Capítulo 36 (Últimos Capítulos)
- No capítulo anterior:
BENEDITO:
Fale de uma vez doutora, como a
minha neta está!
MÉDICA:
Felizmente fora de perigo! Ela não
teve nenhuma fratura ou lesão cerebral.
TOBIAS:
Graças a Deus!
MÉDICA:
Só que com a queda, infelizmente ela
perdeu o bebê.
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(No quarto, Clarissa está abatida e com os olhos inchados
depois de chorar muito com a notícia sobre o bebê. Tobias é o primeiro ao
entrar).
CLARISSA: Eu quero ficar sozinha, não quero falar com ninguém
agora... (Começa a chorar).
TOBIAS: (Sem dizer nenhuma palavra, vai até a cama, deita ao lado
de Clarissa e abraça) Eu não vou te deixar sozinha, essa dor é nossa! Eu não
vou mais te deixar sozinha, eu prometo.
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PADRE FERNANDO: Eulália Pedrosa, você aceita Severino Bezerra como seu
esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
EULÁLIA: (Fica em silêncio).
(Diante do silêncio de Eulália, começa um burburinho na
igreja).
DONA
CISSA: Agora danou, a vara-pau perdeu a
língua!
SERENA:
Ela não é nem doida de perder essa
chance, o Severino é um pedaço de mal caminho, mas também foi o único doido a
querer se casar com essa doida, se ela não casar hoje, morre encalhada...
LAURINHA:
Minha filha, o padre falou com você,
faça o favor de responder.
SEVERINO:
Além de Maria Mijona, você ficou
surda? Nem se atreva a me deixar plantado no altar que aqui não é novela, eu
vou te buscar onde você tiver e você casa.
PADRE FERNANDO: Vou repetir... Eulália Pedrosa, você aceita
Severino Bezerra como seu esposo, para amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na
tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os
separe?
EULÁLIA: (Olha para a mãe, para o padre e para Severino, em
seguida responde a contra gosto) Sim, eu aceito.
(Pode se ouvir um suspiro de alívio de todos os
convidados).
PADRE FERNANDO: Então, o que Deus uniu, o homem não poderá separar. Eu
vos declaro, marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva!
Música da cena: Quem Me Dera – Márcia Fellipe e Jerry
Smith
EULÁLIA: (Levanta-se arrumando o vestido) Até parece que vou
beijar um homem que fede a jumento!
SEVERINO:
Só espero que você não se mije de
novo... Se você não beija, eu beijo! (Severino curva Eulália e a beija
ardentemente sobre aplausos de todos na igreja).
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CADU:
Não seja por isso! (Levanta-se e
estende a mão para Beatriz). Senhora, me concede esta dança?
CLARISSA:
Vai lá, eu fico com a minha
afilhada...
BEATRIZ:
(Segura na mão de Cadu e os dois
caminham até a pista de dança).
(Em meio aos outros casais, Beatriz e Cadu dançam
abraçados. De repente, Cadu sente uma forte dor na cabeça e flashes começam a
surgir, transitando entre o passado e o presente).
BEATRIZ:
Cadu, tá tudo bem? (Fala ao perceber
a expressão estranha de Cadu, porém ele não a ouve, por mais que esteja olhando
diretamente para ela).
CADU: (Uma mistura de imagens começa a percorrer seus
pensamentos. Flashes de outra vida revelam ele dançando com Beatriz exatamente
a mesma música que os dois estavam dançando naquele momento. Vozes começam a
surgir em sua cabeça. Ele então recorda o dia em que sofreu um acidente, do
sequestro arquitetado pelo próprio irmão e que ele tentou matá-lo, recuperando
finalmente a memória).
- Fique agora com o capítulo de
hoje!
Cena 01 – Clube da Cidade [Externa/Tarde]
(Cadu fica completamente transtornado com as lembranças).
BEATRIZ:
Lembrou? Como assim lembrou? Lembrou
de tudo?
