Débora
CAPÍTULO 45
Penúltimo Capítulo
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
CENA 1: EXT.
BETEL – RUAS – DIA
Todas
as ruas de Betel estão movimentadíssimas com as famílias se preparando para a
partida de seus membros homens. Choros de preocupação são constantes...
CENA
2: EXT. CASA DE DÉBORA – FRENTE – DIA
Tamar, abatida, está com Débora e
Lapidote. Ele segura a espada que ela havia usado e que estava no baú.
DÉBORA
Então agora
é você quem a usará?
LAPIDOTE
Espero que
seja Deus, porque se depender de mim, morro no primeiro confronto...
TAMAR
Lapidote,
não diga isso...
DÉBORA
Oh, mãe...
Débora a abraça.
TAMAR
Eles já
levaram o Elian, e agora vocês partindo para a guerra...
LAPIDOTE
Deus estará
conosco, minha sogra. Deus estará conosco...
CENA
3: EXT. BETEL – RUA – DIA
Adélia e Laila caminham pela rua
observando a movimentação.
ADÉLIA
Meu Deus...
Nem imagino a dor dessas mulheres e crianças de saberem que seus maridos,
filhos e pais estão indo pra uma guerra... Nunca nem ouvimos falar disso nos
nossos tempos...
LAILA
Eles
precisam ser fortes nesse momento.
ADÉLIA
Se eu ao menos
tivesse criado uma receita que amenizasse isso...
Adélia então avista Setur logo ali;
correm até ele.
ADÉLIA
Setur!
SETUR
Adélia!
Estava indo agora mesmo na loja...
ADÉLIA
Por quê?...
SETUR
Iria me
despedir. Afinal, combinamos de sair...
Adélia solta um pequeno sorriso.
ADÉLIA
Então você
também vai...
SETUR
Todos os
homens devem ir. É uma missão nobre, ordenada pelo próprio Deus.
ADÉLIA
Se cuida!
Se cuida, Setur!...
Ele sorri e pega as mãos dela.
SETUR
Não se
preocupe. Eu voltarei... E você trate de me esperar. Assim que eu voltar vamos
sair e nos conhecer melhor.
Ela sorri esperançosa.
ADÉLIA
Estarei
esperando.
Laila então avista Mireu passando
por ali.
LAILA
Mireu!
Mireu vai até eles.
MIREU
Sim?...
LAILA
Apenas...
tome cuidado... meu amigo.
MIREU
Claro...
Não se preocupe, Laila. Eu não--
Mireu é interrompido por Laila que
avança e lhe dá um beijo na boca!
Um beijo de despedida... Ao ver
aquilo o queixo de Adélia cai.
Laila se afasta... Mireu está com
os olhos esbugalhados... Ela, constrangida, olha para o chão.
LAILA
Me
desculpe...
Laila sai correndo. Mireu, ainda
surpreso, olha para Adélia.
MIREU
Uau...
Adélia faz que sim.
ADÉLIA
Uau...
CENA
4: EXT. BETEL – ARREDORES – DIA
No lado de fora da cidade, centenas
de homens estão prontos para partirem. A maioria é de Betel, mas há vários de
vilarejos próximos.
Débora, montada em Pérola, vem lá
de dentro da cidade, passa pelo grande grupo de mulheres e crianças que já se
despediram e agora os observam, e vira de frente para elas. Tamar, Isabel,
Adélia, Laila, entre todas as outras, a observam.
DÉBORA
Minhas
irmãs, agora falo com vocês! Por alguns dias esses homens valorosos estão fora,
lutando a guerra do Senhor! A cidade ficará nas mãos de todas vocês! Cuidem
dela, e cuidem de nossas crianças! Mas, mais importante do que isso tudo, orem!
Orem sem cessar! Para que Deus esteja conosco todo o tempo! E que possamos
voltar aqui vitoriosos e como uma nação livre, tal qual Deus prometeu a Abraão
que seria sua descendência!
Várias delas gritam “Amém”.
DÉBORA
Que Deus as
abençoe e as proteja!
Débora sorri para Tamar, Isabel e
outras. Então vira Pérola e cavalga até a frente do grande grupo de homens,
onde está Baraque, em seu cavalo, e, nas fileiras da frente dos soldados à pé,
Lapidote.
DÉBORA
(para
Baraque) Vamos.
Débora sai à frente. Baraque faz
sinal apontando e todo o povo começa a andar. Um pequeno exército partindo de
Betel.
As mulheres, apreensivas, buscam
conforto umas nas outras...
O
olhar de Débora para o horizonte é firme.
CENA
5: EXT. HAROSETE – RUA – DIA
Três carroças são guiadas pela rua.
Cada uma carrega uma grande gaiola de madeira com 4 hebreus em cada. Elian e
Sama estão na mesma.
Sísera, indo à frente das carroças,
sorri para o povo hazorita.
SÍSERA
Veja, povo
de Hazor! Vocês todos se lembram de Débora, a guerreira que tanto os
aterrorizou?! Vocês se lembram que muitos passaram a temer se aproximar dos
hebreus, com medo de parecer estarem lhes fazendo mal e a figura de Débora
surgir de repente?! Lembram que os hebreus se tornaram um povo temido?!
O povo presta atenção.
SÍSERA
Eis aqui os
hebreus, povo de Hazor. Do jeito que nasceram para ser: dominados.
Trancafiados. Os hebreus não são nada!!!
O povo vibra.
SÍSERA
E, além do
mais, aquele homem é ninguém menos que o pai de Débora. Sintam-se à
vontade de demonstrar todo o seu desprezo por eles.
Sísera
dá as costas. Atrás dele, o povo começa a jogar frutas e outros objetos nas 3
gaiolas. Elian, Sama e os outros 10 tentam proteger o rosto...
CENA
6: EXT. QUEDES – ARREDORES – NOITE
O dia cai e a noite vem e avança.
Finalmente a grande comitiva
hebreia chega nos arredores de Quedes e ali mesmo, fora da cidade, os homens
começam a sentar e deitar.
Débora desce de Pérola e, junto a
Lapidote e Baraque, caminha na direção do portão da cidade, de onde vem Jaziel
com Melissa, Sara, Abinoão, Renê e outras pessoas.
Sara pula no pescoço de Baraque e
Jaziel, depois de deixar Melissa em pé ao seu lado, abraça Débora e Lapidote.
Depois de saudar os pais, Baraque junta sua família à de Débora.
BARAQUE
Débora,
essa é minha esposa Sara.
Elas se cumprimentam com um abraço.
SARA
É um prazer
e uma honra conhecê-la.
Abinoão aperta a mão dela.
ABINOÃO
Não pensei
que ainda em vida poderia vê-la, minha juíza.
Débora também sorri para ele, e
Renê logo vem e a abraça.
RENÊ
Ai, que
prazer é abraçar a escolhida de Deus... Que privilégio!
DÉBORA
O prazer é
meu em conhecer todos vocês, meus irmãos.
Todos eles também saúdam Lapidote.
JAZIEL
Em quantos
estão?
DÉBORA
Saímos em
algumas centenas de Betel, mas todas as cidades de Efraim se juntaram a nós no
caminho. E um mensageiro nos alcançou e nos informou que a tribo de Benjamin
soube da batalha e já está a caminho. Até o amanhecer eles devem chegar e se
juntar a nós.
JAZIEL
Débora...
Vamos precisar de muitos homens.
DÉBORA
10.000. Foi
o que ordenou Deus a Baraque.
SARA
Quê?! Baraque?!
