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OURO BLINDADO - CAPÍTULO 3



Cena 1/ Mansão de Carlota/ Jardins do fundo/ Noite.
Tamara lá atordoada. Ela decide se encostar numa árvore e fica por lá pensativa...

Cena 2/ Mansão de Carlota/ Sala/ Noite.
Todos espantados com a fala de Dolly. Paola olha para a prima indignada. Margareth morta de vergonha tampa sua cara com as mãos.

Carlota: Você pode repetir essa sua fala nesse mesmo tom?

Eduardo: Não precisa pedir pra essa preconceituosa metida a nojentinha repetir não, meu amor! (Para Dolly) Eu e minha filha somos negros sim e daí? Qual é o problema? 

Dolly fica pálida de medo, sem ter o que responder.

Cris: Aliás quem é essa garota ridícula?

Carlota: Infelizmente sua prima minha filha. Filha da Margareth. Ainda bem que nunca mantiveram contato…

Cris: (com deboche) Minha prima? Um serzinho desse, racista, baixo nível, é parente minha? Deus me livre! Cadeia é pouco...

Dolly: Olha aqui/

Carlota: (corta) Cala a boca menina! Aqui racista não tem vez, nem voz! (P/ Margareth) Ô Margareth, você não soube educar sua filha não?

Margareth ainda escondendo seu rosto.

Carlota: Parece que não mesmo. Agora se vocês me dão licença, RUA! Fora da minha casa agora!

Margareth envergonhada pega a filha pelo braço e a puxa dali pra fora. Paola vendo a situação, indignada, vai atrás delas sem que ninguém perceba. Os convidados começam a comentar a situação.

Carlota: (pega uma taça e um talher e faz barulho para chamar a atenção) Gente por favor, vamos esquecer esse ocorrido? Esse tipo de gente não merece atenção. Agora meu marido e minha filha merecem muito…

Rafaela do outro lado da sala:

Rafaela: (p/si) Essa Dolly hein… Se ela entra no meu caminho fica perdida...

Carlos percebe que Tamara não está por ali.

Carlos: Ué cadê a Tamara? (P/ Rafaela) Você viu sua mãe?

Rafaela: Não.

Ele resolve sair pela porta que liga ao jardim para procurá-la.

Cena 3/ Mansão de Carlota/ Jardim da frente/ Noite.
Margareth anda segurando Dolly fortemente pelo braço.

Margareth: (com muita raiva/ de saco cheio) Eu te mato garota, eu te mato!

Dolly: Ai mãe me solta, tá doendo!

Margareth a solta, Dolly fica sentindo a dor.

Margareth: (grita e dá tapas) Você me envergonhou na frente de todo mundo, sua vaca! Perdi a oportunidade de comer o que há de melhor por sua causa! Por quê você não cala essa merda dessa boca? (T) Quer saber, a Fernanda tava certíssima! Você é uma escória, nojenta que só me prejudica. E eu vou fazer questão de pedir desculpas de joelhos pra ela! Ela sim é boa! (A olha com desprezo) Considere-se minha ex filha, Dolly!

E depois de dizer isso, ela se vira e vai embora da mansão. Dolly fica no meio do jardim com cara de choro. Nisso Paola chega por trás e a surpreende.

Paola: E aí Dolly, é legal levar esporros né? 

Dolly: Vai se fu…/

Paola: (corta) Calada! Eu não terminei o que eu vim te falar!

Dolly vira os olhos.

Paola: E eu sei que lá na sua escolinha, você vive discriminando quem é negro! Eu tenho amigas de lá.

Dolly: E daí?

Paola: E daí, que se você discriminar mais alguém e me perguntarem alguma coisa, eu não penso duas vezes! Eu passo seus dados pra uma eventual denúncia... Se tem uma coisa que eu não suporto é preconceito! (T) Fica a dica!

Paola se vira jogando os cabelos e volta para o interior da mansão.

Dolly: (Grita de raiva) AHHHHHHHHHHHHHH!

Cena 4/ Mansão de Carlota/ Jardins do fundo/ Noite.
Carlos anda pelo jardim até que vê Tamara encostada em uma árvore.

Carlos: Tamara? Você sumiu da festa.

Tamara: Eu vim tomar um ar, tô com um pouco de dor de cabeça...

Carlos: Você não sabe o que aconteceu: A Dolly, filha do Paulo, deu um show de preconceito racial lá dentro!

Tamara: Meu Deus… Essa garota hein… Em pleno 2010, uma menina tão novinha e tão má!

Carlos: Vem vamos voltar pra lá.