CADU:
Eu lembrei do meu passado, de tudo!
Eu estava fugindo naquela noite.
BEATRIZ:
Calma! Vamos sair daqui, você
respira um pouco e me conta tudo... (Beatriz leva Cadu para uma área separada
do salão de festas).
(Do outro lado da festa, Severino insiste com Eulália
para que os dois deixem a festa).
SEVERINO:
Vamos para casa, eu quero ficar
sozinho com você...
EULÁLIA:
Mas assim, no meio da festa?
SEVERINO:
Somos recém-casados, eles irão
entender!
EULÁLIA:
Você quer ir para casa para consumar
o pecado da fornicação, nem tente negar.
SEVERINO:
E o que você acha que acontece numa
noite de núpcias com um casal? Você tem que entender isso, Eulália... É
perfeitamente normal.
EULÁLIA:
(Pensa durante algum tempo para
decidir) Está bem, vamos.
(Eulália e Severino deixam a festa e vão para casa).
Cena 02 – Delegacia [Interna/Tarde]
(Carina estranha a conversa de Almeida ao telefone quando
entra na sala do Delegado).
DELEGADO
ALMEIDA: Sim, sem dúvidas. Excelente! Você
acha me consegue esse levantamento até o fim do dia? Perfeito, sim... Eu fico
no aguardo, obrigado!
INSPETORA
CARINA: Boas notícias ou é impressão minha?
DELEGADO
ALMEIDA: Era do sistema de inteligência,
conseguimos rastrear um cartão de crédito em nome da Candelária sendo
utilizado.
INSPETORA
CARINA: Ué, ela está fazendo compra do além?
DELEGADO
ALMEIDA: Antes fosse! Tenho um palpite sobre
quem está usando esse cartão.
INSPETORA
CARINA: Eu acho que já entendi o que você
quer dizer, a filha dela. Não é?
DELEGADO
ALMEIDA: Exatamente, meu palpite é que seja a
filha dela. Agora você não adivinha onde foi registrada essa compra!
INSPETORA
CARINA: Onde?
DELEGADO
ALMEIDA: Em Correntes!
Cena 03 – Casa de Laurinha [Interna/Noite]
(Eulália e Severino entram no quarto dela se agarrando).
SEVERINO:
(Tira o terno enquanto beija
Eulália) Até que enfim chegamos.
EULÁLIA:
Calma, calma! Não precisa ter
pressa... Ainda precisamos fazer uma coisa antes de chegar as vias de fato!
SEVERINO:
Fazer o que? Que história é essa?
(Estranha o comentário da esposa).
EULÁLIA:
Precisamos rezar 150 Ave Maria e 150
Pai Nosso!
SEVERINO:
Vai virar beata de novo, Eulália?
EULÁLIA:
Precisamos purificar a nossa alma,
se não for assim, não vai acontecer nada entre nós.
SEVERINO:
(Revira os olhos e tenta não se
irritar, por fim cedendo ao pedido de Eulália) Está bem, como será?
EULÁLIA:
(Se ajoelha ao pé da cama) Primeiro você
se ajoelha, depois você reza. É fácil!
SEVERINO:
(Se ajoelha ao lado da esposa).
EULÁLIA:
Rezemos! Ave Maria cheia de graça...
(Começa a rezar).
(Após algum tempo e por rezar repetidas vezes, Severino
pega no sono e ao perceber isso, Eulália foge do quarto).
EULÁLIA:
(Sai do quarto e se encosta na porta
pelo lado de fora) Meu pai, e agora o que faço para fugir desse homem? Eu não
consigo perder minha pureza!
Cena 04 – Clube da Cidade [Externa/Noite]
(Beatriz entrega um copo d’água).
BEATRIZ:
Está mais calmo?
CADU:
Eu lembrei de tudo, toda a minha
vida antes de ter te conhecido... Por fim eu sei o que me aconteceu!
