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A Promessa - Capítulo 36 (Últimas Semanas - REPRISE)



CAPÍTULO 36

(Últimas Semanas) 

 

uma novela de 

FELIPE LIMA BORGES 

 

livre adaptação do livro de Rute 

 

Edição da Versão Reprise por 

RAMON FERNANDES 

 

EDIÇÃO: 

Capítulo 51 + Parte do Capítulo 52 ORIGINAL (SEM CORTES)   


CENA 1: INT. BELÉM – TEMPLO – CELA – DIA 

O Ancião olha para Tamires um tanto interessado. 

ANCIÃO  Muito bem. (pequena pausa) Mas não pense você que terá total liberdade. Será escoltada. Todo o tempo. Seja lá para onde for. 

TAMIRES  Mas o que é isso?! Eu lhe dou a localização do segundo homem mais importante da Caravana da Morte e-- 

ANCIÃO  (interrompendo) E você apenas aceita. É assim que será, Tamires. Você não tem escolha. Se quisermos, nós a prendemos de qualquer forma. 

Tamires o olha sabendo que não tem como rebater. 

ANCIÃO  Mas como temos palavra e honra, diferente de muitos por aí, você ficará em liberdade até ser levada a Hebrom para ser julgada. 

TAMIRES  Julgada?! O que está acontecendo???!!! 

ANCIÃO  Rá, Tamires! Você não pensou que estaria para sempre livre, pensou?! Como você mesma disse anos atrás, é a criadora dessa podridão que assola nossa tribo! Cúmplice de dezenas e dezenas de mortes! (pequena pausa) Não, não será fácil para você. Acabou. Vai ser levada a Hebrom e julgada por seus crimes. 

Tamires o encara com raiva. 

ANCIÃO  Agora vamos! Rápido! Nos diga a localização! 

 

CENA 2: EXT. BELÉM – CAMPO - DIA 

Parados embaixo de uma árvore, os Guardiões da Terra tomam água. O Capitão avista um cavaleiro que se aproxima a todo galope. 

COMANDANTE  Mensageiro... 

O mensageiro chega ali e para. 

MENSAGEIRO  Shalom! 

COMANDANTE  Shalom! Qual é a mensagem? 

MENSAGEIRO  O Ancião envia aos Guardiões da Terra a localização do segundo homem na hierarquia da Caravana da Morte. 

O Comandante arregala os olhos e os homens escutam atentos.

Pouco depois, não muito longe dali, o cúmplice de Tamires continua aguardando sentado, embaixo de uma árvore e ao lado do cavalo. De repente, os Guardiões da Terra surgem de todos os lados apontando suas espadas. Alguns aparecem em galhos e miram seus arcos e flechas. 

COMANDANTE  De pé! De pé, de pé, de pé! 

O homem põe-se de pé. 

COMANDANTE  Mãos na árvore! Rápido! Na árvore! 

O homem coloca as mãos no caule, os Guardiões se aproximam e o prendem. 

 

CENA 3: EXT. BELÉM – RUA – DIA 

Escoltados por outros soldados, os Guardiões guiam o homem pela rua. A população acompanha gritando, atacando o homem com palavras de fúria e até tentando acertá-lo com alguma coisa ou outra. Os soldados da escolta se esforçam para ninguém furar o cerco. 

 

CENA 4: INT. TEMPLO – DIA 

O Ancião encara o homem. 

ANCIÃO  Muito bem. Parabéns a todos pela captura. Levem-no para lá, nós o interrogaremos. 

Os homens o levam dali. 

 

CENA 5: INT. CASA DE ORFA – SALA – NOITE 

A noite cai. 

Devagar, Orfa anda de um lado para o outro enquanto Rute fala com ela. 

RUTE — Orfa, você não pode ficar assim!... 

ORFA  Ah, Rute, não só posso como estou! E só eu sei como estou! 

RUTE  Orfa! Você precisa ter paciência! Precisa entender Noemi! Tudo o que aconteceu, o momento atual... e também a realidade!... As coisas são o que são! 

Frustrada, Orfa senta à mesa. Rute a imita. 

RUTE  Orfa... Eu vou embora. 

Orfa olha para ela. 

ORFA  Para casa? 

Rute respira fundo. 

RUTE  Vou embora de Moabe com Noemi. 

ORFA  Quê?! 

RUTE  Ela não pode ir sozinha nas condições em que está. Precisa de alguém para cuidar dela. E eu... não tenho mais nada aqui em Moabe. 

ORFA  Rute... 

