Vidas Cruzadas - Capítulo 05
Marina - A doutora que me desculpe, mas esse suspense está me matando. Por favor, meu coração tá acelerado, quem vai precisar de um coração novo agora sou eu.
Melissa - Mamãe se controla...
Médica - Sua mãe tem razão, Melissa. Bom como já planejado, ocorreu tudo bem no transplante.
Marina - Você quer dizer que?
Médica - Quero dizer que, sua filha está fora de perigo, mas ainda daremos remédios para que o organismo não rejeite o novo órgão.
Marina - AÍ MEU DEUS!
(Marina dá um pulo da cadeira e fica abraçada com Melissa.)
Marina (Chorando) - Sua irmã vai viver! VIVER!
Melissa (Chorando) - A senhora promete que vai tratá -la melhor?
Marina - Eu sempre tratei sua irmã bem.
Melissa - Mamãe...
Marina - Tá! sua irmã, MINHA filha, será tratada como uma rainha. Eu não posso passar por um susto desse de novo.
Zuleika - Eu orei tanto pela Manuela, Deus sabe o quanto dormi mal pensado nela.
Melissa - Oh Zu, nada foi em vão.
(Melissa abraça Zuleika.)
Marina - E então eu posso vê-la?
Médica - Ela ainda está na UTI, então peço que só vejam ela por trás do vidro.
Cena 2 - Noite/Hospital 2/Corredor.
(Manuela está na cama ainda ligada a máquinas. Todos a vêem por trás do vidro.)
Marina (Emocionada) - Eu posso tocar nela?
Médica - Dona Marina, infelizmente vocês terão de esperar. Sua filha passou por uma cirurgia complicada, estamos fazendo de tudo pra que ela não pegue uma infecção.
Olavo - E quando poderemos ver ela de verdade?
Médica - Uma semana, ou mais. Depende da recuperação do paciente.
Marina - Eu não acredito, eu achei que não iria ficar mais longe dela. Eu achei que as coisas fossem mais fáceis.
Cena 3 - Noite/Bar de Abel/Interior.
Abel - Eu não sei de nada dona Genuvia, agora me deixe terminar aqui. A senhora não tem que se aprontar pra feira de amanhã?
Genuvia - Não, estou de luto. E olha seu Abel, eu peço que não me esconda nada, somos amigos de muita década. Tenho que ir, Íris já deve ter chegado. Boa noite!
Abel - Ô meu Deus, me acuda.
Cena 4 - Noite/Casa de Genuvia/Sala.
Genuvia - Você quase me mata de preocupação, Íris.
Íris - Seria mais um defunto aqui no bairro.
(Ela dá um sorriso.)
Genuvia - Íris, eu não vou permitir esse tipo de brincadeira dentro de casa. Aonde já se viu, você e o Rodrigo brincavam aqui na frente de casa.
Íris - Brincávamos, nunca gostei daquela gente. Francamente mamãe, eu era obrigada a brincar né?
Genuvia (Nervosa) - Chega! vá para o seu quarto, AGORA!
(Íris vai em direção a mãe.)
Íris - Eu e você somos muito diferente, a senhora aceita viver nesse lugarzinho enquanto eu meu amor, penso longe. Um dia eu vou sair desse muquifo.
Genuvia - Você me enoja, eu não acredito que eu dei tanto amor e carinho pra alguém se transformar desse jeito.
Íris - Eu odeio a senhora, eu odeio esse inferno de lugar!
(Ela vai para o quarto.)
Genuvia (Chorando) - O que eu fiz pra merecer isso, eu não aguento mais.
Cena 5 - Dia/Rio de Janeiro.
(É mostrado imagens do trânsito do Rio e pessoas na praia enquanto se divertem com a família.)
Cena 6 - Dia/Hospital 2/Quarto de Hospital.
(Manuela está deitada, quando ela abre seus olhos. Ela olha em volta e começa a se desesperar. Ela está respirando através de uma traqueostomia. A enfermeira logo percebe seu desespero e tira seu aparelho, ela sente dificuldade em falar mas rapidamente consegue falar algumas palavras.)
