JÚLIA
Uma novela criada e escrita por
RAMON FERNANDES
CAPÍTULO 25
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CENA 01. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SALA DE AUDIÊNCIA. INTERIOR. DIA
PLANO GERAL DA SALA DE AUDIÊNCIA, QUE SERVIRÁ PARA O PROCESSO DE BRUNO CONTRA INGRID. O JUÍZ ENTRA NA SALA. TODOS LEVANTAM. INGRID VISIVELMENTE NERVOSA E INCOMODADA POR ESTAR ALI. ELA E BRUNO SE ENCARAM VEZ OU OUTRA.
JUÍZ — Boa tarde. Podem se sentar.
TODOS SENTAM.
JUÍZ — Vamos dar início ao processo judicial movido pela parte autora Bruno Rodrigues, contra a ré, Ingrid Bacelar. Processo por injúria racial e discriminação.
O JUÍZ DÁ UMA OLHADA EM INGRID, QUE ENGOLE SECO.
CORTES DESCONTÍNUOS DE INGRID E BRUNO FALANDO FORA DE ÁUDIO. CORTA PARA HELENA MOSTRANDO O VÍDEO QUE FEZ DE INGRID NO BISTRÔ. ELA EXULTA. O JUÍZ BATE O MARTELO. PEDE ORDEM.
ÂNIMOS EXALTADO. INGRID REVOLTADA.
CORTA PARA
CENA 02. MANSÃO ASSUNÇÃO. SUÍTE DE VITÓRIA E DAVI. INTERIOR. DIA
VITÓRIA DEITADA NA CAMA, ESCUTANDO MÚSICA NO FONE DE OUVIDO. BALANÇA A CABEÇA AO RITMO DA MÚSICA. A PORTA SE ABRE. PAULINA ENTRA, VITÓRIA NEM PERCEBE. PAULINA A ENCARANDO. INSTANTES. VITÓRIA ABRE OS OLHOS E SE ASSUSTA.
VITÓRIA — Que susto, criatura! Tá fazendo o que aqui? Não bate mais na porta antes de entrar não?
PAULINA — (Debochada) Acho que eu não preciso bater na porta.
VITÓRIA — Olha, se a songa-monga da Maria Eduarda deixa você fazer tudo o que você quer, o problema é dela. Mas empregada pra mim, tem que bater na porta sim.
PAULINA — Acontece que como você disse, querida, a minha patroa é a dona Maria Eduarda. Você é só uma intrusa nessa casa. Uma intrusa que se acha muito esperta.
VITÓRIA LEVANTA E FICA ENCARANDO PAULINA.
VITÓRIA — Do que você tá falando, empregadinha? Tá ficando caduca, velha?
PAULINA — Você se acha muito esperta, Vitória, mas você é burra, garota. Muito burra!
VITÓRIA PEGA PELOS BRAÇOS DE PAULINA, FURIOSA.
VITÓRIA — Cê perdeu realmente a noção do perigo, sua ridícula. Eu mesma vou fazer você ser demitida agora!
PAULINA SE DESVENCILHA DE VITÓRIA. TIRA DE TRÁS DO AVENTAL A EMBALAGEM COM A BARRIGA FALSA DA GAROTA. VITÓRIA DÁ UM PASSO PRA TRÁS.
VITÓRIA — Onde você conseguiu isso?
PAULINA — (Ri) Ah, você não imagina? (Séria) Das suas coisas, sua burra!
VITÓRIA — Você mexeu nas minhas coisas! (Tenta pegar) Me devolve isso!
PAULINA GUARDA A EMBALAGEM. VITÓRIA ALI POSSESSA.
PAULINA — Acho bom você ficar bem quietinha, antes que eu grite e comece a fazer um escândalo aqui.
VITÓRIA — O que você quer pra ficar quieta? É dinheiro que você quer? É isso né?
PAULINA SORRI IRÔNICA.
PAULINA — O que uma garota idiota como você teria pra me dar além disso?