RUTE  Orfa, vamos... Vamos com nós. 

ORFA  Eu não quero. 

RUTE  Pense bem, Orfa. 

ORFA  Eu não quero, Rute. 

RUTE  Nós finalmente poderemos conhecer Israel, Belém... E poderemos viver em paz por lá, com os hebreus, (sorrindo) com os filhos do Senhor! 

ORFA  Rute... Será que você não entende que eu não tenho a mesma inclinação que você para o Deus dos hebreus? 

RUTE  Mas... Você... enganava Quiliom? 

ORFA  Não fale assim dele! 

RUTE  Desculpe... (pequena pausa) Mas me diz, minha amiga... O que você ainda quer aqui? Um rei que não se importa com nós... Um sacerdócio que já não existe para nós há muito tempo... Por que não quer ir embora para Belém? 

ORFA  Vou ficar com Leila e Aylla. 

RUTE  Também vou chama-las. Quero que todas nós nos mudemos. E, pela inclinação que a Leila tem por tudo o que é de Israel, acho que ela vai aceitar. Aylla da mesma forma. 

Orfa parece pensar a respeito. 

RUTE  Nós podemos começar de novo, Orfa. Uma nova vida! 

Orfa se ajeita e olha para Rute. 

ORFA  Você estaria comigo? 

Rute se inclina um pouco. 

RUTE  Nós duas estaremos com Noemi. 

Orfa faz que sim. 

ORFA  Tudo bem... 

Rute sorri. 

 

CENA 6: INT. CASA DE NOEMI – QUARTO – NOITE 

Noemi arruma suas coisas para viajar. Suas roupas estão espalhadas pela cama e vários objetos forram o chão. Enquanto prepara tudo, lágrimas escorrem de seus olhos sem parar... 

 

CENA 7: INT. BELÉM – TEMPLO – CELA – NOITE 

Tamires, de sua cela, tenta ouvir o interrogatório em outra cela. 

Lá, o Ancião está sentado de frente para o cúmplice de Tamires. Em pé, estão o Comandante e alguns soldados que fazem a guarda. 

ANCIÃO  Vamos dar início ao interrogatório. Qual é o seu nome? 

HOMEM  Mathos. 

ANCIÃO  (para o Comandante) Nós temos alguma informação com esse nome ligado à liderança da Caravana? 

COMANDANTE  Negativo, senhor. 

Mathos ri. 

ANCIÃO  O que foi? 

MATHOS  Vocês não sabem nada sobre o nosso grupo. 

ANCIÃO  Onde estão estabelecidos? 

MATHOS  Não vou responder a essas perguntas e trair os meus companheiros. 

ANCIÃO  Quais são os próximos planos da Caravana? Próximos ataques!... 

MATHOS  Não vou revelar tais informações. 

ANCIÃO  Qual o método que utilizam para-- 

MATHOS  (interrompendo) Desista. 

O Ancião o encara fixamente. 

MATHOS  Vocês já têm a mim. Contentem-se. Não vou dizer nada. 

O Ancião olha para o Comandante, que não tem reação. De sua cela, Tamires sorri com a resposta. 

 

CENA 8: INT. CASA DE LEILA – SALA – NOITE 

Rute e Orfa, de pé, falam com Leila e Aylla, sentadas à mesa. 

LEILA  O convite é ótimo, minhas filhas, e confesso que me sinto tentada. Mas eu não vou. Já me estabeleci aqui, e estou velha para mudanças tão drásticas... Além de tudo, quero criar Aylla enraizada em um único lugar. 

AYLLA  Mãe, eu quero ir... É o meu sonho conhecer Israel! 

LEILA  Então espere, Aylla. Vamos esperar que Noemi, Rute e Orfa se estabeleçam por lá, e então as visitaremos. 

AYLLA  Visitar?! 

LEILA  Escutem, por acaso vocês já falaram com Noemi? Ela sabe que vão juntas? 

RUTE  Não. Vamos agora mesmo falar com ela. 

LEILA  Bom, nesse caso, peço que pensem bem nas palavras que usarão... Mas, de qualquer forma, não criem esperanças, não. Noemi não está nada bem. 

Rute um tanto preocupada. 

 

CENA 9: EXT. HOSPEDARIA – FRENTE – NOITE 

Josias está passando por outra rua quando nota a hospedaria naquela e para. Desvia seu caminho e se aproxima devagar do estabelecimento. Sorri enquanto encara a entrada. Nesse instante, Jurandir chega ali e o percebe sorrindo para a hospedaria. 

JURANDIR  O que você está fazendo?! 

