ALTO MAR
GÊNERO WEBSÉRIE
ESCRITA POR GABRIEL PRETTO
EMISSORA RANABLE WEBS
CAPÍTULO 17
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Cena 1: Cafeteria/Manhã/
Vinicio está observando atentamente a entrevista de Ludim para o telejornal.
Ludim: Essa viagem com o Atena...era a minha primeira viagem pela Coimbra.
Eu lembro que eu acordei cedo pra me arrumar e tomar café...e meu pai me levou pro porto.
A câmera corta para o quarto de Carlos no hospital, que está vendo a entrevista de seu filho.
Ludim: Eu...me lembro que era noite quando tudo apagou e nós ficamos a deriva.
O mar estava muito agitado a comida era limitada. Nós ainda não iríamos evacuar o navio. A
menos que fosse necessário. Na noite do naufrágio...eu estava tentando dormir...e o navio começou
a inclinar. Foi quando bateram na minha porta...avisaram pra subir no convés.
O navio estava afundando
A câmera corta para o quarto de Laerte no hotel, que assiste a entrevista sozinho enquanto
fuma um cigarro.
Âncora: E qual era sua função lá dentro?
Ludim: Segundo oficial.
Âncora: Ok...pode prosseguir
Ludim: Bom...eu lembro que…eu e mais seis pessoas fomos para baixo pegar alguns recursos.
Ninguém sabia que estávamos afundando e provavelmente passaríamos um bom tempo no mar.
Quando a água apareceu no corredor...nós voltamos para cima. Dois dos meus amigos ficaram lá
embaixo...eu...voltei para ajudar eles. Quando eu cheguei...um deles tinha caído da escada e batido
a cabeça. Eu tentei ajudar...mas ele não resistiu. O nome dele era Diego. Um bom sujeito. E...tinha
um outro homem lá dentro. Eu ajudei ele a subir e sair do navio...nós tivemos que pular na água.
Ela estava gelada. Toda a carga...já tinha caído na água...nós conseguimos nadar até um bote e vimos
o navio afundar...tinham seis pessoas ali contando comigo e o outro. Ficamos dias presos.
Eu não sei quantos...mas um dos nossos amigos morreu durante esse período.
O bote naufragou por causa das ondas e nós ficamos em um pedestal de madeira.
E...quando tudo parecia perdido...nós fomos encontrados
Cena 2: Quarto 72/Hotel La Sirena/Manhã
Lorenzo está assistindo a entrevista de Ludim
Ludin (Na televisão): O...o meu pai...ele sofreu um acidente recentemente. Ele está paralisado no
hospital. Ele tem um tratamento...só que ele é muito caro…
Ludim começa a chorar silenciosamente
Ludim (Na televisão): Eu...preciso de 800 mil colons para pagar o tratamento dele.
Ele está no hospital. A...Coimbra prometeu uma indenização...estamos esperando até agora.
Meu pai passou por tanto...ele não pode morrer assim.
Âncora: Eu...eu sinto muito em ouvir isso...
A câmera foca em Lorenzo chocado com a entrevista.
Lorenzo: Esse pessoal que está esperando por dinheiro...talvez...eu e o Vinicio possamos
oferecer ajuda a eles. Mas o Laerte não pode sair impune dessa. A gente vai mostrar para
mundo quem ele realmente é.
A câmera mostra um timelapse da cidade até o meio dia. Voltamos para o apartamento,
onde Vinicio e Lorenzo está almoçando. Eles estão quietos e abalados com a morte de
Andrés. Eles ficam em silêncio por alguns segundos.
Vinicio: Ei...tem algumas...coisas que nós precisamos falar sobre. Você viu a entrevista do
Ludim essa manhã?
Lorenzo: Sim...eu vi. Pobre rapaz…
Vinicio: Eu...estava pensando...em a gente usar essas pessoas contra o Laerte.
Eles estão sendo feito de palhaços esperando essa indenização. E aquele rapaz quer ajudar o pai.