VITÓRIA BUFA FURIOSA. CLOSES ALTERNADOS DAS DUAS. EM PAULINA CHANTAGEANDO.
CORTA PARA
CENA 03. MANSÃO ASSUNÇÃO. CORREDOR. INTERIOR. DIA
MARIA EDUARDA VEM NO ANDAR SUPERIOR. OUVE VOZES ALTERADAS VINDO DO QUARTO DE VITÓRIA E SE APROXIMA LENTAMENTE.
CORTA PARA
CENA 04. MANSÃO ASSUNÇÃO. SUÍTE DE VITÓRIA E DAVI. INTERIOR. DIA
PAULINA COM A EMBALAGEM EM MÃOS. VITÓRIA DO OUTRO LADO DO QUARTO, A ENCARANDO.
PAULINA — Que vergonha, Vitória! Fingir uma gravidez pra casar com o Davi. Você aprendeu isso em qual novela, garota? Ou foi com a burra alienada da sua mamãe?
VITÓRIA — Você não me conhece, empregadinha. Eu acabo com você em dois tempos.
PAULINA — (Tom) Não acaba não! Não acaba! Você não pisa nem em você mesmo. Você vai fazer tudo o que eu mandar, pra eu não revelar que você tem que usar uma barriga falsa pra enganar os trouxas dessa família, que você não tá grávida coisa nenhuma!
A PORTA SE ABRE NESSE MOMENTO, PARA SURPRESA DE PAULINA E VITÓRIA. MARIA EDUARDA ENTRA NO QUARTO.
M. EDUARDA — Como é que é? Então, você não tá grávida, Vitória? (Berra) Fala a verdade!
VITÓRIA ENGOLE SECO. CLOSES ALTERNADOS. EM MARIA EDUARDA COBRANDO EXPLICAÇÕES.
CORTA PARA
CENA 05. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SALA DE AUDIÊNCIA. INTERIOR. DIA
AUDIÊNCIA EM ANDAMENTO. ÂNIMOS ACALORADOS. INGRID CONVERSA COM O ADVOGADO. BRUNO E HELENA TAMBÉM TROCAM UMA IDEIA. O JUÍZ RETORNA AO SEU LUGAR. ATENÇÃO DOS DEMAIS.
JUÍZ — Bem, dando andamento ao processo judicial movido pela parte de Bruno Rodrigues, representado aqui pela sua advogada Helena dos Santos, contra a ré repsentada aqui por Ingrid Bacelar, chamo agora a testemunha de acusação no processo, senhora Gabriela Bacelar.
INGRID EXULTA CHOCADA.
INGRID — Gabriela? A minha filha?
ADVOGADO — Ingrid, acalme-se!
INGRID VÊ GABY ENTRAR NA SALA DE AUDIÊNCIA, E SENTAR AO LADO DE BRUNO. DÁ UMA BREVE ENCARADA EM INGRID, OLHOS TRISTES.
INGRID — Juíz, eu exijo que essa testemunha não seja ouvida no processo.
ADVOGADO — Ingrid!
JUÍZ — Por qual motivo a testemunha não poderia ser ouvida, dona Ingrid?
INGRID — Ela é minha filha!
HELENA — Contesto, meritíssimo. Por favor, a testemunha arrolada no processo não está agindo em seu juízo, por qualquer forma de coação. Não há motivos para que a testemunha não seja ouvida no processo.
JUÍZ — Correto. Sendo assim, a jovem pode ser ouvida no processo. Doutor advogado, contenha sua cliente, por gentileza.
ADVOGADO — Sim, meritíssimo.
O ADVOGADO OLHA PARA INGRID, QUE AINDA ENCARA GABY, NUM MISTO DE CHOQUE E DECEPÇÃO. CORTE DESCONTÍNUO DE GABY JÁ DANDO SEU DEPOIMENTO PERANTE O JUÍZ.
