento e desanimado.

MARLENE: (alcançando a mão de Virginia) Querida, como você está? 

Virginia força um sorriso, mas seus olhos não conseguem esconder a dor que carrega.

VIRGINIA: (suspirando) Estou tentando, tia Marlene. É difícil...

Marlene percebe a agonia na expressão de Virginia e a observa atentamente.

MARLENE: (suavemente) O que houve, Virginia? Você parece tão perturbada.

Virginia hesita por um momento, lutando contra as lágrimas que ameaçam inundar seus olhos.

VIRGINIA: (baixando o olhar) Eu... cometi algo terrível.

Serginho e Marlene trocam olhares preocupados, esperando por uma explicação.

MARLENE: (afetuosamente) Querida, você sabe que pode nos contar qualquer coisa. O que aconteceu?

Virginia engole em seco, tentando reunir coragem para revelar seu segredo.

VIRGINIA: (com a voz trêmula) Eu... eu não posso dizer agora. É... é algo que eu preciso enfrentar sozinha primeiro.

Marlene se aproxima de Virginia e a abraça com carinho, transmitindo apoio e compreensão.

MARLENE: (suavemente) Tudo bem, querida. Quando estiver pronta para falar, estaremos aqui para você.

Serginho se junta ao abraço, formando um círculo de conforto em torno de Virginia, enquanto o peso da tristeza e do segredo paira sobre eles, unindo-os em sua dor compartilhada.


CENA 09: INT. APARTAMENTO DE RUBI E OTÁVIO. TARDE.

Rubi, está cercada por caixas empilhadas, algumas abertas e outras ainda lacradas. Ela está ocupada organizando seus pertences, enquanto Otávio, está ao seu lado, ajudando-a na mudança.


OTÁVIO: (sorrindo) Acho que não sabia que tinha tantas coisas.

RUBI: (rindo) É verdade! Mas você sabe, cada item tem sua história.

Otávio pega um porta-retratos da caixa e observa a foto com carinho. É uma imagem de Rubi sorrindo, o sol iluminando seu rosto de forma radiante.

OTÁVIO: (olhando para a foto) Você está deslumbrante aqui.

Rubi se aproxima, observando a foto ao lado de Otávio, seus olhares se encontram.

RUBI: (sorrindo) Agora você está me fazendo corar.

OTÁVIO: (suavemente) Não há nada mais bonito do que ver você sorrindo.

Eles se olham por um momento, o amor entre eles palpável no ar. Rubi coloca a mão no rosto de Otávio, acariciando-o gentilmente.

RUBI: (sussurrando) Eu te amo, Otávio. Mais do que palavras podem expressar.

Otávio segura a mão dela, trazendo-a para perto e envolvendo-a em um abraço caloroso.

OTÁVIO: (apertando-a suavemente) E eu te amo, Rubi. Mais do que posso dizer.

Eles se abraçam por um longo momento, compartilhando o amor e a conexão que têm um pelo outro.


CENA 10: LAPA. EXT. NOITE.

[ TRILHA ON: Swept Away]


Sob o manto da noite, a Lapa no Rio de Janeiro ganhava vida. Luzes coloridas inundavam as ruas estreitas, refletindo-se nos azulejos antigos dos prédios. O som pulsante da música brasileira enchia o ar, misturando-se ao burburinho animado dos bares e das mesas ao ar livre.

Grupos de amigos se reuniam em torno de mesas, brindando com caipirinhas enquanto dançavam ao ritmo do samba. Artistas de rua exibiam suas habilidades, atraindo uma plateia variada de moradores e turistas. Ao longe, o Arcos da Lapa iluminado destacava-se contra o céu noturno, testemunha silenciosa da efervescência cultural da cidade.


CENA 11: INT. BOATE DE LEONA. LAPA. NOITE.

[ TRILHA CONT.] 

