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Capítulo 45

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Otavio Duarte                                                                                  Atendente               

Afonso Correria

Celso Correia                                          Lola

Jorge Correia.                                         Afonso Valadares

Madalena Correia.                                    Miro                        

Marta Correia                                           Carmen

Olímpio Vasconcelos.                              Pablo

Radialista.                                                

Letícia Fernandes

Cecília Valadares

José Jacinto – Carcará

Débora Valadares

CENA 01/ PALMEIRÃO DO BREJO/ CIRCO/ EXT. / MANHÃ

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Otávio, dentro do carro, observa Cecília e o Mascarado abraçados. O filho de Horácio franze a testa sem entender o que está acontecendo.

OTÁVIO – Cecília e o mágico do circo? Amantes? Isso não pode ser verdade!

Otávio esmurra o volante do carro. Em seguida, ele liga o carro e parte.

Corta para:

CENA 02/ PALMEIRÃO DO BREJO/ CIRCO/ INT./ MANHÃ

Caracará e Cecília continuam abraçados.

CECÍLIA – Eu acredito na sua inocência!

Caracará tira a máscara. Eles se beijam.

CARCARÁ – Nós prometemos que íamos viver juntos para sempre. Eu te amo!

CECÍLIA – Eu também te amo muito.

CARCARÁ – Prove que você me ama se separando de Otávio.

Cecília fica um pouco nervosa com o que Carcará disse.

CECÍLIA – Eu preciso de um tempo para fazer isso. Não vai ser fácil.

CARCARÁ – Hoje acontecerá a última apresentação do circo. Você tem que decidir isso hoje. Ou eu ou ele?

Cecília confirma com a cabeça. Eles se beijam e ela sai.

Corta para:

CENA 03/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ MANHÃ

Otávio está sentado na cama a espera de Cecília. Alguns minutos depois ela entra no quarto e se assusta com o noivo.

CECÍLIA (Assustada) - - O que você está fazendo aqui ainda? Achei que já tivesse ido para o hospital!

OTÁVIO – Você está faltando com a verdade comigo. Sai às escondidas. Está saindo cedo, como hoje. Você mão à casa de Débora. Você está brincando com a pessoa errada. Você não me conhece direito e não sabe do que eu sou capaz.

CECÍLIA – Eu sei muito bem do que você é capaz. Já tentou me matar. Se lembra?

OTÁVIO – O que você foi fazer naquele circo? Vou ser um pouco mais direto. O que você tem com aquele mágico de araque?

Cecília fica intriga com o que o noivo acabara de falar.

CECÍLIA (Intrigada) – Você está me seguindo?

OTÁVIO (Gritando) – Não interessa! Você ainda não me respondeu.

CECÍLIA (Gritando) – Eu não vou dizer. Descubra!

Otávio levanta a mão para bater em Cecília; ela se defende segurando o braço dele com força.

OTÁVIO (Gritando) – Devassa!

Cecília pega um vazo de planta e joga na cabeça do noivo, que fica um pouco tonto e cai no chão. Cecília corre assustada.

Corta para:

CENA 04/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Coronel Afonso está na sala escutando o rádio, no instante que vê Cecília descendo as escadas desesperada. O patriarca da família Valadares não hesita em questionar a filha sobe o que está acontecendo. Ela desliga o rádio.

AFONSO – O que está acontecendo, minha filha?

Cecília se ajoelha na frente do pai.

CECÍLIA (Chorando) – Eu matei o Otávio! Eu não queria ter feito isso.

Ela, ainda ajoelhada, abraça o pai. Neste instante, Eduardo e Branca veem da cozinha, preocupados. Eles questionam Cecília.

BRANCA (Assustada) – O que está acontecendo? Escutamos uma gritaria.

EDUARDO – Cadê o Otávio?

AFONSO – Eles tiveram uma briga violenta. Esses dois juntos... vejo a hora sair faísca.

CECÍLIA – Eu só quis me defender. Ele queria bater em mim.

Eduardo e Branca se entreolham assustados.

Corta para:

CENA 05/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ MANHÃ

Tocar a música “O Inesperado”. Otávio está caído no chão com os braços estirados. Ele abre os olhos vagarosamente. Ainda zonzo, ele tenta se levantar, mas leva as mãos à cabeça, no instante em que sente uma dor forte. Neste momento, Cecília, Branca, Afonso e Eduardo entram. O patriarca e o filho ajudam Otávio a se levantar. Cecília fica mais tranquila ao ver Otávio consciente. Ela o abraça; ele a repreende.

A música para por aqui.

OTÁVIO (P/Cecília) – Você quase me matou!

CECÍLIA (P/Otávio) – Desculpa! Desculpa!

Eles se beijam. Eduardo sai do quarto para pegar um copo da d’água. Afonso comenta.

AFONSO – Vou pedir a empregada varrer essa sujeira.

Otávio fica um pouco mais tranquilo. Eduardo entra no quarto com o copo d’água e entrega ao amigo, que bebe. Cecília o abraça.

