Capítulo 40 (Últimos Capítulos)
- No capítulo anterior:
INSPETORA CARINA: (Entra na sala rapidamente) Você não vai acreditar no vídeo que está
bombando na internet, você tem que vê! (Diz ao estender a mão com o celular
para Almeida).
DELEGADO ALMEIDA: Deixe-me ver! (Pega o celular e assiste o vídeo da discussão entre
Alberto e Carolina, onde os dois comentam sobre os assassinatos cometidos e os
planos contra Cadu). É seu Alberto, vejo que o seu advogado vai ter que suar
muito para conseguir te deixar em liberdade, tem certeza de que não quer tentar
um acordo, confessar tudo e entregar onde estão os seus cúmplices?
ALBERTO: Está bem, eu vou
falar tudo, como tudo realmente aconteceu!
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GUILHERME: Eu estou pronto,
não quero mais esperar.
BEATRIZ: (Olha para Cadu e
Daniel antes de responder) Você tem certeza de que quer fazer isso agora?
GUILHERME: Tenho!
BEATRIZ: Está bem, eu vou
lá fora e vou chamar a polícia, pedirei ao Delegado Almeida para vir até aqui.
(Beatriz pega a bolsa, mas antes de se afastar, Guilherme segura sua mão). O que
foi? (questiona).
GUILHERME: A pasta! Você viu
o que tinha na pasta que o Daniel te entregou? Eu preciso que você veja o que
tem na pasta, lá você encontrará as respostas que tanto buscou.
BEATRIZ: (Estranha o
comentário) Está bem, eu vou olhar. Procure descansar enquanto isso, eu vou
falar com o delegado, o mais importante agora é a sua saúde.
(Algumas horas depois, o delegado chega ao hospital e encontra com
Beatriz e Cadu).
BEATRIZ: Delegado, que bom
que veio! O meu amigo quer depor sobre o que aconteceu com ele, é bom que tudo
fica esclarecido de uma vez por todas e para que ninguém mais duvide da minha
inocência.
DELEGADO ALMEIDA: Bem, eu entendo os seus motivos para estar chateada por ter sido presa,
mas naquele momento os indícios indicavam que você era culpada, mas não precisa
mais se preocupar em provar a sua inocência, Alberto Montenegro acaba de
confessar seus crimes e os de Carolina Montenegro.
CADU: Enfim aquele
miserável terá o que merece!
BEATRIZ: Então é muito
importante que o senhor converse com o meu amigo, a lista de crimes dos dois
irá aumentar, pode apostar.
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CAROLINA: O menino é aquele ali... Grave bem o rosto dele, não podemos errar.
Entendeu? (Diz dentro de um novo carro arrumado por Dinho e do outro lado da
rua).
DINHO: Pode deixar, eu vou gravar bem o rosto do moleque. Logo, logo vamos
colocar a mão nessa grana!
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DINHO: Assim que se fala, vamos lá! (Dinho acompanha Gael até o carro e abre a
porta para o menino).
CORUJA: Você? (Tenta
correr ao ver Carolina no interior do carro, porém Dinho coloca um lenço
umedecido com clorofórmio no rosto do menino, que logo desmaia).
CAROLINA: Me dá ele aqui,
vai, anda logo! (Dinho coloca o menino no banco traseiro, com a cabeça apoiada
no colo de Carolina). Vamos embora!
(Dinho entra no carro e em seguida acelera e sai cantando pneu, até o
carro sumir no fim da rua).
- Fique
agora com o capítulo de hoje!
Cena 01 – Hotel Royal [Externa/Tarde]
(Dinho estaciona o carro em frente a um hotel
abandonado).
CAROLINA: Que buraco! (Diz após descer do carro e olhar a fachada do hotel antigo
abandonado).
DINHO: Você queria um local discreto, não queria? Eu estudei a área, esse
hotel está abandonado há muitos anos...
CAROLINA: (Continua olhando para o hotel) Engraçado, poderia jurar que já estive
aqui antes... Pegue o menino, vamos entrar!
DINHO: Eu duvido muito, esse hotel está desativado há quase duas décadas.
(Dinho abre a porta do carro e pega Coruja no colo).
CAROLINA: Agora vamos conhecer o interior dessa pocilga!
(No interior do hotel, alguns instantes depois).
