CAPÍTULO 02
Cena 01/Seminário/Int/Ext/Dia
Pedro está na porta do convento, com os olhos cheios de lágrimas, ao lado do padre, que o recebeu.
Pedro — Eu não quero ficar, pai!
Rufino não dá ouvidos ao que Pedro diz. Lhe dá um beijo na testa e o abençoa.
Rufino — Fica com Deus, meu filho!
Pedro observa Rufino entrar no seu carro e ir embora. Pedro olha pro padre, que está ao seu lado.
Padre — Vai ficar tudo bem, Pedro. Você vai descobrir sua vocação e seu caminho... Deus está olhando por você!
Pedro olha a imagem de Cristo na cruz, logo na entrada e sente que a imagem olha pra ele de volta, lhe causando certo impacto. O padre conduz Pedro pra dentro do seminário e as portas do seminário se fecham, com um som forte, pesado.
Fusão para:
Cena 02/Jandaia/Plano geral/Ext/Dia
Passagem de tempo.
Legenda: Jandaia – Santa Catarina
Legenda: atualmente...
Plano geral da cidade. CAM acompanha a corrida de Licurgo pela cidade, passando pela praça, correndo em direção a igreja.
Cena 03/Jandaia/Igreja/Int/Dia
Januário está no altar, se preparando pra missa que vai realizar. Licurgo entra apressado.
Januário — Já disse pra não correr na igreja, Licurgo. Deus não gosta de bagunça na casa Dele.
Licurgo — (beijando a mão) Sua benção, padre Januário. E desculpe pela demora. Fiquei até tarde, fazendo meus santinhos.
Januário — Tudo bem, meu filho. Ainda está em tempo. Mas vá tocar o sino. Já está na hora!
Música: Paixão e Fé – Milton Nascimento.
CAM volta acompanhar os passos de Licurgo, que volta correr na igreja. Licurgo volta a correr. Januário tosse, chamando atenção de Licurgo, que olha pra trás, como se desculpa-se e volta seu caminho, agora andando.
Cena 04/Igreja/Torre do sino/Int/Dia
Licurgo chega na torre, correndo e já começa a tocar o sino, que ecoa pela cidade. Licurgo demonstra sua felicidade, de estar fazendo isso. Algo que realiza com amor, com dedicação.
Cena 05/Igreja/Int/Dia
Januário sorri, ao ouvir os sinos tocarem. Os fieis vão chegando pra missa. Zinha conversa com outra beata, enquanto seguem pra cumprimentar e pedir a benção para padre Januário, que já se prepara para começar a celebração.
Cena 06/Jandaia/Ext/Dia
Movimentação de pessoas que vão comprar pão; abrem suas lojas; vão comprar seus jornais; Turíbio abrindo seu bar, Betânia sua loja; tudo bem típico de cidade pacata do interior.
Cena 07/Mar/Ext/Dia
Moisés está no seu barco, preparando para jogar sua rede na água, colocando em prática toda sua experiência como um bom pescador. Conta com ajuda de Meirinho, seu fiel escudeiro.
Moisés — Temos que voltar com a rede cheia...
Meirinho — O mar não está bom. Tô sentindo isso.
Moisés — Vira essa boca pra lá. Tô querendo comprar um barco novo e preciso de dinheiro.
Meirinho — Pede pra Rebeca ou pra Betânia.
Moisés — (bravo) Vê lá se sou homem de pedir dinheiro para as minhas sobrinhas, Meirinho. Que besteira, homem!
Meirinho — Precisamos agradar Iemanjá.
Moisés — Você que entende disso. Eu entendendo é de colocar minha rede no bar e esperar os peixes virem.
Moisés volta a mexer na sua rede, ajeitando-a da melhor maneira possível no mar.
Cena 08/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Dia
Rebeca e Jeferson dormem juntos. Jeferson acorda com a luz do sol em seu rosto. Desperta, feliz. Olha pro lado e vê Rebeca. Jeferson beija Rebeca, lhe acariciando.
Jeferson — Bom dia, meu amor!
Rebeca se mexe.
Rebeca — Só mais dez minutinhos....
Jeferson fala ao pé do ouvido:
Jeferson — Te amo.
Jeferson levanta e dá uma bela espreguiçada.
Jeferson — Partiu praia!
Jeferson saí do quarto. Passa uns segundo e Rebeca acorda de vez. Levanta e vai até seu guarda-roupa. De lá, tira uma pequena caixinha, bem especial e segura firme, perto do seu coração.
Cena 09/Praia/Ext/Dia
Jeferson está parado, olhando pro mar, segurando sua prancha, admirando o belo dia que está fazendo.
Jeferson — Não troco essa minha vida por nada!
Jeferson corre pro mar e começa a surfar. Pegar suas ondas, como um bom surfista que é. Momento dele.
Cena 10/Posto de saúde/Consultório Rebeca/Int/Dia
Rebeca está sentada em sua cadeira, olhando pra caixinha que tirou do seu guarda-roupa e trouxe pro seu local de trabalho. Respira fundo e abre a caixinha. De dento dela, tira o anel que ganhou de Pedro, na cena 04 do capítulo 01.
Insert da cena 04:
Pedro — Que esse anel represente o nosso amor.
Rebeca — Que nunca vai acabar, terminar. Vai durar pra sempre!
Fim do insert.
Rebeca — Um amor que nunca vai acabar...
Cena 11/Seminário/Igreja/Int/Dia
Pedro assiste a missa, junto com os outros seminaristas, seguindo todos os ritos. Sobre as imagens, escutamos:
Rebeca — (OFF) “Pode ser que um dia deixemos de nos falar... Mas enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe... Mas, se a amizade permanecer, um de outro se há-de lembrar. Pode ser que um dia nos afastemos... Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos... Mas, com a amizade construiremos tudo de novamente, cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento. Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. Há duas formas para viver a vida: uma é acreditar que não existe milagre, a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.”
A missa acaba e todos os seminaristas vão saindo de forma calma e serena, formando uma fila, que segue em direção a porta. Pedro é o última da fila.
Cena 12/Seminário/Pátio/Int/Dia
Na saída da igreja, Pedro encontra com Januário, que acaba de colocar sua mala no chão e tira seu chapéu.
Pedro — (surpreso, feliz) Padre Januário?
Pedro corre, como um garoto para abraçar Januário, que abre seus braços e os dois se abraçam.
Pedro — Achei que o senhor não vinha mais me ver.
Januário — Não diga uma bobagem desse. Sempre venho quando posso. E nas minhas orações, sempre peço por você.
Pedro — Estou tão feliz com sua visita, padre.
Januário — Não vim apenas te visitar, Pedro.
Pedro — Não?
Januário — Vim pra que possamos conversar... como dois amigos. Podemos?
Cena 13/Posto de saúde/Consultório Rebeca/Int/Dia
Rebeca termina de ler o poema, muito emocionada. Lágrimas rolam dos seus olhos. E só assim se dá conta da presença de Mary, que está na porta, emocionada também.
Mary — Que lindo.
Rebeca — Também acho.
Mary — Não conhecia esse seu lado poetiza.
Rebeca — Não é meu, Mary. De Albert Einstein.
Mary — Não sabia que ele escrevia coisas tão lindas assim.
Rebeca — É um poema que tem tudo a ver comigo e com...(se corta)
Mary — O Pedro. Não é nele quem estava pensando, lendo esse poema?
FIM DO CAPÍTULO 02
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