Deus falou com você?!
BARAQUE
Sara, mãe,
pai... Venham aqui, eu vou lhes contar tudo.
Os 4 se afastam para conversar.
Jaziel se aproxima de Débora e Lapidote.
JAZIEL
Débora...
Os hazoritas... Eles vieram e levaram vários daqui de Quedes.
DÉBORA
Até
daqui?...
JAZIEL
Então foram
em Betel?
DÉBORA
Sim. Meu
pai... Eles o levaram.
Inconformado, Jaziel respira fundo.
JAZIEL
E Sama...
Eles também a levaram.
DÉBORA
Meu Deus...
JAZIEL
Débora, já
que Deus deu a ordem, temos que ir com tudo e resgatá-los.
DÉBORA
Temo que
eles os matem... Mataram Aliã... Capturaram o ancião e depois o mataram. Não
paro de pedir a Deus que proteja meu pai e todos os outros... agora Sama,
também.
LAPIDOTE
Jaziel,
quem é essa menina?
JAZIEL
Desculpe,
minha cabeça está longe, nem me lembrei de apresenta-la... É a Melissa, sua
prima, Débora.
LAPIDOTE
E minha
também. (sorrindo) Por que não?
DÉBORA
Filha da
Sama?!
JAZIEL
Sim...
Débora sorri e pega Melissa no
colo.
DÉBORA
Vem com a
tia, meu amor...
MELISSA
Você é a
Débora?
DÉBORA
(sorrindo) Sou eu
sim.
MELISSA
Minha mãe
disse que você é minha prima, e não tia.
Débora ri e a beija.
DÉBORA
E quer
saber? Sua mamãe tem toda a razão.
Melissa sorri.
JAZIEL
Eu vi
quando eles pegaram Sama e a deixaram... Quando lembro meu coração ainda dói...
(cabisbaixo) Eu não esperava por isso...
DÉBORA
Jaziel, eu
espero que poder contar com a sua ajuda nessa missão. Não podemos falhar na fé,
meu irmão.
Jaziel fita os olhos dela.
JAZIEL
Não
falharemos, minha irmã.
Débora faz que sim e entrega
Melissa no colo de Lapidote, que a distrai com brincadeiras.
Baraque então deixa sua família e
se aproxima.
BARAQUE
Débora...
Precisamos convocar todas as outras cidades daqui de Naftali e também toda a tribo
de Zebulom.
DÉBORA
Diga a
eles... Peça que se voluntariem para os buscarem...
Baraque fica receoso.
DÉBORA
Vá.
Baraque faz que sim e vira para os
homens sentados e deitados por ali.
BARAQUE
Preciso de
pelo menos 30 homens para partirem imediatamente e trazer os homens das outras
cidades de Naftali e os de toda a tribo de Zebulom!
Demora
um pouco, mas logo o número de homens necessário se completa. Débora, Baraque e
Jaziel conseguem cavalos para eles, que partem imediatamente noite adentro.
CENA
7: INT. PALÁCIO – CELA – NOITE
Os 12 hebreus, alguns sentados,
outros escorados nas paredes e ainda outros deitados no chão, estão em silêncio
e abatidos.
Elian segura a mão de Sama, como se
a impedisse de desfalecer... Abatida, a todo instante uma lágrima lhe risca o
rosto.
Pouco depois ela percebe que seu
tio observa com preocupação os outros... Então eles dois se olham... E começam
a falar com o povo ali.
Pouco
depois, Elian, com o apoio da sobrinha, tenta encorajar os companheiros e
mantê-los na fé...
CENA
8: INT. CASA DO AMOR – NOITE
Uma música distante e algumas
dançarinas no palco...
Abatido, Gadi bebe vinho em uma das
mesas. Sísera chega ali com sua taça e coloca outra jarra cheia em cima.
SÍSERA
Mais uma.
GADI
Hum...
Sísera senta, bebe e nota o olhar
desanimado de seu Primeiro Oficial.
SÍSERA
Como ela
está?
Gadi arqueia as sobrancelhas e
respira fundo.
GADI
Mal... Com
alto risco...
E bebe.
SÍSERA
Eu sinto
muito.
GADI
Obrigado,
senhor...
Eles ficam alguns segundos em
silêncio.
Por fim...
GADI
Nunca
pensei que Laís poderia morrer primeiro que eu... Aliás, nunca pensei que ela
poderia morrer... Somos tão jovens... Parece que foi ontem que nos casamos.
Toda a vida pela frente... Maldita e desgraçada morte. Quem dera minha espada
pudesse aniquilar essa sombra que assombra os homens desde que o mundo é
mundo...
Sísera faz que sim.
GADI
Senhor...
Já pensou em sua morte? Digo... Se pudesse escolher... como morreria?
Sísera respira fundo e toma um bom
gole de vinho.
SÍSERA
Se eu
pudesse escolher... não morreria. (pensativo) Mas... se tivesse que
escolher mesmo... (pequena pausa; então olha para Gadi) minha
morte seria gloriosa. Grandiosa. Épica. Seria no campo de batalha... Morreria
exausto, ferido, destruído... mas de pé. De pé diante de um inimigo superior...
De um opositor o qual eu reconhecesse sua superioridade. Ainda assim, mesmo com
o corpo destruído, eu tentaria um último golpe. Seria o meu último... Seria o
meu fim. Meu glorioso fim.
Gadi, impressionado, faz que sim
enquanto bebe mais.
SÍSERA
Porém...
está para nascer tal opositor.
Ele ri e Gadi sorri.
GADI
À vida.
SÍSERA
À vida
eterna.
Ambos
levantam as taças um para o outro e bebem.
CENA
9: EXT. MEROZ – ARREDORES – NOITE
Dois hebreus dos voluntários de
Quedes conversam com Elói, que está com outros homens de sua cidade.
ELÓI
Nós não
iremos! Qual é a dificuldade em entender isso?!
HEBREU 1
A ordem é
de Deus! O Senhor convoca as tribos de Naftali e Zebulom!
HEBREU 2
Elas não
podem faltar!
ELÓI
Ah, Deus
convoca, ahn?! E por quê?! Por que Deus obriga Naftali e Zebulom e as outras
não?! Somos mais pecadores do que eles e por isso precisamos arriscar nossas
vidas numa batalha que já começa com vencedores, os hazoritas?! De forma alguma!
Estamos bem, aqui, e aqui ficaremos. Vocês podem ir embora.
HEBREU 2
Muito bem.
Saiba que você recusou um pedido de socorro.
HEBREU 1
Você e sua
cidade abandonaram seus irmãos.
ELÓI
Vão embora!
Os
dois hebreus viram, montam em seus cavalos e partem sob os olhares raivosos de
Elói e dos homens.
CENA
10: EXT. QUEDES – ARREDORES – DIA
A noite passa e amanhece.
Durante todo o dia, homens de
diversos lugares de Israel chegam ali nos arredores de Quedes. Cada vez mais o
grupo de hebreus aumenta para longe dos limites da cidade. Apesar do grande
número, todos recebem água e pão das mulheres de Quedes.
Baraque, de pé diante daquela
multidão, parece abatido com o número cada vez maior de hebreus. Débora se
aproxima por trás e para ao lado dele.
BARAQUE
De dia é
ainda mais assustador... Acho que prefiro a noite. Pelo menos assim não sei em
quantos eles são.
DÉBORA
Baraque,
por que teme? Deus não o escolheu para essa missão?