CAROLINA: (Cobre o nariz) Que lugar asqueroso, fede a bicho morto... Que nojo! Só
de pensar que vou passar a noite aqui, tenho urticária.
DINHO: (Coloca Coruja deitado numa cama) Pare de reclamar, é só abrir as
janelas e deixar ventilar. Mudando de assunto, você já sabe quando vai ligar
para o pai do menino?
CAROLINA: É claro que eu sei! Por enquanto vamos deixar o pai-coruja sentir falta
do menino... Pai... Coruja! (Começa a rir após fazer o trocadilho).
Cena 02 – Haras Ferraz [Interna/Tarde]
Música da cena: Não Olha Assim Pra Mim - OutroEu
(Surgem imagens do haras de Tobias, cavalos correndo pelo
campo até chegar à fachada de sua fazenda. No interior da propriedade, Tobias
analisa alguns relatórios sobre os animais).
CLARISSA: Será que eu atrapalho o meu futuro marido? (Pergunta parada na porta do
escritório).
TOBIAS: É claro que não, você nunca me atrapalha... Venha aqui e me dê um
beijo, estava com saudades!
CLARISSA: (Vai até Tobias, senta no colo dele e o beija).
TOBIAS: Como foi hoje na escola?
CLARISSA: Ah, nada de anormal. Preparei minha aula, fiz alguns exercícios com os
meus alunos, passei em casa e deixei o almoço pronto para o vovô e vim aqui te
ver.
TOBIAS: Entendi, e o Gael, veio com você?
CLARISSA: Não, pensei que ele já estivesse aqui. A turma foi liberada tem algumas
horas!
TOBIAS: Foi liberada e ele não chegou? Onde será que esse menino se meteu?
CLARISSA: Aposto que ele se distraiu com algum coleguinha e não viu o tempo
passar, sabe como são os meninos na idade dele...
TOBIAS: É, deve ser isso... Vamos esperar mais um pouco, ele chegará daqui a
pouco.
CLARISSA: Certamente. (Beija Tobias novamente).
Cena 03 – Delegacia [Interna/Noite]
(Na sala de visitas, Alberto conversa como o seu
advogado).
ALBERTO: Como assim você não vai conseguir me tirar daqui? Eu não posso
continuar preso, você tem que dar um jeito, Doutor Rodrigo!
RODRIGO: Eu sei, tentei um
habeas corpus, aleguei que você não possuía atenuantes, residência fixa e me
responsabilizar em você não sair do país, mas o promotor foi irredutível. O
vídeo que está circulando nas redes sociais publicando pela sua empregada
agravou muito a sua situação!
ALBERTO: Então quantos
dias a mais eu ficarei aqui? Você tem alguma previsão? Vai tentar de novo, não
vai?
RODRIGO: Eu tenho que te
dar uma notícia...
ALBERTO: Notícia? Que
notícia? Porque você tá com essa cara? Fala!
RODRIGO: Você será
transferido amanhã para um presídio.
ALBERTO: (Fica assustado
com a notícia) E a Carolina? Ninguém prendeu aquela desgraçada?
RODRIGO: Ainda não, ela
continua foragida. Você tem ideia de para onde ela poderia ter ido?
ALBERTO: Eu posso imaginar
em que fim de mundo ela se meteu! (Conclui com um ar pensativo).
Cena 04 – Haras Ferraz [Interna/Tarde]
(Ao anoitecer, Tobias segue inquieto após ir olhar
através da janela se o filho estava se aproximando da fazenda).
TOBIAS: Ele já deveria ter chegado... Será que aconteceu alguma coisa?
MARILDA: Vire essa boca para lá, Tobias! O menino há de chegar são e salvo.
CLARISSA: Eu vou entrar em contato com os pais dos alunos por telefone, talvez
ele esteja na casa de um amiguinho.
TOBIAS: Eu estou sentindo uma coisa estranha, uma angústia... Acho que o meu
filho está em perigo.
SEVERINO: Se o senhor quiser, eu e Israel vamos procurar pelas redondezas.
TOBIAS: Não é necessário, Severino. Você acaba de se casar, tem suas obrigações
e deveres com a sua família, pode ir para a sua casa. Acho melhor acionar a
polícia!
ISRAEL: A polícia? (Surpreende-se).
(O telefone começa a tocar).
MARILDA: O telefone...
