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ESPERANÇA - CAPÍTULO 02

 





ESPERANÇA

Capítulo 02

Novela criada e escrita por

Wesley Franco

 

CENA 1. EXT. ESPERANÇA – PRAÇA DA CIDADE – DIA

Giuliano sente uma forte dor no peito, ele coloca as duas mãos sobre o peito e aperta com bastante força. Ele dá um gemido e cai desmaiado no chão. Sua família entra em desespero e se aproxima dele caído ao chão. Outros presentes demonstram preocupação.

MATTEO (GRITANDO) – Pai!

ISABELLA (PREOCUPADA) – Paizinho, acorda por favor.

FRANCESCA (AGITADO) – Giuliano, marido!

Francesca dá leves tapas no rosto de Giuliano para que ele acorde.

FRANCESA (GRITA) – Alguém chame um médico, per favore!

O prefeito Fontes rapidamente se dirige ao microfone.

FONTES – Por favor alguém chame um médico, temos um homem desmaiado aqui.

Dr. Romeo, médico da cidade, que estava entre os espectadores, ao ouvir o chamado sobe rapidamente no palco.

DR. ROMEO – Por favor afastem-se, deixe-me ver o paciente.

Dr. Romeo se ajoelha ao lado de Giuliano e verifica seus sinais vitais.

DR. ROMEO – Ele está vivo, apenas desmaiou.

FRANCESCA (CHORANDO) – Ele tem problemas no coração, doutor, e não tomou seus remédios hoje, ele estava tão ansioso para rever nostro filho.

DR. ROMEO (ACALMANDO) – Provavelmente a pressão dele subiu com o susto da notícia da morte do filho. O que ele precisa agora é que vocês o levem para casa, porque ele precisa tomar os medicamentos imediatamente.

Marcos se aproxima.

MARCOS – Eu posso ajudar, estou de automóvel, posso leva-los até a sua casa, assim chegaremos mais rápido.

FRANCESCA (SEGURANDO A MÃO DE GIULIANO DESMAIADO) – Grazie, per favore, precisamos leva-lo.

DR. ROMEO – Eu ajudo a carrega-lo.

Dr. Romeo, Marcos e Matteo carregam Giuliano e descem com ele do palco para colocá-lo no carro.

No palco permanecem o Coronel Almeida, Dorotéia, Camila e outros presentes.

ALMEIDA (IRRITADO) – Que atrevimento do seu filho de oferecer o nosso automóvel para levar essa gente para casa.

DOROTÉIA – Foi por um bem maior Almeida, o homem quase morre na nossa frente, o mínimo que podíamos fazer era oferecer o automóvel. Agora ande, essa festa acabou, vamos tentar conseguir tomar um carro de aluguel e ir para casa.

CAMILA (PREOCUPADA) – Será que o seu Giuliano vai ficar bem?

DOROTÉIA – Vamos torcer que sim, já ocorreram desgraças demais para esta família em um dia só.

                                                       CORTA PARA:

CENA 2. INT. FAZENDA BELLINI - CASA DOS BELLINI – SALA - DIA

Matteo, Marcos e Dr. Romeo saem do quarto de Giuliano deixando-o a sós com Francesca.

DR. ROMEO – Agora que ele tomou seus medicamentos é importante que ele mantenha repouso absoluto pelos próximos dias e siga tomando seus remédios.

MATTEO (PREOCUPADO) – Ele vai ficar bem doutor?

DR. ROMEO – Seu pai já não é tão jovem Matteo e ele passou por uma emoção muito forte, vamos precisar ficar atentos à sua saúde a partir de agora, mas acredito que ele ficará bem.

MATTEO – Obrigado pela ajuda Dr. Romeo e muito obrigado por ter nos trazido Marcos.

DR. ROMEO – Não deu tempo de falar com vocês naquele momento, meus pêsames pela morte do seu irmão.

MATTEO (ABALADO) – As coisas foram tão rápidas que ainda nem deu tempo de digerir a morte do meu irmão.

MARCOS (COM PESAR) – Eu sinto muito pela perda do Vittorio. Seu irmão era mais que um grande amigo.

MATTEO (EMOCIONADO) – Obrigado Marcos, o Vittorio tinha muito apreço por você.

DR. ROMEO – Você poderia me dar uma carona até a cidade Marcos?