A boate está pulsando com música alta, luzes vibrantes e pessoas dançando. No meio da agitação, Leona atravessa o salão com confiança. Ela sorri para os clientes, cumprimenta os funcionários e parece estar em seu elemento. Leona percebe que Tigre,  está sentado sozinho no bar. Seus olhos estão baixos, e uma sombra de tristeza paira sobre ele.

LEONA: (sorrindo) Ei, Tigre! O que está fazendo aqui sozinho? A festa está lá fora!

Tigre ergue os olhos para encontrar os de Leona. Há uma mistura de surpresa e incerteza em seu olhar.

TIGRE: (descansando) Ah, Leo... só precisava de um tempo sozinho.

Leona se senta ao lado dele, preocupada.

LEONA: O que está acontecendo, querido? Você parece tão pra baixo.

Tigre hesita por um momento, mas então decide abrir seu coração.

TIGRE: (suspirando) É a Rubi... Eu não consigo tirá-la da minha cabeça.

Leona olha para Tigre com ternura, compreendendo.

LEONA: Ah, Rubi... Eu sabia que tinha algo te incomodando. Você quer falar sobre isso?

Tigre olha para Leona, um misto de nervosismo e vulnerabilidade em seus olhos.

TIGRE: (abaixando a voz) Eu a amo, Leona. Eu sei que parece loucura, mas é verdade. Eu a amo desde o momento em que a conheci.

Leona coloca uma mão reconfortante no ombro de Tigre, emocionada pela confissão dele.

LEONA: (afetuosa)  Oh, querido... Eu entendo. O amor pode ser complicado às vezes. Mas você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa, certo? Você é como um filho para mim! 

Tigre assente, sentindo um peso sendo levantado de seus ombros.

TIGRE: (olhando para Leona com gratidão) Obrigado, mãe.


CENA 12: INT. CASA DE DÉBORA - NOITE

Débora está de pé ao lado do berço do seu filho, balançando-o suavemente. Ela parece exausta, os olhos pesados de cansaço. Sua mãe, Joana, está ao lado dela, observando com ternura.


JOANA: (suavemente) Deixe-me cuidar dele, Débora. Você precisa descansar um pouco.

Débora hesita por um momento, mas finalmente cede, entregando o bebê nos braços da mãe. Ela suspira, aliviada.

DÉBORA: Obrigada, mãe. Não sei o que seria de mim sem você.

Joana sorri gentilmente, embalando o neto nos braços.

JOANA: Você sabe que sempre estarei aqui para ajudar, minha filha.

Débora se senta à beira da cama, parecendo preocupada. Ela brinca com as mãos, claramente aflita.

JOANA: O que foi, Débora? Você parece preocupada.

Débora olha para cima, os olhos marejados de lágrimas.

DÉBORA: É o Otávio. Eu preparei um jantar romântico de dia dos namorados, para a gente comemorar, afinal eu havia percebido uma mudança nele. E tudo voltou…

Joana coloca uma mão reconfortante no ombro da filha.

JOANA: (solidária) Ele pediu desculpas, é verdade. Mas você sabe que desculpas não mudam nada. Ele precisa mostrar com ações que está comprometido, minha querida.

Débora balança a cabeça, concordando com tristeza.

DÉBORA: (suspirando) Você sempre teve razão, mãe. Ele acha que pode me comprar com presentes, mas... eu preciso me amar mais.

Débora se levanta, secando as lágrimas com determinação.

DÉBORA: Eu vou até a farmácia comprar algumas coisas. Fique de olho nele para mim, por favor.


Joana assente, enquanto Débora sai do quarto, determinada.


CENA 13: EXT. RUA IMPERIAL. PETRÓPOLIS. - NOITE

Débora caminha pela rua, distraída em seus pensamentos, quando de repente, esbarra em um homem. Ela olha para cima, surpresa, e vê Arnaldo, um homem charmoso e confiante.


ARNALDO: (sorrindo) Desculpe, minha senhora. Eu não estava prestando atenção por onde eu ia.

Débora franze a testa, intrigada.

DÉBORA: Eu conheço você?