BEATRIZ:
Então me conta, o que você estava
fazendo naquela estrada? De quem você estava fugindo?
Flashback:
Dia do acidente...
(Cadu trabalha em seu escritório na Rede Montenegro
quando recebe a visita da esposa).
CAROLINA: Eu atrapalho? (Questiona parada na porta).
CADU: Não, não... Pode entrar!
CAROLINA: Eu estava fazendo uma presença vip na inauguração de uma
loja aqui perto e resolvi te visitar, poderíamos almoçar juntos naquele
restaurante, o que acha?
CADU: Acho que não vai dar, preciso resolver algumas
pendências, aprovar verbas, checar as informações de um balanço.
CAROLINA: (Massageia os ombros do marido) Você está muito tenso,
amor! Precisa sair, espairecer... Se divertir! Vou preparar uma bebida pra
você...
(Carolina vai até uma mesa de apoio na sala de Cadu onde
tem algumas garrafas de bebidas e copos. De costas para o marido, ela retira do
decote um comprimido em formato de capsula, abre o recipiente e despeja o pó no
copo de Cadu, em seguida, adiciona gelo, whisky e mexe para que ele não
perceba).
CAROLINA:
(Vai até o marido e lhe entrega o
copo) Tome, aqui está. Você vai se sentir melhor depois que tomar esse drink.
CADU:
Obrigado, estou mesmo precisando!
(Pega o copo e bebe todo o liquido).
(Cadu e Carolina saem da sala dele e caminham pelos
corredores da empresa enquanto ele se queixa de sonolência).
CAROLINA:
(Escreve uma mensagem no WhatsApp)
Está feito! (Envia para Alberto).
(No estacionamento).
CADU:
Que estranho, de repente bateu um
sono... Não sei se consigo dirigir! (Diz enquanto caminha já demonstrando
dificuldade pelo estacionamento vazio).
CAROLINA:
Você não vai precisar dirigir, querido.
CADU:
Como assim?
CAROLINA:
O lugar para onde você vai, não
precisa de motorista, muito menos dirigir...
CADU:
Do que você está... Foi você? A
bebida, tinha alguma coisa, não era? O que você fez? (Aos poucos a visão de
Cadu escurece e ele cai ao lado do próprio carro).
CAROLINA:
Fez tudo como combinamos? (Questiona
a Alberto que se aproxima).
ALBERTO:
Tudo conforme planejado.
CAROLINA:
Tem certeza de que ninguém te viu?
ALBERTO:
Absoluta, pedi para o Dinho desligar
o sistema de filmagem, ninguém nos viu.
(Alberto e Dinho colocam Cadu no porta-malas, enquanto
Carolina se certifica que ninguém os observa. Em seguida, Alberto e Dinho
partem para a saída da cidade para matarem Cadu).
ALBERTO: (Num matagal afastado da cidade, desce do carro armado e
vai até o porta-malas) Vamos, desce daí agora! (Diz para o irmão com a arma
apontada para ele).
CADU: (Sai do porta-malas com as mãos para o alto) Calma!
Abaixa essa arma, o que está acontecendo? Vamos conversar, não faça nenhuma
besteira...
(Nesse momento, Dinho que vem logo atrás pisa num galho
caído no chão e Alberto se distrai com o barulho. Cadu então aproveita para
tentar fugir).
CADU: (Corre ofegante
em meio as árvores, enquanto é perseguido por Alberto e seus capangas).
ALBERTO: Não adianta
correr maninho, eu vou te alcançar e quando isso acontecer, será o seu fim.
(Grita).
CADU: (Se esconde atrás
de uma árvore).
ALBERTO: Percorram toda
essa área, ele não pode ter evaporado. Encontrem esse infeliz, eu quero a
cabeça dele numa bandeja de prata. (Instrui seus comparsas).
CADU: (Continua
escondido, sem perceber que Alberto o avistou).
ALBERTO: Aí está você!