Josias se assusta e olha para o homem. 

JOSIAS  Ahn, eu, eu... só estava passando por aqui... 

JURANDIR  Não minta para mim. Quero saber porque tanto olha para um prédio. 

JOSIAS  (leve traço de irritação) Ora, todos podem vir aqui e fazer o que quiserem. 

Jurandir se irrita mais e o encara mais raivosamente. 

JOSIAS  Perdão, senhor... Perdão. Já vou para minha casa. Tenha uma boa noite. Shalom. 

Josias sai imediatamente e Jurandir o encara com raiva. Então entra. 

 

CENA 10: INT. HOSPEDARIA – NOITE 

O estabelecimento está cheio. Jurandir entra e vai direto até o dono, atrás do balcão. 

JURANDIR  Ei. 

DONO  Senhor?... 

JURANDIR  Um rapaz chamado Josias esteve aqui? 

DONO  Perdoe-me, senhor, mas não sei lhe responder essa pergunta. Tendo apenas o nome... 

Jurandir fica frustrado. 

JURANDIR  E Diana? Minha filha. Ela esteve com alguém? O senhor viu alguma coisa? 

O dono muda o semblante, receoso, mas isso acaba o entregando. Jurandir se inclina com um olhar furioso. 

JURANDIR  Diga. 

DONO  Sim... Esteve... 

Imediatamente Jurandir sai e sobe a escada para os quartos. 

 

CENA 11: EXT. CASA DE BOAZ – FRENTE – NOITE 

Escorado na parede de sua casa, Boaz assiste a movimentação dos belemitas enquanto come tranquilamente uma fruta com o auxílio de uma lâmina para descasca-la. A porta atrás se abre e Tani vem. 

BOAZ —Tani... 

Tani sai para fora. 

TANI  Senhor Boaz... Espairecendo? 

BOAZ  É necessário após um longo dia de trabalho. 

TANI  Eu é que sei. 

Eles riem. Tani observa o povo passando. 

TANI  E então, senhor? Já encontrou algo interessante?... 

BOAZ  O que quer dizer, Tani? 

TANI  Bom... Josias já está encaminhado com uma moça... E o senhor? 

BOAZ  Hum, Tani... Essas perguntas, a essa hora... Na verdade eu continuo em minha longa espera pela mulher certa. 

TANI  Hum, a velha história da “mulher certa”... 

BOAZ  Então ela deve funcionar. 

TANI  (apontando o povo passando) Só tenha cuidado para não acabar deixando a certa passar... 

Boaz sorri. 

BOAZ  Ficarei atento. 

Tani faz que sim. 

TANI  Shalom, senhor Boaz. 

BOAZ  Shalom, Tani. O Senhor seja contigo. 

TANI  O Senhor te abençoe. 

Tani se junta aos transeuntes e vai embora. 

 

CENA 12: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE JURANDIR – NOITE 

JURANDIR — E então, Diana?! Vai insistir em ir contra a minha palavra?! Vai insistir em se aproximar desse... desse... 

DIANA  Quem disse para o senhor que eu estive com ele?! 

JURANDIR  Viram você lá embaixo com ele, Diana! 

DIANA  Quem?! 

JURANDIR  Não vou dizer! Isso não te diz respeito! A única coisa que você tem que saber é que eu não quero você envolvida com ele! E amanhã mesmo vocês se afastarão de uma vez por todas! 

DIANA  Pai! Do que está falando?! 

JURANDIR  Amanhã, bem cedo, nós vamos até ele e eu mesmo mediarei essa separação. 

Aflita, Diana encara seu pai. 

 

CENA 13: INT. CASA DE NOEMI – SALA – NOITE 

Noemi está enrolando seus objetos em panos sobre a mesa quando Rute e Orfa chegam ali e entram. 

RUTE  Então a senhora vai mesmo embora... 

Noemi olha para elas. 

NOEMI  Sim, vou... 

Noemi continua a arrumar as coisas. 

RUTE  Pois bem... Nós decidimos que também vamos. 

Noemi para e vira novamente para elas. Ri. Rute e Orfa a observam. 

NOEMI  Estão falando sério? 

Orfa faz que sim. 

RUTE  Sim, senhora. 

NOEMI  De forma alguma. Eu vou para minha casa, apenas para morrer com um pouco de paz. Vocês ficarão aqui, em sua terra. Não cometerão o mesmo erro que eu, abandonando seu lar. 

Rute se aproxima. 

RUTE  Senhora Noemi, não adianta a senhora falar nada, já está decidido. Vamos todas juntas. 