TOBIAS: Eu atendo! (Diz ao retirar o telefone do gancho). Alô?
CAROLINA: Oi Tobias, aqui
quem fala é a Carol... Você não vai adivinhar quem resolveu passar uns tempos
comigo? (Diz ao olhar para Gael dormindo na cama enquanto ela fala ao
telefone).
TOBIAS: (Nesse momento,
Tobias arregala os olhos e sente um calafrio, permanecendo estático, sem
conseguir dizer nenhuma palavra).
CAROLINA: Ficou mudo? Sabe
que eu imaginei que isso iria acontecer? Melhor assim... Bem, fato é que você
precisa ficar sabendo de uma coisa, o nosso filho é muito valioso e eu admito
isso, por esse motivo, para que você veja o Gael novamente, quero que me arrume
2 milhões em dinheiro vivo e numa mala, caso contrário... Eu e o meu filhinho
iremos desaparecer nesse mundaréu. Ouça atentamente e anote as instruções que
irei te dar e principalmente, onde você vai deixar o meu dinheiro... Nem pense
em fazer nenhuma gracinha ou se não, já sabe... Adeus Gael!
Cena 05 – Casa de Luiza [Interna/Noite]
(Luiza e Beatriz que segura Alice no colo observam Cadu
falar ao telefone com Tobias).
CADU: Eu vou para o
haras e não se fala mais nisso, faço questão de acompanhar tudo bem de perto e
negociar. Tudo bem, eu chego em poucos minutos, até já. (Desliga).
BEATRIZ: O que aconteceu Cadu?
LUIZA: Pela cara dele, não é coisa boa... (Diz observando a expressão de
Cadu).
CADU: A Carolina está
fora de si! Agora que o cerco está se fechando e que ela está foragida, ela
sequestrou o próprio filho e está pedindo um resgate para devolvê-lo ao pai...
No fundo, ela aproveitou que a cidade está em polvorosa por conta do carnaval e
viu a oportunidade perfeita de pegar o menino sem ser notada, já que as pessoas
não pensam e não veem outra coisa que não seja o carnaval.
BEATRIZ: Mais essa mulher
é uma completa desequilibrada, alguém precisa detê-la... As vezes eu penso que
gente ruim só se conserta depois de morta.
LUIZA: Não fale uma
coisa dessa nem brincando, Deus castiga!
BEATRIZ: E você vai para
lá?
CADU: Sim! O Tobias me
estendeu a mão quando eu estava desmemoriado e me deu uma oportunidade, se
tornou um grande amigo e eu quero ajuda-lo no que for preciso, nem que eu mesmo
levante a quantia em dinheiro que aquela bandida está pedindo.
BEATRIZ: Então eu vou com
você, a Clarissa deve estar precisando de mim.
LUIZA: Podem ir
tranquilos, eu cuido da Alice. Me mantenham informada, irei acender uma vela
para Nossa Senhora da Conceição interceder pela vida do menino.
BEATRIZ: (Coloca Alice no
colo da tia) Está bem, ligarei assim que tiver notícias... (Pega sua bolsa).
CADU: Vamos?
BEATRIZ: Vamos! (Diz,
saindo em seguida acompanhada de Cadu).
Cena 06 – Hotel Royal [Interna/Noite]
(Dinho começa a notar que Carolina não está tão sã como
gostaria de aparentar).
CAROLINA: (Dá gargalhadas).
DINHO: E agora? Do que você está rindo?
CAROLINA: Do Tobias... Você precisa ouvir, eu consigo imaginar ele parado na
minha frente se borrando todo quando eu disse que estava com o menino.
DINHO: E ele falou que vai conseguir a grana?
CAROLINA: Ele vai arrumar... O sonho da vida dele era ter um filho e eu dei, ele
não vai querer perder esse menino. Conhecendo Tobias Ferraz como eu conheço,
ele seria capaz de vender tudo o que tem para resgatá-lo.
(Coruja acorda e percebe que está amarrado e com uma fita cobrindo sua
boca para que ele não grite).
CAROLINA: Olha só... Ele
acordou! (Diz ao se aproximar e sentar na cama junto ao menino). Não precisa se
preocupar, a mamãe está aqui e vai ficar com você, nada vai lhe acontecer, eu
prometo...
CORUJA: (Tenta se afastar
de Carolina o máximo que pode).