Nós precis-
Lorenzo: Olha, eu pensei nisso enquanto você estava fora...eu até queria...mas não sei se é
uma boa ideia...o Laerte ficou ainda mais atento depois do assassinato do Andrés.
Ele não vai ceder assim tão fácil.
Vinicio: ...É...pois é. (T). Então se ele não vai ceder fácil. A gente vai ter que tomar atitudes
extremas.
Lorenzo: O que está dizendo? Você está sugerindo que...
Os dois se encaram.
Lorenzo: Ah não...não, não não! Eu não vou matar ele.
Vinicio: Não vamos matá-lo, sua anta! Vamos colocá-lo na cadeia. Eu tenho provas que ele matou o
Lauro, que ele implodiu o Demeter, que ele negligenciou o resgate do Atena, e disso você também
tem prova. Essas pessoas, como esse tal Ludim, vão cair nesses contos dele.
Ele já matou tanta gente inocente pela Coimbra...não posso deixar ele enganar mais ninguém.
Tem mais gente além dele que estava no Atena aqui em Puerto Limon. Não sei quantos...mas sei
que tem. Quem sabe a gente não explica pra eles o que ele ta fazendo,
reúne as provas que ele tem contra ele, e leva ele a julgamento. Ele não vai pegar uma pena bonita.
Tenha certeza disso.
Lorenzo: Tá...mas e se for considerado cúmplice dele?
Vinicio: Você não vai! Você não sabia o que ele tava fazendo. Você não tinha como saber.
E ainda mais, você tem me ajudado a tentar fazer justiça. Isso pode considerar você um
cúmplice dele? Não! Por favor Lorenzo. Essa é a nossa última chance contra ele.
O que você me diz. Você aceita fazer isso?
Lorenzo: Eu...bem…
Lorenzo fica em silêncio por alguns segundos
Lorenzo: Ah...tá bom. Eu aceito.
Duas semanas depois...
Cena 3: Restaurante/Meio-Dia/
Laerte e Aline estão almoçando.
Laerte (preocupado): Aquele garoto...ele com certeza sabe de muita coisa...se ele abrir mais a
boca…
Alina: Não se preocupa com isso agora.
Laerte: Eu só quero voltar pra Gijón o mais rápido possível. Esse lugar fede. Eu não aguento mais
tomar o mesmo café da manhã cafona e sentir o mesmo cheiro de lixo desta cidade.
Quem sabe...não voltamos nessa semana ainda?
Alina: Acho bom esperar mais um pouco por causa da morte do...né? Você sabe.
Mas a policia não veio atrás de nós ainda. Então acho que a barra tá praticamente limpa.
Mas...acho melhor esperar a poeira baixar mais um pouco. Pelo menos por mais 2 dias.
Falando nisso, hoje pela manhã eu recebi uma ligação. Queriam falar com o senhor. ]
Vão fazer um evento em homenagem às vítimas do Atena. Acharam os corpos no fundo
do mar semana passada. Perguntaram se você não aceitaria participar do evento?
Laerte suspira.
Laerte: Eu tenho escolha?
Alina: Tem. Você pode dizer que nã-
Laerte: Eu não tenho escolha sua burra! Se eu não ir, vão soltar os cachorros em mim.
Eu preciso ir SIM. Porra! Deixa de ser pateta.
Alina fica quieta.
Laerte: Pode ligar para eles. Diga que vou sim. Tenho alguns compromissos
relacionados a essa bosta de navio hoje a tarde.
Alina: Sim senhor.
Cena 4: Casa de Ludim/Tarde/
Ludim está se arrumando para ir a um velório no banheiro do andar de baixo da sua casa.
Ele veste um terno preto, sapatos pretos, uma rosa branca em seu bolso e usa uma gravata ]
preta. Enquanto ele ajusta a sua gravata, alguém bate na sua porta.
Ludim: Já vai!
