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Antropófago - Diário de um Canibal - Episódio 12 (Últimos Episódios)


 ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
DÉCIMO SEGUNDO EPISÓDIO

CENA 01/ FLORESTA MOSSAÍH/ TARDE

Max é levado algemado por Álvaro. Eles vêm na frente, Sara e Hugo vêm vindo logo atrás. Os outros policias com a arma apontada em direção a Max, precavendo caso ele tivesse alguma reação inesperada. Ele é levado até o camburão da polícia civil que se encontrava do outro lado da mata. A cena vai seguindo enquanto se ouve a narração de Max em off.

MAX: (off) Durante a viagem desabou sobre minha mente uma avalanche rápida de lembranças dilaceradoras. Reconheci naquele segundo tudo o que eu tinha sido, o monstro que eu carregava dentro de mim. Minha cabeça fervia em meio a um turbilhão de pensamentos e sensações. Pior do que a tropa da policia civil era o exército do foro íntimo que carregava dentro de mim. Desejos, pensamentos e emoções que constantemente me manipulavam. Meu braço machucado, a mente atordoada, os pés cansados, o coração partido e os olhos vermelhos de lágrimas repremidas. Eu seria levado em um julgamento onde eu era o réu, culpado por sangue inocente que escorreu por entre os meus dedos. E cada vez mais eu me via distante da minha amada. Tudo o que eu queria era apagar esse período sombrio e voltar ao repouso dos braços de Érica. Mas quanto mais eu procurava me redimir mais monstruoso eu me tornava. Era como se uma força estranha e surreal tomasse conta de mim.

CENA 02/ BRAÇO FORTE/ TARDE

Imagem aérea mostrando os carros da policia passando pela a ponte que separa a cidade da floresta. Uma multidão estava reunida, furiosa amaldiçoando Max.

MULHER: Ele deve ser morto!
HOMEM: Desgraçado! Vai apodrecer atrás das grades!
MULHER: Vamos matá-lo!

A CAM corta mostrando Max dentro do camburão, olhando triste para a multidão do lado de fora. O camburão da polícia vai seguindo e a multidão correndo atrás enquanto o praguejam. O camburão da policia corta a cidade até se aproximar da delegacia. A delegacia de Braço Forte assim como a maioria da cidade ainda conserva a estrutura do tempo antigo. Localiza-se em um edifício de dois pavimentos sólidos e austero, com janelas de cantaria protegida por pesadas grades, bem no centro da cidade ao lado oeste da Matriz.

CENA 03/ BRAÇO FORTE/ DELEGACIA/ TARDE

O camburão para em frente da delegacia. Alguns da multidão tentam se aproximar, mas a tropa de choque tenta contê-los. 

ÁLVARO: (para a multidão) Se afastem! Deixem que a polícia cuide disso.
SARA: (vindo logo atrás com Hugo) Onde que essa multidão toda estava escondida?
HUGO: Braço Forte é uma cidade pacata nada acontece aqui. Isso aqui pra eles é um espetáculo. 
SARA: Espetáculo ou não, vou ter uma conversa séria com o nosso amiguinho aí.

CENA 04/ BRAÇO FORTE/ DELEGACIA/ TARDE

Já dentro da delegacia, Max é levado até a sala do delegado Moraes.

ÁLVARO: (entrando com Max na algema) Com licença Dr. Moraes! Mais um inquilino para a vossa residência. 
MORAES: Meu Deus, o que aconteceu com essa criatura?
SARA: Ainda não sabemos, o jovem aí não gosta muito de conversar. Eu preciso de um cela isolada para deixá-lo. Ele pode ser muito perigoso, não podemos deixá-lo junto com os outros presos. 
MORAES: A nossa delegacia é antiga e muito pequena. E os dois pavimentos que temos aqui já estão todos ocupados. A única cela que temos vazia é lá embaixo.
HUGO: (estranhando) Embaixo?
MORAES: Sim. No porão.
 Todos se olham.

SARA: A gente não sabe do que ele é capaz. Pois é lá no porão que ele deve ficar. 
A cena segue conforme a narração de Max.

MAX: (off) Atravessamos vários metros do corredor em silêncio, ignorando os poucos prisioneiros que eram mantidos ali, eles gritavam e tentavam a todo custo chamar a atenção, até mesmo com insultos. No fim do corredor, uma escada que levava para o porão. As celas não eram localizadas em um local muito favorável, no subsolo a luz solar era difícil penetrar, apenas umas lâmpadas incandescentes penduradas no teto dava ao ambiente uma claridade tímida. Ao descer a escada sinto um forte odor de mofo e de cadáver de algum bicho morto. Fui deixado sozinho no fim do porão, em uma cela completamente distante das outras.