Arnaldo sorri, seus olhos brilhando com admiração.

ARNALDO: De certa forma. Eu sou amigo do Otávio, você deve ser a Débora. Ele sempre fala de você.

Débora parece confusa, mas curiosa.

DÉBORA: Jura, é mesmo? Eu não sabia que ele tinha amigos...

Arnaldo ri, seu sorriso encantador.

ARNALDO: Ele não tem muitos, mas eu sou um deles. E agora que te conheci pessoalmente, entendo por que ele fala tanto de você. Você é ainda mais bonita pessoalmente.


Débora cora levemente, surpresa com o elogio.


DÉBORA: Bem, obrigada... Eu estava apenas indo à farmácia.


Arnaldo sorri, oferecendo cavalheirismo.


ARNALDO: Que tal eu te acompanhar? Posso fazer companhia no caminho.


Débora olha para ele, hesitante, mas depois sorri, aceitando.


DÉBORA: Por que não? Será bom ter uma conversa diferente.


Os dois começam a andar juntos pela rua, uma nova e intrigante conexão começando a se formar entre eles.


CENA 14: MANSÃO ROSSI. QUARTO DE STÊNIO E HILDA. INT. MAIS TARDE

O quarto está imerso na penumbra, iluminado apenas pela luz fraca de uma luminária de cabeceira. Stênio, com olhos inquietos, está de pé ao lado da cama onde sua esposa, Hilda, dorme profundamente. Ele parece tenso, como se estivesse lutando contra uma decisão interna.

Stenio revira as gavetas da cômoda de Hilda, com cuidado para não acordá-la. Ele procura freneticamente entre as roupas dobradas e os objetos pessoais. Seu olhar se fixa em uma gaveta fechada. Ele hesita por um momento, mas então, decidido, a abre com cautela.

Dentro da gaveta, Stenio encontra um papel dobrado. Ele o desenrola com cuidado, revelando um endereço escrito à mão. Seus olhos se estreitam com curiosidade e uma pitada de apreensão. Ele olha de relance para Hilda, ainda adormecida, e então volta sua atenção para o papel.

CENA 15: EXT. RUA. NOITE.

Momentos depois. O ar está frio e silencioso enquanto Stenio caminha pelas ruas desertas, guiado apenas pela luz tênue dos postes. Ele parece perdido em pensamentos, seu rosto iluminado pelo brilho fraco da lua.

Stenio finalmente chega ao endereço indicado no papel e para em frente a um elegante edifício de flats. Ele olha para cima, observando as janelas iluminadas pelos andares superiores. Com um suspiro resignado, ele sobe os degraus e entra no saguão.

CENA 16: INT. CARRO DE ARNALDO. PETRÓPOLIS. NOITE

Arnaldo, estaciona o carro em frente à casa de Débora. Eles compartilham um breve momento de silêncio antes de começar a conversar.

ARNALDO: (olhando para Débora) Espero que tenha se divertido esta noite, Débora. Foi um prazer tê-la acompanhado.

DÉBORA: (sorrindo) Sim, Arnaldo. Foi muito agradável. Obrigada por me trazer em segurança.

ARNALDO: (de forma gentil) É o mínimo que posso fazer, Débora. Otávio me pediu para garantir que você estivesse bem cuidada enquanto ele está fora.

DÉBORA: (surpresa) Ah, Otávio... Ele é tão atencioso. E você também, Arnaldo. Agradeço muito por isso.

Arnaldo sorri, agradecido pela gratidão de Débora.

ARNALDO: Fico feliz em poder ajudar, Débora. Você sabe que pode contar comigo.

DÉBORA: (com um olhar curioso)Obrigada, Arnaldo.Você foi um cavalheiro. Não é de se surpreender que Otávio confie em você.

Arnaldo sorri, um pouco envergonhado, mas claramente tocado pelo elogio.

ARNALDO: (Bruscamente) Ah, obrigado, Débora. Mas não precisa me agradecer. Estou aqui para ajudar no que precisar.