BARAQUE
Esse é o
problema, Débora. Por que eu? Por que Deus escolheu a mim?! Você é a
juíza, você era guerreira, lutou por todos nós!... Eu tenho lá minhas
habilidades de combate, mas é só... Não tenho carisma algum, não sei estar à
frente de ninguém!
DÉBORA
Por que
insiste em pensar que Deus escolhe aqueles que são aparentemente preparados?
BARAQUE
E não é
assim que tem de ser?
Débora olha para frente, para os
homens.
DÉBORA
Minha
missão, Baraque, é ser juíza, profetiza, líder... Não é comandar exército. Deus
me capacitou para isso.
BARAQUE
“Capacitou”...
DÉBORA
Sim. Não
pense você que Deus escolhe os capacitados ou os que se julgam ser... Deus
capacita seus escolhidos, meu amigo. E é isso o que Ele está fazendo com você.
Você se saiu bem na convocação de voluntários, e agora temos aqui os convocados
de Deus. Concentre-se, porque liderará esses homens no campo de batalha. E se o
Senhor o escolheu, é porque não há ninguém melhor do que você nesse mundo para
tal missão.
Baraque
respira fundo. Débora bate de leve no braço dele e sai.
CENA
11: EXT. QUEDES – ARREDORES – DIA
O dia todo passa e não para de
chegar homens em Quedes.
Por fim, lá pelo meio da tarde, Baraque
vai até Débora.
DÉBORA
E então?
Todos chegaram?
BARAQUE
Todos estão
aqui.
DÉBORA
As tribos
que não podem faltar de forma alguma são Naftali e Zebulom. Todos dessas devem
vir e atender o chamado do Senhor.
BARAQUE
Débora...
Todos os povos dessas tribos vieram, com exceção de uma cidade chamada Meroz,
de Naftali. Eles se recusaram.
Débora respira fundo.
DÉBORA
Tudo bem...
Eles terão de prestar contas a Deus. Deixe-os para lá.
BARAQUE
Por outro
lado, tivemos surpresas. O povo da região de Maquir veio com toda sua força.
Veja.
Débora olha para onde ele aponta e
vê um homem, à frente de quase 100 homens, que lhe faz um sinal. Débora sorri
esperançosa e acena em agradecimento.
BARAQUE
E também a
tribo de Issacar. Seus homens mais fortes e valentes se propuseram a lutar
conosco. Lá.
Débora olha lá para o meio da
multidão, e vê um grande grupo de homens vestidos de roxo.
DÉBORA
Glória a
Deus!
BARAQUE
E, por fim,
Rúben. Eu soube que muitas foram as discussões por lá e o povo ficou dividido.
Mas a parte que nos apoiou não ouviu a outra e veio.
DÉBORA
Onde eles
estão?!
BARAQUE
Olhe para
trás.
Débora vira e sorri ao ver vários
homens sorrindo e lhe fazendo sinais que significam lealdade. Ela sorri e lhes
acena em agradecimento.
DÉBORA
E em
quantos somos?
BARAQUE
Quer
arriscar?
Débora sorri.
DÉBORA
10.000?
BARAQUE
Como
ordenou Deus.
Débora sorri e levanta as mãos para
o alto.
DÉBORA
Glória a
Deus!
Olha para Baraque.
DÉBORA
Então está
na hora. Vamos partir.
Jaziel entrega Melissa para Sara.
JAZIEL
Escute,
Melissa, você vai ficar uns dias com a Sara, está bem? E também terá o senhor
Abinoão e a senhora Renê.
MELISSA
E minha
mãe?...
JAZIEL
Estou indo
busca-la. Daqui a poucos dias, com a ajuda de Deus, eu a trarei de volta para
você. Está bem? Não se preocupe, Melissa.
Jaziel a beija.
JAZIEL
(para eles)
Obrigado... E que Deus os recompense.
SARA, RENÊ,
ABINOÃO
Amém.
Baraque despede da família... Cada
um deles lhe dá um longo abraço... Sara o beija. Ele então toca a barriga
dela...
BARAQUE
Espere por
mim...
SARA
Sempre!
Sorriem e trocam outro beijo.
Pouco depois, Débora, montada em
Pérola, convoca todos para se levantarem e se prepararem.
Lapidote fica na fila da frente. No
cavalo vai Baraque e, ao lado dele e um pouco mais à frente, Débora em Pérola.
Então
Débora, Baraque e os 10.000 homens começam a deixar Quedes e a partir dali rumo
ao deserto.
CENA
12: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
Jabim, inquieto no trono, chama
Sísera, que está ali perto conversando com alguns nobres. O Capitão
imediatamente se aproxima.
JABIM
Sísera, eu
me cansei. Estou cansado de esperar. Decidi que vou matar os 12 hebreus.
Sísera levanta um pouco a cabeça.
SÍSERA
Providenciarei
tudo para agora mesmo.
CENA
13: EXT. HAROSETE – PRAÇA – DIA
Todo o povo de Harosete está
reunido ali na praça e nas ruas ao redor. Os soldados cercam o centro da praça
onde está o rei Jabim em cima de um palco de madeira, e Sísera, Gadi e outros
soldados ao redor dos 12 hebreus, de pé, com as mãos amarradas para trás e um
ao lado do outro.
JABIM
Hebreus!
Que prazer me dá vê-los aqui, sozinhos e entre seus inimigos... Nem consigo
imaginar o pavor que devem estar sentindo.
Jabim ri. Alguns dos 12,
principalmente as mulheres, choram sem parar. Elian tenta se manter firme, e
Sama, ao seu lado, apesar dos olhos marejados, não chora.
JABIM
Porém, para
que meu povo não diga que não sou um rei misericordioso, vou lhes dar uma
chance de sobrevivência.
Alguns dos 12 o olham esperançosos.
JABIM
Se vocês se
ajoelharem aqui e agora diante de mim, da mesma forma que fazem diante do tal
Deus único, eu pouparei suas vidas do fio da espada.
Elian o olha horrorizado. Sama nem reage,
parece que já esperava por algo assim.
JABIM
Pois bem.
Se querem viver, ajoelhem-se todos diante de Jabim, o rei dos reis e senhor de
toda Canaã.
Os hebreus não se mexem. Jabim
aguarda...
JABIM
Estou
esperando...
Alguns dos 12 se entreolham...
JABIM
Parece que
vai ter sangue no chão, hein... Hum? O que me dizem?
Elian então olha diretamente nos
olhos de Jabim.
ELIAN
Ninguém
aqui se ajoelhará. Não fazemos isso diante de homens, muito menos de
incircuncisos, idólatras e pagãos. Só nos ajoelhamos diante do Senhor Deus de
Israel, único e invencível Deus!
O povo se impressiona diante de tal
resposta ao seu rei. Sísera sorri, parece já sentir o cheiro de sangue. O rosto
de Jabim se avermelha e, furioso, ele se levanta.
JABIM
Sísera! Mate-os
imediatamente!
SÍSERA
Com prazer,
meu rei.
Sísera saca sua espada e se
aproxima de Elian.
SÍSERA
Você
deveria morrer duas vezes. A outra seria por gerar Débora.
Elian fecha os olhos. Sísera então
segura-o pelo ombro e, com a outra mão, prepara para fincar nele a espada.
VOZ
Capitão!!!
Sísera para a espada prestes a atingir
Elian e olha para a direção de que vem a voz.
VOZ
Capitão
Sísera!!!
O dono da voz passa por entre o
povo e para no cerco dos soldados. Sísera o olha com certa raiva.
MENSAGEIRO
Capitão
Sísera! Os hebreus! Os hebreus estão vindo! Os hebreus estão vindo, Capitão!