[ABERTURA]

EPISÓDIO XII
“A prisão”



CENA 05/ BRAÇO FORTE/ TARDE

Mostra cenas aleatórias de Braço Forte. Algumas pessoas reunidas da praça, outras banhando no rio. Mostra o céu as nuvens em alta velocidade e um enfeito TIME-LAPSE transição dia/noite. CORTA para cena seguinte.

CENA 06/BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ NOITE

PLANO SEQUÊNCIA acompanhando Sara e  mais dois policias que vão andando pelo o corredor e indo em direção ao porão. A CAM mostra de longe Max deitado na cama de cimento. Ele levanta e senta na cama conforme Sara vai se aproximando. Ao se aproximar ela fica próxima a grade e os policiais alguns metros atrás com a mão sobre a arma. 

SARA: Eu sou Sara Campestrini, psicóloga forense. Estou encarregada de resolver o caso em que te envolve. Quem é você, e porque feriu aquelas pessoas?
Max nada respondia, apenas a encarava. 

MAX: (off) Não havia razão nenhuma para machucar aquelas pessoas. Eu era controlado por uma força frenética da qual não tinha explicação, sentia prazer ao ver o desespero das minhas vitimas.

SARA: (insistindo) Você não consegue falar?
Max abaixa a cabeça por um instante, depois levanta a cabeça e mais uma vez encara Sara.

MAX: Eu sou Maxwell Lenzi.
SARA: Lenzi? Por acaso é descendente de italiano?
MAX: Meu avô paterno é italiano. Mas o que a minha descendência tem de importante?
SARA: Verdade, não tem importância nenhuma. Eu também sou descendente de italianos. Eu quis apenas quebrar o gelo. O que aconteceu com você? Como conseguiu essas cicatrizes?
Sara se aproxima ainda mais da cela. Max em um pulso se levanta e se aproxima. Sara dá uma passada para trás e os policias tiram a arma da cintura e apontam para Max. Ele dá um sorriso cínico por perceber que Sara estava com medo.

MAX: Eu morri Doutora. O que a senhora ver é apenas uma alma decadente perambulando pelo o mundo.
SARA: Almas não costumam sair por ai machucando as pessoas. Os mortos não me perturbam, os vivos é que me dão trabalho.
MAX: (com voz firme) Gosta de manter a pose de durona, não é, Doutora? E odiaria pensar que é uma pessoa comum, semelhante às mulheres que matei. (T) Tem medo de mim, Doutora?
SARA: Você é apenas um pobre coitado Maxwell, e acha que o mundo todo é culpado pelo o seus problemas. Você não me faz medo, tenho repugnância de gente como você.
Max se aproxima ainda mais da cela. Sara dá mais um passo para trás. 

MAX: Sabe o que eu faria se estivesse aí do lado de fora, Doutora? (frio) Te amarraria e arrancaria todo o seu couro, deixando seus músculos todos expostos para fora. E tudo isso você ainda com vida. Depois, enfiaria a minha faca por baixo da sua costela e puxaria seu coração pra fora. E assim me saciaria com o seu sabor. (como se sentisse prazer) Deve ser um gosto deslumbrante, seu sangue deve ser ainda mais quente por conta do seu jeito temperamental.
Sara fica incomodada ao ouvir as palavras de Max.

SARA: (autoritária) Só que você não está aqui do lado de fora. E é aí dentro que você vai ficar apodrecendo junto com os ratos.
Sara dá meia volta.

SARA: (para os policiais) Vamos! Acredito que o nosso amigo quer ficar um pouco a sós. 

CENA 07/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ NOITE

Cenas aleatórias vão acontecendo de acordo com a narração de Max. Um relógio transparente na tela vai demonstrando a ligeira passagem de tempo.

MAX: (off) Os dias se passavam e eu continuava trancado na minúscula e escura cela, com poucas refeições ao dia. Uma jarra de água era deixada ao lado da cabeceira da cama de cimento. As minhas roupas esfarrapadas eram substituídas por outras que pareciam mais esfarrapadas ainda. O local era sujo e tinha um cheiro sufocante, minha higiene era feita em um banheiro sem porta localizado no fundo da cela. Com o tempo as visitas de Sara passaram a ser quase que diárias. Ela me fazia perguntas sobre tudo, sobre o período que passei na republica, a minha infância, os meus pais, amigos. E até sobre os meus animais de estimação.