DÉBORA: (Com um tom de apreciação) Eu sei, Arnaldo. E isso significa muito para mim.

Débora se prepara para sair do carro, mas antes de fazê-lo, volta-se para Arnaldo com um sorriso nos lábios.

DÉBORA: Você me parece ser uma pessoa muito especial, Arnaldo. Otávio e eu somos muito gratos por tê-lo em nossas vidas.


CENA 17: INT. CASA DE DÉBORA - NOITE

Débora entra em sua casa . Sua mãe, Joana, está sentada na sala de estar, lendo um livro.

DÉBORA: Mãe, você não vai acreditar no que aconteceu hoje à noite.

JOANA: (surpresa) O que foi, querida? Conta para mim.

DÉBORA: (sorrindo) Otávio pediu para Arnaldo, um amigo dele do hospital onde trabalhar,  cuidar de mim enquanto ele estiver fora. Ele se importa tanto comigo, mãe.

Joana sorri, orgulhosa de sua filha e feliz em ver o quanto ela é amada.

JOANA: Isso é maravilhoso, Débora. Você merece todo esse carinho.

DÉBORA: (sim, emocionada) E Arnaldo, mãe... Ele é tão gentil. Foi tão atencioso.

Joana abraça sua filha, compartilhando sua felicidade.

JOANA: Parece que você encontrou um verdadeiro amigo em Arnaldo, minha querida.

DÉBORA: (sorrindo) Sim, mãe. Mas, você sabe, Arnaldo é o amigo do Otávio, e não acho correto alimentar sentimentos além disso.

Elas se abraçam, envolvidas pelo calor do amor e da gratidão.

JOANA: (empolgação discreta) Ninguém disse nada sobre sentimentos além da amizade, você quem está com isso em sua cabeça! 


CENA 18: INT. LOBBY DO EDIFÍCIO. 

O saguão está silencioso, exceto pelo suave zumbido do ar condicionado. Stenio caminha até a recepção e consulta o nome no prédio. Seu coração acelera enquanto ele confirma: "Otto".

Determinado, Stenio se dirige ao elevador e pressiona o botão para o andar onde o flat de Otto está localizado. As portas se fecham silenciosamente, levando-o em direção a respostas que ele teme descobrir.

CENA 19: INT. FLAT DE OTTO. 

As portas do elevador se abrem, revelando um corredor bem iluminado. Stenio avança com cautela, seu coração batendo forte em seu peito. Ele finalmente para em frente à porta do flat de Otto e levanta a mão para bater. Antes que ele possa fazer isso, porém, a porta se abre lentamente, revelando uma figura na penumbra.

Otto está ali, olhando para Stenio com uma expressão de surpresa e cautela.

OTTO: Pai? O que você está fazendo aqui?

STÊNIO: Não vai me convidar para entrar? 


CENA 20: INT. APARTAMENTO DE OTTO . SALA DE ESTAR . NOITE 

Stênio dá de ombros, caminhando pela sala de estar com uma mistura de fascínio e desdém.

STÊNIO: (com sarcasmo) Só queria ver como meu filho pródigo está vivendo. E devo admitir, estou impressionado. Quem diria que você seria capaz de alcançar tudo isso?

Otto se levanta, claramente incomodado com a presença de Stênio.

OTTO: (cortante) Eu não pedi sua opinião.

Stênio vira-se para encarar o filho, seus olhos faiscando com uma mistura de desgosto e desapontamento

STÊNIO: (sério) Você sempre foi teimoso, Otto. Mas isso não muda o fato de que você é meu filho. E eu ainda me preocupo com você..

Otto revira os olhos, claramente irritado com a presença de Stênio.

OTTO: (sarcástico) Poupe-me do seu melodrama, pai. Você só está aqui para satisfazer sua curiosidade.

Stênio suspira, parecendo cansado da briga iminente.

STÊNIO: (com sinceridade) Talvez haja um pouco de verdade nisso.( com amargura) Você sempre foi tão ingrato, Otto. Nunca soube reconhecer os sacrifícios que fiz por você.