(Aponta a arma em direção a Cadu).
CADU: Não atira, não me
mate. Eu sou seu irmão! Como pode me odiar tanto assim? Eu sou o seu irmão...
ALBERTO: Irmão? Eu sempre
recebi as migalhas que os nossos pais me deram, me criaram como um filho
bastardo enquanto você teve tudo, o dinheiro, o poder, a responsabilidade pelos
shoppings...
CADU: Mas do que você
está falando? Nossos pais sempre nos deram tudo, inclusive amor de forma igual,
sem distinção... E eu? Eu te amo, te ofereci tantas oportunidades, mas você
nunca, nunca quis estudar, sempre quis uma boa vida, de forma fácil... Se
envolveu com quem não devia, com jogos, bebida... E ainda por cima você foi
capaz de me trair com a minha mulher, dentro da minha casa e da maneira mais
ordinária.
ALBERTO: É, como sempre
você o perfeito e eu o maldito adotado. Mas agora chegou a minha hora, eu vou
ficar com tudo o que é seu... Tudo o que deveria ser meu por direito, eu sou o
filho mais velho. Sua esposa queria te ver tão morto quanto eu, desgraçado!
CADU: (Com as mãos para
o alto, Cadu anda para trás, conforme Alberto se aproxima).
ALBERTO: Comece a
implorar, eu quero te ver suplicando pela vida... Eu quero ter esse gostinho
antes de te matar. Eu vou te matar! (Começa a sacudir a arma enquanto grita).
CADU: (Se aproveita de
um momento de distração e tenta tirar a arma de Alberto, iniciando uma briga
com o irmão) Solta essa arma, canalha! (Grita).
ALBERTO: Eu não vou soltar
nada, eu vou matar você...
CADU: Você não vai
matar ninguém, eu vou te mandar pra cadeia e tem mais... Você não vai ficar com
nenhum centavo, eu mesmo vou me encarregar perante a justiça de que você não
ponha essas suas mãos sujas em cima do dinheiro dos nossos pais. Esse dinheiro
significa que você venceu e você não vencerá nunca, nunca!
ALBERTO: Engana-se, meu
querido irmão... Você já está morto! (Alberto empurra Cadu de um precipício).
Cena 05 – Clube de Correntes [Interna/Noite]
Fim do Flashback.
CADU: Foram eles, eu tenho certeza. O meu próprio irmão e a minha esposa
tentaram me matar. (Diz a Beatriz).
BEATRIZ: Eu preciso
confessar que já desconfiava dessa possibilidade... O Guilherme, meu amigo
jornalista, ele estava chegando bem perto dessa história e depois disso ele
desapareceu. Já faz algum tempo que eu descobri o paradeiro dele e assim como
você, ele também sofreu uma emboscada e está em coma, ninguém sabe que ele está
vivo e deve continuar assim, pelo menos até ele se recuperar.
CADU: E você também
acha que foram eles?
BEATRIZ: Eu não tenho
dúvidas.
CADU: Precisamos fazer
alguma coisa, eles precisam pagar por isso!
BEATRIZ: E o que pretende?
Ir a polícia?
CADU: Não, eu quero
mais que isso... Quero fazer uma armadilha, quero dar corda para que eles dois
se enforquem para que as autoridades não tenham mais nenhuma dúvida da
responsabilidade dos dois nesses atentados. Eu tenho um plano, vou te contar!
(Cadu começa a narrar a ideia que acabara de ter).
Cena 06 – Casa de Laurinha [Interna/Noite]
(Ao chegar em casa depois da festa, Laurinha encontra com
a filha vestida de noiva, adormecida no sofá).
LAURINHA: Ué, que estranho! Eulália, o que está fazendo dormindo no sofá, minha
filha? (Questiona ao acordar a filha).
EULÁLIA: Eu peguei no sono de repente, estava muito cansada.