GABY — Eu conheci o Bruno na UFRJ, na instituição onde nós dois estudamos, através de uma amiga em comum. Desde então, começamos a nos conhecer, até que começamos a namorar. Mas esse fato foi completamente negado pela minha mãe. Ela sempre preferiu humilhar o Bruno quando via os dois juntos.
INGRID — Claro. Ele não servia pra minha filha!
ADVOGADO — Ingrid! Por favor!
JUÍZ — (Bate com o martelo) Ordem! Se a senhora não se conter, e não falar somente na hora que for solicitada pelo tribunal, eu vou pedir para que a senhora aguarde lá fora a continuação da audiência.
HELENA SORRI DE CANTO. INGRID BUFANDO DE RAIVA.
JUÍZ — Pode continuar com o depoimento, dona Gabriela.
GABY — Como eu estava falando, meritíssimo, a minha mãe sempre foi contra o meu relacionamento com o Bruno, pelo simples fato dele ser negro. Ela o humilhava das diversas formas possíveis. Ela sempre ameaçou que iria chamar a polícia para levá-lo preso, e disse que se eu não me afastasse dele, se eu não abandonasse esse namoro, ela disse que ia armar uma situação para tirar o Bruno de circulação.
INGRID FURIOSA, ENCARANDO GABRIELA. BRUNO TAMBÉM ENCARA INGRID, ELE COM RAIVA E COM OS OLHOS MAREJADOS.
JUÍZ — Fora esse ataque ao seu namorado, a sua mãe, já havia tido outro comportamento racista oude cunho ofensivo a alguma outra pessoa negra ou de classe social mais baixa?
GABY — Infelizmente, não só a minha mãe, mas a minha família é muito elitista. Eles acham que o dinheiro compra as pessoas, que o dinheiro pode pagar qualquer coisa, e que pessoas de classe mais baixa, sejam elas brancas, negras, enfim, elas não devem receber o mesmo tratamento. A minha mãe sempre foi preconceituosa sim, ela sempre foi racista.
INGRID DEIXA UMA LÁGRIMA CAIR PELO ROSTO. O JUÍZ ENCARA INGRID.
JUÍZ — Eu vou deliberar e peço recesso de 10 minutos para a continuação da audiência.
O JUÍZ BATE O MARTELO, LEVANTA E SAI. INGRID ENCARA GABY.
INGRID — Você é uma grande decepção pra mim, Gabriela.
GABY — A senhora me decepcionou muito antes, mãe. Muito antes!
INGRID — Não me chame de mãe, Gabriela. A partir de hoje, eu sou mãe de uma única filha, a Vitória. Não me dirija mais a palavra!
GABY COM OS OLHOS MAREJADOS, CONCORDA. ELA SAI ACOMPANHADA DE BRUNO E HELENA. EM INGRID ESPUMANDO DE RAIVA, AO LADO DO ADVOGADO.
CORTA PARA
CENA 06. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SALA DE ESPERA. INTERIOR. DIA
ESTÃO ALI HELENA, BRUNO E GABY.
GABY — Vocês acham que eu fui muito dura no meu depoimento?
HELENA — Claro que não, Gaby. A sua mãe queria até impedir você de falar, porque sabia que com o seu depoimento, o caso realmente ia ganhar mais força, mais contundência do que ela fez.
BRUNO — E é incrível como a Ingrid não mostra nenhum sinal de arrependimento do que fez. Impressionante como ela ainda acha que está certa.
HELENA — Por isso, ela terá que pagar na justiça. Se não conseguiu aprender aqui, talvez reclusa ela consiga aprender.
GABY COM OS OLHOS TRISTES. BRUNO A ABRAÇA.
CORTA PARA
CENA 07. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SALA DE AUDIÊNCIA. INTERIOR. DIA
TODOS OS PRESENTES ALI PARA OUVIR A SENTENÇA DO JUÍZ, QUE ENTRA E TOMA SUA POSIÇÃO.