CENA 08/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ TARDE

Sara vem andando sozinha até se aproximar da cela em que Max está. Ela puxa uma cadeira que já esta ali próxima e se senta com uma prancheta em mãos. Max está sentado na cama escorado na parede de lado para Sara.

SARA: (já sentada) Boa tarde Max!
MAX: Boa tarde doutora! Estou surpreso, por onde anda as duas sombras que sempre lhe acompanha?
SARA: Julguei que não fosse necessário a presença de nenhum deles. Espero não está errada.
Max se ajeita na cama e fica de frente para Sara.

MAX: Não tem mais medo de mim doutora?
SARA: Eu nunca tive medo de você, Max. Apenas me precavi. Eu vim aqui hoje para te conhecer melhor, saber um pouco mais da sua história. (T) Você já me disse que não é daqui de Braço Forte, que nasceu em Ouro Preto. Eu queria ouvir um pouco mais sobre a sua infância. 
MAX: Não sei em que a minha infância possa tanto te interessar.
SARA: Só me conte.
MAX: Nasci em uma família bem sucedida, morávamos em uma casa grande de dois andares, tão grande que nos perdíamos dentro dos cômodos. Meus pais nunca quiseram filhos fui um acidente, minha mãe tentou me abortar por duas vezes, mas na hora lhe faltava coragem. 

Max continuava narrando enquanto as suas lembranças passavam em flashback.

{Flashback on}

CENA 09/ OURO PRETO/ MANSÃO DE MAX/ TARDE

Todas as cenas vão ocorrendo conforme Max vai narrando.

MAX: (off) Fui criado como um fardo na vida deles. A pessoa de mãe que eu conhecia era Lourdes a minha babá, ela sim cuidava de mim como uma verdadeira mãe. Eu não odiava os meus pais, eles não são culpados por eu ter aparecido na vida deles. Eu tinha os melhores brinquedos, as melhores roupas, a melhor escola, e mesmo assim me sentia pobre. Aquela “mordomia” toda não me satisfazia. Passava o dia solitário procurando alguma diversão em meio aqueles brinquedos caros, que pra mim não tinha a menor graça. Só me animava quando Lourdes terminava os seus afazeres e reservava um minuto do seu tempo para brincar comigo. No fim da tarde me sentava na sacada, olhando as crianças brincarem na rua, com suas roupas sujas de tanto cair no chão. Corriam de um lado ao outro jogando uma bola de tênis (ou algumas vezes feita de meia pela as próprias crianças) em uma lata de óleo, localizada em um circo riscado no asfalto. Cruzavam os seus tacos, contado de dez em dez no tradicional jogo de bets. Mesmo com seus jogos improvisados era possível ver a felicidade estampada em seus rostos. Aquilo pra mim era uma liberdade a qual eu não tinha, trancafiado nos muros daquela mansão. Não tinha amigos. Na escola sentava isolado, em uma cadeira no meio da sala encostada na parede. Parte da aula eu dormia, na outra eu fazia caricaturas dos meus colegas, e principalmente das garotas que mais me interessavam. Mas nunca tinha coragem de me aproximar de nenhuma delas.

CORTA novamente para a cena dos dias atuais.

{Flashback off}

Continuação da CENA 08/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ TARDE

SARA: O que acontecia se você tirasse nota baixa na escola? 
Max levanta e anda pela a cela.

MAX: Meu pai me batia, e me trancava no sótão em meio a uma montanha de livros. Dizia que eu tinha que decorar todos só assim ele me tiraria de lá. Mas em alguns eu nem pegava, passava meu tempo fazendo desenhos em meu caderno. Eu sabia que ele não iria me tomar a lição, estava “ocupado” demais pra isso. Na maioria das vezes me esquecia lá, Lourdes é que no fim do dia pegava a chave e me soltava.
SARA: Com o que ele te batia?
MAX: Com o cinto, ele usava a parte da fivela que era pra doer mais. Dizia que quanto maior o castigo, maior o aprendizado. (T) Seu pai já lhe bateu com o cinto, Doutora?
SARA: Meus pais preferiam outra forma de educar, sem muita violência. Mas você não teve nenhum amigo na escola Max?
MAX: Não. Eles me chamavam de esquisito. E os que procuravam serem meus amigos eram só pra que eu pagasse o lanche deles na cantina.
SARA: E você nunca fez nada contra nenhum deles?

MAX: (off) Sara me interrogava no intuito de conseguir arrancar algum ato psicopata que eu havia cometido em minha infância...

A cena CORTA novamente para as lembranças de Max.

{Flashback on}

CENA 10/ OURO PRETO/ MANSÃO DE MAX/ TARDE

Todas as cenas vão ocorrendo conforme Max vai narrando.