Cena 07 – Cobertura Montenegro [Interna/Manhã]
Música da cena: Encantada – Rafael Cortez e Sabrina
Parlatore
(O dia amanhece e o sol anuncia uma manhã ensolarada.
Rangel está polindo a prataria na sala quando a campainha toca e Doralice deixa
o que está fazendo na cozinha para abrir a porta).
DORALICE: Tudo eu nessa
casa... Você fica aí alisando esses pratos horríveis que ninguém usa para comer
e nem sequer pode abrir a porta, tenho que gastar o solado dos meus sapatos...
(Diz ao cruzar a sala e caminhar em direção a porta).
RANGEL: É bom mesmo você
fazer outra coisa do que bancar a blogueira famosa, você nunca será influencer,
Doralice... É velha demais para isso!
DORALICE: Disso, eu já sei,
ô pinguim! (Em seguida Doralice abre a porta e surpreende-se. Vários
jornalistas e fotógrafos estão a lotar o corredor do prédio, deixando-a
atordoada diante tantos flashes).
Música da cena: Cremosa – Banda Uó
JORNALISTA 1: É ela, é
ela... Filmem, registrem tudo.
JORNALISTA 2: Estamos
aqui na casa da família de empresários Montenegro e diante da empregada
doméstica que denunciou os patrões publicamente através de suas redes sociais.
Foi difícil para você tomar essa dose de coragem, Doralice? (Diz ao apontar o
microfone em direção a Doralice).
DORALICE: É... Eu... É...
JORNALISTA 3: E como
você se sente ao quebrar a internet e se tornar a nova cara das influencers
populares no Brasil com esse número absurdo de seguidores que só aumenta? (Diz
apontando um gravador também na direção de Doralice).
DORALICE: Moço, eu só tenho
50 seguidores, tudinho da minha família lá de Itacuruba, jardim sertanejo e
sertão de Pernambuco.
JORNALISTA 1: Creio que
a senhora está equivocada, antes da imprensa se reunir aqui, eu mesma olhei o
seu perfil e ele já ultrapassava a marca de 1,2 milhões de seguidores...
DORALICE: O que? Isso não é
possível, a senhora deve ter visto errado! Tem certeza que olhou o perfil
certo? É @dorinha_poderosa...
JORNALISTA 3: É... Corrigindo,
a senhora está com o número de seguidores aumentando a cada 1 minuto, agora a
senhora já alcançou a marca de 1,4 milhão de seguidores. Já existe até um
fã-clube chamado “Dodômores”.
DORALICE: Não é possível,
isso não é real... (Doralice tira o celular do bolso para verificar a
veracidade do que as jornalistas acabaram de falar). Meu Deus... Meu Deus...
Meu Deus! 1,9 milhões de seguidores... (Grita e começa a pular).
RANGEL: (Fica chocado com
a reação de Doralice).
JORNALISTA 1: Filma isso!
(Fala com o cinegrafista).
JORNALISTA 3: Filma
também, não deixe faltar nenhum detalhe... (Diz ao cinegrafista da outra
emissora).
JORNALISTA 2: E assim,
nasce uma nova estrela da internet. Pâmella Brasil, diretamente da cobertura
Montenegro, é com vocês no estúdio! (Despede-se ao vivo, enquanto Doralice
comemora enlouquecida no fundo).
Cena 08 – Hospital de Correntes [Interna/Tarde]
Atenção leitor(a): A partir
de agora faremos uma viagem no tempo e regressaremos algumas décadas e vidas passadas,
as próximas cenas serão ambientadas na década de 50.
Correntes, 1953
Música da cena: Proibição
Inútil (E Daí?) – Gal Costa
(Angustiado na recepção e
aguardando por notícias de Beatriz, Orlando seguia a andar de um lado para o
outro).
ORLANDO: (Vê o médico que atendeu Beatriz
ao dar entrada no hospital se aproximar) Doutor, como está a minha esposa? Ela
vai sobreviver, não vai?
MÉDICO: Foi um verdadeiro milagre ela
chegar viva após sofrer uma queda tão violenta. O parto foi muito complicado,
precisamos usar o fórceps, é uma menina e está na incubadora!
ORLANDO: Mas elas irão se recuperar, não
vão? Eu posso vê-las?