Manuela - O-Onde e-eu...-
Enfermeira - Não se esforce pra falar, tenha calma. Eu vou chamar a médica, ela vai tirar suas dúvidas.
(A médica chega, olha suas pulsações e vê se a moça está bem.)
Médica - Bom dia Manuela, meu nome é Carolina e eu sou cardiologista.
Manuela - C-Cardiologista?
Médica - É uma história muito complicada, Manuela. Bom, você acabou sofrendo um acidente. Foi atingida por um carro, você se lembra?
Manuela - B-Bem pouco, eu estava muito bêbada...
Médica - Sim, você deu entrada na emergência, então fizemos alguns exames e logo depois fomos pra cirurgia. Você sofreu algumas fraturas, mas nada muito sério. Mas quando chegou o resultado do seu exame, descobrimos que você tinha uma bactéria em uma das artérias do seu coração.
Manuela - Bactéria?
Médica - Sim, essa bactéria pode causar a morte. Se nós não tivessemos descoberto antes, você não poderia nem estar aqui.
Manuela - E vocês tiraram?
Médica - Agora eu preciso que você se acalme.
Manuela - Calma, como assim?
Médica - Você passou por um transplante, essa era única chance de te salvar.
(Manuela se assusta.)
Manuela - Você quer dizer que o coração que bate em mim, não é meu?
Cena 7 - Dia/Apartamento da Família Leitão/Sala de Estar.
Marina - Levante agora, vamos pro hospital.
Melissa - Como assim?
Marina - Sua irmã acordou.
Melissa - Então deixa eu avisar a Zulei...-
Marina - A Zuleika é a empregada da família, não é parente. Esqueça ela e vamos.
Cena 8 - Dia/Enterro.
(Todos estão vestido de preto. Alguns choram e outros tentam consolar Irene.)
Padre - Dona Irene, já podemos?
Irene - Não, antes eu preciso da adeus a ele.
(Irene apoia sua cabeça ao caixão.)
Irene - Chegou sua hora de ir meu filho, é o momento de partir. Eu não vou negar que estou devastada, mas eu sei que você estará em um lugar melhor. Você pode não ter conseguido terminar a faculdade de Medicina, mas você é mais que isso, você vai continuar salvando vidas através dos seus órgãos que foram doados e agora Rodrigo, eu quero que você me espere porquê eu vou estar junto com você e seu pai. Adeus meu filho!
(Ela se levanta e joga uma das flores que segurava em cima do caixão.)
Irene (Chorando) - Vamos embora, eu tô cansada. Eu só quero dormir e esquecer tudo que vem acontecendo na minha vida.
Edu - A senhora é forte, mamãe. Não pode deixar a peteca cair.
Irene - Eu ERA forte, agora não passo mais de uma velha chorona.
Edu - Mãe...
(Os dois vão embora abraçados.)
Cena 9 - Dia/Hospital 2/Quarto de Hospital.
Manuela - Um coração...isso é uma loucura. Cadê minha irmã, cadê minha...mãe.
Médica - Estão prestes a chegar. Manuela você precisa fazer com que seu corpo não rejeite seu coração novo.
Manuela - Como assim?
Médica - Existem vários casos de pacientes que acabaram tendo que fazer outro transplante por simplesmente não quererem. Mas vejo que não é seu caso, não é?
Manuela - É...eu quero viver, mesmo que minhas expectativa de vida seja baixa agora.
Médica - Tá vendo? é esse tipo de pensamento que faz o coração ser rejeitado.
Manuela - Desculpa eu...-
(Marina começa a bater no vidro e gritar o nome de sua filha.)
Manuela - Mãe...
(A médica sai então da sala e vai conversar com Marina.)
Marina - Eu quero entrar, eu quero vê-la.
Médica - Dona Marina, infelizmente você ainda não pode entrar pra vê-la.
Marina (Nervosa) - Você pode e eu não? olha aqui eu processo esse hospital se não me deixarem entrar.
Melissa - Chega mãe! a doutora está fazendo o trabalho, dela. A Manuela já acordou é maravilhoso. A gente precisa ter calma e incompreensão para a recuperação dela.
Marina - M-Mas..
(Manuela vê a cena com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Marina se aproxima do vidro e coloca suas duas mãos sobre o vídro.)
