Capítulo
06
- No capítulo
anterior:
CLARISSA: Bia!
(Grita ao avistar a amiga de longe entre a multidão).
BEATRIZ: (Acena
para Clarissa).
CLARISSA: Vamos
falar com ela, vovô! (Responde para logo em seguida ir ao encontro
da amiga, junto do avô).
BEATRIZ: Clarissa,
que bom te ver! (Abraça a amiga que não via há alguns anos).
CLARISSA: É
verdade, quanto tempo e você está grávida...
BEATRIZ: Estou
sim, quatro meses já. (Beatriz percebe que não apresentou Beto aos
seus velhos conhecidos). Gente, que indelicadeza de minha parte...
Esse daqui é o Beto, um amigo. Beto, essa é a Clarissa, uma grande
amiga e o seu avô, Benedito.
CLARISSA: Como
vai Beto? (Estende a mão).
BETO: Bem,
obrigado. E você? (Responde ao apertar a mão de Clarissa).
BENEDITO: (Olha
fixamente para Beto e logo constata que ele não está sozinho.
Benedito vê o espírito de Orlando ao seu lado).
ORLANDO: (Ao
perceber que Benedito está olhando diretamente para ele e não Beto,
questiona-o) Você está me vendo? Pode me ver?
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capítulo de hoje!
Cena 01 – Praça
Do Coreto [Externa/Noite]
ORLANDO: Responda,
pode me ver?
CLARISSA: O que
foi vovô? Porque está olhando assim para ele? (Percebe que seu avô
ficara atónito).
BEATRIZ: O
senhor está passando mal?
BETO: Porque
está me olhando assim?
ORLANDO: Me
responda, o senhor pode me ver? O senhor está me vendo, não é?
ADELAIDE: (Se
aproxima de Orlando) O que pensa que está fazendo? Venha comigo,
precisamos conversar...
ORLANDO: Esse
homem consegue me ver, não percebeu? Quero falar com ele.
ADELAIDE: Não
seja imprudente Orlando, venha comigo.
ORLANDO: Mas
Adelaide...
ADELAIDE: Venha!
(Adelaide segura Orlando pelo braço).
(Os dois são cobertos
por uma luz brilhante e desaparecem).
BEATRIZ: Eu acho
melhor chamar um médico, ele deve está passando mal.
CLARISSA: Vovô,
fala comigo. O que o senhor tem?
BETO: (Observa
Benedito completamente impactado pela forma como ele lhe olhava).
BENEDITO: Não
precisa chamar ninguém, eu estou bem. Foi só um mal súbito, não
precisam se preocupar, estou bem.
CLARISSA: Vovô...
BENEDITO: Estou
bem, de verdade. Com licença! (Fala ao interromper a neta para sair
em seguida).
CLARISSA: Desculpa
gente, ele não é assim. Eu não sei o que deu nele, enfim...
Deixem-me ir atrás dele. (Clarissa se despede da amiga e vai atrás
do avô).
BEATRIZ: Que
estranho, ele sempre foi tão simpático. (Pensa em voz alta e
respira fundo em seguida). Eu acho que estou ficando maluca, estou
sentindo o cheiro de flores de novo. Vou acabar enjoando, deve ser
por conta da gravidez.
BETO: Muito
estranho! Eu me senti muito estranho com a forma como ele me olhava,
senti arrepios...
BEATRIZ: Bobagem
sua, você se impressionou. É só isso, mas vamos tomar uma sopa ali
naquela barraca, logo você vai esquecer...
Cena 02 – Plano
Astral [Externa/Dia]
(Orlando e Adelaide
caminham por um jardim grande e florido, transitando entre outras
pessoas que também trajam roupas branca como eles dois)
ADELAIDE: Não
adianta vir com mais desculpas, você precisa aceitar o que lhe
aconteceu com resignação. Eu entendo que foi difícil para você
deixar o outro plano no ápice da sua juventude, mas os planos que o
soberano tem para nós são indiscutíveis, tudo tem um propósito,
uma hora e a sua era essa.
ORLANDO: Eu não
vou aceitar isso nunca, eu não pedi para morrer, eu nunca quis
morrer. E o que eu fiz de bom durante a vida? O seu soberano não
viu? Eu não vou aceitar essa injustiça nunca, eu estarei ao lado da
Beatriz e do meu filho sempre, mesmo que você tente me impedir. Eu
não vou permitir que um estranho roube o meu lugar, não vou.
(Orlando fica visivelmente transtornado).
ADELAIDE: Eu sei
o quanto isso é difícil para você, mas eu vou te ajudar a superar
essa fase, sou sua mentora espiritual. Vou te ajudar a compreender
qual foi a sua missão e te direcionar para o descanso eterno!
ORLANDO: Eu não
preciso de ajuda para aceitar algo que não concordo e não precisa
vir atrás de mim, não quero continuar com essa conversa fiada.
(Orlando sai apressado e deixa Adelaide sozinha).