MÉDICO: Como disse, a menina precisará
ficar na incubadora por um período de observação para vermos como se comporta
nas próximas horas. Quanto a sua esposa, eu preciso lhe dar uma notícia,
infelizmente não muito agradável.
ORLANDO: Diga-me, Doutor... Não me esconda
nada!
MÉDICO: Devido as complicações do parto,
ela não poderá engravidar novamente.
ORLANDO: A Beatriz nunca poderá me dar um
filho? (Pergunta com lágrimas nos olhos).
MÉDICO: Eu sinto muito...
(No quarto).
ORLANDO: (Se aproxima cautelosamente de
Beatriz, que está com a face embranquecida devido a perda de sangue durante o
parto) Como se sente?
BEATRIZ: Mal, muito mal... E o meu bebê? Ele
está vivo? (Fala pausadamente, ainda fraca).
ORLANDO: Sim, é uma menina. Logo, ela
estará aqui com você...
BEATRIZ: Não está mentindo, não é?
ORLANDO: Não... É a verdade! (Orlando
permanece em silêncio por um breve instante e em seguida muda de assunto).
Escuta Beatriz, eu não entendo como você foi cair da escada, sempre foi tão
cuidadosa ao descer e subir.
BEATRIZ: Eu não caí... Eu fui empurrada,
tentaram me calar... Queriam me matar!
ORLANDO: Quem? Quem fez isso com você?
BEATRIZ: Carolina, assim como ela me
odeia... Ela causou a morte do Cadu!
ORLANDO: (Fica chocado com o que acabara de
ouvir).
Cena 09 – Ruas de Correntes [Externa/Noite]
Música da cena: You Are My Destiny – Paul Anka
(Carolina caminha pelas ruas de correntes com uma sacola
de feira).
CAROLINA: (Se aproxima de
um local conhecido como “roda dos rejeitados”. Um local onde crianças são
abandonadas e levadas para um orfanato. Da sacola, ela retira o menino a que
deu à luz envolvido num lenço e o deixa lá. Certifica-se de que não foi vista
ao olhar para os lados e em seguida vai embora sem olhar para trás).
(Na casa da Família Grimaldi).
CAROLINA: (Entra em seu quarto e fecha a porta) Devo admitir que foi mais fácil
do que eu pensava... (Fala consigo mesma).
ORLANDO: Falando sozinha? (Diz sentado numa poltrona no canto do quarto de
Carolina).
CAROLINA: (Assusta-se) Orlando? Eu não sabia que estava aí... O que está fazendo
em meu quarto? Deseja alguma coisa?
ORLANDO: A Beatriz sofreu um acidente hoje... Ela rolou pela escada!
CAROLINA: Santo Deus, mas ela... (Pausa e engole seco). Está viva?
ORLANDO: Mais viva do que nunca e com uma vontade de falar enorme...
CAROLINA: Vontade de falar? Eu não entendi. (Tenta disfarçar o nervosismo).
ORLANDO: Eu já sei de tudo Carolina!
CAROLINA: Sabe de que? Eu não sei do que você está falando.
ORLANDO: Eu sei que o meu irmão morreu por sua culpa e que você tentou matar a
Beatriz quando ela descobriu... Você vai pagar caro por isso, eu juro que vai!
(Levanta-se da poltrona onde está sentado e dá alguns passos).
CAROLINA: (Corre até Orlando) Espera! O que você vai fazer? Nós podemos
conversar... E nos resolver, do jeito que você quiser... (Carolina se insinua
para Orlando).
ORLANDO: Você é mais baixa do que eu pensei! Eu vou até a polícia te acusar,
você vai apodrecer na cadeia, eu garanto. (Orlando abre a porta do quarto e
deixa Carolina sozinha).
(Enquanto caminha pelo corredor do andar superior da casa, Orlando é
atingido por um forte golpe na cabeça e cai desmaiado no chão).
CAROLINA: (Observa Orlando
caído no chão, com um abajur na mão, objeto que usou para golpear a cabeça de
Orlando. Em seguida ela se olha no espelho, rasga a própria roupa, assanha o
cabelo e se dá algumas bofetadas para deixar a face com aspecto avermelhado.
Feito isso, ela retira o telefone do gancho e faz uma ligação) Alô? É da
polícia? Eu gostaria de denunciar um ataque... Um homem me atacou, eu me
defendi e ele está caído no chão da minha casa... (Diz olhando para Orlando
inconsciente no chão).
