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Primeira Impressão com o Senhor X - Crítica "Prisioneiros do Passado" - Programa 07

  

Saudações, queridos mancebos! Bem-vindos ao Primeira Impressão desse domingo e, dessa vez, com temperaturas mais amenas, finalmente!

Mas não é sobre o tempo que quero começar falando no programa de hoje. Deixemos esse tema para os tímidos mancebos desesperados por iniciar qualquer assunto quando estão em presença feminina. Gostaria de falar sobre o Troféu Galáxia! Sim, esse é o nome com o qual foi batizada nossa premiação de fim de ano. E quando digo nossa, é realmente nossa. Pois o Troféu Galáxia não tem relação alguma com o Trophy Ranable. Esse é destinado a todas as produções da casa que saírem ao longo do ano. Já o Troféu Galáxia premiará apenas webnovelas e webséries que tiverem sido criticadas aqui no Primeira Impressão, independente de quando tenham sido publicadas e de que emissoras virtuais elas sejam.

E é com sincera alegria e uma parruda taça de orgulho que anuncio que TODAS as produções criticadas até aqui foram pré-indicadas em pelo menos uma categoria da premiação. Claro, isso não quer dizer que elas serão de fato indicadas a essas categorias e que concorrerão ao Troféu, mas já é um bom prenúncio. As regras da premiação ainda não foram integralmente desenhadas, mas provavelmente cada categoria suportará apenas 5 indicadas. Portanto, se tivermos por exemplo 8 pré-indicadas em uma determinada categoria, só as 5 melhores estreias naquele quesito serão indicadas, ganharão o Troféu de Prata e concorrerão ao Troféu Galáxia, de ouro puro de Ofir, aliás. O restante, que não terá passado da pré-indicação, jamais será revelado por mim. Mas, nesse momento, pelo menos podem já saber que todas as webs até aqui têm ao menos uma pré-indicação. Que vençam os melhores (para mim)! O Troféu Galáxia acontecerá no mês de dezembro, nos 2 últimos programas da temporada 2020 do Primeira Impressão.

Mas agora vamos ao que interessa hoje, que se trata da crítica da estreia da websérie Prisioneiros do Passado, escrita por Ted Moreira e exibida no Live!. Confira a sinopse:

“Meu nome é Daniel e a minha vida nunca foi lá essas coisas, apesar de ter crescido na base do luxo. Quando se tem uma mãe extremamente misteriosa e cheia de segredos sobre você, aí tudo piora. Eu queria saber sobre o meu pai, saber sobre quem eu sou, mas ela não me diz. Já houveram diversas brigas e nem assim ela consegue ser honesta comigo. Namoro com o Mateus há um ano. A Valentina não sabe e eu preferi assim, até precisar mostrar pra ela que manter segredos não é a melhor forma de preservar quem quer que seja. Eu vou descobrir tudo o que quero saber, é direito meu e ninguém vai me impedir.”

O grande conflito que marca esse 1° episódio de 3 é a busca do protagonista Daniel em descobrir o segredo que a mãe Valentina esconde dele à todo custo acerca de seu pai e, consequentemente, de seu passado. Bem, com isso alguém poderia pensar então que a narrativa introduz o protagonista de forma eficiente e bem resolvida, afinal já temos um objetivo pelo qual buscar ao lado do herói em sua jornada; a resposta para isso é: parcialmente correto.

Se por um lado a trama é tecida de forma a aguçar nossa curiosidade cada cena mais em relação ao segredo e aos motivos de Valentina de querer mantê-lo enterrado no passado, por outro lado o protagonista Daniel, que deveria ser o coração da história, não consegue se mostrar de outra forma a não ser apático. Nem mesmo as cenas de afeto com o namorado Mateus conseguem aproximá-lo do leitor, dando a impressão de que há uma fina parede de gelo entre o lado de cá e ele. Veja, nós compramos sua busca, embarcamos em sua luta pela verdade, torcemos para que tudo se explique, mas é como se fizéssemos tudo isso ao lado de um transeunte qualquer com o qual esbarramos na rua: quase nenhum afeto, apesar de toda a imensa torcida.

Inversamente proporcional à construção do protagonista é todo o conjunto de descrições dos estados dos personagens. Sim, a narração é minuciosamente detalhada quanto às expressões faciais e corporais, fazendo desse um material riquíssimo para qualquer amante das artes visuais. É como se o leitor conseguisse enxergar por cima do fundo branco a têmpora latejante ou as contrações dos músculos do rosto em um momento de tensão; até mesmo as atrevidas linhas do texto desaparecem com a invocação dos semblantes dessas pessoas.

Agora somem esse mergulho visual aos diálogos absolutamente naturais, que valorizam as hesitações, o pensar duas vezes, o processamento do cérebro na escolha das palavras, que têm a consciência de que o ser humano NÃO É uma máquina. Mesmo no meio profissional, não são todos os roteiros que conseguem representar com eficiência na mente do leitor o que a obra pretende ser após filmada. Para um capítulo que preza pelo visual e pelo naturalismo, bem-sucedido é um termo pequeno para se usar.