Cena 03 – Praça
Do Coreto [Externa/Noite]
(Dona Cissa, Serena e
algumas das meninas que trabalham em sua casa chegam a festa da
padroeira, porém logo são surpreendidas).
EULÁLIA: Mas
que diabos estão fazendo aqui, bando de perdidas?
DONA CISSA: Tá
vendo não, é? Viemos para a festa da padroeira, como todo mundo que
está aqui.
EULÁLIA: Que
absurdo, um monte de quenga entre nós. Aqui não é lugar para
vocês, aqui é lugar de gente decente, de família.
SERENA: E porque
não somos dignas de estar aqui? Você se acha muito santa, não é
Eulália? Pensa que eu não sei o fogo que existe embaixo dessas suas
saias longas e você sabe de que tipo de fogo eu estou falando, não
é? Sua solteirona!
EULÁLIA: Ora,
não me faça perder a cabeça. Não te dei liberdade para falar
comigo, sua quenga, rameira... Perdida! (Grita e se benze logo em seguida).
DONA CISSA: Escute
aqui sua vara-pau metida a santa, você que não me faça perder a
cabeça. Quem você pensa que é? Quer dizer que o dinheiro do meu
dízimo não é digno? Que a ajuda que eu dou para o Padre Fernando
não é tão digna quanto a sua? Lá no meu cabaré está cheio de
homens de famílias que estão aqui presentes e de meninas que foram
expulsas de casa por causa gente como você e que vê o mundo dessa forma suja e distorcida. Não nos julgue para não ser
julgada. Nós vamos ficar nessa festa e nem você, nem ninguém vai
nos impedir. Entendeu ou quer que eu desenhe?
(Padre Fernando ao
perceber a discussão, se aproxima acompanhado de Laurinha e Luiza)
PADRE FERNANDO: Mas
que labafero é esse aqui? Alguém pode me explicar o que está
acontecendo? (Olha para Cissa e Eulália).
Cena 04 –
Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
(Alberto chega em casa
após passar o dia todo na rua, ao entrar na cobertura é recebido
por Rangel, o mordomo).
ALBERTO: Boa
noite Rangel, eu vou subir, tomar um banho e não quero ser
incomodado, entendido?
RANGEL: O senhor
tem visita...
ALBERTO: Visita?
Quem?
RANGEL: Disse
que era um velho amigo seu, deixei ele entrar e ele está esperando
lá no escritório.
ALBERTO: E você
deixou entrar sem confirmar se era realmente meu conhecido seu
mequetrefe?
RANGEL: Mas
senhor, ele disse que era seu amigo antigo e que...
ALBERTO: E mais
nada, agora não adianta mais. Eu vou até o escritório, espero que
não seja nenhum bandido. Eu acho bom ele não ter roubado nada, que
eu nem sei o que sou capaz de fazer com você, imbecil! (Diz ao
interromper o mordomo).
(Em seguida e
visivelmente irritado, Alberto segue para o escritório)
ALBERTO: (Abre a
porta) Pois não... Você? Mas o que veio fazer aqui? Como se atreve?
Cena 05 –
Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
ALBERTO: Eu
estou falando, como você ousa a vir até a minha casa e me procurar?
Ficou doido?
DINHO: Calma
parceiro, ficou com raivinha foi? Se você tivesse feito o depósito
da minha grana, eu não teria tomado medidas extremas. Lembre-se que
você prometeu molhar bem a minha mão para que eu não revelasse que
o seu irmão não morreu como você queria. Imagina o que vão dizer
quando a sua casa cair e todos descobrirem que você é um assassino?
ALBERTO:
(Surpreende-se) Cala a boca seu desgraçado, você não teria
coragem. Não se esqueça, se eu estou sujo nessa história, você
está ainda mais. Se eu afundar, eu levo você junto, não se
esqueça.
DINHO: Você vai
mesmo querer perder essa mordomia toda aqui? Se você quiser, vou
agora mesmo até a polícia e acabo com esse circo todo. Você tentou
matar o seu irmão e ele conseguiu escapar. Sabe Deus o que aconteceu
com aquela pobre alma e porque ele não reapareceu até agora.
ALBERTO: Já
chega, cala a droga dessa boca! Eu preciso de um tempo, de mais
tempo. Já avisamos à policia que o meu irmão supostamente sumiu
num retiro no exterior, ainda não conseguimos colocar as mãos na
grana dele, ele precisa ser dado como morto, tem muitos trâmites.
DINHO: Pouco me
importa, eu não quero saber. O que eu quero é o meu dinheiro, se
você não tem, eu vou me virar com o que tenho. Passa o relógio, é
de ouro não é?
ALBERTO: Espera,
o meu relógio?
DINHO: Vamos, eu
não tenho todo o tempo do mundo. Você entendeu como é o be-a-bá
direitinho, não quero continuar perdendo meu tempo. Passa logo o
relógio!
ALBERTO: (Tira o
relógio do pulso e entrega a Dinho) Aqui está, mas já sabe... Bico
fechado!
DINHO: (Pega o
relógio) Isso aqui deve servir por algum tempo, pouco, mais serve.