Cena 10 – Ruas de Correntes [Externa/Tarde]
Música da cena: Mamãe Eu Quero - Marchinha
(Por conta do carnaval, muitas pessoas comemoram pelas
ruas e dançam alegremente, alguma estão fantasiadas e outra jogam confetes.
Dinho entra num galpão abandonado com um semblante de desconfiança. Observa uma
lata de lixo e retira uma mala de seu interior. Em seguida ele deixa o espaço).
TOBIAS: (Fala em voz baixa) Aí está o desgraçado!
CADU: Calma, ele não pode nos ver ou tudo estará perdido... (Diz escondido
atrás de uma pilastra).
DELEGADO
ALMEIDA: Vocês fizeram muito bem em me chamar... Agora eu
irei pedir reforços!
(Dinho caminha pelas ruas da cidade e sente a sensação de que está
sendo observado).
DINHO: Estranho... Parece que tem alguém me seguindo, melhor mudar de rota!
(Fala consigo mesmo desconfiado).
(Almeida, Cadu e Tobias seguem Dinho, porém ele consegue despistá-los
em meio a multidão nas ruas).
TOBIAS: O desgraçado
sumiu... Eu preciso encontra-lo... O meu filho!
DELEGADO ALMEIDA: A policia local já foi acionada, irei passar a descrição do elemento
pelo rádio, nós iremos encontrar o elemento, Carolina e seu filho, fique
tranquilo.
(Iara pula carnaval pelas ruas da cidade, quando avista alguém familiar).
IARA: Não pode ser... Eu tô sonhando ou eu... (Diz ao ver Carolina de relance
numa varanda do hotel desativado). O que será que a Cacau está aprontando nesse
pardieiro? (Questiona a si mesma).
(No hotel).
CAROLINA: (Fecha a cortina ao ouvir a porta abrir) Finalmente, trouxe o dinheiro?
DINHO: A maleta está aqui...
CAROLINA: Coloque ela em cima da mesa, quero ver com meus próprios olhos!
DINHO: (Coloca a maleta em cima da mesa, como Carolina pediu).
CAROLINA: (Abre a mala e vê a enorme quantia em dinheiro) Finalmente... Agora eu
vou sumir no mapa, meu dinheiro! (Comemora).
Cena 11 – Delegacia [Externa/Tarde]
(A Inspetora Carina acompanha a transferência de Alberto
para o presídio).
INSPETORA
CARINA: Precisa de mais alguma coisa, agente? (Pergunta
após observar Alberto sendo colocado na viatura).
POLICIAL: (Entrega o termo
de transferência para Carina) Não, aqui está o termo. Eu e o meu parceiro
estamos com tudo sob controle, ele deverá chegar no presídio dentro de pouco
tempo para responder o processo judicial. Fique tranquila, pedirei para que
sejam informados assim que chegarmos.
INSPETORA CARINA: Perfeito, estarei de plantão durante a madrugada, fico no aguardo
então. Boa viagem! (Despede-se).
POLICIAL: (Entra na viatura
e se acomoda no banco traseiro, ao lado de Alberto que está algemado) Pode
prosseguir! (Diz ao seu colega policial que está dirigindo).
(A viatura segue pelas principais avenidas da cidade e se direciona
rumo a saída de Recife, já que Alberto será detido num presídio do interior).
ALBERTO: (Observa os dois
policiais atentamente, como se estivesse prestando atenção nos mínimos
detalhes. Aproveitando o momento de distração do policial que está sentado ao
seu lado, Alberto retira a arma da cintura dele).
POLICIAL: O que é isso? Me
devolve essa arma, me devolve! (Ordena).
POLICIAL 2: (Observa pelo
retrovisor).
ALBERTO: (Atira no
policial ao seu lado).
POLICIAL 2: (Joga o
carro para o lado para fazer com que Alberto derrube a arma).
ALBERTO: (Derruba a arma
no chão do carro) Seu desgraçado, acha que eu esqueci de você? Também tenho um
presente... (Alberto com as mãos algemadas, enforca o motorista com as
correntes das algemas).
(Da estrada, percebe-se que a viatura está perdendo o controle da
direção, até que a mesma bate numa árvore. Após alguns segundos, em meio a
fumaça causada pela colisão, Alberto sai do carro soltando as algemas ao pegar
as chaves no bolso do policial ao seu lado).