MARCOS – Eu gostaria de ficar um pouco mais Dr. Romeo, se não se importar de esperar um pouco, não me demorarei.

DR. ROMEO – Espero sem problemas, estarei no seu automóvel. Com sua licença Matteo.

DR. Romeo sai da sala e vai até o carro de Marcos que está do lado de fora da casa.

MARCOS – Matteo, você se importa de me levar até o quarto que era do Vittorio?

MATTEO – Claro que não, vamos.

Marcos segue Matteo até o quarto de Vittorio. O ambiente é silencioso e iluminado apenas pela luz do sol que entra pela janela. Marcos olha ao redor, absorvendo todas as memórias presente naquele quarto.

MATTEO – Pode ficar à vontade, eu estarei na sala.

                   SONOPLASTIA ON: O mundo é um moinho – Beth Carvalho

Matteo deixa Marcos sozinho no quarto. Marcos observa o quarto que era de Vittorio e seus olhos encontram uma foto de Vittorio sobre uma escrivaninha ao lado da cama. Ele caminha até lá, toma a fotos nas mãos e lágrimas começam a cair.

MARCOS (EM VOZ BAIXA E EMOCIONADO) – Meu amor...

Ele beija suavemente a foto de Vittorio.

Marcos percebe o guarda-roupa aberto ao lado da escrivaninha, ele se aproxima, com as mãos trêmulas puxa uma das camisas de Vittorio. Ele a segura perto do rosto e fecha os olhos, inspirando profundamente.

MARCOS (COM A VOZ EMBARGADA) – Vittorio...

Flashbacks começam a surgir na mente de Marcos: momentos felizes com Vittorio, risos compartilhados, conversas profundas, trocas de carinho e a promessa de amor eterno que eles fizeram um para o outro.

MARCOS (SUSSURANDO PARA SI MESMO) – Prometemos que ficaríamos juntos para sempre...mas você se foi.

As lágrimas escorrem livremente pelo rosto de Marcos enquanto ele permanece ali, imerso nas lembranças de um amor perdido.

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 3. INT. BORDEL MADAME YVETTE – SALÃO – DIA

Madame Yvette chega ao bordel acompanhada de Zuleika, Florzinha, Mara e Teodora. O ambiente que a noite é vibrante e festivo, durante o dia tem uma atmosfera leve e silenciosa.

ZULEIKA – E eu que achei que hoje seria um dia de festa, mas terminou de forma bem trágica. Será que aquele homem está bem?

MARA (COM TRISTEZA) – Coitado, perdeu o filho na guerra, não deve estar nada bem.

FLORZINHA (SUSPIRANDO) – Eu já sentir essa dor de perder um filho e é devastadora.

YVETTE – Realmente não deve ser nada fácil, mas já devíamos estar preparadas para isso. Foi uma guerra, e em uma guerra pessoas morrem.

MARA – Será que os soldados que sobreviveram ainda virão hoje à noite para comemorar?

TEODORA – Não tenha a menor dúvida. Esses homens estão há meses sem se deitar com uma mulher, não vão querer esperar um só dia, mesmo que alguns dos seus companheiros de luta tenham ficado pelo caminho.

YVETTE – A Teodora tem toda razão! Temos que ficar preparadas e descansadas porque hoje à noite, será uma noite de muito trabalho.

Robervaldo, um jovem afeminado e delicado, surge no salão carregando dois vasos de flores.

ROBERVALDO (ANIMADO) – Meninas, hoje a decoração do salão está sob o meu cuidado. Encontrei essas flores maravilhosas, temos amarelas, verdes, branca e azuis. Vamos encher esse salão com as cores do Brasil para recebermos os nossos pracinhas.

YVETTE (SORRINDO) – Se contagiem com essa animação do Robervaldo meninas, não quero rostos tristes por aqui. Independentemente de qualquer acontecimento, hoje é um dia de festa.

                                                         CORTA PARA:

CENA 4. INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – SALA – DIA

Martina, uma mulher com um olhar triste e sofrido, está se preparando para sair, vestindo um casaco de crochê e ajustando seu cabelo nervosamente diante de um pequeno espelho na sala. Jerônimo, um homem de aparência rude por volta dos 40 anos, entra na sala.

JERÔNIMO (COM CURIOSIDADE) – Para onde você vai?

MARTINA – Vou visitar a Francesca. Ela acabou de perder seu filho mais velho, a minha irmã deve estar devastada. Quero ficar ao lado dela nesse momento.

