Type Here to Get Search Results !

Antropófago - Diário de um Canibal - Episódio 13 - Últimos Episódios (Reprise)

 


 ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
DÉCIMO TERCEIRO EPISÓDIO

CENA 01/ BRAÇO FORTE/ NOITE

Sara está sentado na cadeira em frente a cela com uma prancheta em mãos. E Max na cama de cimento como se estivesse em um divã, esclarecendo todas as curiosidades de Sara.

MAX: (off) Já se completavam três meses que eu estava ali. Sara Campestrini parecia de alguma forma se fascinar com a minha mente doentia, era sagrado os nossos encontros. Quando a noite se iniciava, por volta das sete para oito horas, ali estava ela pronta pra me interrogar. Parecia querer infiltrar em minha mente, e desvendar todas as atrocidades que eu havia cometido. E eu a contava cada detalhe. Dando ênfase nos momentos em que me saciava em ouvir os gritos das minhas vítimas, suplicando por misericórdia. E eu como um deus soberano a toda aquela situação. Sentia prazer em causar dor.

SARA: Você não se sente culpado Max, por ter matado tanta gente inocente?
MAX: A senhora come carne de animais, doutora?
SARA: Sim.
MAX: Já parou para imaginar a agonia de cada um deles, ao ser condenados a pena de morte apenas para saciar sua fome? Não acredito que as pessoas que eu tenha matado, sejam mais inocentes que essas pobres criaturas.
SARA: Não podemos comparar seres humanos com animais, Max.
MAX: O que faz a senhora pensar, que a sua vida tem mais importância que a de um animal? Por dentro somos iguais, formados por músculos, órgãos e ossos. O que faria se descobrisse, que toda a carne que comeste até então, se tratava de carne humana? Por ventura essas lhe perderiam o sabor? No fim, somos todos animais, doutora. É fácil apontar uma arma em minha cabeça e me condenar por ter matado pessoas inocentes. Talvez, muito desses “inocentes”, mantinham em suas geladeiras carnes de criaturas indefesas em que não tiveram nenhum pudor em matar. Por serem considerados animais, carregavam consigo a desgraça de ter que saciar a fome do bicho homem. É interessante a forma que os humanos têm, de se comoverem com a morte de outra pessoa. No entanto, não tem a menor piedade ao matar e torturar os animais. 
Sara respira fundo, ajeita os seus papeis e levantam da cadeira.

SARA: Por hoje a nossa sessão acabou.
MAX: Percebo que ficou incomodada com as coisas que eu disse.
SARA: Temos maneira diferente de pensar, Maxweel. Porém sinto lhe informar que comparar ser humanos a animais não diminuirá a sua culpa. Como eu disse a nossa sessão acabou por hoje, amanhã a gente continua a nossa conversa.
Sara vai saindo e Max a chama.

MAX: Doutora Campestrini!
SARA: Sim, Max?
MAX: Vocês falaram sobre me transferi. Quando será isso?
SARA: Ainda não foi decidido. Vamos levar você para um lugar mais descente. Eu sei que você gosta de ser tratado como um animal, mas os direitos humanos nos impedem de tratá-lo como tal. 

CENA 02/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ NOITE
Max está andando de um lado ao outro dentro da cela, passando a mão pela a cabeça, agoniado. Algumas cenas passam ligeiramente em flashback mostrando o momento em que ele executa as suas vítimas. 

MAX: (off) Sempre defendi a conduta de um vegetariano, nunca aceitei essa pena de morte aos animais, apenas para saciar a fome do bicho homem. No entanto minha boca salivava ao lembrar-me do sabor excitante da carne humana. Eu continuava a procurar uma maneira de sair dali. Mas ainda não tinha a menor ideia de como fazer isso. Andava inquieto de um lado ao outro da cela procurando uma solução.

[ABERTURA]

EPISÓDIO XIII
“A fuga”

CENA 03/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ SUBSOLO/ NOITE

Ele escala um pouco a parede tentar espiar uma pequena janela que havia ali. Olha as grades se estão bem pregadas. Ouvi-se a pesada porta no alto da escada se abrir. Max vai se afastando e senta na cama de cimento.  Aproxima-se da cela o velho policial Noronha já antigo na cidade, acompanhado de um jovem e ainda aprendiz de nome Rafael Garcia. Noronha está segurando uma bandeja de comida.

NORONHA: (dando ordem) Levante-se, encosta de frente pra parede com as mãos voltadas para trás. 
Max permanece sentando na cama apenas encarando. 