ALBERTO: Finalmente livre, agora vamos ao que interessa... Primeiro eu vou
acabar com a raça da vagabunda e depois do Cadu e quem mais se atreveu a cruzar
o meu caminho! (Fala consigo mesmo).
Cena 12 – Ruas de Correntes [Externa/Noite]
Música da cena: Jardineira – Marchinha de Carnaval
(As pessoas continuam comemorando o carnaval na rua
enquanto esperam começar o Corrieta, famoso e tradicional bloco de carnaval na
cidade).
DELEGADO
ALMEIDA: (Por conta do barulho da festa, se afasta para
tentar falar no celular de forma mais precisa e clara) Sim, eu preciso que faça
um levantamento na cidade, possíveis locais de fuga e que a Carolina Montenegro
possa estar escondida, já verificamos todos os hotéis e pousadas da cidade, ela
não está hospedada em nenhum.
CADU: Você não faz ideia de um local que ela possa ter usado como esconderijo?
Alguma casa abandonada, terreno baldio? Nada?
TOBIAS: (Pensa por um
breve instante em possíveis locais) A cidade é muito pequena, não existem
muitas possibilidades, a não ser...
(Cadu e Beatriz falam por telefone).
BEATRIZ: Hotel Royal?
CADU: É, o Tobias lembrou desse local... Não custa nada dar uma sondada, o
hotel está desativado há alguns anos, seria um bom esconderijo para ela.
Estamos indo só nós dois, não avisamos a polícia, para que a Carolina não se
assuste caso esteja lá, qualquer coisa eu te ligo. Se cuida! (Desliga).
BEATRIZ: Ué? Onde está a Clarissa? (Questiona a si mesma após encerrar a
ligação). Eu vou até lá, preciso colocar as mãos naquela bandida, dessa vez ela
não escapa... (Beatriz pega sua bolsa e deixa o haras em seguida).
(No hotel).
DINHO: (Observa Carolina admirar o dinheiro na mala).
CAROLINA: Meu dinheiro...
DINHO: Quando você vai devolver o moleque? O pai do menino já cumpriu o
prometido.
CAROLINA: E quem disse que
eu vou devolver? O meu filho vem comigo, vou levar ele para bem longe desse fim
de mundo, vamos construir uma nova vida.
DINHO: Como assim não
vai devolver? Você ficou doida? Há essa altura a polícia já está em nosso
encalço, você não pode fazer isso...
CAROLINA: Não só posso como
vou. O dinheiro é meu, o filho é meu... Eu que decido tudo, você ainda não
entendeu isso?
DINHO: Negativo! Esse
dinheiro também é meu, eu te ajudei a executar todo o seu plano... Não vou
ficar à mingua!
CAROLINA: E você acreditou
nisso? Eu agradeço a sua participação especial, mas eu só estava brincando com
você, pode dar meia volta e desaparecer da minha frente. Você é até gostoso,
mas não é esperto o suficiente e eu odeio homem burro.
DINHO: (Dinho tenta
avançar em Carolina) Sua...
CAROLINA: (Tira uma arma da
cintura) Se eu fosse você, pensaria duas vezes. Desapareça da minha frente, dê
meia volta e suma no mundo... A polícia pode te pegar a qualquer momento e você
sabe qual é o destino de homem bonito na penitenciária, não sabe? Para não
dizer que eu sou má, vou te dar 20 reais para pegar uma lotação e voltar para
Recife. (Carolina tira 20 reais do bolso traseiro de sua calça e joga no chão).
DINHO: (Se abaixa e pega
o dinheiro no chão, em seguida fica de pé com um ar sombrio e encara Carolina)
Você vai me pagar, isso não vai ficar assim... Pode anotar! (Vai embora,
deixando Carolina e Coruja sozinhos no quarto de hotel).
Cena 13 – Hotel Royal [Externa/Noite]
Música da cena: Cabeleira do Zezé – Marchinha de Carnaval
(Dinho olha para os dois lados e deixa o hotel sem
perceber que está sendo observado, em seguida desaparece no meio da multidão).
CADU: Aí está ele, encontramos a bandida!
TOBIAS: Eu vou entrar lá... Eu vou matar essa desgraçada!