LAURINHA: Isso eu percebi, só não entendi porque justamente aqui. Não era para
estar na presença do seu marido e vivendo a noite de núpcias?
EULÁLIA: Noite de núpcias? (Disfarça).
LAURINHA: Minha filha, você não está fugindo do seu marido, está?
EULÁLIA: Eu não, que história...
LAURINHA: (Senta-se ao lado
da filha no sofá) Eu sei que você se guardou por muito tempo e sonhou em ser
amada, todo mundo se imagina vivendo isso em algum momento da vida. Parece ser
assustador, mas você terá medo enquanto não se permitir experimentar as coisas
que a vida tem a lhe oferecer. Está na hora de se arriscar e viver novas
experiências, você não acha?
EULÁLIA: (Olha para a mãe
sem palavras).
LAURINHA: Não precisa falar
nada, apenas prometa que vai pensar no que eu te disse. Agora vou subir, o dia
hoje foi cheio. Até amanhã! (Laurinha beija a testa da filha e em seguida vai
para seu quarto).
Música da cena: Quem Me Fera – Márcia Fellipe e Jerry Smith
EULÁLIA: (Pensativa, Eulália deita novamente no sofá).
Cena 07 – Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
(Tarde da noite, alguém toca a campainha insistentemente
acordando a todos. Carolina desce a escada, enquanto Rangel acende as luzes da
sala e Doralice abre a porta).
CAROLINA: Cadu? (Questiona surpresa ao ver o marido entrar).
CADU: Eu percebi que o meu verdadeiro lar é aqui, resolvi voltar para a nossa
casa.
CAROLINA: Que notícia ótima, meu amor! Tenho certeza de que essa foi a melhor
decisão que você tomou. (Diz ao tentar beijar o marido).
CADU: Eu vou para o meu quarto, estou muito cansado, boa noite! (Diz ao após
virar o rosto, evitando o beijo de Carolina. Em seguida, sobe para o quarto).
CAROLINA: (Observa Cadu subir a escada) Esse daí não muda, está comendo na minha
mão de novo! (Sorri enquanto fala consigo mesma em pensamento).
Cena 08 – Plano Astral [Externa/Manhã]
(Adelaide está sentada numa fonte, observando a água
jorrar com um semblante pensativo).
ORLANDO: Pensei que nesse lugar as pessoas não tivessem problemas... No que está
pensando? (Diz ao sentar ao lado de Adelaide).
ADELAIDE: Eu só estava distraída, apenas isso.
ORLANDO: Ainda está assim por conta do sermão do tal do Bonifácio? Escuta, eu
acho que você não deveria dar tanta importância assim, afinal de contas...
ADELAIDE: Eu não acho tão
fácil como você, meu caro. É como se eu me negasse a aceitar as coisas como
você tem feito desde que chegou aqui. Eu penso de outra forma, para mim isso é
importante. Eu quero reencarnar, quero recomeçar de novo... Você deveria
aceitar o seu destino, assim como a sua missão de proteger a vida do Cadu. Essa
é a sua missão, a vontade do criador... Quer você queira ou não queira! Você precisa evitar que a mesma tragédia se repita nessa vida.
Cena 09 – Casa da Família
[Interna/Manhã]
Atenção leitor(a): A partir
de agora faremos uma viagem no tempo e regressaremos algumas décadas e vidas
passadas, as próximas cenas serão ambientadas na década de 50.
Correntes, 1953
(No jardim, Beatriz borda
enquanto toma sol).
ORLANDO: Eu posso me sentar ao seu lado?
BEATRIZ: (Borda uma toalha
para o bebê que está esperando) Tem outro jeito? Se eu disser que não, você irá
sentar do mesmo jeito...