Carlos e Tamara dão as mãos e entram na mansão pela porta que liga a sala.

Cena 5/ Mansão de Carlota/ Sala/ Noite.
Os convidados numa enorme mesa. Carlota sentada na ponta.

Carlota: (levanta a taça) Eu gostaria de propor um brinde ao Edu e a Cris!

Todos brindam suas taças. Carlota e Eduardo dão um selinho, Carlos e Tamara se olham, Rafaela vira os olhos, enjoada...
       
CORTA P/:

Novamente os convidados se espalham pela sala. Foco em Paola e Cris andando e conversando felizes. Rafaela as observa de longe.

Rafaela: (pensando) A Paola sempre se enturmando… Que ódio!

Paola e Cris:

Paola: Ai sério, amei você!

Cris: Também! Minha primeira amiga na volta ao Brasil!

Paola: Vou te convidar pra minha festa de 15 anos! É semana que vem!

Cris: Ai vou adorar!

Tamara e Carlos vão até elas. Tamara com cara de cansaço.

Tamara: Vamos filha? Eu tô com um pouco de dor de cabeça. (Pras duas) Já trocaram os telefones?

Paola: Já! Eu vou chamar ela pro meu aniversário.

Carlos: Que ótimo. Agora vamos que eu também tô mega cansado...

Cena 6/ Avenida Atlântica/ Orla da praia/ Carro de Tamara/ Noite.
Tamara dirigindo, Carlos ao lado e as filhas no banco de trás.

Carlos: Tamara, sério, você ficou estranha…

Tamara: Não é nada! Eu é que tô com dor de cabeça com tanta coisa pra resolver. É joalheria, é festa, é jantar…

Carlos: Ah se é isso, lá em casa você toma o remédio.

Tamara concorda com a cabeça, mas não em pensamento:

Tamara: (pensando) Ele não pode nem sonhar com o porquê de eu estar assim… 

Corta p/ o banco de trás:

Paola escuta músicas no mp3 enquanto a irmã olha a paisagem pelo vidro do carro.
De repente Rafaela vê a menina que viu a 2 anos atrás e se apaixonou, fazendo caminhada na orla da praia. Seus olhos saltam.

Rafaela: (diz baixinho, mas agitada) É ela!

Então ela começa a ter flashbacks de seu sonho que alternam com sua expressão ansiosa.

Flashback on: (Sonho de Rafaela - Cap 1)

Rafaela e a Garota numa praia deserta. Elas começam a se beijar e a se agarrar naquela praia onde não há ninguém. Corta p/ as duas rolando na areia se beijando. Um momento incrível para Rafaela… 

Flashback off.

Foco em Rafaela botando a cabeça pra fora do carro para olhar a garota. De repente uma moto vem na avenida com toda velocidade do lado que Rafa está. Muita tensão… 

-CONFIRA A NOVA ABERTURA-



Cena 7/ Avenida Atlântica/ Orla da Praia/ Noite.
Continuação: Paola percebe que a moto está prestes a atropelar a cabeça da irmã e grita:

Paola: RAFAELAAAAAA.

Muita ação. A moto buzina e Rafaela, ágil, se joga pra dentro do carro e fica até sem ar. Tamara logo freia o carro.

Tamara: (assustada) Quê isso meu Deus?

Paola: A Rafaela tava com a cabeça pra fora do carro. A moto quase deixa ela sem cabeça!

Rafaela: Dedo duro!

Carlos: Rafaela, quantas vezes eu vou ter que te dizer que não pode colocar a cabeça pra fora do carro? Você tem 17 anos, eu não preciso ficar te falando essas coisas não… 

Rafaela: (começa a chorar) Ah me deixa gente, que saco!

Carlos: Você tá muito estressadinha, não tô gostando disso. Tá parecendo a Dolly!

Rafaela: Pai, não me compare com essa aberração!

Carlos: Então se comporte normalmente tá bom?!

Rafaela vai para o seu canto do carro emburrada. Instantes, ela olha pra trás e não vê mais a garota.

Rafaela: Inferno!

Tamara segue com o carro.

Cena 8/ Rio de Janeiro/ Zona Sul/ Dia.
Amanhece na cidade…

Cena 9/ Casa de Margareth/ Sala/ Dia.
Margareth e Fernanda conversando.

Margareth: Ai minha filha, me desculpa pelas palavras que eu te disse ontem.

Fernanda: Você disse que eu não era mais sua filha… Isso me deixou péssima!