CECÍLIA – Vai ficar tudo bem, meu amor!

Branca, Eduardo e Afonso saem e deixam Otávio e Cecília sozinhos no quarto. A cabeça de Otávio está com um ferimento causada pelos cacos do jarro. A filha de Afonso sai do quarto. Ela volta com um pedaço de pano úmido. Ela passa o pano úmido no ferimento de Otávio. Enquanto cuida do noivo, relembra do que o Carcará disse mais. Inserir o Flashback da cena 01 do capítulo 45:

Caracará e Cecília continuam abraçados.

CECÍLIA – Eu acredito na sua inocência!

Caracará tira a máscara. Eles se beijam.

CARCARÁ – Nós prometemos que íamos viver juntos para sempre. Eu te amo!

CECÍLIA – Eu também te amo muito.

CARCARÁ – Prove que você me ama se separando de Otávio.

Cecília fica um pouco nervosa com o que Carcará disse.

CECÍLIA – Eu preciso de um tempo para fazer isso. Não vai ser fácil.

CARCARÁ – Hoje acontecerá a última apresentação do circo. Você tem que decidir isso hoje. Ou eu ou ele?

Fim do insert.

Cecília e Otávio fica alguns segundos, que é quebrado pelo filho de Horácio.

OTÁVIO – Não pense que eu esqueci do que a gente estava falando. Você não vai me escapar.

CECÍLIA – Não faça esforço, meu amor! (Limpando o ferimento). Não se mexa e não fale nada.

Otávio concorda e fica em silêncio, enquanto Cecília cuida dele.

Corta para:

CENA 06/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Coronel Afonso fuma um pouco de charuto, enquanto Branca sobe para o quarto. Eduardo está pensativo.

AFONSO – Deixando de lado o que acabara de acontecer com Otávio, a eleição está se aproximando.

EDUARDO – Às vezes eu fico me questionando se eu estou realmente pronto para assumir a prefeitura desta cidade.

AFONSO – Claro que você está, meu filho. Ninguém tem mais competência para assumir a prefeitura que você.

Eduardo caminha pela a sala.

EDUARDO – De qualquer forma, eu vou lá na prefeitura. Terei que resolver alguns problemas!

Eduardo sai, em seguida, enquanto Afonso vai para a varanda.

Corta para:

CENA 07/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ TARDE

Tocar a música “Escorregando”, de Ernesto Nazareth. Mostrar pais conversando com os filhos. Pessoas andando com o guarda-sol. Homem passando nas casas vendendo medalhas de santos. Carteiro entregando correspondências nas casas. Um homem tocando uma sanfona na praça. Pessoas saindo o atelier. Pessoas passando próximo ao teatro. Mulheres saindo da modista. Pessoas entrando no hotel.

Corta para:

CENA 08/ PALMEIRÃO DO BREJO/ CIRCO/ INT./ TARDE

Carcará finaliza o ensaio um pouco cansado e começa a tossir e a espirrar. Carmem se aproxima dele.

CARMEM – Acho que você vai adoecer.

CARCARÁ – Eu não tenho condições de participar do espetáculo hoje.

Miro se aproxima de Carcará.

MIRO (P/Carcará) – Eu posso ficar com o Mascarado hoje. É melhor você se cuidar. Pode ser alguma doença contagiosa. Sugiro que você descanse. As últimas semanas foram bem exaustivas. Você precisa descansar. Eu me encarrego de fazer o Mascarado.

CARCARÁ – Fico muito grato, Miro!

Carcará retira a roupa de Mascarado e entrega para Miro, que logo veste.

MIRO – Até que eu não estou ruim de Mascarado.

Em seguida, Miro sai.

CENA 09/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DO CIRCO/ EXT./ TARDE

Tocar a música “Cercando”, da novela Lado a Lado. Otavio, com um curativo na testa, dentro do carro, vê o Mascarado saindo do circo. Neste instante, ele não hesita em acelerar o carro.

OTÁVIO – O Caipira já foi. Agora, vem esse mágico de araque para atrapalhar tudo. Eu não vou deixar.

Miro se assusta ao ver o carro vindo em sua direção, mas não consegue desviar do carro desgovernado e é atingido em cheio por ele. Miro cai no meio-fio.

Corta para:

CENA 10/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA DO CIRCO/ EXT./ TARDE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Ao ver que que acertou o alvo, Otávio sai do carro e retira a máscara do Mascarado e começa a esmurrar Miro.

OTÁVIO (Enquanto esmurra Miro) – Isso é para você aprender a não cortejar as mulheres dos outros.

MIRO (Zonzo) – Eu não sei do que você está falando!

Em seguida, Miro desmaia.

OTÁVIO – Para você aprender... Fique longe de Cecília.

Em seguida, Otávio entra no carro e parte.

A música para por aqui.