JUÍZ — Dando seguimento ao processo, tenho meu veredicto sobre o processo movido por Bruno Rodrigues a ré Ingrid Bacelar. (Instantes) Bem, diante das provas apresentadas nos autos do processo, diante do depoimento da testemunha arrolada no mesmo, Gabriela Bacelar, chego a decisão pela condenação da ré, baseada e defendida no Código Penal, pelo decreto-lei nº 2848, do dia 7 de Dezembro de 1940, a regime de reclusão de 3 anos.
INGRID — (Exulta) O quê?!
JUÍZ — Como a ré não apresenta outros antecentes criminais e possui residência fixa, considero a pena diminuída para 1 ano e 4 meses de reclusão, sem possibilidade de pagamento de multa, ou outras formas de pagamento substancial. 8 de Maio de 2020, faça-se cumprir a pena a partir da data de hoje.
O JUÍZ BATE O MARTELO. INGRID DESESPERADA, OLHA PARA BRUNO, QUE ABRAÇA HELENA, OS DOIS COMEMORAM A VITÓRIA NO PROCESSO. INGRID FECHA OS OLHOS, EM MEIO ÀS LÁGRIMAS QUE VÃO SURGINDO. A PORTA SE ABRE E DOIS POLICIAIS SE APROXIMAM DE INGRID. ELA OS ENCARA, DESVIA O OLHAR E VÊ O PAR DE ALGEMAS A ESPERANDO.
CORTA PARA
CENA 08. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INTERIOR. DIA
INGRID SAI DA SALA DE AUDIÊNCIA ALGEMADA E ACOMPANHADA PELOS DOIS POLICIAIS. BRUNO E HELENA SAEM LOGO ATRÁS. INGRID ENCARA GABY, QUE VÊ A MÃE ALGEMADA. AS DUAS CHORAM. EM INGRID SENDO LEVADA. BRUNO CORRE ATÉ A NAMORADA E A ABRAÇA COM FORÇA, A CONSOLANDO.
CORTA PARA
CENA 09. MANSÃO ASSUNÇÃO. SUÍTE VITÓRIA E DAVI. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 04.
MARIA EDUARDA COBRANDO EXPLICAÇÕES. PAULINA COM A EMBALAGEM NA MÃO. E VITÓRIA TOMA A DIANTEIRA DE MARIA EDUARDA, IMPEDINDO UM CONTATO VISUAL.
VITÓRIA — Maria Eduarda, essa mulher tá louca! Ela não sabe o que tá falando! É tudo mentira dela! Não acredita nesse absurdo!
M. EDUARDA — Eu ouvi muito bem o que a Paulina tava falando, Vitória. Você não tá grávida? Fala, garota!
VITÓRIA — (Chora) Eu tô sim!
PAULINA EMPURRA VITÓRIA DA SUA FRENTE, E ENTREGA A EMBALAGEM PARA MARIA EDUARDA.
PAULINA — É mentira, dona Maria Eduarda! Essa garota não está grávida coisa nenhuma! Tá aqui a prova da mentira.
MARIA EDUARDA PEGA A EMBALAGEM E COMEÇA A LER. ELA ENCARA VITÓRIA.
M. EDUARDA — Como você pôde descer tão baixo, Vitória?
VITÓRIA — Maria Eduarda, eu posso explicar tudo!
M. EDUARDA — Ah, pode? Então, explica. Conta mais uma mentira, que eu tô louca pra ouvir.
VITÓRIA — Eu estava grávida no início! E não é mentira! Quando eu vim procurar o Davi, quando os meus pais vieram procurar você, eu realmente estava grávida.
PAULINA — É mentira dela!
VITÓRIA — (Grita) É verdade! Mas eu perdi a criança, eu tive um aborto espontâneo.
M. EDUARDA — E aí, você pra não perder a oportunidade de casar com o meu filho, você resolveu continuar com essa mentira de gravidez. (Sacode a embalagem no ar) Uma barriga falsa, Vitória! Quem te ajudou nessa palhaçada? Foi a sua mãe?