NORONHA: Não ouviu rapaz? Se preferir podemos voltar para trás e te deixar com fome.

Max obedece Noronha, levanta e encosta de frente para a parede com as mãos voltadas para trás. Garcia aponta seu revólver em direção a nuca de Max, se aproxima no intuito de algemar suas mãos. No mesmo instante Noronha vai se aproximando da cama de cimento e ajeita a comida de Max sobre a cama. A CAM corta mostrando um pequeno espelho pregado na parede, e seu reflexo revela que a arma de Noronha está desengatilhada. Max ao notar isso, calculadamente antes mesmo de ser algemado. Gira seu braço agarrando o pulso do soldado Garcia, fazendo com o que apontasse a arma em direção ao seu companheiro. Noronha ao perceber o ataque de Max põe a mão sobre o seu revólver. Porém, antes que tome qualquer atitude, é baleado pelo o disparo da arma de Garcia. Max aproveita o calor do momento e morde a orelha de Garcia, que afrouxa a mão liberando a arma. Max dá-lhe um soco no nariz e um tiro no meio da testa. 

MAX: (ofegante com a arma de Garcia nas mãos) Será que estão mortos? 

Max vai se aproximando, mexe em Garcia e percebe que ele está morto. Depois se aproxima de Noronha e percebe que ele ainda está vivo. 

MAX: (falando sozinho) E agora o que eu faço? Preciso dá um jeito de sair daqui. (se dando conta) Os tiros! O barulho talvez tenha chamado atenção. A sorte que essas portas são de ferro resistente deve ter abafado o barulho. (se aproximando de Noronha) Que peninha, deveria ter morrido com o tiro, iria sofrer menos. 

Noronha tenta falar mas não consegue. Max o arrasta para fora da cela, o algema com os braços cruzados para trás. Depois retorna até o corpo de Garcia, pega a sua algema e seu cinto e voltando até Noronha o amarra em seus pés e lhe pendura em uma vigota de ferro encontrada no teto, onde estão fixados as grades da cela. Deixando Noronha de cabeça para baixo.

MAX: (falando sozinho) E agora? Só há uma saída, pela a porta principal. E é por lá que eu vou sair. 

Max retira a roupa de Garcia, pega sua arma e a chave do carro de Noronha, pois já conhece o seu carro. Se veste com a roupa de Garcia e lentamente vai subindo as escadas.

CENA 04/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ CORREDOR/ NOITE

Os detentos estavam dormindo e não o via passar. Na última cela já chegando no final do corredor é flagrado por um detento magricelo. Que apenas o olha fixamente. Max faz sinal com o dedo pedindo silêncio. Pega o molho de chave e joga para ele.

MAX: Viva a liberdade!

O detento pega o molho de chave afoito e já procurando a chave que possa abrir a cela. Ao passar pela a sala do delegado, ver Moraes distraído mexendo no computador. Ele então passa pela a porta com leves passadas. A CAM foca no rosto de Max enquanto ouve-se a voz de Moraes. 

MORAES: Espere!

Max respira fundo e já vira para trás atirando. Acertando em cheio o peito de Moraes. Depois de atirar em Moraes ele sai apressado já indo para fora da delegacia. 

CENA 05/ BRAÇO FORTE/ CADEIA/ LADO EXTERNO/ NOITE

Max corre até o carro de Noronha, e com um tiro estoura a janela do carro. Dois policias que mantinha guarda do lado oposto vão se aproximando já atirando. Um dos tiros pega de raspão o braço de Max. Ele pula para dentro do carro e dá partida rapidamente. Max também atira em direção a eles. Mostra o carro de Sara que vai se aproximando. 

SARA: (dentro carro) Mas o que está acontecendo aqui?

Ao notar que era Max fugindo, Sara apressa e começa a segui-lo. Pega uma arma que está em seu porta-luvas e atira em direção ao carro que está Max. Max arranca com o carro pela a cidade, o carro da polícia e o carro de Sara vêm logo atrás dele. Ele corre até o rio da Juventude. Para por um instante, olha para trás e ao ver o carro da polícia se aproximando, dá uma pequena ré e atira com o carro dentro do rio. O carro de Sara vai se aproximando e para na margem do rio. CORTA para o fundo do rio, mostrando Max saindo pelo o buraco que fez na janela do carro. Ele vai mergulhando pelo o fundo do rio. CORTA mostrando Sara próxima ao barranco do rio. Ela atira na água tentando acertar Max a cega. 

SARA: Morre desgraçado!