Otto cruza os braços, sua expressão se tornando ainda mais fria.

OTTO: (com desdém) Sacrifícios? Poupe-me, pai. Você nunca esteve presente quando eu mais precisei.

Stênio suspira, uma expressão de resignação cruzando seu rosto.

STÊNIO: (cansado) Talvez tenha sido um erro tentar me reaproximar de você. Eu devia saber que nada mudou.

Um silêncio desconfortável se instala entre pai e filho, cada um afundado em seus próprios ressentimentos e mágoas.

STÊNIO: (com tristeza) Bom, acho que vou embora então. Não quero mais perder meu tempo aqui.

Stênio se vira para sair, sua figura solitária contrastando com o luxo da sala de estar.

Otto observa seu pai sair, uma mistura de emoções indefinidas passando por seus olhos. Mas, no final, ele permanece impassível, sua decisão de manter distância inabalada.


CENA 21: INT. PENSÃO DE INÁ. BÚZIOS - NOITE

[ INSTRUMENTAL ON: Por Amor Instrumental - Brigas e Discussões]

Marlene, adentra a pensão de Iná em Búzios. Ela olha ao redor, percebendo o lugar vazio e silencioso sob o luar. Marlene caminha pelo corredor sombrio, até chegar à porta entreaberta de um quarto. 

Antes que Marlene possa reagir, a porta é abruptamente aberta por Iná. Seus olhos se encontram em um confronto imediato.

INÁ: O que você está fazendo aqui?!

MARLENE: Eu poderia fazer a mesma pergunta.

Marlene avança em direção a Iná, as duas mulheres se encarando com ódio palpável.

INÁ: Você não tem nada a ver com isso!

MARLENE: Como você ousa dizer isso?! Você abandonou sua própria filha em um estado de coma!

Iná tenta se desvencilhar do confronto, mas Marlene a agarra pelo braço, suas expressões contorcidas pela raiva.

INÁ: Você não tem ideia do que aconteceu!

MARLENE: Eu sei exatamente o que aconteceu! Você escolheu seus próprios interesses em vez de cuidar da sua filha!

As palavras cortantes ecoam pelo quarto, alimentando a chama do confronto entre as duas mulheres.

INÁ: E você acha que pode julgar? Você não sabe de nada!

Iná empurra Marlene com força, as duas se enfrentando em um embate físico, golpeando-se com ferocidade.

MARLENE: Você vai pagar por isso!

INÁ: (com sorriso frio) Você não sabe de nada na minha vida.

MARLENE: (com voz trêmula) Você... você não tem ideia do que fez! Abandonar sua própria filha, sua própria carne e sangue, em um hospital do Rio... depois de tudo o que aconteceu…

INÁ: (com um sorriso frio) Você ainda está nisso, Marlene? Já se passou um mês de Luciana internada em coma, ou daqui a quanto tempo você acha que ela vai acordar? Eu não vou parar a minha vida!

MARLENE: (explodindo) Como você pode falar de tempo quando sua filha está lutando pela vida? E o bebê, Iná? O bebê que nem teve a chance de viver por causa de sua negligência egoísta!

Iná mantém sua postura impassível, mas seus olhos brilham com um desprezo cruel.

INÁ: (com desdém) Você não sabe de nada, Marlene. Não sabe o que é sacrificar algo pela grandeza de um propósito maior.

MARLENE: (gritando) Grandeza? Que grandeza pode haver em abandonar seu próprio sangue, sua própria família? Você é uma covarde, Iná. Uma covarde e uma assassina!

Neste momento, Marlene surpreende Iná com um forte tapa em seu rosto. Marlene banda Iná no chão, e continua a diferir tapas no rosto de Iná. 

MARLENE: (ofegante, dando tapa) Eu te odeio, Iná! Esse é pela Luciana.

Marlene dá outro tapa.

MARLENE: Esse é pelo seu neto!