JERÔNIMO – E quem vai fazer o jantar? Trabalhei muito hoje para trazer dinheiro para dentro de casa, o mínimo que eu mereço é poder comer bem ao chegar em casa.

MARTINA (COM COMPAIXÃO) – Eu prometo que assim que eu voltar preparo algo rápido.

JERÔNIMO (DECIDIDO) – Não, você não vai visitar a sua irmã hoje. Amanhã quando eu sair para o escritório, te deixo lá. Agora vá para a cozinha e prepare o jantar.

Martina olhar para Jerônimo com os olhos cheios de lágrimas de tristeza e frustração.

MARTINA (COM VOZ CONTIDA) – Jerônimo, por favor...A Francesca precisa de mim agora. Eu só quero estar ao lado da minha irmã neste momento terrível.

JERÔNIMO (FIRME E GROSSO) – Eu já disse que não! Vá fazer o jantar agora e não me aborreça.

Martina abaixa os olhos, segurando a vontade de chorar. Ela se dirige silenciosamente para cozinha.

                                                         CORTA PARA:

CENA 5. INT. FAZENDA BELLINI - CASA DOS BELLINI – QUARTO DE GIULIANO E FRANCESCA – DIA

Giuliano está deitado na cama, respirando com bastante dificuldade enquanto dorme após ter passado mal e desmaiado. Francesca está no quarto ajoelhada de joelhos diante de uma imagem de uma santa, em profunda oração.

FRANCESCA (COM FERVOR) – Por favor, Nostra Signora di Carravaggio interceda per Giuliano. Dategli la força para se recuperar.

Giuliano acorda repentinamente, agarrando seu peito com expressão de dor.

GIULIANO (OFEGANTE) – Francesca...Chame o Matteo...Preciso falar com o Matteo...

Francesca, assustada, sai apressadamente do quarto em busca de Matteo. Ela retorna com Matteo, que se aproxima rapidamente da cama de Giuliano.

MATTEO (PREOCUPADO) – Pai, estou aqui.

                 SONOPLASTIA ON: Instrumental Triste Piano e Violino.

Giuliano segura com força a mão de Matteo, olhando-o com seriedade.

GIULIANO (COM ESFORÇO) – Matteo, agora a responsabilidade de gerir a casa está com você...suo irmão Vittorio se foi...agora você deve ser o homem di casa...

MATTEO (COM A VOZ EMBARGADA) – Você não vai morrer pai, você é forte, vai continuar cuidando da gente.

GIULIANO (COM ESFORÇO) – Cuida da sua madre...e de seus irmãos...eu fiz o meu melhor, mas eu não consigo mais...

MATTEO (CHORANDO) – Pai, por favor não vai.

GIULIANO (SUSSURRANDO) – Vittorio...

Giuliano solta as mãos de Matteo lentamente, seu rosto relaxa com um leve sorriso enquanto ele fecha os olhos. Francesa se aproxima lentamente de Giuliano, tocando em seu rosto.

FRANCESA (COM VOZ TRÊMULA) – Giuliano...? Marido...?

Matteo, ao lado de seu pai, percebe o silêncio e o toque frio da morte. Ele abaixa a cabeça, contendo as lágrimas.

MATTEO (EM UM SUSSURRO) – O pai se foi...ele chamou pelo Vittorio antes de ir. O Vittorio veio busca-lo.

Matteo começa a chorar. Francesa solta um grito de dor, abraçando Giuliano uma última vez enquanto às lagrimas escorrem pelo seu rosto.

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:


CENA 6. INT. FAZENDA ALMEIDA – CASA DOS ALMEIDA – ESCRITÓRIO - NOITE

Almeida e Dorotéia estão no escritório de casa, um espaço rústico com móveis de madeira e janelas grandes onde é possível visualizar uma boa extensão da fazenda, ao fundo prateleiras repletas de livros e documentos.

DOROTÉIA (TRISTE) – Eu ainda estou muito sentida pelo o que ocorreu com o Vittorio. O olhar de tristeza do pai dele quando recebeu a notícia da morte do filho não me sai da cabeça.

ALMEIDA (RÍSPIDO) – Não vejo motivos para tanta comoção. Pelo menos agora o Marcos está livre daquela influência perniciosa.