Margareth: Ai me perdoa Fernanda! Agora sim eu percebo que a errada da história é a Dolly. Ela sim, é a criminosa!

Fernanda: Então você percebeu né?

Margareth: Percebi. E a agora eu quero dar uma bela bronca nela. Cadê ela?

Fernanda: Eu não a vi lá no quarto…

Júnior entra na sala meio ofegante.

Júnior: Gente, a Dolly não tá aqui em casa!

Margareth: Ai meu Deus…

Cena 10/ Avenida Atlântica/ Frente a Praia/ Dia.
Um homem está sentado de costas pra praia num banco que há no calçadão. Dolly sai da praia, logo ela vê que a carteira do homem está no bolso de trás da calça. Então ela vai de fininho, puxa a carteira e sai tranquilamente. Instantes. O homem pega no bolso e percebe que não há nada.

Homem: (grita) Socorro, eu fui roubado!

Várias pessoas se juntam ao redor dele. Dolly atrás de um quiosque observando:

Dolly: (abrindo a carteira e vendo e notas de cem) Ui, vai dar pra fazer a festa!

Então ela tira as notas da carteira, a joga na areia e sai andando.

Cena 11/ Apto Família Delval/ Sala de Jantar/ Dia.
Tamara, Carlos e Paola tomando café na mesa.

Tamara: Ainda bem que hoje é feriado né? Ai ótimo dia pra eu descansar!

Paola: Ai mãe, uma semana pra minha festa.

Carlos: Tem que decidir o tema né filha?

Paola: Eu vou sair com a Cris hoje, ela vai me dar umas dicas, afinal ela tava nos Estados Unidos!

Tamara: Ótimo.

Rafaela chega na sala com cara de sono.

Rafaela: (pensando) Ai que papo de boi…

Paola percebe a irmã.

Paola: Como que é acordar depois de quase ter perdido a cabeça?

Rafaela: (grita) ME DEIXA!

Rafaela se senta irritada e enche uma xícara de café.

Carlos: Não provoca também né?

Paola: (envergonhada) Desculpa… (Olha no relógio) Tá na hora de eu me encontrar com a Cris lá na Vieira Souto.

Ela se levanta.

Tamara: E cuidado minha filha. Tá cheio de estuprador por aí!

Paola: (assustada) Pode deixar… Tchau! (Pegando sua bolsinha e saindo)

Cena 12/ Av. Vieira Souto/ Calçadão/ Dia.
Paola e Cris andam pelo calçadão tomando água de coco. Paola avista um quiosque com mesinhas.

Paola: Vamo sentar nesse quiosque?

Cris: Bora.

Então elas se sentam. 

Cris: E que papelão foi aquele da Dolly Guaraná ontem?

Paola: Ai amiga ela é um lixo. Cobra mesmo! Não é atoa que ninguém gosta dela! Escória.

Cris: Me recuso a acreditar que ela seja minha prima e tenha minha idade… 

Paola: Aquela nojenta, se bobear acaba é na cadeia… Mas enfim, vamos parar de falar de radiação que eu já tô ficando enjoada.

Cris: Claro! Vamos falar da idéias que eu trouxe pro tema da sua festa. Já ouviu falar em Tie Day?

Paola: Não! Conta mais!

O áudio vai abafando. Cris vai explicando e Paola ficando interessada…

Cena 13/ Casinha de Paulo/ Quarto/ Dia.
Paulo abre seu criado mudo e tira de lá, uma caixinha com 600 reais em notas de cem.

Paulo: Esse vai pra pensão… E lá vou eu tomar banho de caneca de novo…

Tristeza e frustração dele… Close.

Cena 14/ Rio de Janeiro/ Zona Sul/ Dia.
Stock Shots da Zona Sul do Rio. Letreiro: Uma semana depois… 

Cena 15/ Apto Família Delval/ Quarto de Paola/ Dia.
Uma costureira ajustando o vestido Tie Day no corpo de Paola. Tamara entra no quarto e vê a filha linda.

Tamara: Filha, você tá magnífica!

Paola: Obrigada mãe.

Tamara: Só falta a coroa de brilhantes que o seu pai jajá chega com ela.

A cam vai se abrindo e mostra que Rafaela está vendo a cena e chorando amargamente. Ela sai andando e vai pro corredor.

Cena 16/ Apto Família Delval/ Corredor/ Dia.
Rafaela anda pelo corredor se debulhando em lágrimas de injustiça.

Rafaela: Isso não vai ficar assim! Ela não vai ser a privilegiada da história não! (Limpa as lágrimas) Eu vou resolver essa injustiça agora. E vai ser do meu jeito!