CENA 06/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE
No fundo do lago Max mergulha até se aproximar da outra margem do rio já dentro da Floresta Mossaíh. Ele sai do rio e vai andando se escondendo por trás das árvores. Ele encosta em uma árvore atrás de alguns arbustos e ali senta para descansar. CORTA para o céu mostrando as nuvens. Depois a cena retorna mostrando um senhor se aproximando com o seu cachorro do local em que Max está. O cachorro ao ver Max dormindo debaixo da árvore acoa. Max desperta assustado com a latida do cachorro.

ONOFRE: (se aproximando) Rambo, o que foi? (ao ver Max) O senhor está bem?

 MAX: (off) Era impressionante, foi a primeira pessoa que não demonstrou espanto algum ao olhar minha cara desfigurada. 

ONOFRE: (estendendo a mão para Max) O seu braço está machucado, venha que eu vou te ajudar. 

Max fica paralisado sem saber o que fazer.

ONOFRE: Venha, eu moro aqui próximo! Vamos pra minha casa que irei cuidar desse seu ferimento.

Max segura na mão de Onofre e o acompanha. CORTA para momentos depois eles já chegando na casa.

CENA 07/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ NOITE

Os dois vão se aproximando de uma casa simples de pau a pique. CORTA para dentro da casa, os dois vão entrando.

ONOFRE: Venha, entre! Fique a vontade. A nossa casa é simplesinha, espero que o senhor não repare. 
MAX: Obrigado, o senhor é muito gentil.
ONOFRE: Não precisa agradecer. Vou pegar a minha caixa de primeiro socorros, temos que cuidar desse ferimento antes que infecciona. 
Onofre vai entrando para o quarto chamando sua mulher. Max fica na sala esperando.

ONOFRE: (entrando para o quarto) Alzira! Alzira estamos com visita!

Max anda pela sala observando os objetos. Onofre sai do quarto com sua caixa de primeiros socorros.

ONOFRE: A minha esposa vai preparar alguma coisa para o senhor comer. Sente aí, deixe eu cuidar desse seu ferimento. 
Max senta em uma cadeira, Onofre coloca a caixa de medicamento ao lado e começa a cuidar do ferimento no braço de Max.

ONOFRE: Esse ferimento foi causado por um tiro. O senhor estava perseguido algum bandido?
MAX: (sem entender) Bandido?
OMOFRE: Sim. O senhor não é da polícia?
MAX: Ah sim! Eu sou da polícia. 
Max fica desconcertado, pois não sabia mentir. 

ALZIRA: (saindo do quarto) Boa noite!
MAX: Boa noite senhora!
ONOFRE: Essa é a minha esposa, Alzira. 
MAX: Prazer!
ALZIRA: Vou preparar algo para o senhor comer.
ONOFRE: (terminando de amarrar a faixa) Prontinho. O senhor já pode ir tomar seu banho. Só toma cuidado para não molhar a faixa.
ALZIRA: (mexendo com as panelas) Tem toalha limpa no guarda roupa, pega lá pra ele, Onofre.
ONOFRE: Eu já levo a toalha para o senhor. O senhor pode ir por ali. O banheiro fica ali fora. 

CENA 08/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ BANHEIRO/ NOITE

A cena vai seguindo conforme a narração de Max.

MAX: (off) O banheiro da casa ficava do lado externo. Assim como o restante da casa suas paredes também eram feitas de pau a pique, e a porta era de madeira velha, comida por cupim. Não havia encanação por toda a casa. Tomei banho usando um balde e uma cuia feito de cabaça. Apesar de toda a simplicidade do lugar me sentia muito bem ali. A gentileza do casal dispensava qualquer luxo. 

Depois do banho Max retorna até a cozinha da casa.

CENA 09/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ COZINHA/ NOITE

ONOFRE: (ao ver Max) Mas olha só! A minha roupa caiu muito bem em você. Sente-se, fique a vontade. 
ALZIRA: (trazendo a sopa) Aqui está, espero que o senhor goste.
ONOFRE: Tenho certeza que ele irá gostar. A sopa da Alzira é de cair os beiços de tão boa. 
ALZIRA: Obrigada meu bem.
MAX: (depois de provar a sopa) Está tudo muito bom, obrigado.
ALZIRA: (curiosa) O que aconteceu com seu rosto? 

MAX: (off) Aquela pergunta me entristeceu. Desde que cheguei naquela casa nenhum dos dois haviam perguntado nada a respeito da minha aparência física. O que me deixava feliz, pois me fazia esquecer o monstro que eu era. Mas pelo o jeito o fato deles não perguntarem, não significava que eles não haviam observado a minha decadência.