MAX: (off) Mas a minha infância foi seguida de medo e tristeza. Sozinho preso durante horas, naqueles cômodos cheios de cortinas, vasos e quatros os quais tinha medo de tocar e quebrar. Vigílias passadas por trás daqueles portões que me pareciam mais uma prisão, me distanciando da liberdade usufruída pelas as crianças do meu bairro. Com o passar do tempo, eu já adolescente, meus pais souberam de uma republica localizada, em uma cidadezinha no interior. Pra eles era uma oportunidade de se livrar de mim, pra mim a liberdade a qual sonhei a minha vida toda. Cheguei na republica ansioso, parecia que finalmente seria dono da minha vida, e ao mesmo instante com medo de relacionar com os outros. No entanto com o tempo fui percebendo que a tal liberdade ainda teria que esperar, pois todos lá éramos subordinados pelas as regras postas pela a dona Elizabeth. Se bem que as regras não eram o meu pior problema, eu tinha medo de gente. Os meus colegas me olhavam de cima a abaixo, alguns passavam rindo de mim, aquilo me incomodava, parecia que eu não estava pronto pra enfrentar o mundo. Mas nenhum deles me incomodava tanto como o Ricardo. 

RICARDO: (se aproximando de Max juntamente com dois de seus amigos) Olha só galera que coisinha esquisita. Qual o seu nome rapazinho?
MAX: (gaguejando) Meu no... nome é Ma... Ma... Maxwell!
RICARDO: (zombando) Ma... Ma... Ma...! Já vi tudo é mais um idiota. 
BETO: Temos que dá as boas vindas a ele.
RICARDO: Verdade. Pega ele pela as pernas e deixa que eu pego pelo os braços, vamos jogar ele dentro da caixa d’água.
Os três pegam Max e o joga em uma caixa d’água que havia no meio do pátio. Eles riem ao ver Max todo molhado.

{Flashback off}

Continuação da CENA 08/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ TARDE

MAX: Aos poucos fui me adaptando e me tornando menos esquisito se é que era possível. Ricardo continuava a me provocar, me colocando apelidos pejorativos, e algumas vezes faziam trotes. Como pôr creme dental em meu rosto enquanto dormia, insetos em minha gaveta de roupa, e fora outros. Isso no inicio me incomodava, mas depois eu já não dava tanta importância. Eu continuava na minha zona de conforto, isolado de tudo e de todos, guardado em meu mundo particular.
SARA: E porque você nunca contou pra dona Elizabeth, sobre as façanhas de Ricardo?
MAX: Ela não iria acreditar, e se acreditasse não daria importância pra isso. Ninguém nunca se importou comigo, Doutora. Nem os meus pais, nem meus professores, nem o meu amigo Davi e nem se quer Érica.
SARA: (interessada) Érica? Quem é Érica?
MAX: (com brilho no olhar) Simplesmente a garota mais fascinante que eu já conheci. 

CENA 11/ BRAÇO FORTE/ CADEIA CELA/ NOITE 

Max está andando de um lado ao outro inquieto. Ele senta na cama e com uma pedra começa a riscar a parede. Alguns ratos vão se aproximando discretamente da cama de cimento.

MAX: Olá amiguinhos! Estão com fome?
Max pega seu prato com resto de comida e estende entregando para os ratos. 

MAX: Aqui oh! Pode comer, eu já não tenho mais fome. 
Max larga o prato, os ratos vão se aproximando e ataca o seu prato. Max fica só observando. 

MAX: (off) Meu corpo naquela jaula se atormentava com os demônios de minha mente e me colocava algoz dos meus delírios. Penetrava profundamente na intimidade dos meus pensamentos, um poço de sombras e ilusões que me transportava para um mundo umbrático e caótico.

Ouve-se a pesada porta se abrir. Os ratos saem assustados. Max fica observando, no alto da escada apenas se ver uns pés surgindo por trás da escuridão. Max fica olhando curioso para ver quem se aproximava. Ele levanta da cama e se põe de pé sem acreditar no que os seus olhos veem. Érica vai surgindo por trás da escuridão e se aproximando da cela, com um semblante sério e assustado. 

ÉRICA: (com lágrimas nos olhos) O que aconteceu Max? Porque você fez isso com você mesmo?
MAX: (trêmulo) Érica! Como você descobriu que eu estava aqui? Eu senti tanto a sua falta. Queria tanto poder te abraçar. Senti novamente o seu beijo.
ÉRICA: (se entristecendo) Mas você não pode. Muita coisa aconteceu, Max. Não podemos mais ficar juntos. 
MAX: Eu preciso de você, Érica. Tudo o que eu fiz foi por amor a você. Não me abandone, só quero ter você para mim mais uma vez. 
Max se aproxima da grade e pega nas mãos de Érica.