NOEMI  Não, não posso admitir que-- 

RUTE  (interrompendo) Nós somos uma família, e como uma família iremos! 

Olhando para baixo, mas a contragosto, Noemi faz que sim. 

ORFA  Em qual horário partiremos? 

NOEMI  Eu... pretendo ir amanhã... pela manhã. Acordamos, desjejuamos e então partimos. 

RUTE  Ótimo. 

ORFA  Vamos, Rute. Precisamos arrumar nossas coisas. 

RUTE  Sim. Então nos encontraremos amanhã cedo. Shalom. 

NOEMI  Shalom. 

Rute se aproxima e beija a sogra no rosto. Orfa faz o mesmo. Por fim elas saem. 

Sozinha, Noemi faz que não. 

NOEMI  De forma alguma vou compartilhar minha amargura com vocês. (pequena pausa) Quando acordarem, já terei partido. 

Noemi fica ali, pensativa. 

 

CENA 14: INT. TEMPLO – CELA – NOITE 

O Ancião, o Comandante e alguns soldados passam pelo corredor das celas, vindo daquela onde está Mathos. Ao vê-los, Tamires segura nas grades. 

TAMIRES  Ei! Senhor! 

Ele para e a olha. 

ANCIÃO  O que você quer? 

TAMIRES  Que cumpra sua parte do acordo. Eu te dei Mathos, agora me dê minha liberdade. 

O Ancião, emulando pensar, se aproxima da cela. Então a olha nos olhos. 

ANCIÃO  Ainda não. Você vai dormir essa noite aqui. 

TAMIRES  O quê?! 

ANCIÃO  Isso mesmo. Uma noite na cela não te fará mal nenhum. E sem reclamações. Se protestar, ganhará mais uma noite. Se continuar, outra. Se insistir, mais uma. E assim sucessivamente. 

Tamires o encara com os olhos vermelhos de ódio. 

ANCIÃO  Shalom, Tamires. 

Ele sai e os outros o acompanham. Quando estão longe dali, Tamires, segurando as grades, explode. 

TAMIRES  AAAAAAAAAAHHH!!!!!! 

 

CENA 15: INT. CASA DE LEILA – LOJA – NOITE 

Noemi está com Leila e Aylla. 

NOEMI  Minha passagem por aqui é rápida, eu vim mesmo apenas para me despedir. 

LEILA  Noemi, numa despedida como essa é necessário um jantar... 

NOEMI  Agradeço, Leila, mas não estou muito bem para isso. 

Leila entende. 

NOEMI  Enfim... Se quiserem me visitar em Belém, serão muito bem-vindas. E me esforçarei para te receber como você merece, Leila. Como nos recebeu há 10 anos aqui. 

Leila sorri, se aproxima e a abraça. 

NOEMI  (abraçando-a) Obrigada por tudo... 

Leila acaricia a cabeça de Noemi. Por fim se soltam e se olham. 

NOEMI  Que o Senhor as abençoe e cuide de vocês. 

Aylla também a abraça. 

NOEMI  Ah!... Vou sentir muita saudade sua, Aylla... 

Aylla a solta. 

AYLLA  Pode esperar, senhora Noemi, que eu vou visita-la. 

NOEMI  (sorrindo) Assim espero. 

Noemi olha fixamente para Leila. 

NOEMI  Leila... Pense no que eu te falei. 

Leila faz que sim. Aylla olha, não entende, mas não diz nada. 

NOEMI  Shalom. 

LEILA  (olhos marejados) Shalom, minha amiga. 

AYLLA  Shalom... 

Noemi sorri e vai embora devagar. Lá fora, dá uma última olhada para elas, paradas na porta, e segue. 

 

CENA 16: INT. CASA DE NOEMI – QUARTO – ALVORADA 

A noite passa... e chega a alvorada. 

A capital de Moabe ainda está silenciosa quando Noemi, deitada, acorda. Percebe que está na hora. 

 

CENA 17: INT. CASA DE NOEMI – SALA – ALVORADA 

Noemi termina de amarrar os últimos sacos de pano, pega tudo, pendura algumas coisas no ombro e sai. 

 

CENA 18: EXT. MOABE – RUA – ALVORADA 

A rua está vazia. Em movimento, apenas a brisa do amanhecer. 

Noemi fecha a porta de sua casa e sai para a rua. Com todos os sacos de pano pendurados em seus ombros, em sua costa e umas poucas coisas na mão, ela caminha sem olhar para trás. 