Corta para:

CENA 11/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ MANHÃ

Cecília entra no quarto com uma bandeja de comida, e percebe que Otávio não está no quarto. Ela estranha o sumiço de Otávio. Coloca a bandeja sobre a cama. No instante em que ela ia sair do quarto, Otávio entra no cômodo.

CECÍLIA – Onde você estava?

OTÁVIO (Mentindo) – Fui trabalhar, mas não estou em condições.

Otávio se deita na cama. Cecília afasta a bandeja e faz uma massagem no noivo.

Corta para:

CENA 12/ PALMEIRÃO DO BREJO/ CIRCO/ INT./ TARDE

Carcará e Pablo carregam Miro, que está muito machucado. Eles o deitam sobre um colchão. Carmem traz um pano com gelo e coloca na cabeça de Miro.

CARMEM (P/ – O que foi que aconteceu, meu amor!

MIRO (P/Carmem) – Um homem me atropelou e me bateu fortemente. Ele pedia para eu ficar longe de Cecília. Eu não sei quem é essa moça.

CARCARÁ (Interrompe) – Esse homem queria me matar. O alvo seria eu e não você! Ele deve ter visto eu me encontrando com Cecília. Eu estava vestido de Mascarado. Ele confundiu. Desculpa, por ter feito você passar por isso.

Caracará fica cabisbaixo com tudo que aconteceu.

Corta para:

CENA 13/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ TARDE

Jorge e Lola estão sentado no banco da praça tomando sorvete. Neste instante, Letícia passa por com o pai. O filho de Celso se levanta para cumprimentar a filha de Raul.

JORGE – Tudo bem com você, Letícia?

Estende a mão. Ela olha com um olhar de desprezo.

Corta para:   

CENA 14/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ TARDE.NOITE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Letícia repreende Jorge, não estendendo a mão para ele. Raul tenta avançar no filho de Celso, mas Letícia o impede.

RAUL (P/Jorge) – Você não deve falar com a minha filha. Você a enganou, canalha!

Jorge fica em silêncio ouvindo os insultos de Raul. Neste instante, Lola interrompe a discussão.

LOLA (P/Jorge) – Vamos, meu amor, a gente não deve se misturar com certos tipos de pessoas, como filhas de assassinos.

O dia vai dando lugar a noite.

Letícia levanta a mão para bater em Lola, mas logo se contem. Lola e Jorge saem, enquanto Letícia e Raul se sentam.

Corta para:

CENA 15/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Cecília troca o curativo de Otávio, que está com as mãos na cabeça. Neste instante, Vilma e Horácio.

HORÁCIO – Está bem, meu filho?

OTÁVIO – Estou com um pouco de dor de cabeça. (Rindo). Cecília quase que me mata hoje!

Vilma abraça o filho. Neste instante, Afonso entra na sala fumando um charuto e cumprimenta os dois. Neste momento, Cecília termina de trocar o curativo de Otávio. Em seguida, sobe as escadas.

AFONSO (P/Horácio) – Hoje, ele e Cecília tiveram uma briga violenta. Ciúmes, meu caro, ciúmes! Otávio tem que controlar esse ciúme besta e sem sentido.

OTÁVIO (Interrompe) – Cecília dá abertura para isso!

Horácio concorda com a fala de Afonso.

HORÁCIO (P/Afonso) – Eu já conversei com ele.

Neste instante, Eduardo desce as escadas.

Corta para:

CENA 16/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ NOITE

Cecília entra no quarto. Alguns papeis estão no chão. Neste instante, ela escuta um barulho na janela. A filha de Afonso vai até ela. Ao abrir, se depara, com Caracará, vestido de Mascarado. Ela então o ajuda assubir pela corda.

CECÍLIA – O que você está fazendo aqui?

CARCARÁ – Precisava falar com você. Aconteceu algo terrível hoje de tarde!

CECÍLIA (Interrompe) – Espera só um minuto, que eu vou ver se tem alguém no corredor. Ninguém pode nos ver juntos aqui.

Cecília sai do quarto. Neste instante, Carcará vê um papel no chão e reconhece. Ele pega o papel em suas mãos e lê o que está escrito nele.

CARCARÁ – “Estou te esperando no hotel, Olga. Do seu amado, Eduardo”

Carcará, neste momento, se recorda do dia da morte de Olga. Inserir Flashback da cena 02 do capítulo 35:

Carcará entra no quarto com um bilhete.

CARCARÁ – “Estou à espera de você para a nossa primeira noite romântica”

Ele entra, mas não encontra ninguém.

CARCARÁ – Cecília! Cecília!

Não vendo ninguém, ele vai até a varanda. Encontra um pedaço de tecido no chão. Ele pega ele em sua mão. Ele caminha um pouco até a varada, de onde vê uma muita movimentação e muita aglomeração e um carro da polícia. Alguns policias entram no hotel.

Fim do insert.

Carcará fica Intrigado, ao perceber que é a mesma letra.

CARCARÁ – Eduardo que matou a Olga?

Focar na expressão de surpresa de Carcará.

Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.