VITÓRIA ABAIXA A CABEÇA. MARIA EDUARDA ENCARANDO VITÓRIA E PAULINA.
M. EDUARDA — Mulheres iguais a vocês duas me dão nojo!
PAULINA — Mas dona Eduarda, eu quando descobri essa mentira da Vitória, eu pensei na hora em entregar tudo. Nunca eu deixaria a senhora ou o Davi serem enganados por essa mentira.
VITÓRIA — (Berrando) Mentirosa! Você quis me chantagear! Queria me arrancar dinheiro pra não contar a verdade!
M. EDUARDA — Eu vou entregar isso aqui agora pro Davi. Essa farsa acabou, Vitória!
VITÓRIA — Não! Por favor, Eduarda! Eu te imploro pra não contar pro Davi!
VITÓRIA SE AJOELHA EM FRENTE A MARIA EDUARDA, QUE FICA A VENDO DE CIMA. MARIA EDUARDA BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE.
M. EDUARDA — Durante muito tempo, eu achei que você seria a nora ideal, Vitória. Eu dei força pra esse casamento acontecer, eu forcei o meu filho a casar com você. E eu me arrependo de cada ato desse.
MARIA EDUARDA SAI DO QUARTO. VITÓRIA SE DESESPERA, VAI CORRENDO ATRÁS. PAULINA TENSA, SORRI.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 07. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
MARIA EDUARDA VAI SAINDO DE CASA. DAVI TOMANDO BANHO DE PISCINA. ELA VEM NERVOSA ALI, COM A EMBALAGEM DA BARRIGA FALSA NA MÃO. VITÓRIA ATRÁS, DESESPERADA.
VITÓRIA — (Tom) Não, Eduarda! Eu te imploro, não faz isso! Por favor!
MARIA EDUARDA SE APROXIMA DA BORDA DA PISCINA.
M. EDUARDA — Davi!
DAVI OLHANDO PARA A MÃE. VITÓRIA EM SEGUNDO PLANO. CLOSES ALTERNADOS.
CORTA PARA
CENA 08. APARTAMENTO DE NICOLAS E HELENA. SALA. INTERIOR. DIA
JÁ ABRE NO BRINDE, COM CINCO COPOS SENDO ERGUIDOS. ABRE IMAGEM E REVELAMOS: BRUNO, GABY, HELENA, JULIANO E NICOLAS.
BRUNO — Finalmente eu acredito em justiça nesse país!
HELENA — Calma, Bruno! A justiça foi feita dessa vez, nesse caso. Lembrando, que nem sempre é assim.
JULIANO — O que tem de gente escrota por aí, fazendo cada barbaridade.
GABY ENTRISTECIDA. JULIANO PERCEBE.
JULIANO — Desculpa, Gaby. Eu sei que é a sua mãe, mas...
GABY — Tudo bem, Juliano. É minha mãe, mas o que ela faz não é certo.
BRUNO — Eu espero que pelo menos, essa experiência pra Ingrid, faça ela sair de lá uma pessoa melhor.
NICOLAS — Esperamos. Mas o que nós não precisamos esperar é uma pizza, hein! Tô morta de fome. Vou pedir uma pra gente.
HELENA — Oba! Quero calabresa e muzzarela!
NICOLAS VAI PARA O INTERIOR DO APARTAMENTO. HELENA E JULIANO POR ALI. FOCAMOS EM GABY E BRUNO, PRÓXIMOS DA JANELA. ELA AINDA UM POUCO TRISTE.
BRUNO — Eu não gosto de te ver assim. Eu me sinto culpado, de certa forma.
GABY — Nada disso. A culpa nunca é da vítima, lembra? Vai ficar tudo bem. (Sorri) Agora eu quero focar nas coisas boas.