CADU: (Segura Tobias) Calma, precisamos de cautela. Vamos fazer o seguinte,
cada um entra por uma porta. Vá pelos fundos e eu vou pela entrada principal,
mas com muito cuidado. Lembre-se que a vida do seu filho está em jogo!
TOBIAS: Tem razão, vamos lá! (Tobias e Cadu se separam, indo cada um para um
lado diferente).
(No quarto do hotel).
CAROLINA: (Percebe Gael estranho) O que foi meu amor? Eu vou tirar a fita da sua
boca para você poder falar, mas se comporte e não grite, está bem? (Tira a fita
da boca do menino).
CORUJA: Eu preciso ir ao banheiro, eu tô muito apertado...
CAROLINA: Está bem, vou te levar ao banheiro.
CORUJA: Eu prefiro ir sozinho, não vou conseguir com alguém me olhando.
CAROLINA: (Observa o filho
por alguns instantes) Está bem, você já está ficando mesmo um rapazinho, vou te
dar esse voto de confiança... Vou te levar ao banheiro do corredor e daqui 5
minutos eu volto para te buscar, está bem? (Após o menino consentir com a
cabeça, Carolina leva o menino até o banheiro do corredor e em seguida retorna
para o quarto para arrumar suas coisas e fugir. Ela deixa a arma sobre a cama e
volta para a maleta para contar o dinheiro).
(Do corredor, após observar tudo. Cadu abre a porta do banheiro e
encontra com Gael).
CADU: (Fala em voz baixa) Calma, não grite! Eu e seu pai estamos aqui para te
salvar, eu vou te soltar e você vai lentamente sair e nos esperar lá fora, está
bem?
CORUJA: (Balança com a cabeça, mostrando que entendeu o que deve fazer).
CADU: (Solta o menino e o observa sair lentamente do local, até sumir no fim
do corredor. Em seguida, ele vai ao encontro da esposa no quarto).
CAROLINA: (Sente a presença de alguém a observá-la e vira-se para ver quem é)
Ora, ora... Se não é o meu maridinho!
CADU: Você está indo longe demais Carolina, é hora de você se entregar...
CAROLINA: Me entregar? Olhe bem para mim, você acha mesmo que eu vou lavar
privada suja de cadeia? É claro que não, eu sou do time das que vencem,
entendeu? Eu vou embora com o meu filho e vou refazer a sua vida.
CADU: (Tira o celular do bolso) Não, você não vai... Fique paradinha aí, nem
pense em dar um passo. Eu vou chamar a polícia, esse é o seu fim! (Cadu começa
a discar o número).
(Uma terceira pessoa surge, é possível ver sua mão envolta de uma manga
preta e trajando luvas de couro buscar lentamente um pedaço de madeira no chão.
Em seguida essa pessoa acerta uma pancada na cabeça de Cadu, desmaia).
CAROLINA: Você? Que brincadeira idiota é essa? Quer me assustar? Eu não tenho
medo de você.
PESSOA
MISTERIOSA: (Solta o pedaço de madeira no chão ao observar a
arma em cima da cama. Nota-se então que a pessoa está fantasiada de Morte).
CAROLINA: (Arregala os olhos assustada) O que pensa que está fazendo? Você não
passa de um ser desprezível, sempre vivendo das minhas migalhas. Não faça uma
besteira dessas, eu tenho dinheiro posso dividir com você... Vamos conversar!
Eu aposto que você nem sabe como uma arma funciona, nunca teve competência para
nada, eu sempre tive o mérito por tudo. (Carolina está próxima da varanda do
quarto e tenta acalmar a pessoa).
PESSOA
MISTERIOSA: (Atira em Carolina três vezes no peito a queima
roupa. Em seguida, coloca o revólver em uma das mãos de Cadu, com o dedo no
gatilho).
(Na rua, o Corrieta segue puxando uma quantidade significativa de
foliões que pulam e dançam felizes pelo carnaval. De repente, um corpo cai no
meio da festa, é Carolina que agoniza).
CAROLINA: (Caída no chão
respira com muita dificuldade, enquanto as pessoas a sua volta correm e começam
a gritar diante a cena. Lentamente Carolina fecha seus olhos e um filete de
sangue sai de sua boca, em seguida Carolina para de respirar).
A câmera foca no corpo de Carolina
já sem vida, a cena congela e o capítulo encerra com o a tela azul da
cor do céu.
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