ONOFRE: Deixou o moço sem graça, mulher!
ALZIRA: Me perdoe, não tive a intenção. O senhor não precisa responder. 
Max permanece calado.

MAX: (off) Não que eu não quisesse responder. Mas eu preferia ficar na ilusão de que eu era um cara normal, preferia a ilusão de que eu não havia me tornado um monstro.

ONOFRE: Tivemos um filho. Ele teve oitenta por cento do seu corpo queimado.
Max olha para um quadro na parede.

MAX: É o rapaz da foto? 
ONOFRE: Sim. (continuando a história) O meu filho fazia parte do corpo de bombeiros. Passou a vida toda sonhando com isso. Foi para o Rio de Janeiro para estudar e se formar, e com muito esforço e determinação conseguiu realizar o seu sonho. Um sonho que acabou se tornando pesadelo.
ALZIRA: (entristecendo) Eu não gosto nem de lembrar disso. 
ONOFRE: O senhor está comendo, não vou tirar o seu apetite com as minhas histórias.
MAX: O que aconteceu? Por favor, continue. 
ONOFRE: Meu filho era recém-formado, e estava aqui tirando suas primeiras férias. Quando soube de um incêndio em uma fábrica.
MAX: A fábrica de soda caustica!
ONOFRE: Isso mesmo. O senhor conheceu a fábrica?
MAX: (disfarçando) Não, mas já ouvi falar. E o seu filho, se queimou?
ONOFRE: Ele era teimoso e apaixonado pela a profissão. Sabia bem da carência do corpo de bombeiro aqui de Braço Forte. Propôs então ir ajudar. Eu e a mãe dele insistíamos, dizendo que ele estava de férias, que precisava descansar. Mas ele queria ajudar, ele gostava disso. Pessoas precisavam dele, era o que ele dizia. No entanto umas das explosões acabaram pegando ele de cheio, e ele teve sequelas terríveis, e oitenta por cento do seu corpo queimado.
ALZIRA: Era difícil até para banhá-lo. (com lágrimas nos olhos) A sua pele se dilacerava no toque de minhas mãos. A roupa colava em sua pele, algumas vezes eu preferia até deixá-lo nu. Com o tempo as feridas foram cicatrizando, mas ele nunca voltou a ser o mesmo. Tinha dificuldades para respirar, ingerir alimentos. Geralmente eu fazia essa sopa, ele gostava e era o que conseguia comer.
ONOFRE: O fogo não destruiu só a parte externa do seu corpo. Todos os seus órgãos ficaram afetados. Dois anos depois do acidente, nosso amado filho não resistiu e veio a falecer. (levantando-se da cadeira) Chega de histórias por hoje, é melhor irmos dormir, o dia já está quase amanhecendo.
ALZIRA: O senhor pode deitar naquela cama ali na varanda. Já coloquei travesseiro e lençóis limpos. 

CORTA para cenas aleatórias da floresta. TIME-LAPSE transição noite/dia.

CENA 10/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ VARANDA/ DIA

Max está deitado, desperta ao ouvir as latidas do cachorro. Ele levanta da cama e vai andando para ver o que o cachorro tanto acuava. Ao passar próximo ao quarto do casal verifica os dois dormindo como se não ouvisse as latidas repentinas do cachorro. Ele vai até a porta que dá acesso aos fundos da casa, indo em direção ao local para qual o cachorro latia. CORTA mostrando uma moça sentada em um tronco no chão, de costas para Max. Rambo latia em sua frente, com uma voracidade como se quisesse abocanhá-la. Mas a moça ficava inerte diante das latidas do cachorro. Max vai aproximando aos poucos. 

MAX: (se aproximando) Hei, quem é você?
A moça vai virando-se para trás. Max se assusta, pois se tratava de Érica com o rosto todo ensanguentado.

ÉRICA: Max! O que você fez?

MAX: (off) Érica! Minha amada Érica! Meus delírios mais uma vez me confundiam entre o sonho e a realidade. Era um desespero vê-la daquela forma. Sentia o peso da culpa caindo sobre mim, e o sangue das minhas vítimas escorrendo em minhas mãos. Ouvi barulhos, e um cheiro forte de café. Dei-me conta de que o dia de fato havia amanhecido.

CORTA para Max novamente na cama. Revelando que tudo não passava de mais um de seus delírios. 