Infelizmente a qualidade no uso das palavras para esse fim não se mostra presente na escolha de substantivos para substituírem nomes e pronomes. Tão incontável quanto as estrelas do meu lado da galáxia é o número de repetições dos termos “o mais velho” e “o homem” ao longo do episódio, sendo que uma maior variação usando outros termos como “o outro”, “ele”, “o namorado”, “a mãe”, “a amiga” poderia se fazer presente e agregar senão qualidade, a falta de defeito, pois essa sempre será, sem dúvidas, alguma coisa. Felizmente trata-se de uma habilidade que a prática certamente concederá.

Quem acompanhou essa estreia pôde ver que as emoções de Daniel na busca do segredo que a mãe esconde são intensas. E isso, claro, está relacionado às grandes qualidades da obra já citadas acima. Por outro lado, a série já abre com o drama de filho e mãe, onde ele a ataca verbalmente com rancor e decepção. Mas de onde vem tudo isso? Como começou? Quando foi que Daniel descobriu que a mãe escondia algo sobre seu passado? Qual é o ponto de início da rachadura na relação dos dois? Talvez haja um motivo para a trama não apresentar a origem nesse momento, mas se já a víssemos, provavelmente não só seria enriquecida a dinâmica entre esses 2 pilares da série como talvez o próprio Daniel se mostrasse um protagonista menos apático e mais identificável.

O segredo, parcialmente revelado ao final, não é nada surpreende e é até, de certa forma, previsível. Porém ele está contextualizado, faz sentido nessa trama. E às vezes essa coerência é muito mais importante que um eventual frescor que o autor queira dar à narrativa. Já dizia o gorducho Bétsebeth, de Alexandria: “antes o certo do que o duvidoso”. Ele tinha razão, não nego, mas sua petulância mereceu as inúmeras paráfrases que sofreu essa frase. Que descanse em paz... e com alguns pesadelos ocasionais.

Talvez alguns estejam se perguntando quando é que falarei sobre a apresentação dos personagens, o tema mais recorrente nesse programa desde a estreia. Bom, Prisioneiros do Passado é um caso curioso quanto a isso. Se o texto é expert em nos fazer enxergar o semblante daquelas pessoas, quando se trata de introduzi-las ele é completamente formulaico, limitando-se a indicar entre parênteses a idade e que ator ou atriz “empresta” seu corpo àquela persona. Bom, isso sana o problema? O leitor consegue então ter noção se aquele ser é mancebo, moço ou geriátrico?

Bom, pelos números, sim. Mas só visualizará a aparência se conhecer o ator ou a atriz. Além de aquele nome real quebrar a imersão no universo apresentado e de soar brega, perde-se o valor artístico. É triste que um texto que toma tanto cuidado com diálogos e reações humanas simplesmente se recuse a dar a atenção artística devida às características que reagirão de forma tão clara na mente do leitor. Traduzindo: como raios é esse cabelo caído à frente do rosto após o desabafo?! E que cor tem esses olhos que, encarando seu desafeto, estão mais esbugalhados que o centro da Via Láctea?! Mancebos escritores, não estou dizendo aqui que é necessário que descrevam até a cor dos olhos de todos os seus personagens. Se leram as críticas dos programas anteriores, principalmente os primeiros, certamente me entenderam.

No mais, analisar a estreia dessa série é muito importante, porque à primeira vista, com sua logo e formatação de texto, ela passa a ideia de uma produção cult (no sentido cinematográfico) e conceitual. Mas a autêntica primeira impressão, tendo destrinchado o 1° episódio por completo, é a de que ela é um novelão clássico. Sim, com uma qualidade e um cuidado apresentados muito acima da média do Mundo Virtual. Mas, ainda assim, um bom e velho novelão.





Série: Prisioneiros do Passado

Autor: Ted Moreira

Episódios: 3

Emissora: Live!

Clique aqui para ler o 1° episódio

Saiba mais sobre a série


    Bem, bem, meus amigos. Gostaria agora de falar brevemente sobre algo que, segundo o que chegou aos meus ouvidos, está gerando certo burburinho por aí. Quando eu faço a crítica de uma webnovela ou websérie nesse programa, absolutamente TUDO o que eu disse MAIS a nota em estrelas – que se trata de um resumo dos pontos apontados e dos que, por N motivos, não foram apontados – se trata única e exclusivamente do 1° capítulo/episódio, ou seja, da estreia da produção. A ideia do programa é simplesmente expor, de forma embasada, qual foi a primeira impressão válida que a obra causou nesse ser que cruzou o espaço interestelar motivado pela admiração inigualável que tem pela criação humana.

Portanto, uma obra que recebe aqui nota alta poderia muito bem receber uma baixa caso eu a lesse por completo, e a mesma coisa o contrário, em que certa obra teria sua nota elevada se eu constatasse que seus capítulos/episódios posteriores são muito melhores que o inicial. Não quero também que os autores pensem que estou aqui taxando suas obras como um todo. Não! Nada sei do restante de suas escrituras, aqui estou para falar apenas do primeiro contato que o mundo tem com suas criações. E se ele for bom, mediano ou ruim, eu falarei. Como venho fazendo há 7 semanas, eu falarei.

Bom, e quanto ao programa da semana passada, mancebos? Perderam?! Pois então é só clicar aqui e conferir o que aprontamos lá. Vocês têm sugestões, reclamações, dicas ou pedidos de webs para serem criticadas aqui? É só dizerem tudo nos comentários. Continuem pedindo que estou vendo tudo, hein! Mas por hoje é só.

       Tenham uma semana tranquila, de paz, prudência e bastante respeito. Cuidem uns dos outros e... até semana que vem!

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