Arrume o meu dinheiro, não estou para brincadeiras. Agora eu vou,
mas eu volto hein? Até breve. (Dinho sai do escritório).
ALBERTO: (Bate
na mesa violentamente).
Cena 06 – Praça
Do Coreto [Externa/Noite]
PADRE FERNANDO: Eu
estou esperando, o que está acontecendo aqui?
SERENA: Nada de
novo, seu Padre... Essa daí que quer nos proibir de participar da
festa da santinha.
DONA CISSA: Estava,
porque eu já coloquei ela em seu devido lugar.
PADRE FERNANDO: Isso
é verdade, Eulália?
LAURINHA: Filha,
eu já falei com você. Quando é que você vai aprender a respeitar
a Cícera?
LUIZA: Como vai
Cissa?
DONA CISSA: Vou
bem e você Luiza?
LUIZA: Bem
também, obrigada.
EULÁLIA: Padre,
eu só estava impedindo que essas pecadoras...
PADRE FERNANDO: Nós
não somos Deus para julgarmos ninguém, Eulália. Todo mundo é bem
vindo na festa da padroeira, isso também inclui a Cícera e suas
meninas, ficou claro?
EULÁLIA: (Sai
furiosa).
DONA CISSA: (Cissa
e as meninas comemoram a permanência na festa).
Cena 07 –
Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
Música da cena: Hoy
Me Voy – Juanes Ft. Colbie Caillat
(Imagens aéreas da cidade de Recife são mostradas até chegar a fachada do prédio luxuoso onde a família Montenegro mora. Carolina desce a
escada e encontra com Alberto)
CAROLINA: Quem
era Rangel? Eu ouvi a campainha...
ALBERTO: (Não
deixa Rangel responder e se antecipa) Ninguém de importante, era um
entregador que errou de número. O Rangel já dispensou, não é?
RANGEL: (Confirma
a versão da história de Alberto) Sim, já dispensei... Ele já foi!
ALBERTO: Bom,
agora eu vou tomar um banho que estou completamente cansado, passei o
dia inteiro na rua. Boa noite! (Alberto sobe a escada e cruza com
Carolina, que o observa subir até chegar ao outro andar da cobertura
que dá acesso aos quartos).
CAROLINA: Que
foi Rangel, porque tá com essa cara de quem viu um fantasma? Nunca
me viu mais linda? Vai pra cozinha, vai! (Grita).
RANGEL: Sim
senhora, imediatamente. (Rangel vai para a cozinha).
CAROLINA: Esse
daí tá mentindo, mas eu vou descobrir muito em breve o que é... Ah
se vou!
Cena 09 – Praça
Do Coreto [Externa/Noite]
(Eulália anda
apressada e acaba esbarrando em Severino)
SEVERINO: Ora,
ora... Parece que o destino está fazendo com que a gente se encontre
sempre, não é?
EULÁLIA: Deve
ser castigo divino, isso sim. Pra viver encontrando com um pecador
como você!
SEVERINO: E
desde quando atração entre duas pessoas é pecado?
EULÁLIA: Eu não
sei do que o senhor está falando. (Disfarça).
SEVERINO: Ah,
não sabe? Eu estou falando disso aqui! (Agarra na cintura de Eulália
de forma que os rostos dos dois ficam bem próximos).
Música da cena:
Quem Me Dera – Márcia Fellipe e Jerry Smith
EULÁLIA: (Sente
seu corpo esmorecer perto de Severino e o olha nos olhos).
Cena 10 – Praça
Do Coreto (Barracas de comida) [Externa/Noite]
(Beto e Beatriz
passeiam pelas barracas de comida, sentindo o delicioso aroma
enquanto conversam).
BETO: Acho que
nunca devo ter me divertido tanto como essa noite, obrigado por me
trazer.
BEATRIZ: Não
precisa agradecer, sua companhia tem se mostrado cada vez mais
agradável.
BETO: Quer
sentar um pouco?
BEATRIZ: Quero
sim, mas será que antes você poderia pegar um algodão doce pra
mim? Sabe como é gravidez, né? Dá um desejo...
BETO: (Sorri)
Sei sim, senta lá e me espera, daqui a pouco eu levo seu algodão
doce.
(Beatriz caminha até
se aproximar de um banco, onde se senta logo em seguida)
BEATRIZ: Meu
bebê... Será que você é menino ou menina? Continua crescendo aí,
forte e me perdoe por qualquer coisa, eu era uma pessoa vazia, mas eu
estou mudando, prometo tentar ser uma pessoa melhor, uma boa mãe pra
você. Seu pai estaria tão feliz se ele estivesse aqui agora. (Fala
sozinha enquanto acaricia a barriga).
Música da cena:
Abrázame – Camila
ORLANDO: Mas eu
estou... Bem aqui! (Responde pousando a mão sobre a barriga de
Beatriz).
A câmera foca nas mão
de Orlando no ventre de Beatriz, a cena congela e o capítulo encerra
com o a tela azul da cor do céu.
Trilha Sonora
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