 

CENA 19: INT. CASA DE RUTE – QUARTO – ALVORADA 

Deitada como que casualmente, Rute dorme. A janela de seu quarto, que dá para a rua, está aberta. Se estivesse acordada, Rute veria Noemi passando ali. Sua sogra ainda para, dá uma olhada para a casa da nora, e então segue caminhando. Mas Rute não vê nada disso. 

De repente, uma leve brisa entra pela janela. Um vento que mexe a madeira suavemente e passa por Rute, balançando seu cabelo solto. A brisa dá uma leve aumentada, e a madeira da janela se mexe batendo na parede e fazendo um barulho não muito alto. Rute, incomodada, desperta e percebe o que está acontecendo. 

Então ela se levanta para fechar a janela. Mas ao fazer isso, nota, a tempo, alguém passando pela rua e logo sumindo para lá. Estranhando, Rute franze o cenho. Tenta se inclinar para ver, mas a pessoa já foi. Então ela sai correndo. 

 

CENA 20: EXT. MOABE – RUA – ALVORADA 

Rute, ainda com o vestido de dormir, sai rapidamente para a rua. Vê a pessoa ali na frente. Desconfiando, chama. 

RUTE  Noemi!... Senhora Noemi!... 

Rute corre. Noemi, no entanto, finge não ouvi-la, e continua a caminhar o mais rápido que pode. 

RUTE  Senhora Noemi! Senhora Noemi, espere! 

NOEMI  (sem parar ou virar para trás) Volte, Rute! Fique onde está! 

Rute a alcança. 

RUTE  Senhora Noemi! Por que está fazendo isso?! 

Noemi para e olha para ela. 

NOEMI  Vocês não podem ir para Belém! Muitos não aceitarão! Serão estrangeiras lá! 

RUTE  Como a senhora foi aqui! 

NOEMI  Vocês precisam ficar, eu não tenho nada para lhes oferecer. Sejam inteligentes! Vejam que eu sou apenas um figueira seca à beira da morte! Rute, me deixe em paz! 

Rute, decidida, se aproxima mais e a olha firmemente. 

RUTE  Se for dessa forma, eu nunca a deixarei em paz. 

Noemi faz que não expirando. 

RUTE  Venha, espere em minha casa. Vou chamar Orfa e vamos nos arrumar. Para irmos juntas! Conforme o acertado. 

Apesar de inconformada, Noemi faz que sim. 

NOEMI  Muito bem. 

RUTE  Venha. 

Noemi volta com Rute.

Algum tempo depois, Noemi, Rute e Orfa já estão prontas. O céu está um tanto mais claro, mas as ruas ainda estão vazias. Conferidas todas as coisas, elas partem. 

 

CENA 21: EXT. MOABE – ENTRADA – ALVORADA 

Elas chegam ao portão e os guardas o abrem. Ao passarem, eles o fecham. 

 

CENA 22: EXT. MOABE – CAMPOS – ALVORADA 

Rute e Orfa carregam poucas coisas próprias. Por isso, levam também parte das coisas de Noemi. As três se afastam da cidade, a cada instante adentrando mais nos campos de Moabe. 

Rute está contente, Orfa tranquila, mas Noemi parece inconformada. E quanto mais se distanciam da cidade, mais ela parece descontente. Rute, apesar de perceber, não fala nada. Apenas continuam. Quando estão cruzando um vale, Rute tenta puxar conversa. 

RUTE  Noemi... Por que não nos fala de Belém? (olha sorrindo para Orfa; de volta para Noemi) Como é lá? 

Noemi não responde, apenas mantém seu semblante inconformado. Então finalmente para. Confusas, elas também param e a olham. 

RUTE  O quê, senhora Noemi? 

Noemi respira fundo e faz que não. 

NOEMI  Isso não está certo. 

Elas franzem o cenho e Rute se aproxima mais. 

RUTE  O que não está certo, senhora? 

Noemi olha para elas. 

NOEMI  Moabe é a terra de vocês. É seu lar, sua pátria... é seu pai. 

Elas a observam. 

NOEMI  Vocês gostam de Leila... Se dão bem. Ela pode ser como uma mãe para vocês. 

RUTE  O que a senhora quer di-- 

NOEMI  (interrompendo) Eu me lembrarei de vocês... com ternura e amor. Vão, voltem. Voltem à casa de sua mãe... à casa de Leila. E que o Senhor seja bom com vocês assim como foram boas com os mortos... e comigo. 

Rute, frustrada, faz que não melancolicamente, e nisso IMAGEM CONGELA

 

CONTINUA...

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