Ele abre a porta e vê que é Vinicio.
Ludim: Boa tarde. O que deseja?
Vinicio: Boa tarde senhor. Desculpe interrompê-lo dessa forma, mas...você é o Ludim né.
Ludim: Sim. Sou eu sim. Quem pergunta?
Vinicio: Eu...eu precisava conversar com você e outras pessoas sobre o
Atena. Eu vi...eu vi a sua entrevista hoje pela manhã. Deduzo que está indo ao velório dos mortos.
Eu sinto muito pelo seu pai.
Ludim: Me desculpe, mas se for alguma coisa relacionada a financeiro ou sensacionalismo, não estou
com cabeça para isso.
Vinicio: Não...não é nada disso. Eu quero te ajudar com o seu pai. Quero ajudar com a indenização.
Queria me encontrar com você e outras pessoas que sobreviveram depois do velório.
Vinicio entrega um papel.
Vinicio: Aqui nesse papel tem o nosso ponto de encontro. Não se sinta obrigado a ir.
Fica ao seu critério se você irá ou não. Agora se você me dá licença, eu preciso ir.
Vinicio se retira e atravessa a rua.
Ludim: É...qual o nome do senhor?
Vinicio: Você tenha uma boa tarde.
Vinicio vai embora e Ludim entra em casa. Ele lê o papel e se senta no sofá pensativo.
Ludim: Talvez...talvez eu deva ir.
Cena 5: Rua/Tarde/
Paola está saindo de uma padaria com duas garrafas de água. Ela está voltando ao porto,
onde será o velório. Seus filhos já estão lá. Ela comprou água para eles. Ela ouve uma voz
atrás dela.
Vinicio: Senhora! Senhora!
Essa voz é a de Vinicio e Paola se vira. Ele vai até ela.
Paola: Pois não?
Vinicio: A senhora é Paola Fuentes?
Paola: Sim...sou sim.
Vinicio: Me desculpe interrompê-la dessa forma. Mas meu nome é Vinicio.
Queria conversar com a senhora sobre o Atena. Eu quero ajudá-la com dinheiro e tudo.
Outros sobreviventes do Atena vão estar lá. Não é nada de fraude ou algo do tipo.
Vinicio entrega um papel.
Vinicio: Aqui nesse papel tem o ponto de encontro. Se você for, venha depois do velório.
Com licença.
Vinicio se retira e Paola segue com seu trajeto. Ela está pensativa se ela deve ir ou não.
Cena 6: Porto/Tarde/
Milhares de pessoas estão ali. Todos estão profundamente tristes.
Os caixões contendo os corpos de todos que morreram no Atena estão no meio do porto.
Vemos Paola olhando profundamente triste para o caixão do seu marido. Seus filhos também
estão super tristes. Ludim está ao seu lado consolando-a. A música ‘’Taps’’ começa a ser
tocada em um trompete por um militar em homenagem às vítimas. As lágrimas começam
a escorrer compulsivamente pelo rosto de Paola. Vemos Laerte e Aline observando o funeral
no meio da plateia. Eles estão quietos e sem expressão Ludim segura a sua mão como uma
forma de dizer que está tudo bem. A câmera corta para o mar. Vemos alguém colocar uma
coroa de flores na água. Ela flutua em direção ao oceano enquanto a música toca de fundo.
Cena 7: Hotel La Sirena/Anoitecer/
O velório já terminou a algumas horas. Vemos Ludim, ainda triste por seus falecidos
companheiros, caminhando pelo corredor até o quarto 72. Após virar o corredor que levava
ao respectivo quarto, Ludim se surpreende ao ver Paola esperando
na frente do mesmo.
Ludim: Paola?
Ela se vira na direção de Ludim.
Paola: O...oi...eu vim aqui porque…
Ludim: Um cara quer conversar conosco?
Paola (surpresa): Como você sabe?
Ludim: Um homem passou na minha casa antes do velório me convidando pra mais ou
menos esse horário. Espero que não seja mais nenhum jornalista.