O silêncio se instala na sala, quebrado apenas pelo som das respirações pesadas das duas mulheres. Marlene se levanta. Iná está com o nariz e o canto de sua boca sangrando.

INÁ: (com voz baixa e ameaçadora) Cuidado com suas palavras, Marlene. Você não sabe do que sou capaz. (pausa) Agora saia daqui! Esta é a minha casa, Marlene, e você não é bem-vinda aqui.

Marlene recua por um momento, mas sua determinação não vacila.

MARLENE: (firme) Eu vou, Iná! Mas te digo que eu te conheço o suficiente para saber que você vai pagar por seus pecados, Iná. Nem que seja a última coisa que eu faça.

CENA 22:  INT. HOSPITAL VITAL ROSSI. MADRUGADA

Otto caminha pelos corredores brancos do hospital. Ele parece ansioso, seu rosto marcado pela preocupação e tristeza. Ao fundo, ouvimos sons de passos apressados e máquinas hospitalares.


CENA 23: INT. HOSPITAL VITAL ROSSI – QUARTO 312. 

[ Instrumental ON: Páginas da Vida Instrumental - "Movimento de Primavera"]

A luz suave entra pelas cortinas parcialmente fechadas. Luciana está deitada na cama, conectada a diversos aparelhos médicos. Otto para na porta, respirando fundo antes de entrar. Ele caminha lentamente até a cama, sentando-se na cadeira ao lado e pegando a mão de Luciana.

OTTO (em voz trêmula) Luciana... sou eu, Otto.

Otto faz uma pausa, tentando conter as lágrimas.

OTTO Eu sei que você não pode me ouvir, mas preciso dizer isso. Preciso pedir perdão... pelo que fiz, pelo que deixei acontecer.

A voz de Otto quebra enquanto ele fala, a dor evidente em cada palavra.

OTTO Eu deveria ter estado ao seu lado quando você mais precisava. Deveria ter cuidado melhor de você e do nosso filho. Mas falhei. E agora, você está aqui, assim... e ele... ele se foi.

Otto abaixa a cabeça, segurando a mão de Luciana com mais força.

OTTO Eu sinto tanto, Luciana. Sinto tanto pelo que aconteceu com nosso filho. Eu daria qualquer coisa para poder voltar atrás, para poder consertar isso. Mas tudo o que posso fazer agora é pedir perdão e esperar... esperar que você um dia possa me perdoar.

As lágrimas começam a rolar pelo rosto de Otto. Ele apoia a testa na mão de Luciana, os ombros tremendo com cada soluço.

OTTO (em prantos) Eu sei que não posso mudar o passado. Eu errei, e você pagou o preço. Só quero que saiba que me arrependo de tudo o que fiz, de ter te abandonado quando você mais precisava de mim.

O quarto permanece silencioso, exceto pelos sons dos equipamentos médicos e os soluços abafados de Otto. Ele continua segurando a mão de Luciana, murmurando palavras de arrependimento.

OTTO (sussurrando) Por favor, Luciana... me perdoe. Eu não posso viver com essa culpa.


FADE OUT.

A câmera se afasta lentamente nos mostrando apenas visões turvas de Otto e Luciana. 


CENA 24: TAKES E PASSAGEM DO TEMPO.

[TRILHA ON: Hallelujah

Heloísa e Guilherme, radiantes de felicidade, caminhavam pelo parque com seu filho, Mateus, que dava seus primeiros passos. As flores começavam a desabrochar, e o riso de Mateus misturava-se ao canto dos pássaros, enchendo o ar de alegria e renovação. Eles tiravam fotos e faziam piqueniques, celebrando cada nova descoberta do pequeno. O calor do verão trazia consigo tardes na piscina para Heloísa, Guilherme e Mateus. O menino, agora mais confiante, chapinhava na água sob o olhar atento dos pais. Cada risada e cada abraço compartilhado à beira da piscina eram um testemunho do amor que crescia entre eles.