SÍSERA
Deixem-no.
Os soldados se afastam e o homem se
aproxima. Ajoelha-se diante de Jabim e vem até Sísera.
SÍSERA
Do que está
falando?!
MENSAGEIRO
Débora está
vindo! Está vindo com milhares de homens!
Os olhos de Jabim brilham e ele
sorri com malícia. Elian tem a mesma reação corporal, porém seu sentimento é de
esperança.
ELIAN
(para Sama) Deus há de
nos salvar! Débora está vindo!
SAMA
Glória seja
dada a Deus!
SÍSERA
(para o
mensageiro) Por onde estão vindo?!
MENSAGEIRO
Pelo que me
disseram os olheiros, pelo caminho do monte Tabor!
Sísera olha para o rei.
JABIM
Prepare o
exército imediatamente! Esses hebreus, quero-os de volta à cela, e bem
vigiados! Também convoque os exércitos de todos os reinos que estão sob o nosso
domínio. Vou humilhar Débora até onde não for mais possível alguém ser
humilhado!
Sísera
chama Gadi e alguns soldados e sai correndo. Outros então conduzem os 12 de
volta à cela; choram e sorriem aliviados por terem sidos salvos da morte.
CENA
14: EXT. HAROSETE – RUA – DIA
O povo se espalha apressado pelas
ruas...
Sísera se separa de Gadi e os
outros e entra em uma casa de portas escuras.
Pouco depois sai de dentro puxando
Hanna pelo braço.
HANNA
Me solta,
Sísera!
Ele a solta.
SÍSERA
Você não
disse que queria lutar?! Que queria fazer parte do exército em uma batalha?!
HANNA
(surpresa) Contra
quem vamos lutar?!
SÍSERA
Ora, contra
quem mais poderia ser?! Débora e os seus, é claro!
Um sorriso surge no rosto de Hanna.
HANNA
Ótimo!
Esperei muito por esse momento. Vamos, Sísera!
SÍSERA
Eu vou lhe
dar suas roupas de soldado! E você deve seguir e obedecer a todas as
minhas instruções!
Eles
saem correndo.
CENA
15: INT. PALÁCIO – CASA – SALA – DIA
Um pouco de tempo se passa.
Najara vem de outro cômodo e
encontra Sísera amarrando as peças que compõe sua vestidura de guerra.
NAJARA
Então
Débora finalmente resolveu nos atacar.
SÍSERA
Finalmente.
Mas logo não haverá Débora alguma para se arrepender de ter saído de casa.
Najara segura o ombro do filho e sorri.
NAJARA
Que orgulho
de ver o meu filho vestido assim e indo para a guerra...
SÍSERA
Orgulho? Se
ainda fosse contra um exército formidável... São os hebreus, mãe. Nem vai ter
graça. Se não fosse para me divertir com Débora, acho que eu nem iria. Será fácil
demais... Eles não sabem lutar. Nunca lutaram. Dependendo do número em que estiverem,
só nossos carros de ferro bastarão para os aniquilar por completo.
NAJARA
Hum...
Mesmo assim eu sinto orgulho, Sísera. Isso é coisa de mãe, você não entenderia.
SÍSERA
Mas uma
coisa eu entendo, minha mãe...
NAJARA
O quê?
SÍSERA
Esse reino
precisa de um rei mais apropriado.
Najara olha para os lados...
NAJARA
(baixinho) E você tem
alguma ideia quanto a isso?
SÍSERA
A senhora
quer mesmo saber? Sempre me repreendeu quando insinuei esse assunto...
NAJARA
Talvez
agora eu esteja mais suscetível a concordar com você, Sísera.
Ele termina de amarrar uma peça em
seu braço; vira para Najara e segura as mãos dela.
SÍSERA
Quando eu
voltar, falaremos sobre isso em detalhes. Porém, o que posso adiantar é que
farei daquele trono o meu lugar. Na ponta de meu cetro estará o crânio de
Débora. E, ao meu lado, ficará a senhora, pois a colocarei como minha rainha
conselheira.
Najara sorri.
NAJARA
Você nunca
me decepciona, meu filho.
Eles então se abraçam... Um longo
abraço.
Por fim se soltam.
SÍSERA
Até breve,
mãe.
NAJARA
Até breve,
Sísera, até breve...
Sísera pega sua espada, coloca-a na
bainha e vai para a porta; passa, dá uma última olhada em Najara e sai.
Najara
sorri com os prenúncios em sua mente...
CENA
16: EXT. HAROSETE – ARREDORES – DIA
Finalmente os carros de ferro saem
de seus lugares e se colocam à frente. Em seguida vêm todos os soldados à pé. Disfarçada
no meio deles está Hanna, concentrada.
Gadi, em um dos carros da frente,
olha para Sísera.
GADI
Senhor, os
outros reis de Canaã, nossos subordinados, enviarão seus exércitos para nos
encontrarem no ponto combinado.
SÍSERA
Ótimo.
Sísera então aponta a espada para
frente, e todos os 900 carros de ferro partem dali.
Na
janela de sua casa no palácio, Najara, com um sorriso satisfeito, observa o
grande e poderoso exército partindo e se distanciando...
CENA
17: EXT. DESERTO – DIA
Sísera leva seu exército até
próximo do limite daquela planície.
SÍSERA
Daqui até
os morros temos uma distância suficiente para adquirirmos velocidade e
esmigalharmos os malditos.
Gadi faz que sim.
SÍSERA
Envie
olheiros para os morros.
Gadi faz sinal e um grupo de 5
cavaleiros avançam.
SÍSERA
Vamos
esperar.
CENA
18: EXT. MONTE TABOR – DIA
Débora, Baraque e os 10.000 homens
percorrem o montanhoso deserto...
Até que avistam o monte Tabor
impondo-se no horizonte.
DÉBORA
Agora falta
pouco.
Baraque faz que sim e aponta para
frente. O povo continua.
Não demora muito e eles chegam aos
pés do monte. Débora guia Pérola pela lateral do mesmo, em terreno inclinado: à
direita está a subida até o topo, e à esquerda a descida até os pés do monte.
Por ser um grande número de gente,
a maioria nem chega ali no Tabor. Mas uma boa parte do exército está na parte
de baixo do monte, apesar da inclinação do terreno.
BARAQUE
(para
Débora) E agora?
DÉBORA
Agora
esperamos. Deus mandou que viéssemos até o Tabor, não foi?
BARAQUE
Foi
exatamente isso.
DÉBORA
Pois bem...
Vamos aguardar. Em breve Sísera e os seus aparecerão.
E
eles olham para frente. Nessa direção, descendo o monte, estende-se uma vasta
planície, grande o suficiente para caber diversos exércitos.
CENA
19: EXT. DESERTO – DIA
Conforme o sol se abaixa, exércitos
de outros reinos pertencentes a Hazor chegam e se juntam a eles, formando milhares
e milhares.
Sísera está em um carro, que é
guiado por um soldado. No carro ao lado, também guiado por um soldado, está
Gadi, que olha para o Capitão.
GADI
Estamos há
horas aqui, e nem sinal deles.
SÍSERA
Os olheiros
estão vindo.
Gadi vira e nota os 5 cavaleiros
aproximando-se a toda velocidade.
Eles chegam ali.
SÍSERA
O que
viram?!
OLHEIRO 1
O exército
de Débora está no monte Tabor, e não parecem dispostos a avançarem.
SÍSERA
Maldição!...