ORLANDO: (Segura as mãos
da esposa) Beatriz, você não acha que podemos dar uma trégua? Eu já entendi que
você não me ama, que nunca vai me amar... Porém, nós estamos casados e
deveríamos tentar viver em paz. Você acha que podemos tentar conviver de uma
forma mais harmoniosa? Não existe um dia em que eu não tenha me culpado pelo o que aconteceu com o meu irmão, eu sou o responsável pela tragédia que destruiu a minha família. A minha mãe não quer mais saber de mim, você me rejeita, o meu irmão se foi... Eu perdi tudo!
BEATRIZ: (Olha para as
mãos de Orlando segurando as suas para em seguida responder) Está bem, eu acho
que podemos tentar conviver melhor. Só não espere amor da minha parte, isso
você não vai ter.
(De seu quarto e parada na janela, Carolina observa os dois, escondida
atrás da cortina).
CAROLINA: Olha lá, como
sempre... Ela sempre fica com tudo e eu nada! Conseguiu o homem que eu queria e
hoje ele está morto, agora tem esse daí e ela não quer vê-lo nem pintado de
ouro... (Carolina anda pelo quarto e para de frente ao espelho para se admirar,
em seguida ela levanta um pouco da blusa e revela ataduras pressionando seu
abdômen). Eu preciso me livrar dessa criança, não quero vê-la, não quero
nenhuma lembrança daquele homem! (Diz para si mesma).
Cena 10 – Casa de Benedito [Interna/Manhã]
(Clarissa assiste TV com um semblante deprimida. Benedito
chega em casa para o almoço).
CLARISSA: (Muda de canal com o controle remoto).
BENEDITO: Você não pode
ficar assim, tem que reagir! Eu sei o quanto perder esse bebê mexeu com você e
a dor que está sentindo, mas você precisa seguir em frente, você terá outros
filhos e pode ser feliz. Pensa que esse filho está nos braços de Deus pai, todo
poderoso e que está olhando por nós.
CLARISSA: Eu só quero ficar
no meu canto, vovô. Só isso!
BENEDITO: Eu te conheço,
você está evitando até o Tobias e ele não tem culpa do que aconteceu, foi uma
fatalidade.
CLARISSA: O senhor não
entende, não viu o que eu vi. No fundo, eu acho que aquela mulher ainda mexe
com ele!
BENEDITO: Não, não mexe. A
geleira do coração daquele homem derreteu, abra seu olho.
Cena 11 – Motel [Interna/Manhã]
Música da cena: A Gente Samba – Gabriel Nandes
(Após uma tórrida noite de sexo, Iara e Alberto
conversam).
ALBERTO: Você me pode ser bem útil, sabia?
IARA: É? Sabia que eu também acho?
ALBERTO: Você sabe muitos podres da Carolina e ela come na sua mão, pode
admitir...
IARA: A Cacau come na minha mão, eu sei de tudo sobre ela, tudo mesmo!
ALBERTO: Tudo? O que você quer dizer com tudo?
IARA: (Olha para Alberto) Tudo! Eu sei que a Carolina é uma bandida, uma
assassina e se eu quiser, ela apodrece na cadeia.
Cena 12 – Casa de Laurinha [Interna/Manhã]
(Após pegar no sono durante a noite, Severino troca de
roupa frustrado pela primeira noite de casado).
SEVERINO: Aí está você, você sumiu! Se aproveitou e inventou essa história de
rezar pra fugir, não foi? (Diz enquanto troca de roupa e Eulália entra em
casa).
EULÁLIA: Eu errei, mas eu estou disposta a corrigir o meu erro.
Música da cena: Quem Me Dera – Márcia Fellipe e Jerry Smith
SEVERINO: E eu posso saber como?
EULÁLIA: Pode e eu vou mostrar agora! (Eulália pula em cima de Severino e o
beija intensamente).
(Os dois caem em cima da cama e de uma forma voraz, tiram a roupa um do
outro. A cidade então começa a tremer, passando por um leve tremor aos gritos
de Eulália, que ecoavam por todos os cantos).
A câmera foca na fachada da casa de
Laurinha, a cena congela e o capítulo encerra com o a tela azul da cor do céu.
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
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