Otto, por outro lado, encontrava-se em becos escuros, em meio ao calor sufocante. Junto de Sandy, ele consumia crack, os dias se confundindo em uma névoa de fumaça e alucinações. 

 Rubi e Otávio se encontravam no aconchego do apartamento que compartilhavam. A relação deles florescia, apesar das divisões impostas pela vida dupla de Otávio, ainda preso em um casamento com Débora. No entanto, cada momento juntos era um refúgio, um espaço onde podiam ser verdadeiramente eles mesmos. A cidade, tingida de laranja e dourado, parecia um cenário perfeito para o romance secreto. Débora, cada vez mais desconfiada, começava a perceber as ausências e o distanciamento de Otávio. No entanto, ele continuava a dividir seu coração e seu tempo entre duas mulheres, incapaz de tomar uma decisão definitiva.

Iná, por sua vez, fazia as malas. Decidida, ela partia para Argentina. Enquanto no Brasil, Marlene permanecia entre Búzios e Rio de Janeiro, revezando os cuidados de Luciana, com o filho Serginho. 


1 ANO DEPOIS. DEZEMBRO DE 2003.


CENA 25: INT. HOSPITAL VITAL ROSSI. QUARTO 312 - NOITE

[TRILHA CONT] 

O quarto está mergulhado em uma penumbra tranquila. Luciana repousa na cama, seu rosto tranquilo contrastando com a agitação contida de Serginho, que entra com passos hesitantes. Ele segura um buquê de flores, as mesmas de sempre, agora murchas pelo tempo.

Serginho se aproxima da cama com um misto de esperança e temor. Ele segura a mão fria de Luciana e começa a falar, sua voz uma mistura de dor e amor profundo.

SERGINHO: (voz trêmula) Oi, Lu... Eu trouxe suas flores favoritas de novo. Estão um pouco... fracas, como eu me sinto às vezes. Mas eu nunca desisti de você. Nem por um momento.

Ele acaricia suavemente o rosto dela, os olhos marejados enquanto as lembranças do último ano assombram sua mente.

SERGINHO: (continua) Faz um ano hoje, Lu. Um ano desde que tudo mudou. Desde aquele dia... Eu tenho vindo aqui todos os dias, te contando sobre a vida lá fora. Sobre como o mundo continua girando sem você, mas... nada é igual.

Lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Serginho enquanto ele se inclina para beijar a testa de Luciana.

SERGINHO: (continua) Eu preciso que você ouça isso, Lu. Eu preciso que saiba... Eu te amo mais do que a vida, mais do que qualquer coisa. Eu esperei tanto por este momento, para te dizer tudo o que sinto.

Enquanto ele fala, um leve movimento na mão de LUCIANA interrompe suas palavras. Ele se volta para olhar para ela, seus olhos se arregalando com uma mistura de choque e esperança.

SERGINHO: (espantado) Lu...?

Os dedos de Luciana começam a se mover mais, sua respiração se tornando mais profunda e regular. Ela pisca os olhos lentamente, lutando para emergir de um sono profundo e escuro.

SERGINHO: (gritando, com lágrimas nos olhos) Enfermeira! Ela está acordando!

Os olhos de Luciana finalmente se abrem completamente, fixando-se lentamente em Serginho. Um momento de reconhecimento passa por seus olhos antes que um sorriso fraco, mas radiante, se espalhe por seu rosto.

LUCIANA: (rouca) Serginho...

As lágrimas de Serginho caem livremente agora, seu coração transbordando de alívio e alegria incontida.

SERGINHO: (chorando) Lu... Você está de volta... Você voltou para mim.

Ele se inclina para abraçá-la suavemente, temendo que seja um sonho. Enquanto a equipe médica chega, Serginho sem acreditar no que está vendo, permanece ali, parado. Com os olhos em lágrimas.

A câmera se afasta lentamente enquanto ele observa toda a cena, a luz suave do quarto iluminando seus rostos transfigurados.

FIM DO CAPÍTULO






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