OLHEIRO 2
É como se
soubessem da nossa desvantagem no campo montanhoso...
SÍSERA
Muito bem.
Não tem problema. Vamos até o monte Tabor agora mesmo.
GADI
Mas
senhor... Os nossos carros... É aqui, no plano, que nós temos a vantagem...
SÍSERA
Gadi, por
favor! São os hebreus! Camponeses e mercadores! Não será um terreno montanhoso
que vai nos fazer ser derrotados por essa gente!
Sísera olha para todo o exército e
aponta sua espada para frente.
SÍSERA
Avante!
Marchem!
Então os carros de Sísera e Gadi
saem na frente guiando toda aquela multidão de gente para dentro dos terrenos
mais montanhosos.
Até o final da tarde, o
absurdamente gigantesco e poderoso exército comandado por Sísera avança pelo
deserto...
Até que chegam do outro lado
daquela vasta planície à frente dos hebreus. Débora, Baraque e Jaziel os
avistam.
JAZIEL
Eles
chegaram em Taanaque.
BARAQUE
Taanaque?
JAZIEL
É o nome
dessa planície.
DÉBORA
Baraque,
vamos fazer uma estimativa de quantos eles são.
BARAQUE
Por Deus...
São tantos...
DÉBORA
Lapidote,
Jaziel... Por favor, nos ajudem.
Os 4 então, olhando lá para muitos
quilômetros à frente, fazem sua contagem estimada do exército inimigo.
Do outro lado, Gadi aponta o monte
Tabor.
GADI
Chegamos.
Sísera sorri.
SÍSERA
E essa
planície à frente que separa os hebreus de nós?
GADI
Uma inesperada
vantagem.
SÍSERA
Essa Débora
se julga tão inteligente e não consegue ter o mínimo de estratégia... Não
passam de selvagens. Exército!!! Preparar!!!
No monte Tabor...
JAZIEL
Já perdi as
contas... Mas são pelo menos 50.000 homens... 5 vezes mais do que nós.
DÉBORA
Muito bem.
Jaziel e Lapidote então voltam para
junto dos homens. Éder está por ali.
ÉDER
50.000
homens?!
JAZIEL
Sim...
ÉDER
E nem temos
escudos, e muito menos lança.
Jaziel faz que sim.
ÉDER
Sabe que é
impossível, não sabe?
Jaziel olha para frente.
JAZIEL
Sim. (olha
para Éder) Mas sabe que vamos conseguir, não sabe?
Éder demora um pouco, mas faz que
sim.
ÉDER
Sei sim.
Mireu, ao seu lado, olha todo o
exército hebreu e depois o exército inimigo lá na frente.
MIREU
Nunca vi
tanta gente em um mesmo lugar.
ÉDER
Imagine então
quando os dois exércitos se colidirem...
Débora então vira Pérola de frente
para os homens e olha para Lapidote. Trocam olhares de apoio. Então ela olha
para todos eles.
DÉBORA
Posso ouvir
que já se espalha entre vocês comentários sobre a desproporcionalidade em
números entre nós e eles. Porém, se chegamos aqui, é porque Deus chegou
primeiro. Uma vez o juiz Sangar me disse que enfrentar até a morte é o destino
de um juiz de Israel. Porém eu digo a vocês que enfrentar até a morte é o
destino de todo hebreu, de todo filho e servo do Senhor! Quando se faz isso em
nome de um ideal, um ideal compartilhado e apoiado por Deus, não há mal algum
para se temer! E esse ideal, de liberdade e de prosperidade da nossa nação, não
é apenas um sonho, nunca foi só um sonho! Ele é o nosso destino! Pelo qual aqui
estamos, para que ele se cumpra!
O povo se anima, e segura suas
espadas e outras armas rústicas com mais confiança.
DÉBORA
Nós somos
as estrelas do céu de Abraão! Somos os herdeiros dessa terra maravilhosa, terra
que mana leite e mel! Não tema, Israel! Deus está conosco e a vitória já é
nossa!
Os homens gritam animados. Débora
olha para Baraque.
DÉBORA
Vá com
ânimo, porque hoje é o dia em que o Senhor dará Sísera na sua mão. Porventura
não está o Senhor à sua frente?
Baraque, segurando as rédeas
firmemente, faz que sim.
DÉBORA
Ao meu
sinal.
Ela então guia Pérola à frente e
subindo o monte.
Do outro lado, Sísera olha para
frente com um sorriso.
SÍSERA
Uma coisa
não podemos negar: esses hebreus são corajosos. É como se um recém-nascido
enfrentasse um gigante.
Gadi permanece em silêncio.
SÍSERA
Gadi,
destaque uma dezena de homens e os mande para a cidade de Betel. Quando
souberem da derrota de seus homens e da morte de sua líder, podem querer fugir
e dificultar o nosso trabalho de extermínio. Mande-os para lá para que contenha
o povo. Que usem a espada caso essas mulheres ofereçam resistência.
GADI
Agora
mesmo, senhor.
Gadi vira para um grupo de soldados
à direita da formação e lhes faz um sinal.
GADI
Betel!
Os cavaleiros entendem e
rapidamente se destacam do grandioso exército e partem pelo deserto em outra
direção.
Sísera olha para frente.
SÍSERA
Vamos,
Gadi. Vamos terminar isso de uma vez por todas.
Ele então aponta a espada para
frente. Os soldados dos carros de ferro batem as rédeas e os homens marcham.
Vão ganhando velocidade... Chegam na planície de Taanaque e batem as rédeas
ainda mais forte.
Do outro lado, Baraque nota que o
exército está avançando e, ansioso, olha deles para Débora, lá no meio da
subida do monte. Mas ela apenas observa os inimigos, não dá sinal algum.
Débora então desce de Pérola.
DÉBORA
Fique aqui,
garota.
Débora sobe mais alguns metros no
monte, para e vira. À frente, os hazoritas e cananeus vêm avançando. Ao seu
lado esquerdo e atrás, os hebreus.
Débora então fecha os olhos. Tudo
se silencia...
E ela se lembra.
DEUS (O.S.)
Eu estarei
com você, Débora. Sempre.
Ela abre os olhos; nesse momento
percebe que o céu está mudando. De repente, nuvens pesadas começam a se
aproximar dali...
No carro da frente e disparando a
toda velocidade pela planície, Sísera olha para os lados e para cima.
Relâmpagos e trovões vão se intensificando. Gadi também olha, mas eles nada
dizem.
Atrás dos carros, os homens correm
a pé, entre eles Hanna, ainda disfarçada.
Para Baraque, aquele grandioso
exército está perto demais e, inquieto, não tira os olhos de Débora. Então, olhando
para os que se aproximam, ela levanta sua mão devagar, como se já se
preparasse.
ÉDER
Já não
devíamos estar avançando? Eles estão próximos!
JAZIEL
Acalme-se,
Éder.
Então Débora finalmente aponta sua
mão para frente. Imediatamente Baraque levanta seu braço.
BARAQUE
Atacar!!!
Os gritos dos 10.000 hebreus se
espalham pelas montanhas e se sobrepõe aos dos trovões. Baraque e os da frente
então descem o que resta do monte Tabor até a planície e avançam correndo.
Débora olha e vê todos eles passando ali pelos pés do Tabor.
DÉBORA
Avante,
Israel!!! Avante!!!
SÍSERA
Finalmente!
Nisso, um forte trovão. As nuvens,
cada vez mais pesadas, se ajuntam sobre a planície e escurecem o local. Olhando
para cima e vendo que não resta muito terreno de planície, Sísera faz sinal e
os carros de ferro param.
