Garotos de Aluguel - Episódio 07

Garotos de Aluguel - Episódio 07: Desculpas

" Casais héteros me procuram também. Dizem eles que é pra apimentar a relação. Transo com a mulher, enquanto o cara olha, fuma e se masturba." Relato de um garoto de programa

Cena 01: Motel/Quarto/Int./Noite

Retorno imediato a última cena do episódio anterior.

Guilherme se surpreende ao notar que a cliente é Paulina, sua empregada.

GUILHERME - Você?

PAULINA - Por que o susto? Não esperava por essa?

GUILHERME - Claro que não. Nunca.

PAULINA - Que triste. Bem, eu já vi você pelado uma vez, então, não fique constrangido.

GUILHERME - Eu não estou constrangido. Só estou surpreso.

PAULINA - Por quê? Só porque a empregadinha marcou um programa contigo?

GUILHERME - Como você soube que eu faço programa? Como você descobriu?

PAULINA - Eu não sou tão boba quanto pareço. Desde que entrei naquela casa, sabia que se fizesse direitinho e me passasse por sonsa idiota, poderia abocanhar uma oportunidade. Primeiro fiscalizei seu pai. Pensei que ele traia sua mãe. Podia ter tirado um bom proveito. Mas não… ele é santo. O único homem santo que eu conheço. Sua mãe, bem, é patética. Escorada no marido. Não faz nada que preste.

GUILHERME - Não fala assim da minha mãe.

PAULINA - Posso continuar? Obrigada. Coloquei todas as minhas fichas em você. Você tinha que ter algum podre, eu fucei… gay você não era, no começo eu achei que sim.

GUILHERME - Eu não sou gay.

PAULINA - Claro.

Paulina rir.

PAULINA - Mas te peguei. Faz pouco tempo. Desconfiava de suas saidinhas. Dei um jeito de pegar o seu celular, que vive sem senha, como pode? Com um segredo tão cabeludo em mãos? Bom, eu investiguei e achei. Bate papos.

Conversas. Marcação de programas. Bum, descobri. Você é garoto de programa! Essa noite quis tirar a prova. Te chamei e você veio, louco por um sexo, né?! Estou aqui, gato, aproveita.

GUILHERME - Sei que sexo você não quer. Diz de uma vez por todas, o que é?

PAULINA - Eu quero dinheiro. Muito dinheiro. Se você não me der o que eu peço, encaminho suas mensagens pro seu papai santinho e sua mamãe boboca. Acabo com você. Do jeito que são conservadores, te tiram tudo. E claro, você vai evolver todos em uma humilhação sem tamanho. Você que escolhe.

GUILHERME - Eu esperava tudo de todos, menos isso de você, juro.

PAULINA - Amor, quem não é esperto nesse mundo, come resto. Eu não nasci pra comer restos, mas pra abocanhar oportunidades.

GUILHERME - Quanto você quer?

PAULINA - Isso aqui. 50 mil na minha conta pra começar. Aqui estão os dados bancários. Quero ainda hoje.

Paulina entrega os dados bancários a Guilherme.

GUILHERME - Depois disso você some então?

PAULINA - Depois de mais 4 depósitos com esse mesmo valor. Tô sendo justa. Estou parcelando. Depois do dinheiro em mãos, eu saio daquela casa e nunca mais você ver minha cara.

GUILHERME - Vaca!

PAULINA - Ora, o que eu fiz pra você me tratar assim? Vem cá vem, quero provar teu gosto. Me mostra como você faz com seus clientes! Me devora!

GUILHERME - Imbecil. Guilherme se veste.

PAULINA - Quer o dinheiro do programa, amor? Sem responder nada, Guilherme vai embora.

Paulina rir na cama redonda do motel. Rir muito.

Cena 02: Apartamento de Rosangela/Int./Noite

Rosangela chega no apartamento. Abre à porta. Ela olha um pouco para os lados.

Quando acende a luz, se assusta com a presença de Léo.

LÉO - Se assustou?

ROSANGELA - Claro. O que você está fazendo aqui nesse escuro? Pensei que você tivesse uma hora dessas com a sua mulher, qual é, ela te rejeitou?

LÉO - Eu não quero falar disso.

ROSANGELA - Pelo jeito a coisa é seria. Bem, eu falei.

LÉO - Você tem mais daquilo? Só encontrei um pouco de nada no guarda- roupa.