CENA 11/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ VARANDA/ DIA

Max está deitado na cama e dona Alzira se encontra próxima a um girau de madeira coando o café.

ALZIRA: (ao ver que Max acordou) Bom dia! 
MAX: (se levantando da cama) Bom dia!
ALZIRA: Deixei uma bacia de água no banheiro, caso queira lavar o rosto antes do café.
MAX: Farei isso. 
ALZIRA: Onofre foi até a cidade, comprar alguns mantimentos para a casa. (T) Eu queria me desculpar, fui indelicada ontem com o senhor ao lhe perguntar sobre a cicatriz. 
MAX: Não tem problema. Vou lá lavar o meu rosto.

CORTA mostrando Max no banheiro lavando o rosto enquanto passa um rápido flashback dele lembrando do seu sonho. 

CENA 12/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ BANHEIRO/ DIA

{Flashback on}

Érica com o rosto todo ensanguentado.

ÉRICA: Max! O que você fez?

{Flashback off}

Max chora ao lembrar de Érica. CORTA para cena de Max já chegando na cozinha. 

CENA 13/ FLORESTA MOSSAÍH/ CASA DO ONOFRE/ COZINHA/ DIA

Dona Alzira vai chegando vindo do quarto com uma máscara de meia face na mão.

ALZIRA: (entregando a máscara para Max) Tome! Era do meu filho. Ele dizia que se sentia melhor usando isso. Esconde a cicatriz dos curiosos.

Max pega a máscara dá uma rápida olhada e a coloca no rosto. 

ALZIRA: Parece que foi feito sobre medida, encaixou direitinho em seu rosto. 
MAX: Verdade, assim eu me sinto bem melhor.
ALZIRA: Sente-se, tome o seu café.

Max senta, e começa a tomar o café. Alzira começa a lavar alguns copos que estavam por ali. Ouve-se uma cavalgada se aproximando da casa.

ALZIRA: Olha só, Onofre acaba de chegar.

Onofre entra assustado e com um jornal nas mãos. 

ONOFRE: (chamando) Alzira!
ALZIRA: O que foi homem?
ONOFRE: Faz favor aqui.

Max fica atento já estranhando o jeito dos dois. Onofre mostra o jornal para Alzira que também fica assustada. A cena segue conforme a narração de Max.

MAX: (off)  Pelo o olhar assustado dos dois, era possível deduzir o que se encontrava impresso ali. Naquele momento eles já sabiam, que eu não era a policia e sim o bandido. Levantei da cadeira em que estava perante o olhar assustado dos dois. Agarrei uma faca que se encontrava jogado sobre o armário, e parei por um instante de olhar firme em direção ao casal. Eles me olhavam ofegantes, com medo do que eu poderia fazer. E suplicavam conforme eu me aproximava.

ALZIRA: (desesperada) Por favor, tenha misericórdia, nunca fizemos mal a ninguém nessa vida!
ONOFRE: (abraçado com sua esposa) Vai embora, nos deixa em paz.

A cena da seguimento conforme a narração de Max.

MAX: (off) Misericórdia! Essa palavra parecia ter fugido do meu dicionário nos últimos anos. No entanto naquele instante, me cobria uma compaixão pelos dois. Não poderia maltratar quem tanto me ajudou. Mesmo tendo tão pouco, me deram o melhor conforto que puderam. Não seria nada justo eu agradecer os ferindo. Passei perante eles e corri para fora da casa. Peguei o cavalo que já se encontrava arreado, montei-me e corri para longe dali. Eu tinha consciência do risco que corria. Agora eu era a caça da policia, não poderia ser pego pela a escolta de Sara Campestrini. Mas também não poderia me esconder pra sempre na floresta. Assim nunca mais veria Érica, eu preferia a morte a ficar sem ela.

CENA 13/ BRAÇO FORTE/ DIA
  
Ao aproximar da cidade de Braço Forte, ainda longe, Max ver a polícia rondando toda a cidade. Por ser carnaval nas ruas os moradores faziam folia usando máscaras e fantasias. Max achou a ocasião perfeita. Ele apea do cavalo e o toca para longe, para que não chamasse a atenção da polícia. Ele usava um sobre tudo e a máscara que dona Alzira havia lhe dado, coloca o capuz sobre a cabeça e usa como uma fantasia. Vai se aproximando disfarçadamente. Dois policiais faziam ronda em cima da ponte. Por baixo era possível atravessar o rio por algumas pedras que emergiam por cima das águas. E assim ele fez. Já do outro lado ele se mistura com os foliões. Por todo lado havia um policial observando. Mas Max estava atento. Assim que vira a esquina ele ver uma jovem vindo pela a calçada, indo lado oposto a marcha dos foliões. Max fica encantado e já se deixa levar pelo os seus delírios. 