SÍSERA
Aguardem!
Eles estão chegando!
GADI
Senhor!
Veja onde paramos!
Sísera olha para os lados.
SÍSERA
O que que
tem?
GADI
(apontando
para os lados) Isso aqui é o leito de um rio... que cruza essa
planície. Suspeito que trata-se... do ribeiro de Quisom.
SÍSERA
E o que
isso nos interessa? Não há água, está seco!
Gadi, como se com o olhar dissesse
“Eu não tenho certeza disso”, vira de Sísera para o céu acima, onde as nuvens
relampejam cada vez com mais intensidade.
À frente, Baraque se aproxima
liderando os hebreus. E, no monte Tabor, Débora está de pé e em comunhão com
Deus. Sísera a olha com um ódio sem igual.
SÍSERA
Maldita...
Hoje é o dia em que eu te mato.
Nisso, pingos de água começam a
cair e, em questão de segundos, se intensificam para uma forte chuva.
GADI
Não
precisávamos disso!
SÍSERA
Nada nos
impedirá de acabar com eles! Nada!!!
Sísera bate no ombro de seu soldado,
que bate as rédeas do cavalo, mas as rodas tem dificuldade em andar naquele
lamaçal.
SÍSERA
Rápido!!!
O carro avança apenas alguns
metros.
SOLDADO
Senhor, não
dá! A chuva está nos atrapalhando!
De repente, um barulho ao lado; todos
eles olham.
GADI
Senhor!...
Isso pode ser o rio vindo...
Percebendo e suspeitando do tal
barulho, Hanna, disfarçada, sai do meio dos homens. Eles a olham sem entender.
Então ela arranca as peças da cabeça, dos braços e do corpo. Por fim, apenas de
vestido, ali está Hanna. Sísera a nota.
GADI
O que
aquela mulher está fazendo aqui?!
SÍSERA
(tampando o
rosto por causa da chuva) Nos ajudando.
Com a chuva e o barulho do rio, os
cavalos dos carros, utilizando de toda sua força para saírem dali, arrebentam
as cordas que os unem aos veículos e fogem para o deserto.
SÍSERA
Não!!!
Apesar da chuva, Hanna para bem no
meio do leito do rio e olha para o lado de onde vem o barulho.
Não demora muito e aquilo chega
ali: um mundo de água vindo com toda a força, carregando tudo o que está pela frente.
Confiante, Hanna aponta as palmas da mão e se concentra. Nada acontece ainda...
As águas continuam avançando em sua direção com toda a força. Ela engole em
seco e tenta se concentrar mais. O gigantesco corpo de água se aproxima... Ela
treme... Se desconcentra... As águas crescem à sua frente... Sísera franze a
testa... Hanna grita e aquela enchente sem igual a atinge em cheio.
SÍSERA
Maldição!!!
Sísera e os outro soldados pulam de
seus carros e disparam a correr. Em segundos as águas do rio passam por seu
caminho natural carregando as dezenas e dezenas de carros de ferro que estavam
sem os cavalos.
Os carros de trás se afastam com o
rio passando e a chuva castigando seus rostos.
Baraque, no meio da noite e com a
chuva a seu favor, finalmente avista o rio cruzando e continua a avançar com os
10.000 homens.
Como a força do rio diminuiu, a profundidade
do mesmo é baixa. Baraque e os hebreus o cruzam a pé e surpreendem os soldados
hazoritas, que têm dificuldade de olhar na direção dos hebreus por causa da
chuva intensa contra seus rostos. Antes que eles possam se defender com suas
espadas, os hebreus os atingem mortalmente com suas armas rústicas.
Hazorita após hazorita vai caindo...
Sísera, percebendo aquilo, faz
sinal para o restante dos carros de ferro, que então dão a volta e avançam pela
lateral da planície, aos pés dos morros. Sísera, raivoso e sem carro, apenas os
observa. Débora, do alto do monte, nota que um trovão mais intenso que os
anteriores soa e a terra por onde parte do restante dos carros passa começa a
tremer.
De repente todos aqueles morros
tremem, balançam e começam a se derreter! De um momento para o outro a terra sob
os carros simplesmente afundam, levando juntos os veículos e os soldados, que
gritam desesperados em queda livre.
Uma grande cratera se forma no
local. Sísera mal acredita no que seus olhos veem...
SÍSERA
Gadi!!!
Gadi se aproxima.
SÍSERA
Quero todo
o exército, força total!!!
Gadi corre dali e Sísera se
aproxima de onde ocorre a batalha.
Com a chuva lhes dando vantagem, os
hebreus aniquilam os hazoritas. Quando um desses avista um vulto hebreu e
intenta ataca-lo, outro se aproxima com a chuva, o bloqueia e o finca sua arma.
Sísera se junta aos seus e luta.
Seus movimentos são rápidos e, na medida do possível, precisos. Consegue ferir
vários hebreus, mas nem mesmo tem certeza se os matou.
A chuva continua a castigar a
planície. Os carros que restam estão parados. Os soldados apontam suas espadas
para frente, mas a chuva é intensa demais. Baraque luta contra 2 de uma vez.
Chuta um, desarma o outro, mete-lhe um soco, agarra sua cabeça e bate no outro
que volta e finca sua espada em ambos.
BARAQUE
Vamos!
Avante, hebreus! Eles são muitos!
Débora, no alto do monte, se
ajoelha e ergue as mãos para o céu em oração.
Então a chuva, tão rapidamente como
começou, cessa. Os hazoritas estão completamente desorganizados, mas logo
Sísera olha para a multidão restante do exército, que nem está lutando ainda, e
a chama.
SÍSERA
Ataquem!!!
As dezenas de milhares de homens
avançam. Baraque e os hebreus olham.
BARAQUE
Fiquem
firmes! O Senhor está conosco! Não desanimem! Fiquem firme e o Senhor os dará
em nossas mãos!
Sísera observa seus homens correrem
pelo lamaçal. Os dois exércitos colidem violentamente e a batalha recomeça.
Lapidote usa sua espada
bloqueando-se dos diversos golpes que sofre de todos os lados. Éder, Mireu e
Setur lutam perto um do outro. Jaziel é exímio na espada, e derruba seus
inimigos um a um. Baraque, não muito diferente, chuta os inimigos, desvia-se,
fere-os à espada, decepa cabeças...
SÍSERA
(para Gadi) Não é
possível... Esses hebreus estão mais à vontade do que deveriam!
GADI
A chuva nos
desestabilizou, senhor! E deve tê-los encorajado!
SÍSERA
Minha
espada é que acaba de se encorajar! Vamos!!!
Sísera e Gadi partem. Esse duela
com um e outro hebreu e Sísera volta a lutar. Seu estilo de combate é selvagem:
chuta, dá cotoveladas, corta com a espada, sempre terminando os golpes com um
grito!
Apesar das habilidades de Sísera,
vista de cima, de onde Débora está, a batalha que toma toda a alagada planície
mostra que a superioridade é dos hebreus. A chuva, a enchente do rio e o tremor
dos morros desorganizaram as mentes estratégicas dos hazoritas, e agora eles
lutam para não serem derrotados. Porém, os hebreus lutam como se mãos
invisíveis guiassem seus movimentos, protegendo-se e ferindo.
Sísera luta até próximo da exaustão,
e, por mais que fira vários, percebe que seus homens estão, um a um, caindo
diante dos hebreus. Então ele corre pelo campo de batalha à procura do chefe,
Baraque.