ROSANGELA - Desse jeito você vai me dar prejuízo! Esqueceu que eu dependo da venda da maconha pra sobreviver.

LÉO - Só um pouquinho. Preciso. Estou muito triste, quero me animar. Eu pago.

ROSANGELA - Paga? Como? Do jeito que eu quiser?

LÉO - Do jeito que você quiser!

ROSANGELA - Sorte sua, peguei mais hoje com o fornecedor. Na cozinha?

LÉO - Vamos.

Rosangela e Léo se encaminham à cozinha para dividir e usar um pouco de droga.

Cena 03: Mansão dos Robsons/ Int./Noite

Guilherme entra rápido em casa. Seus pais estão jantando. Mas Guilherme não liga, sobe apressadamente.

ANDRÉIA - Filho?

ELIAS - O que será que deu nele?

Foco nos rostos preocupados de Andréia e Elias.

Cena 04: Mansão dos Robsons / Quarto de Guilherme/Int./Noite

Guilherme entra no quarto. Ele joga todos os móveis no chão. Raiva e ódio no seu olhar.

Elias bate na porta.

ELIAS - Filho, o que tá acontecendo aí dentro? Posso entrar?

GUILHERME - Não pai. Eu quero ficar sozinho, por favor.

ELIAS - Você sabe que pode contar qualquer coisa a sua mãe e eu, não sabe?

GUILHERME - Porra, pai, eu sei. Mas me deixa sozinho, por favor! Eu quero ficar só.

ELIAS - Tá bom então. Fica bem.

Guilherme deita-se na cama, pensando na chantagem que sofreu. Ele chora, de ódio.

Cena 05: Mansão dos Robsons/ Int./Noite

Elias desce as escadas e reencontra a mulher na mesa.

ANDRÉIA - Então?

ELIAS - Não quis conversar!

Nesse instante, Paulina aparece, vestindo seu avental.

PAULINA - Boa noite, senhor e senhora Robsons. Desculpem o atraso. Faço o jantar rapidinho.

ANDRÉIA - Muito pelo contrário, até me surpreendi. Pensei que você só voltava amanhã!

PAULINA - Não. A vista foi rápida. Foi só um susto. Minha mãe já está bem, graças a Deus.

Paulina começa a se retirar para a cozinha.

ANDRÉIA - Fico feliz com isso, e, ah, Paulina, não precisa se preocupar com o jantar. Pedimos um japa.

PAULINA - Certo então. Vou retirar os pratos, com licença! Andréia e Elias se retiram da mesa.

Por trás, Paulina olha com desdém para os patrões.

Amanhece.

Cena 06: Escritório de Advocacia/ Int./Dia

Léo chega no escritório todo satisfeito. Cumprimentando a todos.

Eis que o chefe do escritório, doutor Marcelo surge.

LÉO - Bom dia, doutor Marcelo!

MARCELO - Como é que você tem a cara de pau de vir até aqui? Me explica…

LÉO - Olha, eu não sei…

MARCELO - Você é um drogado! Chegou aqui, maltratou todo mundo, inclusive a mim, manchando minha honra. E agora cê acha mesmo que ia chegar de novo aqui e iria ser bem recebido? (T) Acabou pra você! Aqui e em qualquer lugar. Eu te queimei na praça. Quer um conselho? Joga tua ordem de advogado fora, você não consegue emprego e causa em lugar nenhum.

LÉO - Eu não fiz nada!

MARCELO - Seguranças! Tirem esse drogado daqui. Os seguranças pegam Léo pelos braços.

LÉO - Me soltem! Me soltem! Close em Léo sendo arrastado. Corta para:

Léo é despejado na rua, pelos seguranças. Ele tenta arrumar o paletó bagunçado.

Foco em sua face. Olhar de derrota.

Cena 07: Casa de Rodolfo/Int./Dia

Rodolfo, Murilo, Maurício e Ciça tomam café da manhã. Eis que alguém bate na porta. Batidas compassadas.

RODOLFO - Continuem tomando o café. Eu atendo! Rodolfo se dirige à porta.

Ele a abre.

Uma mulher, de óculos, o cumprimenta. Lisa, seu nome.

RODOLFO - Pois não…

LISA - Prazer, Lisa. Eu sou representante do conselho tutelar e gostaria de entrar pra conversamos! Pode ser?