BRUNO — Por falar em coisa boa, eu tava pensando em algo... Acho que nós já estamos a um tempinho junto, namoramos... Eu pensei que/
BRUNO TIRA DO BOLSO UM PAR DE ALIANÇAS. GABY OLHANDO SURPRESA PARA ELAS.
MÚSICA: “Never Be Alone – Shawn Mendes”
GABY — Quê isso?
BRUNO — Gabriela, quer casar comigo?
GABY SORRI PARA O NAMORADO, ESTICA A MÃO. BRUNO SORRI E COLOCA A ALIANÇA EM SEU DEDO. BEIJA A GAROTA.
GABY — Preciso responder?
BRUNO — Nós vamos ser muito felizes. Eu vou me formar em Direito, ser um advogado pra defender as causas envolvendo questões raciais, e nós vamos ter uma vida muito boa. Claro que não é aquela vida confortável que você conheceu, mas...
GABY COLOCA O DEDO SOBRE A BOCA DE BRUNO.
GABY — Eu não preciso de conforto, Bruno. Eu preciso de você. Só você.
BRUNO — Eu te amo, Gaby. Te amo muito.
GABY — E eu te amo mais.
OS DOIS RIEM. SE BEIJAM. CÂM VAI SE AFASTANDO, MOSTRANDO ELES DE CIMA. MÚSICA OFF.
CORTA PARA
CENA 09. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
DAVI SAI DA PISCINA. MARIA EDUARDA ESPERANDO PRÓXIMA. VITÓRIA SE APROXIMA DELES. TOMA SUA FRENTE.
VITÓRIA — Não faz isso, Eduarda. Eu te imploro!
M. EDUARDA — Sai da minha frente, Vitória. Antes que eu faça uma besteira.
DAVI — Quê que tá acontecendo aqui, mãe?
MARIA EDUARDA RETIRA VITÓRIA DA SUA FRENTE E ENTREGA PARA DAVI A EMBALAGEM COM A BARRIGA FALSA. ELE OLHA MEIO SEM ENTENDER. ENCARA EDUARDA E VITÓRIA.
DAVI — Não entendi.
VITÓRIA — Davi, eu posso explicar, meu amor.
DAVI — (Tom) Vitória, o que significa isso aqui?
M. EDUARDA — É uma barriga de grávida, meu filho. Uma barriga falsa que a Vitória ia usar pra enganar a gente, que estava grávida.
DAVI EXULTA FURIOSO. VITÓRIA CHORANDO, QUASE DE JOELHOS DIANTE DELE.
VITÓRIA — Escuta, eu posso explicar tudo!
DAVI — Como você teve coragem, Vitória? Você é louca mesmo! Mais louca do que eu pensava!
VITÓRIA — (Berra descontrolada) Eu não sou louca!
M. EDUARDA — Davi, o que você vai fazer? Porque se você não colocar essa garota pra fora dessa casa agora, eu mesma coloco!
VITÓRIA — O quê?!
DAVI — É isso mesmo, Vitória! Acabou!
VITÓRIA — Não, por favor. Não faz isso!
DAVI PEGA VITÓRIA PELO BRAÇO E VAI LEVANDO-A. VITÓRIA A CONTRAGOSTO VAI QUASE SENDO ARRASTADA.
DAVI — Cê vai pegar as suas coisas e vai sumir daqui, Vitória. Sumir da minha casa e da minha vida!
VITÓRIA — Davi, eu te amo, Davi. Não faz isso! Pelo amor de Deus!
DAVI — Deus? Deus? Quem é você pra falar de Deus, Vitória? Uma maluca obcecada, capaz das coisas mais sórdidas em nome de um capricho seu!
VITÓRIA — Amor, Davi! Não é capricho! É por amor! Eu te amo, Davi. Te amo como nunca mais ninguém vai amar na vida!
DAVI SOLTA VITÓRIA E A ENCARA.
DAVI — E quem disse que eu preciso disso que você chama de amor? Quem disse que eu quero ele? Acorda, Vitória! Eu não te quero. Nunca quis! Além de não te amar, eu tô chegando em um outro nível por você: O de te odiar.