DOROTÉIA – Como você pode ser tão insensível? Vittorio era um bom homem, ajudava o pai a cuidar daquela fazenda, e o Marcos gostava muito dele. Eles se entendiam...

ALMEIDA (INTERROMPENDO) – Se entendiam porque eram iguais, dois depravados. Jamais aceitarei esse tipo de relacionamento na minha família. Não me arrependo nem um pouco de ter usado minha influência para que o Vittorio constasse na lista de convocados para lutar nessa guerra, e ele fez um favor de ter morrido.

Marcos entra no escritório visivelmente abalado e revoltado.

MARCOS (GRITANDO) – Como você pôde ter feito isso, pai? O Vittorio era importante para mim! Eu o amava.

ALMEIDA (COM RAIVA) – Você sabe muito bem o que eu penso sobre isso. O Vittorio era uma má influência...

MARCOS (INTERROMPENDO, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS) – Má influência? Ele me fez me sentir amado e aceito, algo que eu nunca sentir vindo de você! Eu jamais esperei que você fosse capaz de fazer tamanha crueldade, você matou o Vittorio.

DOROTÉIA – Marcos, por favor...

MARCOS – Mãe, você sabia disso o tempo todo? Sabia que ele fez isso para me separar do Vittorio e não fez nada?

DOROTÉIA – Eu nunca concordei com isso, eu sou mãe, jamais faria isso pensando na mãe dele que deve estar sofrendo muito com isso.

MARCOS – Não concordou, mas também não fez nada para impedir, porque como sempre você faz tudo que o Coronel Almeida deseja. (OLHANDO PARA ALMEIDA) Você nunca vai mudar, Coronel. Nunca vai aceitar quem eu sou de verdade. Você é um monstro! Eu desejo a você uma morte tão horrível quanto deve ter sido a morte do amor da minha vida.

Almeida dá um tapa na cara de Marcos, que não reage permanecendo inerte e em silêncio.

DOROTÉIA (INTERVÉM) – Almeida, por favor.

Marcos sai do escritório e vai para seu quarto.

ALMEIDA – Escute bem Dorotéia, se ele não se endireitar, eu mesmo irei tratar de ligar para clínica novamente para que venham busca-lo. E ele só sai de lá novamente quando virar um homem, você me entendeu?

DOROTÉIA (CHORANDO) – Você não vai mandar nosso filho novamente para aquele lugar, você não pode fazer isso.

ALMEIDA (RÍSPIDO) – Não só posso, como vou.

                                                         CORTA PARA:

CENA 7. INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – SALA – NOITE

Martina está arrumando a mesa para o jantar, colocando os copos e ajustando os pratos. Ela demonstra tristeza em seu rosto, por não ter tido autorização do seu marido para ir visitar a irmã. Jerônimo entra no cômodo, bem vestido e perfumado, logo Martina muda de expressão para não aborrecer Jerônimo.

MARTINA (SORRINDO) – Preparei seu prato preferido, costeletas com salada de lentilha.

JERÔNIMO (COM INDIFERENÇA) – Não irei jantar em casa hoje.

MARTINA (FRANZINDO A TESTA) – Mas você me pediu para fazer o jantar, preparei tudo e deixei de visitar a minha irmã.

JERÔNIMO (AJEITANDO O PALETÓ, SEM OLHAR PARA ELA) – Tenho compromisso, não posso me atrasar.

MARTINA (CONFUSA) – Compromisso? Mas é tarde, Jerônimo. Onde você vai?

JERÔNIMO – Vou sair Martina, não me espere acordada.

Jerônimo se vira para sair, mas Martina dá um passo à frente, tentando entender.

MARTINA (COM VOZ BAIXA, MAS FIRME) – Para onde você vai?

JERÔNIMO (COM SORRISO SARCÁSTICO) – Isso não é da sua conta.

Ele se afasta sem dizer mais nada. Martina fica parada, com uma expressão de desapontamento e dor, observando-o sair.

                                                         CORTA PARA:

CENA 8. INT. BORDEL MADAME YVETTE – SALÃO – NOITE

            SONOPLASTIA ON: Boogie Woogie Bugle Boy - Cluster Sisters

O bordel está em plena atividade, lotado e vibrante. Soldados da Força Expedicionária e outros homens estão espalhados pelo salão, rindo, bebendo e jogando. As meninas Zuleika, Mara, Teodora e Florzinha estão no palco, dançando seminuas ao som de uma música animada e provocante. A plateia grita, aplaude e joga notas de dinheiro, incentivando as meninas a dançarem e a tirarem mais peças de roupa.