Perto dali, Éder arranca sua pequena
espada de um hazorita e olha para o filho.
ÉDER
Está tudo
bem aí?!
MIREU
Cuidado!
Éder vira para trás a tempo de
desviar de um golpe e fincar sua espada no estômago do inimigo; joga-o no chão
e olha para Mireu.
MIREU
Agora
está...
À margem do ribeiro de Quisom,
Hanna, caída, acorda. Olha no entorno... Então, com dificuldade, ela senta.
Percebe ao seu redor destroços dos
carros de ferro e outros totalmente destruídos ou retorcidos...
Então ela põe-se de pé: a batalha,
próximo dali, é intensa, e Hanna percebe que os hebreus, pouco a pouco, vão
avançando contra os cananeus, derrotando-os de forma inusitada e imprevisível.
Hanna vira para o lado e localiza o
monte Tabor. Vê que nele há uma figura, a silhueta de Débora. Hanna então fecha
os olhos e aponta as palmas das mãos para o chão. De repente seu corpo começa a
subir, seus pés desgrudam do chão e ela ascende nos ares... Hanna está voando!
Ela passa por cima do violento
confronto.
JAZIEL
Uma bruxa!
ÉDER
Essa
não!...
MIREU
Eles têm
uma bruxa?!
Sísera a vê voar na direção do
monte.
SÍSERA
Hanna!!!
Débora é minha!!!
Então Sísera também vai naquela
direção, mas muitos são os hebreus em seu caminho, e ele não consegue avançar
sem precisar lutar.
Débora, ao ver Hanna se aproximando
pelo ar, franze a testa e põe-se de pé. A feiticeira então para e, levitando,
encara Débora.
HANNA
Surpresa,
Débora? Esse é o verdadeiro poder, e não as fantasias que seu povo
conta.
Débora permanece em silêncio. Hanna
então faz um movimento suave com a mão e um dos carros de ferro destruídos
treme, ascende nos ares, passa por Hanna e viaja na direção de Débora a toda
velocidade!
Porém, antes que possa atingi-la,
ele se despedaça no ar em milhares de pedaços, como se um muro invisível
estivesse logo à frente de Débora.
Débora expira aliviada, mas Hanna,
estranhando, desce suavemente e pousa os pés no chão, na base do monte. Então
ela se agacha, coloca as duas mãos no solo molhado e fecha os olhos.
De repente ouve-se um barulho de
rachadura... e, no chão à frente dela, começa a surgir uma fenda. A fenda
rapidamente se alarga e avança monte acima, na direção de Débora. Pedaços do
solo caem para dentro do pequeno abismo formado.
A rachadura, no entanto, logo
para... Por mais que Hanna se concentre, ela não avança. Débora apenas observa
a fenda que subiu até algumas dezenas de metros abaixo.
Hanna então se levanta e a encara
com raiva.
No campo de batalha, os hazoritas e
cananeus tentam de toda forma ferir os hebreus usando de seus golpes rápidos e
espadas afiadas, mas a todo instante são surpreendidos por golpes hebreus
vindos sabem lá de onde.
Sísera encontra Baraque, que
derruba um inimigo e encara o Capitão.
SÍSERA
Então você
é o lacaio de Débora.
BARAQUE
Aproxime-se...
e descubra.
Jaziel chega ali.
JAZIEL
Não quer
dividi-lo?
BARAQUE
Será um
prazer.
Furioso, Sísera avança e os ataca,
mas eles o bloqueiam. Golpes de um lado, de outro. Golpes duplos, bloqueios,
chutes, desvios... Sísera dá conta de ambos!
Nos pés do monte Tabor, Hanna
encara Débora lá em cima.
DÉBORA
Você não
tem poder sobre mim, bruxa!
HANNA
É o que
veremos.
Então Hanna levanta suas mãos e
fortes e brilhantes chamas surgem nelas. Ela as aponta lá para cima, para
Débora... Mas, quando fecha os olhos para atirar as rajadas... ela franze a
testa. Abre os olhos... Parece doer. Desesperada, Hanna sacode as mãos em
chamas e grita! Perdeu o controle sobre o fogo!
Então ela se joga ao chão e enfia
ambas as mãos em uma poça de água.
Agoniada de dor, ela tira as mãos e
vê que estão queimadas.
Sísera começa a ter dificuldade com
Baraque e Jaziel. Quando ataca um, o outro vem. Quando se defende do segundo, o
primeiro lhe desfere um golpe mortal, obrigando-o a se afastar. Já em tom de
desespero, ele agarra um soldado seu e o joga contra os dois hebreus. Pega
outro e faz o mesmo, e outro, e mais outro... E assim escapa do meio deles.
Afastado, Sísera nota que Débora
ainda está no monte e Hanna caída. Então olha para o lado oposto... Os carros
de ferro restantes ainda estão parados; ele lhes faz sinal!
SÍSERA
Esmaguem os
hebreus!!!
SOLDADO
Senhor, mas
o nossos homens estão juntos!
SÍSERA
Esmaguem!!!
Os!!! HEBREUS!!!
Sísera corre na direção do monte e
os cavalos de ferro começam a avançar, porém não ganham velocidade devido ao
terreno escorregadio. Os soldados abrem espaço, e os hebreus conseguem se
desviar. Éder, que luta com um hazorita, ao ver o carro se aproximar, chuta o
inimigo no peito, fazendo-o cair para trás e ser atropelado.
Sísera alcança Hanna, agoniada no
chão por causa de suas mãos, e olha furioso para Débora.
SÍSERA
É assim que
luta, Débora?! De pé, parada no alto de um monte, afastada do perigo?! Essa é a
grande guerreira de Israel?!
DÉBORA
Não sou
guerreira há muito tempo. E não estou aqui para lutar, e sim para pedir ao meu
Deus que os vença.
SÍSERA
Acha que
foi o seu Deus?! Pensa que ele enviou essa chuva, que tornou o curso do Quisom
e que derreteu os montes, engolindo os meus carros?!
Sísera, raivoso, começa a subir o
monte ao lado da fenda, na direção de Débora.
SÍSERA
Não foi!
Porque aqui só há Sísera, e só é feita a minha vontade! Não me conhece
de verdade ainda, sua maldita! Não sabe quem eu sou! Mas te digo: eu sou o seu pesadelo,
Débora! Sou aquele que sobe à imponência das alturas dos montes onde se
assentam os reis, e os destrona! Está me entendendo?! Se preciso for, subo até
o Céu do seu Deus e também O destrono!
De repente, um assovio... Um
assovio agressivo misturado com um som semelhante ao de atrito entre rochas...
Débora nota que o olhar de Sísera é lá para trás dela, para a direção do topo
do monte. No momento em que ela vira, uma bola de fogo sai do céu trás do monte,
passa por cima da cabeça deles e cai lá embaixo, na planície, exatamente sobre
os homens de Sísera. Um estrondo, uma explosão... Hebreus olham para aquilo
maravilhados, e os hazoritas se amedrontam. Hanna, ainda caída, está
impressionada. E Sísera, assombrado, após olhar para Débora, desce o monte
correndo.
É quando diversas outras bolas de
fogo começam a cair do céu de todos os lados: meteoros! Débora, reconhecendo a
ajuda de Deus, sorri.
Os hazoritas correm, mas os
meteoros os atingem em cheio, lançando quem está em volta pelos ares.
Baraque, Lapidote, Jaziel, Éder, Mireu
e todos os outros param e olham admirados.
Os meteoros caem principalmente
onde há concentração de hazoritas, e as explosões se espalham por todo lado.