Paola: É...também espero.
Vinicio abre a porta.
Vinicio: Ah...vocês chegaram. Podem entrar, por favor.
Os dois entram no apartamento.
Cena 8: Apartamento/Anoitecer/
Ludim, Paola, Lorenzo e Vinicio estão sentados
Ludim: Tá...por que vocês nos chamaram?
Vinicio: Ok...primeiramente gostaria de dar as minhas condolências. Nós...chamamos vocês aqui não
por entrevistas ou nada do tipo. Nós queremos ajudar vocês. Sabemos que vocês precisam do
dinheiro logo. Vocês precisam do dinheiro para que mesmo. Precisamos saber disso para podermos
agir.
Paola: Eu...eu estou grávida. Eu preciso de dinheiro pra sustentar minha filha adolescente,
pra pagar os estudos do meu filho e meu marido não tinha seguro.
Ludim: Eu quero ajudar meu pai e a minha avó. Ela está quase fechando o negocio dela.
Vinicio: Entendo. Bem, acreditos que vocês acreditam que o dono da Coimbra, o Laerte, é um homem
bom. E...eu vim aqui pra dizer que não é bem assim.
Paola: O que quer dizer?
Lorenzo: Assim...ele...ele valoriza a empresa dele mais do que tudo. Ele diz ligar pro bem estar de
todos os seus funcionários. Diz que faria de tudo pela empresa. E...ele realmente faz, só
que não no bom sentido. Isso que eu vou falar talvez choque vocês ou soe como mentira...mas eu
posso garantir que eu ouvi tudo. O Laerte negligenciou o resgate da Coimbra e o pagamento de
indenização.
Ludim (desacreditado): O que?
Paola (séria): Isso...é algum tipo de brincadeira, não é?
Lorenzo: Não. Não é. Eu...eu era sócio dele. Estou com alguns problemas financeiros.
Vi nele uma oportunidade de me reerguer. Ele começou me tratando bem e tal. Não suspeitava de
nada. Isso até o incidente. Ele veio pra Costa Rica só pra não dizerem que ele não queria fazer nada.
Queria se pagar de bom homem, mas não é.
Ele queria manter tudo isso em sigilo para não afetar a imagem dele. Ele sabia que o Atena tinha falhas.
Sabe por que não deu pra lançar as baleeiras? Pois elas não eram trocadas a meses.
Se elas funcionassem, mais pessoas poderiam ter sido salva. Eu sei de tudo isso através desses
documentos.
Ele coloca uns documentos na mesa.
Ludim: Onde vocês conseguiram isso?
Lorenzo: A sede da empresa é em Gijón. Voltei pra lá sem ele saber e peguei tudo isso.
Mas antes de eu ir pra Gijón, eu conheci o Vinicio. O Laerte acabou com a vida ele.
Vinicio: Eu fiquei órfão aos 13 anos por causa dele. Meu pais trabalhavam em um outro navio
da empresa, o Demeter. O Laerte implodiu ele.
Vinicio coloca um jornal e outros documentos na mesa.
Paola: Meu deus…
Lorenzo: O Vinicio pediu minha ajuda...e eu descobri o que o Laerte realmente era. Quando ele
descobriu que eu já sabia de tudo, ele quase me matou. Estou me escondendo dele até agora.
Se ele me achar ele vai me matar.
Vinicio: Além disso, ele já matou pessoas, desviou dinheiro, fez sonegação e fraudes.
Vemos um clipes de provas das atrocidades de Laerte sendo mostradas e o grupo
dialogando.
Lorenzo: Então...convencidos?
Paola (chocada): Sim.
Ludim: Mais do que suficiente. Mas agora nós precisamos fazer alguma coisa!
Não podemos deixar ele arruinar mais vidas! Temos que fazer justiça.
Paola: O que nós vamos fazer?
FIM DO CAPÍTULO
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