Marina (Chorando) - Eu te amo Manu...
Cena 10 - Dia/Rio de Janeiro.
(A novela faz uma passagem de tempo de uma semana. E assim vai mostrando a recuperação de Manuela enquanto sua família a vê por trás do vidro e mostra também imagens de Irene chorando enquanto vê a foto do filho.)
Cena 11 - Dia/Hospital 2/Quarto de Hospital.
Médica - Eu acho que já está na hora, quem será o primeiro a entrar?
Marina - EU! estou esperando faz uma semana, eu sou a mãe.
Médica - Pode entrar dona Marina, só por favor não faça com que ela fique nervosa. A cirurgia é muito recente ainda.
(Marina entra no quarto e vê Manuela dormindo. Ela vai até a filha e acaricia o rosto, Manuela logo abre seus olhos e começa a chorar.)
Marina - Não chora minha filha..
Manuela - Eu achei que você me odiasse..
Marina - Eu posso ter meus defeitos Manu, mas eu nunca iria te odiar. Você é minha filha!
Manuela - Então por que me travava daquela maneira?
Marina - Eu sou muito exagerada, você sabe. Pequei muito com você, um erro que não ocorrerá mais. Eu nunca te odiei minha filha, eu errei por amor...
Manuela - Por que me escondeu que sou adotada? eu tinha o direito de saber.
Marina - Porquê eu tinha medo da sua reação, e acabou que deu nisso você numa cama de hospital. Entre a vida e a morte.
Manuela - Para, a senhora sempre de uma maneira tenta me culpar.
Marina - Está bem minha querida. Você tá viva e isso que importa.
(Ela dá um beijo na testa de Manuela.)
Marina - Me perdoa...
Manuela - Eu só quero que a senhora pare de me tratar mal.
Marina - Eu nunca te tratei mal. Mas se você acha isso, está bem. Mamãe não briga com Manuzinha.
(As duas caem na gargalhada.)
Manuela - Eu te perdoo...
Marina - Oh minha filha...
(As duas se abraçam enquanto as pessoas do lado de fora vêem a cena e se emocionam.)
Cena 12 - Dia/Rio de Janeiro.
(Ocorre outra passagem de tempo, de um mês. É mostrado Manuela tentando se levantar e fazer algumas tarefas básicas e com o apoio da família. Na agência de modelos é mostrado Carlinhos ensinando Íris a desfilar.)
Cena 13 - Dia/Apartamentos da Família Leitão/Sala de Estar.
Marina - Toma cuidado com ela, Zuleika.
Manuela - Mamãe eu tô bem, calma.
(Manuela se senta no sofá.)
Marina - Já fez a sopa que a médica recomendou?
Zuleika - Sim, já vou servir.
Marina - Então anda!
Manuela - Que isso mamãe, eu quero ficar um pouco com a Zu.
Zuleika - Não se preocupa, eu vou servir seu almoço Manu.
(Zuleika vai a cozinha.)
Melissa - Um dia a Zu vai colocar a senhora nos tribunais.
Marina - Ela não é doida.
Manuela - Bom, eu acho que vou deitar. Estou morrendo de saudades da minha cama e pede pra Zu trazer o almoço no meu quarto. Aquela comida de hospital é horrível.
Marina - Você tá sentindo alguma dor quando anda? porque se for o caso eu compro uma cadeira de rodas e...-
Manuela (Sorrindo) - Mãe, não! eu estou bem, pode não parecer. Mas eu estou, eu fiquei quase 2 meses internada. Eu preciso ter um pouco de liberdade né?
Marina - Eu sei, mas eu fico com medo do que pode acontecer meu amor.
Manuela - A minha única preocupação agora é saber como vai ser minha vida. Não é fácil ter um coração novo, vou mudar toda minha rotina.
Melissa - Você não sente curiosidade, Manu?
Manuela - Curiosidade? de que?
Melissa - De quem era esse coração?
Manuela - É verdade...eu acabei nem perguntando pra médica Silvia. De quem era esse meu coração?
(A imagem congela em Manuela. A imagem fica branca e o capítulo se encerra.)
Obrigado pelo seu comentário!