Jerônimo entra no bordel com um sorriso largo no rosto. Ele observa as meninas no palco com bastante satisfação.

ZULEIKA (SORRINDO) – Vamos rapazes, mostrem como sabem se divertir!

Os homens gritam ainda mais alto, levantando seus copos e pedindo para que ela mostre os seios.

Jerônimo caminha até o bar, onde Robervaldo está servindo bebidas. Jerônimo encosta no balcão e faz sinal para Robervaldo.

JERÔNIMO – Um copo de Whisky, Robervaldo. Do bom!

ROBERVALDO (SERVINDO A BEBIDA) – Aqui está senhor Jerônimo. Neste bordel só servimos coisas boas.

Jerônimo pega o copo, dá um gole generoso e com o copo na mão, caminha até mais perto do palco. Ele se posiciona na frente, observando as dançarinas com um olhar de pura satisfação, bebendo lentamente enquanto assiste o show.

                                                     SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 9. INT. CEMITÉRIO – DIA

O céu está nublado, refletindo o clima de melancolia do momento. Uma grande parte da cidade de Esperança está reunida ao redor de uma cova aberta, onde o caixão de Giuliano está prestes a ser enterrado. O Padre Olavo, vestido com suas vestes clericais, realiza a cerimônia com bastante seriedade. Francesca, Matteo, Rodolfo e Isabella, todos vestidos de preto, estão de pé ao lado da cova, chorando em silêncio. Martina, ao lado deles, tenta consolá-los, segurando a mão de Francesca.

OLAVO – Que o senhor receba a alma de Giuliano e lhe conceda a paz eterna. Que ele descanse em paz e que sua memória seja uma benção para todos nós.

Padre Olavo joga água benta sobre o caixão de Giuliano. Os coveiros se aproximam com cordas e começam a descer o caixão na cova, lentamente. Francesca se aproxima com o rosto cheio de lágrimas e segurando um buquê de rosas brancas.

FRANCESCA (EMOCIONADA) – Addio, amore mio.

Ela joga rosas sobre o caixão, que já está no fundo da cova. Em seguida outras pessoas se aproximam para jogar suas flores e se despedir. Os coveiros começam a jogar terra sobre o caixão, enquanto a família continua em luto, observando a cena com os olhos cheios de lágrimas.

As pessoas começam a se dispersar lentamente. Entre os presentes, Coronel Almeida e Homero, que juntos se afastam da cova.

ALMEIDA – A família Bellini chegou a Esperança logo que veio a abolição, junto com outros tantos italianos, meu pai contava que eles começaram trabalhando nas fazendas da região e logo compraram seu pedacinho de terra que foi crescendo e crescendo até se tornar essa bela fazenda de café que eles possuem.

HOMERO – Sempre trabalharam bastante, o Giuliano tinha muito jeito com a terra, mas aquela perda que ele teve com a enchente na última safra o prejudicou demais, ele teve que pedir um empréstimo ao meu banco para poder dar início a essa nova safra, e colocou a fazenda como garantia. Agora que ele morreu, tenho dúvidas da capacidade dos Bellini em pagar essa dívida.

ALMEIDA – Ele hipotecou a fazenda?

HOMERO – Eu nem deveria estar falando sobre isso, são coisas confidenciais dos meus clientes, mas sim, a fazenda foi a garantia do empréstimo.

ALMEIDA (EM TOM DE OPORTUNIDADE) - Que notícia maravilhosa Homero. Há tempos eu venho olhando aquela fazenda, ela é perfeita para a expansão das minhas terras.

HOMERO (SORRINDO) – Parece que o destino colocou uma oportunidade em suas mãos, Coronel.

ALMEIDA (SORRINDO) – Eu posso comprar a dívida da família Bellini e caso eles não me paguem, o que é bastante provável, eu fico com a fazenda.

Almeida e Homero trocam olhares de entendimento enquanto as últimas pessoas se afastam da cova, deixando a família de Giuliano para trás, ainda imersa em seu luto. O vento sopra bastante forte, causando um arrepio em Francesca que ao olhar para trás observa Almeida e Homero se afastando.

FIM DO CAPÍTULO

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