Desesperado com a chuva de
meteoros, Sísera se junta a Gadi e corre até os carros de ferro ainda inteiros.
Sísera pula em um, joga para fora seus próprios soldados e tenta correr. Todos
os carros de ferro avançam juntos.
Temendo ser atingida, Hanna se
levanta e, mesmo com as mãos feridas, corre dali.
Os carros de ferro continuam
avançando. Sísera está arrasado, mal crê no que seus olhos veem.
GADI
Que povo é
esse, por quem até as estrelas lutam?!
De repente, um carro à frente de
Sísera e Gadi é atingido de lado por um meteoro, livrando apenas o cavalo, que
corre desordenadamente. Os destroços em chamas obrigam Gadi a desviar, e ele se
separa de Sísera. Outro meteoro vem de frente, e Gadi vira. A explosão atrás
balança todo o carro; o cavalo galopa assustado.
Não demora muito e um meteoro vem
de lado e rasga todo o caminho à frente na perpendicular, fazendo levantar uma
nuvem de fogo e poeira. Assustado, o cavalo para, fica apenas sobre as patas
traseiras e relincha. Gadi tenta controla-lo, mas ele se desprende e foge
assustado. É quando outro meteoro vem da frente, fura o muro de poeira, fogo e
fumaça e atinge o carro de Gadi de raspão, fazendo-o virar e capotar duas
vezes.
Com explosões para todos os lados,
Hanna derrapa e se esconde atrás de um carro de ferro retorcido. Ela treme a
cada som de explosão. Seus olhos, assustados como os de uma criança, assistem
aquele espetáculo medonho no céu.
Um meteoro atinge a traseira do
carro de Sísera, o que faz ele ser levantado e jogado pelos ares. O carro
capota dezenas de vezes, mas Sísera cai na lama.
Os hebreus agora pouco lutam e mais
observam os carros sendo atingidos pelos meteoros. O céu, avermelhado, não para
de despejar a chuva de fogo que aterroriza os hazoritas.
Do alto do monte, Débora observa
maravilhada a planície: focos de incêndio e meteoros caindo sem parar.
Sísera, fraco, se levanta do chão.
Está sujo, ferido e dolorido. Olha ao seu redor: não há o menor senso de
unidade em seu exército, e o caos é generalizado. Para onde quer que ele olhe
há explosões, e seus homens são lançados pelos ares como bonecos de panos e os
carros como brinquedos de madeira. Ele se desespera... Seu semblante é de
terror...
SÍSERA
ALGUÉM ME
ESCUUUTEEEEEE!!!
É em vão... O pavor domina seu
olhar. Ele não tem o que fazer a não ser correr para não ser atingido.
Hanna, escondida atrás do destroço,
de repente parece voltar a si...
HANNA
Não... Isso
não está certo... Os hebreus não podem vencer!
Ela põe-se de pé e aponta as palmas
das mãos para cima.
HANNA
Deuses de
Hazor! Mostre ao Deus dos hebreus que nós somos muitos, e somos mais!
Ela abre os olhos. À frente e
acima, um meteoro se aproxima. Hanna abre a boca e seu olhar fica hipnotizado.
E a bola de fogo aumenta... aumenta... Está mais próxima...
De repente ela volta a si e, no
último instante, vira e corre. O meteoro atinge o carro de ferro retorcido: uma
grande explosão! Hanna é lançada pelo ar e cai já inconsciente e ferida; está
morta.
Gadi caminha abaixado. A todo
instante treme com uma explosão próximo. Então ele se joga ao chão ajoelhado e
olha para o céu.
GADI
Deus de
Israel! Por favor, peço que me poupe! Não sei como pedir, mas se me livrar da
morte e salvar minha esposa, prometo que vou servi-lo pelo resto de meus dias!
Uma explosão ao lado faz pedaços de
terra cair nele. Então se levanta e sai correndo.
BARAQUE
Onde estará
Sísera?!
LAPIDOTE
Não o vejo
em lugar algum!
JAZIEL
Pode ter
sido atingido...
BARAQUE
E pode ter
fugido!
LAPIDOTE
Isso não
pode acontecer!
Perto dali, Sísera corre alucinado.
Tudo o que quer é desviar dos meteoros que se despejam ao seu redor e sair de
sob o céu avermelhado.
É quando Gadi, de longe, o nota.
Sísera escala uma pequena elevação, olha assustado para o caos, para as
explosões, os focos de incêndio... e vira; corre à pé para o deserto.
GADI
Capitão!!!
Sísera some atrás dos montes e
morros.
GADI
É isso...
Essa é a minha chance de provar o meu valor ao Deus de Israel.
Ele vira para o monte Tabor do
outro lado. No caminho, diversos soldados ainda fugindo dos meteoros. Gadi
então engole em seco, respira fundo... se prepara... e dispara.
Ele corre sem olhar para os lados,
tenta não se preocupar, foca apenas no monte à frente. Uma explosão ali perto.
Meteoro cai e explode mais perto. Explosão atrás. Dos lados... Gadi não para.
Ele finalmente chega aos pés do
monte e olha para Débora lá em cima.
GADI
Débora!!!
Ela o olha, não entende o que quer
aquele soldado inimigo.
GADI
Sísera
fugiu! O Capitão Sísera fugiu da batalha!
Débora franze a testa. Baraque,
percebendo que um soldado inimigo está falando com ela, chama Lapidote e Jaziel
e vai até lá.
DÉBORA
Por que
está me contando isso?!
GADI
Fiz um voto
ao seu Deus, Débora! (olhando para os meteoros) Se Ele me livrar da
morte e curar minha esposa, eu O servirei! Estou fazendo isso para mostrar que
minha intenção é honesta! Sísera acabou de fugir naquela direção!
Débora então vai até Pérola, monta
nela e desce o monte. Alcança Gadi no momento em que Baraque, Lapidote e Jaziel
chegam ali apontando-lhe suas armas.
DÉBORA
Esperem.
Ele está do nosso lado.
Gadi retira sua espada e, devagar,
joga-a aos pés dos 3 homens. Ela desce de Pérola e se aproxima.
DÉBORA
Obrigada.
Débora nota que os meteoros cessam
de cair, restando apenas o caos, os focos de incêndio, a poeira e o fumaceiro
por toda a planície. Nisso, os hazoritas sobreviventes começam a fugir.
DÉBORA
Lapidote,
venha comigo. Precisamos levar o exército atrás dos que estão fugindo. Ninguém
pode escapar. E depois iremos para Harosete.
GADI
Nossos
homens devem estar fugindo para Harosete.
DÉBORA
Ótimo.
Baraque e Jaziel... Levem homens e procurem Sísera. Não o deixem escapar!
Sísera não pode sair impune!
BARAQUE
Sim.
JAZIEL
Vamos agora
mesmo.
Baraque e Jaziel correm chamando
alguns hebreus. No olhar de Débora para aquilo tudo, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No último capítulo: Betel, onde estão apenas as mulheres e
crianças, é atacada pelos soldados que se destacaram do exército antes da batalha.
Sísera busca refúgio na tenda de Jael. Baraque é tentado. E Débora e os hebreus
chegam em Harosete. E ainda: Darda conseguirá executar sua vingança contra
Najara? Laís será curada? Baraque encontrará o tesouro? Quais os destinos de
Adélia & Setur, Laila & Mireu, Éder & Isabel e Sama & Jaziel?
As fortes surpresas e emoções finais do gran finale de DÉBORA.
Obrigado pelo seu comentário!