MAX: Como eu queria ter o poder de atravessar essas grades pesadas e poder te abraçar e sentir o calor do seu corpo. 

Como mágica as grades vão desaparecendo juntamente com tudo ao seu redor. Max e Érica se encontram em um cenário totalmente branco. Ele olha para o lado incrédulo com o que ver.

MAX: (sorrindo) Nada mais existe. Agora somos só nós dois. 
Ele passa a mão pela o cabelo de Érica colocando-o por trás da orelha. E vai se aproximando com o intuito de beijá-la. Mas antes de se aproximar da boca de Érica, ele sente algo estranho. Vai afastando aos poucos. E então percebe que em seu peito jorra litros e mais litros de sangue. 

MAX: (desesperado) Você está ferida Érica! O que houve?
ÉRICA: (passando a mão no ferimento) Olha só o que você fez, Max! 

Aos poucos o cenário vai voltando o que era antes no mesmo instante em que Érica vai desaparecendo em meio a escuridão. Max sem entender nada a procura. 

MAX: (chamando) Érica! Não! Onde você está?
Ele se agacha e começa a chorar.

MAX: (off) Naquele instante fui me dando conta de que tudo aquilo não passava de fruto dos meus delírios, e que Érica jamais esteve presente ali. Aquela foi só a primeira vez em que o real e o surreal se misturavam em minha mente, me fazendo perder o controle da razão. O “fantasma” de Érica sempre se fazia presente durante os longos dias trancafiados naquela jaula. Na maioria das vezes não dizia uma só palavra, apenas me olhava com seu olhar triste e cabisbaixo, sempre com as mãos sujas de sangue. Esse “fantasma” na verdade era a minha consciência me acusando do sangue inocente que escorreu pelos os meus dedos. Aquilo me torturava de tal forma que me levava a uma insana loucura, há momentos que eu desejava fortemente a morte. [ele levanta a cabeça com ódio no olhar] Não seria nada justo, eu tinha que viver para estar frente a frente com Érica novamente, ansiava euforicamente por esse reencontro.

CORTA para cena do horizonte, mostrando o sol saindo revelando o nascimento de mais um dia.

CENA 12/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ DIA

Max está dormindo na cama de cimento. Logo a porta do porão abre, ele desperta. Desce pela as escadas Sara, Moraes, Hugo e Álvaro. A polícia não se aproxima da cela de Max, eles conversam entre si próximos a escada.

SARA: Olha a condição desse lugar. Não podemos continuar mantendo ele aqui.
MORAES: Como eu disse, essa é uma cadeia antiga não tem estrutura. A não ser se deixar ele junto com os outros presos. 
Sara olha para Max, que nessa hora já se encontra sentado na cama só observando a conversa deles.

SARA: Não. Não se esqueça que ele é um canibal. Ele é capaz de devorar um por um daqueles presos que estão lá.
HUGO: Sara me desculpe, mas agora eu já acho exagero. Olha para ele não passa de um moribundo. Ele corre é risco de ser morto se deixarmos junto com os outros presos.
SARA: Não o subestime, Hugo. Ele é como uma fera enjaulada. Esse rapaz carrega consigo uma força sobre natural. 
ÁLVARO: A solução talvez seja transferir ele. Talvez para algum presídio em Ouro Preto. 
HUGO: Antes dele ser levado para um presídio precisa primeiro ser julgado. Eu aconselharia mantê-lo aqui até o julgamento.
SARA: Não. Aqui ele não pode ficar. 
ÁLVARO: Então a solução é transferi-lo o quanto antes.
MOARES: Vamos até a minha sala, lá a gente conversa melhor sobre isso.

MAX: (off) Eu tinha que bolar uma maneira de fugir daquele inferno, antes que me transferisse para outra delegacia, pois assim eu ficaria ainda mais longe da minha amada Érica.

FIM DO DÉCIMO SEGUNDO EPISÓDIO
Como a página de um diário dá um close no olhar sombrio de Max em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

MAXWELL = Johnny Massaro
SARA CAMPESTINI = Giovanna Antonelly
HUGO CASTANHO = Rafael Zulu
ÁLVARO AZEVEDO = Sidney Sampaio
MORAES = Cleiton Morais
RICARDO = Chay Suede
ÉRICA = Sophia Abrahão
BETO = Pedro Novaes


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