Ela respira fundo, vai até a sala pega um casaco com capuz e sai do apartamento.

Cena 17/ Frente ao Instituto de Biologia/ Rua/ Dia.
Rafaela anda por essa rua, até que vê um carro estacionado em frente ao instituto com 2 pessoas tirando caixas do porta-malas. Rafaela se aproxima discretamente para ouvir o que as pessoas estão falando.

Mulher: O veneno dessas cobras foi retirado anteontem.

Close em Rafaela.

Rafaela: Cobras?...

As duas pessoas entram dentro do instituto e deixam o porta malas aberto. Rafaela olha pro lado e vê que dentro de uma lixeira há uma mala de rodinhas. Ela sorri maliciosamente.

Corta p/:

Foco em Rafaela andando na calçada arrastando a mala de rodinhas com algo dentro.

Cena 18/ Apto dos Delval/ Corredor/ Dia.
Rafaela sai de seu quarto e tranca a porta. Neste momento Tamara chega.

Tamara: Ah filha, eu comprei o vestido pra você usar na festa!

Rafaela: (com os olhos marejandoComo é que você tem coragem?

Tamara: Eu não tô te entendendo filha…

Rafaela: Engraçado que você nunca me chama de filha, deve ser porque você não me considera né? ME RESPONDE DE UMA VEZ POR TODAS, PORQUE A PAOLA GANHOU ESSA PORCARIA DE FESTA E EU NÃO?

Tamara: Calma filha, você tem que entender que a gente estava em crise na época…

Rafaela: (interrompe) É sempre essa mesma desculpa! (Começa a chorar) Eu tô cansada dessa injustiça!

Tamara: Então tá resolvido! Ano que vem fazemos sua festa! São seus 18 anos, quer motivo melhor pra comemorar?

Rafaela: Eu não quero mais essa droga não! Sabendo que não foi uma festa de coração, que foi feita apenas pra tirar o peso da sua consciência! Eu não quero, muito obrigada! (T) E eu só acho, só acho: que se eu não tive essa merda, ela também não devia ter! Com licença!

Paola abre seu quarto entra e bate a porta. Tamara se encosta na parede e se lamenta…

Tamara: Ah meu Deus…

E no close de Tamara, transição para:

Cena 19/ Sítio/ Área Externa/ Noite.
Música eletrônica, decoração tie day luxuosa, vários carros estacionados ali. Foco em Carlota, Eduardo e Cris descendo de um carro e indo em direção a área interna.

Cena 20/ Sítio/ Salão de festas/ Noite.
Muitas mesas com convidados, balcão com barman. Paola recebendo os convidados ali na entrada. Do outro lado Tamara e Carlos tomando champanhe.

Tamara: A Rafaela ficou fula hoje!

Carlos: E eu sei o motivo...

Em outro canto da festa Rafaela com uma taça de caipifruta observando a movimentação.

Rafaela: (p/si) Ah... Jajá toda essa felicidade se transformará em baderna! (Dá um gole no drink)

Efeito de transição relógio - indicando que se passou um tempo:

Paola sobe no palco para falar no microfone.

Paola: Gente agora vai ser a valsa!

Todos aplaudem. Foco em Rafaela:

Rafaela: É agora!

Ela vai em direção aos fundos do sítio. Começa uma música clássica, logo vemos Carlos e Paola dançando a valsa. De repente uma mulher grita:

Mulher: SOCORRO, UMA COBRAAAAA!

Close na cobra rastejando na entrada do salão. Todos começam a correr e gritar, a festa vira uma muvuca.

Carlos: (tenso) Apareceu uma cobra aqui?

Paola: Ai meu Deus, justo agora?

As pessoas correm e derrubam as cadeiras, o desespero é geral.

Cena 21/ Sítio/ Quartinho Restrito/ Noite.
Rafaela abre o quadro de energia e desliga a luz do salão.

Cena 22/ Sítio/ Salão/ Noite.
A luz simplesmente acaba. O pânico e a gritaria tomam conta do lugar, pessoas correm de um lado pro outro, copos se quebram, cadeiras voam, etc.

Cena 23/ Sítio/ Quartinho Restrito/ Noite.
Gritos em off. Rafaela ouve a bagunça e sorri.

Rafaela: Finalmente. A justiça foi feita!

Então ela tem uma crise de risos, gargalhando horrores. Close nela.

FOCO EM RAFAELA/
A IMAGEM CONGELA COM UM FILTRO DOURADO.
Encerramento com a música: Flame - David Guetta ft. Sia:



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