VITÓRIA CHORANDO DESCONTROLADA. DAVI VAI EM DIREÇÃO AO INTERIOR DA MANSÃO. ELA TENTA IR, MAS MARIA EDUARDA A SEGURA PELO BRAÇO. AS DUAS SE ENCARAM.
M. EDUARDA — (Furiosa) Vá embora da minha casa agora, Vitória! Você pode ir andando ou carregada pelos seguranças. Eu prefiro que seja andando!
VITÓRIA — (Entredentes) Vocês todos dessa maldita família ainda vão me pagar caro. Muito caro!
MARIA EDUARDA SOLTA VITÓRIA E LHE DÁ UM SONORO TAPA NO ROSTO. VITÓRIA A ENCARA, COM OS OLHOS MAREJADOS. FURIOSA. ELA SAI CORRENDO PARA O INTERIOR DA MANSÃO. EM MARIA EDUARDA.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 10. MANSÃO ASSUNÇÃO. COZINHA. INTERIOR. DIA
JÁ ABRE EM PAULINA COM AS DUAS MÃOS EM FORMA DE ORAÇÃO, DIANTE DE MARIA EDUARDA, IMPLACÁVEL.
PAULINA — Por favor, dona Maria Eduarda, não me demite! Eu imploro pra senhora!
M. EDUARDA — O que você fez não tem perdão, Paulina. Eu ouvi cada palavra do que você disse quando tentou chantagear a Vitória. Bando de trouxas?! É isso que nós significamos pra você, Paulina.
PAULINA — Não foi isso que eu quis dizer, eu estava nervosa, dona Eduarda/
M. EDUARDA — (Por cima) Agora, Paulina! Pega as suas coisas e fora da minha casa!
MARIA EDUARDA SAI, PISANDO FIRME. PAULINA FURIOSA, LANÇA UM COPO NA PAREDE.
PAULINA — Desgraçada!
NELA, FURIOSA.
CORTA PARA
CENA 11. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
PAULINA SAI DE CASA, COM UMA MALA PEQUENA, CHOROSA. ELA OLHA PARA TRÁS, EXPRESSÃO FURIOSA, SAI DALI, HUMILHADA. INSTANTES. E AGORA QUEM SAI É VITÓRIA. CARREGA SUAS BAGAGENS COM DIFICULDADE. DÁ UMA ÚLTIMA ENCARADA NA MANSÃO ASSUNÇÃO.
VITÓRIA — Eu ainda vou voltar, Davi. E pela porta da frente! Me aguarde!
NELA, FURIOSA.
FADE OUT/
FADE IN/
CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
TOMADAS RÁPIDAS DO RIO ANOITECENDO. ÚLTIMOS TAKES NO BAIRRO DO LEBLON.
CORTA PARA
CENA 13. PRÉDIO. FRENTE. EXTERIOR. NOITE
UM CARRO PARA EM FRENTE A UM PRÉDIO DE ALTO PADRÃO, NO LEBLON.
DO VEÍCULO, DESCE JÚLIA, VINÍCIUS E FELIPE. ELES COM ALGUMAS BAGAGENS, VIERAM PARA MORAR NO NOVO PRÉDIO. FELIZES COM A MUDANÇA. CÂM DESVIA E MOSTRA PRÓXIMO DALI, EM UM OUTRO VEÍCULO, VITÓRIA. TENSÃO. ELA OLHA COM CARA DE POUCOS AMIGOS EM DIREÇÃO A JÚLIA. DO SEU PV: JÚLIA RADIANTE. VOLTA PARA VITÓRIA, ELA APERTA COM FORÇA O VOLANTE.
VITÓRIA — (Furiosa) Tudo isso é culpa sua, Júlia. Maldita Júlia!
VITÓRIA CHORANDO FURIOSA. NELA.
CORTA PARA
FIM DO CAPÍTULO 25
Obrigado pelo seu comentário!