MAX: (off) O real e o surreal as vezes me deixavam confuso. A minha mente insana, criava delírios e eu enxergava muito mais do que aquilo que os meus olhos captavam. 

Max vai se distanciando da multidão e começa a seguir a moça. Isso chama a atenção de um policial que estranha o seu jeito.

POLICIAL: Você aí, espere!

A moça vira a esquina e entra pela uma porta estreita que havia em um prédio. Max segue atrás da moça. E o policial vindo logo atrás. 

CENA 14/ BRAÇO FORTE/ PRÉDIO/ DIA

Ele sobe por uma escada de degraus desgastados. O prédio era um condomínio. No final do corredor do terceiro andar, uma mulher está na porta golpeando um tapete na parede, no intuito de tirar a poeira. Max avança sobre ela, levando-a para dentro do apartamento. 

MAX: (off) Com a mão esquerda eu segurava a faca e pressionava contra o seu pescoço, enquanto com a direita lhe apertava a boca, sufocando o seu grito. Ela esbugalhava os olhos de medo, e aquilo me excitava. O seu cheiro despertava em mim o regalo adormecido, e o desejo desvairado por sangue. A fera malsã e mórbida que morava dentro de mim, se salivava ao se deparar com a olência de sua carne.

Ouve-se a voz do policial se aproximando da porta. CORTA mostrando o policial do lado de fora. 

POLICIAL: Bom dia! O senhor não viu um homem que acabou de subir passando por aqui?
HOMEM: Não senhor, eu sair agora. 
POLICIAL: Obrigado!

CENA 15/ BRAÇO FORTE/ PRÉDIO/ AP/ DIA

A cena segue conforme a narração de Max.

MAX: (off) Naquele momento minha pele se estremecia, ao instante em que minhas narinas sentiam a fragrância, do perfume daquela mulher que estava presa em meus braços. Eu a desejava como nunca, necessitava desesperadamente sentir o seu sabor. Conforme seu medo aumentava, também aumentava o meu apetite pela o sabor da carne humana. A faca perfurava lentamente sua pele, e rasgava sua jugular, jorrando litros de sangue ao longe. Ela enfiava as unhas sobre a minha coxa, extravasando a dor que sentia, e tudo isso me excitava ainda mais. Já sem forças foi desfalecendo-se, e lentamente cedendo ao chão. Uma orexia incontrolável brotava em mim, minha boca salivava, e já não tinha mais controle dos meus atos. Deixava-me levar pelo o desejo mentecapto que sentia. Cortei o seu peitoral, seguindo o mesmo ritual que havia feito com as demais vítimas. Arranquei o seu coração para fora, e ali mesmo o devorei ainda quente. Assustador era o prazer que eu sentia, e nada mais me importava naquele momento. Eu era uma fera degustando sua presa, um animal algoz descontrolado. Era o prazer mais sublime que eu já havia sentido. E tudo aquilo me assustava.
Depois do prazer, vinha a culpa que me envolvia. Aquela pobre mulher era inocente, mal algum havia me feito. Certamente tinha sonhos, projetos e planos para uma vida toda, e impiedosamente eu interrompi tudo isso. Sentei no chão encostado na parede, ao lado do corpo. E ali chorei por cada gota de sangue que tinha derramado naquele local, eu não poderia mais continuar com aquilo. As lágrimas que escorriam sobre a minha face me condenava diante daquele cenário macabro, onde eu era o culpado. Tudo o que eu queria era um dia poder acordar daquele pesadelo, e voltar a ficar com minha amada. Para aonde foi minha Érica? Porque não a encontro? Eu ansiava para o nosso reencontro, mas temia. É claro que Érica não iria mais querer saber de mim, tarde demais. O nosso reino encantado foi destruído, e nada que eu pudesse fazer, poderia mudar isso.

FIM DO DÉCIMO TERCEIRO EPISÓDIO
Como a página de um diário dá um close em Max sentado no chão em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.


PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

MAXWELL = Johnny Massaro
SARA CAMPESTINI = Giovanna Antonelly
ÉRICA = Sophia Abrahão
NORONHA = Airton Graça
GARCIA = Kleber Toledo
 MORAES = Cleiton Morais
ONOFRE= Stênio Garcia
ALZIRA= Bete Faria
POLICIAL = Armando Babaioff


Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.